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Apresentação e discussão dos resultados do diagnóstico de situação

3. P LANEAMENTO EM S AÚDE – D EPENDÊNCIA DOS I DOSOS NOS A UTOCUIDADOS

3.1. Diagnóstico de situação da população idosa de Alvadia

3.1.3. Apresentação e discussão dos resultados do diagnóstico de situação

Neste subcapítulo realizamos a apresentação e análise dos resultados obtidos, este é o momento e o espaço indicado para uma síntese e discussão de carácter mais particularizado, confrontando-os entre si. Atendendo aos objetivos de investigação inicialmente propostos, procederemos à discussão dos resultados tendo em conta a sequência da sua apresentação.

O objetivo principal do diagnóstico foi determinar o grau de dependência dos idosos com 65 ou mais anos nas AVD, a residir na freguesia de Alvadia e inscritos no CS de Ribeira de Pena. A pesquisa foi realizada através do Índice de Barthel. Outras determinantes, como a situação sociodemográfica e a saúde, foram referenciadas através da implementação de um formulário que o grupo achou pertinente.

A população total abrangida neste estudo foram 86 idosos, dos quais 15 não se encontravam a residir na freguesia, daí a sua exclusão. Foram aplicados 71 formulários na totalidade da população em estudo.

Do total da população, 53,5% são mulheres e 46,5% são homens. A população abrangida pelo estudo abarca as idades compreendidas entre os 65 e os 98 anos, em que grande parte (49,3%) dos idosos está inserida na classe dos idosos-médios (75-84 anos), 11,3% para os idosos com

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85 ou mais anos e as restantes percentagens pertencem aos idosos-jovens, existindo nesta freguesia mais idosos do sexo feminino do que do sexo masculino. O estado civil dominante é o casado, que engloba 69% dos idosos, em que a maioria (73,2%) usufrui de uma família nuclear. A maioria (57,7%) dos idosos tem a 4ª classe. Pode também concluir-se que grande parte da população não visita com regularidade o CS para a consulta com o seu Enfº de família (26 idosos alegaram nunca terem recorrido) e que são mais assíduos na consulta médica, tendo sido observado que apenas 4 idosos nunca tinham ido ao médico.

Em relação às ajudas de carácter social, encontramos 40,8% dos idosos que tem ajuda de apoio domiciliário na área social e 59,2% que não tem ajuda neste campo.

O Índice de Barthel é um instrumento de avaliação das AVD. Este índice é composto por 10 AVD. Cada atividade apresenta entre dois a quatro níveis de dependência, em que a pontuação 0 corresponde à dependência total, sendo a independência pontuada com 5, 10 ou 15 pontos, em função dos níveis de diferenciação (Sequeira, 2010).

A pontuação global pode variar entre 0 a 100 pontos, variando de forma inversamente proporcional ao grau de dependência, ou seja quanto menor for a pontuação maior é o grau de dependência de acordo com os seguintes pontos de corte:

90 – 100 Independente

60 – 89 Ligeiramente dependente 40 – 55 Moderadamente dependente 20 – 35 Severamente dependente

<20 Totalmente dependente

Nesta escala foram, avaliadas atividades tais como: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso da casa de banho, controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência cadeira-cama e deambulação.

Petronilho, Magalhães, Machado e Vieira (2010), consideraram que a capacidade funcional nos autocuidados revela que as atividades deambulação e transferência cadeira-cama têm um grande impacto na autonomia dos idosos e também para este estágio foram consideradas as mais importantes pela equipa de saúde.

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Como estas duas atividades foram as que mais nos interessaram investigar, procedemos uma abordagem da pontuação utilizada.

Para a atividade transferência cadeira-cama, é atribuído o grau de dependente quando tem cotação 0; à cotação 5, necessita de grande ajuda, é capaz de se sentar, mas necessita de muita ajuda para a transferência; à cotação 10, necessita de ajuda mínima e supervisão; e, por último, à cotação 15, como independente, não necessitando de qualquer ajuda e se usa cadeira de rodas transfere-se sozinho.

Na atividade deambulação, é atribuído o grau de dependente quando tem a cotação 0; à cotação 5, é classificado como independente com cadeira de rodas, anda pelo menos 50 metros; à cotação 10, necessita de ajuda caminha 50 metros com ajuda ou supervisão; e, por último, à cotação 15, como independente, caminha pelo menos 50 metros sozinho ou com ajuda do andarilho, canadianas.

Após aplicação do Índice de Barthel, podemos então concluir que nesta freguesia existe 1 idoso totalmente dependente, 1 moderadamente dependente, 3 ligeiramente dependentes e 66 independentes, como se pode observar na Figura 8.

