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4. MÉTODO DE PESQUISA

4.1. Apresentação e Descrição do Método

A lógica hipotético-dedutiva, seguindo a corrente de pensamento positivista, que admite para as ciências sociais as mesmas premissas das ciências físicas e naturais e está calcada na objetividade norteia a metodologia deste estudo.

Gil (2002) propõe classificar as pesquisas científicas em duas vertentes. A primeira baseia-se nos objetivos gerais, abrangendo os seguintes grupos, corroborados por Yin (2005): exploratórias, descritivas e explicativas. A segunda vertente baseia-se nos procedimentos técnicos utilizados, dividindo-os em 10 categorias: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, pesquisa ex post facto, estudo de coorte, levantamento, estudo de campo, estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa participante.

Utilizando uma estrutura semelhante, Vergara (2009) acrescenta três grupos ao critério relacionado aos fins da pesquisa: metodológica, aplicada e intervencionista. Quanto aos procedimentos técnicos, chamados de meios pela autora, são elencados nove, sendo que as diferenças recaem sobre a inclusão da pesquisa de laboratório e a ausência do levantamento e estudo de coorte.

O estudo enquadra-se na categoria descritiva, uma vez que descreve uma característica encontrada em determinados grupos, qual seja, a propensão de trabalhadores à troca de tempo livre adicional/ganhos financeiros (GIL, 2002, p. 41-42).

Köche (2001, p. 124) acrescenta que a pesquisa descritiva “estuda as relações entre duas ou mais variáveis de um dado fenômeno sem manipulá-las”. Ele observa que é complexo manipular variáveis a priori nas áreas humanas e sociais pela natureza delas.

No que concerne aos procedimentos técnicos, o adotado é o levantamento, indicado como mais adequado para responder ao tipo de questão “qual” (YIN, 2005).

Com fins de alcançar uma análise mais abrangente do objeto em estudo, lançou-se mão da estratégia de pesquisa denominada triangulação, onde os métodos são vistos como complementares ao invés de rivais, e, diferentemente deles, são utilizados buscando perspectivas distintas. Tal definição foi proposta por Norman Denzin na década de 1970 por

meio do livro The Research Act. A triangulação pode ser de dados, pesquisadores, teorias e métodos. Nesta pesquisa foram triangulados dados e teorias (VERGARA, 2008).

Para testar as hipóteses, foi feito levantamento para conhecer a propensão e interesse dos trabalhadores em ter mais tempo livre, à custa de uma redução da gratificação financeira de férias. Para isso, apresentou-se a idéia da extensão de férias. Atualmente, a legislação brasileira estabelece que, para os 30 dias que o empregado está de férias, o empregador deve, além de pagar um salário mensal, como se o empregado tivesse trabalhado, adicionar uma gratificação de um terço de salário. Ou seja, para os 30 dias corridos fora do trabalho por ano, por conta de férias, o empregado recebe 133% de um salário mensal. Se o empregado quiser, a seu exclusivo critério, é permitida a venda de um terço das férias, o que significa gozar 20 dias de férias e vender 10. Por essa venda, o empregado recebe um terço de salário adicional totalizando 166% de um salário mensal pelos 20 dias livres. E se fosse permitido, ao invés de vender, comprar 10 dias de férias? O raciocínio é análogo ao da venda. O empregado que optasse pela extensão de férias teria direito a 10 dias adicionais e abriria mão da gratificação de um terço do salário. Ou seja, no lugar de 30 dias e 133% do salário, o empregado desfrutaria de 40 dias de férias e 100% do salário. Da mesma forma que a venda, a extensão ou compra seria uma opção do empregado. A diferença recai sobre a unilateralidade da venda. Na extensão, o empregador deve anuir, para que a produção ou serviço não seja prejudicado em um ano em que é inviável abrir mão do empregado por mais tempo do que as férias padrão.

A pesquisa teve início com a definição do problema e da hipótese H1. Após uma revisão teórica superficial, por ocasião do projeto de pesquisa, foi construído um questionário para levantar os dados necessários. Antes da construção do questionário, buscou-se algum que já tivesse sido desenvolvido e validado por estudos anteriores, no intuito de trazer confiabilidade. Entretanto, nenhum questionário se mostrou adequado para responder todas as questões desejadas, principalmente no que tange às especificidades das férias brasileiras, uma vez que a maioria dos estudos nesse campo são estrangeiros.

Aprovado o projeto, tratou-se de aprofundar o referencial teórico, o que deu origem a três novas hipóteses (H2, H3 e H4). Essa revisão trouxe novos insights, como o construto de hábitos de consumo, acrescentado ao questionário na forma de três perguntas (20 a 22). O questionário foi revisado por um graduado em Letras para garantir correção gramatical e clareza semântica. No total, foram 37 perguntas objetivas, ou seja, com respostas no formato

de múltiplas escolhas para facilitar preenchimento, divididas em três seções: dados demográficos; condições de trabalho, relação com remuneração e consumo; férias.

Para tornar a coleta de dados mais prática, viável e simples, a internet se mostrou um meio excelente para resolver as questões de distância e tempo. O questionário foi migrado para um ambiente web, por meio de uma ferramenta computacional chamada Limesurvey. Dessa forma, os respondentes poderiam responder de qualquer lugar e a qualquer hora do dia, bastando ter um computador com acesso à internet.

Antes de partir para a amostra selecionada, foi realizado um pré-teste do questionário com alguns colegas de trabalho do pesquisador, na primeira quinzena de setembro de 2010, para corrigir falhas e esclarecer perguntas com problemas de compreensão. Com base nas observações, foi possível implementar duas melhorias no questionário.

Cada respondente recebeu um e-mail com uma breve apresentação da pesquisa e um link que direcionava ao endereço virtual do questionário online. Não houve nenhuma forma de identificação do respondente e foi destacado no e-mail de apresentação que as respostas eram anônimas, até mesmo por uma característica do software utilizado, que transmitia resultados agregados. Esse aspecto foi importante para aumentar a taxa de resposta, por mitigar o medo de acesso do empregador e também por questões delicadas como faixa de renda. Respondidas as perguntas, automaticamente as respostas foram consolidadas pelo software, que permitiu exportá-las para outros aplicativos capazes de fazer a análise estatística. O questionário ficou disponível para respostas entre 12 de setembro e 22 de outubro de 2010.

Os cinco fatores do modelo foram fruto de uma análise fatorial exploratória com rotação Varimax e normalização Kaiser, seis iterações, e método de extração de análise de componentes principais. Os cinco fatores do Modelo de Propensão a Comprar Férias (figura 4) somados às variáveis demográficas explicaram 75,67% da variância total.

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