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Anteriormente, era comum uma empresa fechar durante determinada época do ano, e conceder férias coletivas aos trabalhadores. O fenômeno da globalização tornou cada vez mais imperioso que os negócios estejam sempre funcionando, o que acabou relegando as férias coletivas a uma minoria. Essa mudança trouxe maior liberdade para o empregado escolher a época do ano mais conveniente para aproveitar com sua família ou de acordo com interesses diversos (THE FINANCIAL TIME, Europe Intelligence Wire, 25 de janeiro de 2001).

Quanto à duração de férias, há variações significativas entre países. Nos Estados Unidos, o governo não estabelece um mínimo, cabendo a cada empresa definir a própria política de férias. A prática do mercado aponta para duas semanas por ano para empregados novos, e à medida que acumulam tempo de empresa podem aumentar esse período. Na Europa, existe maior regulamentação. Em 1993, a União Europeia recomendou formalmente um mínimo de quatro semanas obrigatórias. À parte da recomendação continental, há variações na forma como cada país trata a questão, conforme pode ser observado na tabela 5(JOSHI et al., 2002). Tabela5: Duração de férias em países europeus

País Duração de Férias Anuais

Holanda

Mínimo legal de 20 dias úteis (quatro semanas corridas), sendo possível extensão de férias sem remuneração. Em geral, empregadores concedem entre 25 e 27 dias úteis. A lei holandesa veta o recebimento de compensação financeira para empregados que não tiram férias integrais.

França Mínimo de 25 dias úteis (cinco semanas)

Alemanha Mínimo legal de 20 dias úteis (quatro semanas corridas). Prática de mercado de 30 dias úteis. É comum utilizar saldo do banco de horas para estender férias. Reino

Unido

Até 1998 não havia regulamentação governamental. A partir dessa data, o país aderiu formalmente à recomendação européia, com um mínimo de quatro semanas corridas. A prática de mercado situa-se entre quatro e cinco semanas.

Fonte: Adaptado de JOSHI et al., 2002, p. 8-9.

Ainda no cenário europeu, o levantamento Facts, realizado em 2000, apurou que os europeus conferem maior atratividade a férias mais longas de 30 dias por ano do que benefícios como carro da empresa ou previdência complementar (JOSHI et al., 2002).

No Brasil, o Decreto-Lei 5.452 de 1943, mais conhecido como Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), rege um mínimo de 30 dias corridos anuais de férias.

Quando a duração das férias é reduzida, existe uma enorme expectativa para que tudo dê certo e saia perfeitamente como foi planejado, pois não há espaço para erro. É uma pressão por ter que acertar a única oportunidade do ano para se divertir ou relaxar. Férias mais longas permitem que viagens ou outras atividades de lazer sejam aproveitadas com mais calma e que, caso estejam em desacordo com as expectativas, ainda haja tempo para mudar planos. Permitem também a divisão dos períodos, o que significa mais de uma oportunidade por ano. Isso acaba deixando menos pressionados e mais relaxados os trabalhadores com maiores férias, que podem aproveitar mais o descanso (Working Term Only. Sítio: http://www. aworkingmum.co.uk/working-term-time-only.html acessado em 25 de julho de 2010).

Uma comparação entre as pessoas que viajam durante as férias e as que não viajam, demonstrou diferença de felicidade pós-viagem apenas quando a viagem foi considerada muito relaxante. Nesse caso, experimenta-se maior felicidade durante um máximo de oito semanas após o retorno. A duração da viagem também não teve efeito relevante na felicidade. Entretanto, antes da viagem, os viajantes, em geral, sentiram-se mais felizes do que os não viajantes. Isso pode ser explicado pela imaginação e antecipação da sensação de prazer e diversão desfrutada na viagem. (NAWIJN et al., 2010).

A prospecção envolve imaginar e predizer circunstâncias futuras que nos fazem felizes. Permite sonhar acordado e viajar por emoções geradas por fatos que ainda não aconteceram e podem até não acontecer. As pessoas passam bom tempo construindo cenários futuros e experimentam emoções relacionadas a esses cenários, motivadas pela necessidade humana de controlar nosso ambiente. O contexto dos diferentes cenários ajuda a escolher o curso de ação que trará mais felicidade. Outro efeito da antecipação da felicidade futura é o abrandamento do sentimento de alegria quando a pessoa de fato vivencia os acontecimentos reais. O mesmo vale para emoções negativas (SIRGY, 2007).

A frequência de viagens de férias tem aumentado consideravelmente (OPPERMAN, 1995) e delineia-se uma tendência de fazer mais de uma viagem por ano (NAWIJN et al., 2010). Viajantes de férias que possuem razoável experiência turística para certo destino ou de um tipo de viagem são mais capazes de conciliar desejos e necessidades (RYAN, 1998), o que os permite tirar mais proveito, diversão e felicidade das férias (NAWIJN et al., 2010). O turismo geralmente permite uma fuga da rotina (PRENTICE, 2004), viver um pedaço de vida mais próxima de sonhos ou considerada ideal, saindo do cotidiano alienado e não autêntico

(MACCANNELL, 1976). Todavia, alguns autores entendem que turismo, lazer e cotidiano tem se misturado cada vez mais (LARSEN, 2008) porque experiências antes confinadas ao turismo estão acessíveis no dia a dia (LASH e URRY, 1994).

Em meados da década de 1960, uma metalúrgica na Pennsylvania (Estados Unidos) resolveu implementar um benefício chamado férias estendidas. A cada cinco anos de trabalho, o trabalhador teria direito a um bônus de nove semanas, somando-se às usuais quatro semanas, totalizando 13 semanas.

Kienast (1969) fez um estudo com operários que usufruíram ou estavam em vias de aproveitar o benefício. Perguntados sobre o que mais gostaram das férias estendidas, as três respostas mais frequentes foram: oportunidade de viajar (24%), livre de compromissos profissionais (19%) e chance de descansar e relaxar (18%). Entre as principais atividades realizadas no período encontram-se: viagens, em que 72% ficaram pelo menos uma noite fora de casa, e a média foi de 20 dias em viagem; trabalhos domésticos, em que 76% dedicaram pelo menos um dia, e a média foi de 19 dias. O contato mais prolongado com o lazer e a liberdade fez com que 81% dos trabalhadores melhorassem sua percepção sobre a aposentadoria. Apenas 7% acharam o período longo demais. Após o retorno, 58% melhoraram sua atitude em relação ao trabalho, e para 54% o trabalho ficou mais interessante. Se pudessem substituir por algum outro benefício, dois grupos de respostas sobressaíram: o primeiro grupo rearranjaria a distribuição de tempo livre, com 43% preferindo se aposentar mais cedo e 19% com três semanas a mais de férias todo ano; enquanto o segundo grupo preferiria receber financeiramente o custo do benefício, sendo 30% por meio de pensão mais elevada e 6% com um simples aumento de salário. Os restantes 2% prefeririam algum outro tipo de benefício. A idade, nível na carreira e remuneração foram positivamente correlacionados à satisfação com as férias estendidas. Indivíduos com mais idade, maior progressão na carreira e remuneração tendem a estar mais estáveis financeiramente e possuir menos responsabilidades familiares, e portanto, experimentam menos restrições. O dinheiro apareceu como a maior restrição, principalmente para os mais jovens.

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