Figura 8. Grau de dependência - Índice de Barthel

Na Tabela 12 podemos observar a totalidade de idosos (4) que têm algum tipo de dependência na AVD deambular, 1 idoso é totalmente dependente, 1 é classificado com independente com cadeira de rodas, 2 idosos necessitam de ajuda mínima e os restantes idosos são independentes para esta atividade.

Totalmente dependente; 1

Moderadamente

dependente; 1 dependente; 3 Ligeiramente

Independente; 66

Totalmente dependente

Moderadamente dependente Ligeiramente dependente

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Tabela 12.

Grau de dependência na deambulação

N

Índice de Barthel - Deambulação

Dependente 1

Independente com cadeira de rodas (anda pelo menos 50 metros) 1 Necessita de ajuda mínima (Ajuda mínima e supervisão) 2 Independente (Não necessita de qualquer ajuda. Se usa a cadeira de

rodas, transfere-se sozinho) 67

Total 71

Na Tabela 13 podemos observar que na dependência na AVD transferência cadeira-cama, existem 3 idosos com algum tipo de dependência. Da totalidade de idosos, 2 são totalmente dependentes, 1 necessita de ajuda mínima e supervisão e os restantes 68 idosos são independentes nesta atividade.

Tabela 13.

Grau de dependência na transferência cadeira-cama

N

Índice de Barthel - Transferência cadeira-Cama

Dependente 2

Necessita de ajuda mínima (Ajuda mínima e supervisão) 1 Independente (Não necessita de qualquer ajuda. Se usa a cadeira de rodas,

transfere-se sozinho) 68

Total 71

Relacionando as duas atividades de vida (transferência cadeira-cama e deambular) e algumas variáveis como o sexo, a idade por classes, a existência de barreiras arquitetónicas e a existência de prestadores de cuidados informais, podemos concluir que existem maior dependência nas idades mais elevadas (85 ou mais anos), e que o sexo feminino é o mais afetado.

Analisando a Tabela 14, observa-se que relativamente a dificuldades na transferência cadeira- cama, as idades mais afetadas são a classe dos idosos-idosos (85 ou mais anos), com o total de 2 idosos. Um idoso com idade compreendida na classe 65-75 necessita de ajuda mínima.

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Tabela 14.

Distribuição por grupo etário em função do Índice de Barthel (transferência cadeira-cama)

65-74 anos 75-84 anos Maior ou igual a 85 anos Total Índice de Barthel - Transferência cadeira-Cama Dependente 0 0 2 2

Necessita de ajuda mínima (Ajuda mínima e supervisão) 1 0 0 1 Independente (Não necessita de qualquer ajuda. Se usa a

cadeira de rodas, transfere-se sozinho) 27 35 6 68

Total 28 35 8 71

De acordo com a Tabela 15, verificamos que na freguesia de Alvadia, na dependência deambulação existe 1 idoso dependente, 1 independente com cadeiras de rodas e 1 idoso que necessita de ajuda, na faixa etária maior ou igual a 85 anos; por sua vez, na faixa etária dos 65-74 anos, encontramos 1 idoso que necessita de ajuda na deambulação, os restantes utentes, 67, são independentes nesta atividade.

Existe consenso na literatura sobre a existência de maior grau de dependência quanto maior for a idade do indivíduo, uma investigação realizada pela Rosa, Benício, Latorre e Ramos (2003), revela que ter mais de 65 anos é um fator de risco para a aquisição da dependência funcional. Pessoas com idade entre os 65 e 69 anos aumenta em aproximadamente 1,9 a hipótese de declínio da independência funcional, aumentando gradativamente até cerca de 36 vezes após os 80 anos.

Tabela 15.

Distribuição por grupo etário em função do Índice de Barthel (deambulação)

65-74 anos 75-84 anos Maior ou igual a 85 anos Total Índice de Barthel - Deambulação Dependente 0 0 1 1

Independente com cadeira de rodas (anda pelo menos 50

metros) 0 0 1 1

Necessita de ajuda mínima (Ajuda mínima e supervisão) 1 0 1 2 Independente (Não necessita de qualquer ajuda. Se usa a

cadeira de rodas, transfere-se sozinho) 27 35 5 67

Total 28 35 8 71

A Tabela 16 apresenta a relação entre o grau de dependência na transferência cadeira-cama e o sexo, e observa-se que existem 2 idosos dependentes de ambos os sexos e uma idosa com ajuda mínima, podemos concluir que existe nesta atividade maior grau de dependência no sexo feminino.

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Na mesma linha de pensamento, Rosa e cols. (2003) consideraram que os homens possuem maior independência funcional em relação às mulheres. Em idosos, a variável sexo está fortemente associada à ocorrência de dependência, sendo duas vezes maior a possibilidade para as mulheres em relação aos homens. No mesmo sentido, Nogueira (2009) referiu existir uma correlação entre o grau de dependência e o sexo, em que o peso percentual do género feminino é sempre superior ao masculino (cerca de 64 % das pessoas dependentes ou grandes dependentes pertenciam ao sexo feminino).

