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A flexibilidade de tempo no espaço de trabalho pode ser implementada de formas variadas e as principais são elencadas na tabela2:

Tabela 2: Formas de flexibilização de tempo

Categoria Prática

Horário flexível Horas anualizadas Contrato zero hora Carga horária variável

Banco de horas Horas reestruturadas Semana reduzida

Jornada parcial Job sharing Férias ampliadas Horas reduzidas Aposentadoria gradual Maternidade/paternidade Licenças Períodos sabáticos

Fonte: Is time on your side? An overview of flexible time work options. Tradução livre do sítio: http://www.flexibility.co.uk/ flexwork/time/time-options.htm acessado em 24 de julho de 2010.

A seguir, cada prática é descrita (Is time on your side? An overview of flexible time work options. Tradução livre do sítio: http://www.flexibility.co.uk/flexwork/time/time-options.htm acesso em 24 de julho de 2010).

a) Horário Flexível

Normalmente envolve um horário núcleo, por exemplo, das 10:00 às 16:00, onde os empregados devem trabalhar, mas as horas de entrada e saída são variáveis. O que conta é completar a jornada de trabalho diária. Dá a oportunidade aos empregados de driblar problemas de deslocamento nas horas de rush, conciliar compromissos pessoais com a agenda de trabalho e trabalhar em horários mais calmos na empresa.

b) Horas Anualizadas

Um número total de horas é estabelecido, e a quantidade trabalhada varia ao longo do ano, em acordo com empregador. Esse tipo é mais comum em indústrias que possuem sazonalidades e picos de demanda, e, por vezes, pode ser usado como maneira de contornar o pagamento de horas extras. Recentemente se observa essa prática também em serviços bancários e financeiros. Tipicamente multiplicam-se 35 ou 40 horas semanais pelo número de semanas anuais, deduzindo-se férias e feriados. Causa certa preocupação em esferas sindicais a exploração, detrimentos na saúde e segurança, por causa de períodos de trabalho muito intensos, além da manobra para evitar custos de horas extras. Pode funcionar também com jornada parcial.

c) Contrato Zero Hora

Empregados temporários são chamados sob demanda. É como se fosse um sistema just-in- time para mão de obra. Naturalmente o vínculo existente entre empresa e trabalhador é muito fraco nesse tipo de arranjo. Um trabalhador que depende somente dessa opção de trabalho fica muito fragilizado em termos de regularidade de receita e previsibilidade de tarefas. Mas para alguns casos pode ser vantajoso, como aposentados que aproveitam sua experiência sem a dependência econômica.

Compensação pelas horas extras trabalhadas. Cada empregado possui uma conta de horas. Quando trabalha-se além da jornada diária, acumula-se horas nessa conta na forma de créditos, que podem ser utilizados em outros dias. Da mesma forma, quando se trabalha menos do que a jornada, são deduzidas horas dessa conta, as quais deverão ser compensadas. Essas contas, em geral, obedecem alguns limites onde são estabelecidos patamares máximos de horas positivas (crédito) e horas negativas (débito), com o intuito de evitar períodos grandes de afastamento do trabalho. É comum também ter impedimento transformar o crédito do banco de horas em dias livres, sendo permitida apenas a compensação dentro da jornada diária.

e) Semana Reduzida

Essa opção é antiga, mas vem ganhando popularidade por trazer maior previsibilidade do tempo livre para o empregado, apesar de enfrentar maior resistência de empregadores do que outros modos de flexibilização. Duas formas são as mais comuns de semana reduzida. A primeira é chamada 4/10, em que trabalham-se quatro dias por semana com jornada de 10 horas cada um, totalizando as 40 horas semanais. A segunda é 9/80, em que dentre 10 dias úteis trabalham-se nove. Em uma semana quatro dias têm duração de nove horas e um dia de oito horas. A outra semana conta com apenas quatro dias de jornada de nove horas cada. Ou seja, a cada duas semanas, ganha-se um dia livre. Além de prover dias livres aos empregados, que podem esticar finais de semana ou realizar atividades pessoais que duram grande parte do dia, tem a vantagem de reduzir em 20% ou 10% o tempo de deslocamento para o trabalho, já que nos dias livres esse tempo é eliminado.

f) Jornada Parcial

Jornada de trabalho que ocupa menos de 30 horas por semana, em média. No Reino Unido, desde 1971, o número de trabalhadores que era 2,2 milhões subiu para cerca de 7 milhões atualmente. Esse aumento deve-se em parte pela entrada de mulheres no mercado de trabalho, que viram nesse arranjo uma forma de conciliar as responsabilidades domésticas e familiares com o emprego. Com menos horas do dia comprometidas, é possível participar de outras atividades regulares que seriam inviáveis numa jornada completa. Existe ainda uma preocupação quanto à equidade de remuneração proporcional e oportunidades de treinamento e progressão de carreira entre a jornada parcial e a completa. Na maioria dos casos, a primeira possui condições muito inferiores à segunda.

