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Apresentação na Escola Municipal Carlos Formigle

5 CANTOS E BATUQUES: ESQUENTANDO OS TAMBORINS

5.6 ROMPENDO OS MUROS E AS GRADES COM O GRUPO “SAMBA EU E ELA”

5.6.1 Apresentação na Escola Municipal Carlos Formigle

A apresentação na escola ocorreu depois uma semana do convite, portanto, precisavam ensaiar mais, o que não era algo difícil pela vontade dos jovens, o maior problema era justamente ter horários alternativos para a realização destes ensaios, pois durante a semana existiam outras atividades de arte que eles participavam, além de cursos profissionalizantes e as aulas no ensino formal. Foram feitos mais dois ensaios, conciliando os conteúdos programados da oficina com a busca da melhora na performance do grupo “Samba Eu e Ela”, afinal buscava-se realizar uma apresentação que eles pudessem se sentir como atores principais nesta peça musical.

Para o dia da apresentação foi dito aos jovens que seriam feitas camisetas com o nome do grupo e a foto de todos estampada nela. Assim, decidiu-se também em colocar uma mensagem que pudesse resumir o entendimento de todos os membros do grupo a respeito do

que foi o samba para eles. Foi apresentada uma seleção de excertos de canções que pudessem representar e expressar o sentimento do grupo e ficou definido pela mensagem da canção “Seja sambista também” (do álbum “Fundo de Quintal ao Vivo Convida”, 2004), dos sambistas cariocas Arlindo Cruz e Sombrinha, como pode ser vista na imagem abaixo; na imagem seguinte, a foto com a estampa dos jovens com o nome do grupo:

Figura 10 – Estampa atrás da camiseta. Fonte: Arquivo próprio.

Figura 11 - Estampa na camiseta com os jovens e o nome do grupo.32

Fonte: Foto cedida pela professora Rita, da Escola Municipal Carlos Formigle.

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Na estampa da camiseta na parte da frente, para não expor os jovens e nas fotos seguintes, foi utilizado o programa Photo to Cartoon, que converte foto em desenho, e assim não expõe o rosto dos jovens. Este foi um cuidado que se teve a partir do Artigo 247 do ECA, na preservação da identidade e imagem de crianças e adolescentes.

Enfim, chegou o dia da primeira apresentação que seria realizada na parte da tarde; no entanto, pela manhã, ocorreu mais um ensaio para que os jovens pudessem estar mais seguros para a realização da primeira roda de samba com o grupo “Samba Eu e Ela”. A apresentação ocorreu na Escola Carlos Formigle, dentro da própria unidade de internação. Estavam presentes seus colegas do mesmo alojamento, o “inicial de S”, algumas meninas do alojamento feminino, as professoras da escola, o diretor da CASE/SSA, a coordenadora pedagógica, e os orientadores que sempre acompanham os jovens em suas atividades.

Segue abaixo as fotos da apresentação do grupo:

Figura 12 - 1ª Apresentação do Grupo Samba Eu e Ela.

Fonte: Foto cedida pela professora Rita, da Escola Municipal Carlos Formigle.

Figura 13 - Interação com o público cantando e sambando.

Fonte: Foto cedida pela professora Rita, da Escola Municipal Carlos Formigle.

A apresentação teve alguns destaques, o primeiro foi quando os componentes do grupo “Samba Eu e Ela” puderam realizar uma vivência com seus instrumentos, ensinando os colegas do alojamento e convidando-os para cantar e tocar junto com o grupo; o segundo momento foi quando, ao final da apresentação, o jovens convidaram todos para dançarem um samba de roda, este momento pôde proporcionar tanto aos jovens do “Samba Eu e Ela” quanto para o público um momento de interação e participação coletiva. Participaram as professoras da escola, alguns orientadores de medidas socioeducativas, as meninas do alojamento feminino e os jovens do mesmo alojamento “inicial de S”.

Esta postura identifica e reforça por que, aqui, se defende importância do samba na educação de jovens, pois, para além do lúdico, ele interage e cria possibilidades de comunhão

e aprendizagens coletivas entre aqueles envolvidos, se configurando como uma prática que se constrói em um nível de igualdade e socialização das pessoas que dela participam.

Ao término da apresentação, já no final da tarde, foi feita uma breve avaliação sobre a tarde que passaram tocando, cantando e dançando. Eles estavam felizes e satisfeitos com este momento, e esta oportunidade foi importante para o grupo, pois tiveram um momento de visibilidade, que demonstra que podem alcançar o reconhecimento das pessoas por meio de suas habilidades ou pelos seus “dons” como afirmou Tamborim: “A sensação foi muito boa, pois estava levando alegria para as pessoas e isso era muito legal.”.

Neste sentido, identificam-se as possibilidades de aprendizagem que surgiram a partir desta atividade, considerando que todos se uniram para que pudesse ocorrer esta roda de samba, ensaiaram com afinco, estudaram as letras do repertório, transportaram seus instrumentos da sala de música para o local da apresentação, como também as caixas de som e os microfones, e os trouxeram de volta com compromisso e responsabilidade. A este respeito, Costa (2001, p.31) ressalta que: “Criar espaços é criar acontecimentos, é articular espaço, tempo, coisas e pessoas para produzir momentos que possibilitem ao educando ir, cada vez mais, assumindo-se como sujeito, ou seja, como fonte de iniciativa, responsabilidade e compromisso.”.

Esta apresentação tomou dimensões positivas e provocou comentários entre os profissionais do lócus pesquisado; assim, o diretor do espaço sugeriu a realização de uma cerimônia de encerramento que aconteceria fora da CASE/SSA para a entrega de certificados para os jovens que participaram da oficina de samba, seria mais uma oportunidade de realizarem outra apresentação. Para tanto, necessitava-se de um conjunto de fatores que possibilitassem a saída destes jovens do sistema de internação, descritos abaixo no segundo momento da apresentação dos jovens.