Tabela 16.

Distribuição por sexo em função do Índice de Barthel (transferência cadeira-cama)

Da Tabela 17, retiramos conclusões relacionadas com o sexo na deambulação, em que 1 idoso dependente e 1 que necessita de ajuda, são do sexo feminino, comparativamente ao sexo masculino que também apresenta os mesmos números, mas com grau de dependência em menor grau, 1 idoso independente de cadeira de rodas e 1 idoso que necessita de ajuda nesta atividade, e os restantes idosos de ambos os sexos são independentes.

Tabela 17.

Distribuição por sexo em função do Índice de Barthel (deambulação)

Relativamente às barreiras arquitetónicas, pela análise da Tabela 18 podemos afirmar que elas existem tanto nas moradias dos idosos dependentes como nas dos não dependentes, no entanto, de referir que um deles com dependência na atividade deambular com a ajuda de cadeira de rodas não possui este tipo de entraves, a maior parte das barreiras encontradas são

Sexo Total Masculino Feminino Índice de Barthel - Transferência Cadeira-Cama Dependente 1 1 2

Necessita de ajuda mínima (Ajuda mínima e supervisão) 0 1 1 Independente (Não necessita de qualquer ajuda. Se usa a cadeira de

rodas, transfere-se sozinho) 32 36 68

Total 33 38 71 Sexo Total Masculino Feminino Índice de Barthel - Deambulação Dependente 0 1 1

Necessita de ajuda mínima (Ajuda mínima e supervisão) 1 1 2 Independente com cadeira de rodas (anda pelo menos 50 metros) 1 0 1 Independente (Não necessita de qualquer ajuda. Se usa a cadeira de

rodas, transfere-se sozinho) 31 36 67

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de carácter de acessibilidade à moradia, como escadas. Em relação aos idosos independentes, 10 já possuem moradias sem barreiras arquitetónicas e já se mostram despertos para esta problemática.

Tabela 18.

Distribuição da presença de barreiras arquitetónicas em função do Índice de Barthel (transferência cadeira-cama)

Por sua vez, podemos observar na Tabela 19 que existem idosos dependentes que possuem ajuda de cuidadores informais para desempenhar as AVD, existem outros que não têm cuidadores informais, mas que possuem ajuda de cuidadores formais.

Tabela 19.

Distribuição da presença de prestadores de cuidados informais em função do Índice de Barthel (deambulação)

Perante os resultados apresentados, podemos analisar que dos 71 idosos inscritos no CS apenas 5 apresentam algum tipo de dependência, isto quer dizer que 7% da população necessita de ajuda para a realização das AVD, os restantes 93% foram qualificados como independentes nestas atividades, o que vem contradizer vários estudos relacionados com a mesma temática, num trabalho realizado por Nogueira, no Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social no ano de 2009, observa-se que a maioria dos utentes/clientes (43,3 %) se encontrava na situação de autonomia e (56,7) com algum tipo de dependência, outros autores (Araújo & Ceolim, 2007) também confirmam esta tendência quando estudam a

Barreiras arquitetónicas Total Sim Não Índice de Barthel - Deambulação Dependente 1 0 1

Independente com cadeira de rodas (anda pelo menos 50 metros) 0 1 1 Necessita de ajuda (caminha 50 metros com ajuda ou supervisão) 2 0 2 Independente (caminha pelo menos 50 metros sozinho ou com ajuda

de andarilho, canadianas) 57 10 67

Total 60 11 71

Tem algum prestador de

cuidados informal Total

Sim Não

Índice de Barthel - Deambulação

Dependente 1 0 1

Independente com cadeira de rodas (anda pelo menos 50 metros) 0 1 1 Necessita de ajuda (caminha 50 metros com ajuda ou supervisão) 1 1 2 Independente (caminha pelo menos 50 metros sozinho ou com ajuda

de andarilho, canadianas) 3 64 67

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avaliação da independência de idosos, 70 sujeitos foram considerados independentes para o desempenho das AVD segundo o Índice de Katz, correspondendo a 37% do total de idosos, enquanto que 117 (63%) destes idosos foram considerados dependentes para o desempenho das AVD.

A tendência que se tem observado na população idosa em geral é realmente a situação de uma maioria dependente, contrariando assim os resultados por nós encontrados nesta freguesia, o que nos levou a adotar outras estratégias para a elaboração de um plano de ação junto desta comunidade.

Após a apresentação dos resultados do nosso diagnóstico de situação e analisar alguns dados pertinentes para melhor se compreender as necessidades desta população, importa agora elaborar um plano prioritário para as ações a serem desenvolvidas posteriormente.