g) Job Sharing

É uma variação da jornada parcial. Nela dois ou mais trabalhadores, dividem um mesmo conjunto de tarefas, sendo que cada um, em geral, comparece ao trabalho em dias diferentes. Alguns empregadores preferem que os divisores de tarefas estejam pelo menos um dia da semana juntos para passar o bastão e melhorar a comunicação. É uma forma rara e alcança uma parcela muito pequena dos trabalhadores formais. Sua operação traz mais complexidade para o supervisor e não é aplicável a qualquer tipo de tarefa.

h) Férias Ampliadas

Contrato de trabalho que especifica uma duração ampliada de férias, não remuneradas, em geral por volta de nove ou 10 semanas por ano. Pode estipular que as férias ocorram em determinada época do ano, por exemplo, durante os recessos escolares, podendo chegar a 13 semanas. A remuneração é dividida ao longo do ano, logicamente menor do que a do contrato de trabalho padrão, mas evita longos períodos sem receita e assim, a regularidade facilita o planejamento de vida do trabalhador. Traz dificuldades de continuidade e cobertura do trabalho para o empregador. Algumas firmas contratam trabalhadores temporários para mitigar esse problema. Para o empregado é uma oportunidade de realizar projetos particulares que demandam mais tempo fora do trabalho, como acompanhar os filhos durante as férias, abrir uma empresa e estruturar um pequeno negócio, fazer um intercâmbio de curta duração, participar de atividades voluntárias. No Brasil, esse arranjo é praticamente desconhecido.

i) Aposentadoria Gradual

Ao invés de parar abruptamente de trabalhar, a aposentadoria pode ser escalonada, em fases. Ou seja, gradualmente o ritmo de trabalho vai diminuindo, para que o trabalhador possa se preparar psicologicamente e ocupar seu tempo de outras formas. Para isso, pode- se combinar formas diferentes de flexibilização do tempo no sentido de dar disponibilidade crescente.

j) Licença Maternidade/Paternidade

Após o nascimento ou adoção de um filho, mães e pais costumam ter direito a uma licença para cuidar da criança no período mais frágil da vida. Em muitos países, essa licença é direcionada às mães e gira em torno de três meses, podendo ou não ser remunerada, e é comum ser paga pelo governo. No Brasil, a Lei 11.770/2008 estabelece a licença

maternidade de quatro meses, de forma remunerada pela empresa, com opção pela extensão para seis meses. Os dois meses estendidos permitem à empresa benefícios fiscais, especificamente a redução do imposto de renda (Licença maternidade 180 dias - vigência a partir de 2010. Sítio: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/lic_matern_ 180dias.htm, acessado em 25 de julho de 2010). A tabela 3 compara as condições de alguns países.

Tabela 3: Licença maternidade no mundo

País Duração Remunerada

Austrália 365 dias (1 ano) Não

Argentina

90 dias (3 meses) remunerada pelo governo e 90 dias (3 meses) opcionais sem

remuneração

Parcialmente sim, pelo governo

China 90 dias (3 meses) Não

Cuba 126 dias (18 semanas) Sim, pelo governo

Espanha 112 dias (16 semanas) Sim, pelo governo

Estados Unidos 84 dias (12 semanas) Sim, pelo governo

França

90 dias (3 meses) de licença em caso de parto normal e 120 dias (4 meses) em caso

de cesariana.

Sim, pelo governo

Índia

Para o setor privado, não há previsão legal específica e a licença varia de acordo com a

empresa. Funcionários públicos têm direito a 135 dias (4,5 meses)

Sim, pela empresa

Itália 150 dias (5 meses) Governo paga 80% do

salário

Japão 98 dias (14 semanas)

Dependendo da empresa, 60% da remuneração é coberta

por seguradoras ou governo

Portugal 120 dias (4 meses) Sim, pelo governo

Uruguai 84 dias (12 semanas) Sim, pelo governo

Fonte: Adaptado de “Licença maternidade 180 dias - vigência a partir de 2010”. Sítio: http://www. guiatrabalhista.com.br/tematicas/lic_matern_180dias.htm, acessado em 25de julho de 2010.

k) Períodos Sabáticos

Intervalos ou interrupções na carreira, em alguns casos remunerados, para que o empregado possa tratar de assuntos particulares. São mais comuns na área acadêmica, em que são utilizados, usualmente, para cursos de pós-graduação e pesquisas. Na Austrália e Nova Zelândia, alcançam considerável popularidade. Costumam variar entre seis meses e

dois anos. Geralmente alguns requisitos devem ser observados pelo empregado para estar apto a requerer um período sabático, como tempo de empresa ou motivo da licença.

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