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6.2 Apresentação dos resultados das entrevistas realizadas

6.2.3 Aproximações e diálogos entre os casos

Elucidam-se aqui alguns entrelaçamentos, comparações e constatações especificamente sobre os casos expostos acima em relação as repercussões e desdobramentos referentes ao processo de cuidado.

Como já assinalado, para compreender os fenômenos que se dão entre o homem, natureza e sua forma de ser no mundo, devemos considerá-lo essencialmente em sua dimensão histórica. Dessa forma, o ser humano deve ser apreendido na perspectiva da história, que não é linear, mas repleta de multideterminações imbricada em determinado contexto, cultura e valores de dada sociedade. Numa sociedade capitalista em que o trabalho não se realiza no sentido estrito posto por Marx (1867/1980), como atividade vital humana, fonte propulsora de desenvolvimento, realização e satisfação, verificamos que as condições

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precarizadas de emprego é ao mesmo tempo modo de exploração e de sobrevivência possível perante o capital. Portanto, ao investigarmos o processo de cuidado, além de levarmos em conta os impactos do adoecimento e da dependência, devemos em essência, considerar a história, vínculo e relação pregressa de quem cuida e pessoa cuidada. Contudo, deve-se pautar nas determinações das formas de produção material da vida humana desvelando as possíveis implicações para o presente objeto.

Na obra “Memória e Sociedade” (BOSI, 1979/2009, p. 480), a autora retrata ao final do livro a estreita relação entre vida, trabalho e memória, evidenciada por meio das histórias de velhos e velhas que contam suas histórias vividas e sofridas em meio as contradições. Em suma, refere que durante toda nossa vida de relações objetivas, todo e qualquer trabalho, seja braçal ou intelectual, acaba-se incorporando na sensibilidade, na subjetividade e no sistema nervoso de trabalhadores e trabalhadoras. Assim, os velhos ao recordarem suas atividades na velhice, investirão “na sua arte uma carga de significação e de valor talvez mais forte do que a atribuída no tempo da ação.” Além disso, na fase da velhice avançada, “quando já não há mais lugar para aquele “fazer”, é o lembrar que passa a substituir e assimilar o fazer. Lembrar agora é fazer. É por isso que o velho tende a sobrestimar aquele fazer que já não se faz.” Portanto, embora o trabalho estranhado seja repleto de contradições, nas memórias dos sujeitos estão latentes inúmeros acontecimentos relacionados as principais atividades exercidas no decorrer de suas vidas e, esse valor deve ser inalienável.

Em todos os casos o trabalho emerge como um ponto de apoio, identidade e referência para os sujeitos como a fase ativa e independente de suas vidas: “Eu fui office boy, fui auxiliar

de cartazista, fui remessista.”. Para D. Jandira essa temática quase sempre ultrapassa a esfera

individual, envolvendo toda a família: “Quando eles [os filhos] eram pequeno, a menina

cresceu como quis crescê, porque eu trabaiei até, trabaiei até agora, quando pudi trabaiá. Ficava tudo sozinho em casa.”. Evidencia-se um movimento que remete a sua fase ativa e

independente, porém acompanhado de muito pesar, de dificuldades econômicas e, ainda, de conflitos na sua relação conjugal, em boa parte atravessada pela questão do trabalho. Nos demais casos: Sr. Sereno, Sr. Graciano e mesmo no caso de D. Iolita, que exerceu atividade exclusivamente domiciliar, temos recordações predominante positivas para exaltar a fase anterior de suas vidas em que eram capazes de realizar as atividades que necessitavam. Em ambos os casos, as pessoas idosas utilizam o recurso da fala e cognição preservada para recuperar e socializar parte de um passado que evidencia a importância do trabalho com significados e sentidos que podem vir a minimizar a tristeza causada pelas restrições da

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dependência.

O rompimento do vínculo com o trabalho e a impossibilidade de resgatá-lo desde que assumiu o processo de cuidado da mãe, faz do primeiro caso o mais distinto em termos de consequências negativas ao familiar cuidador. Apesar de Jorge estar imbricado de forma profunda nas tarefas da casa e do cuidado ao ponto dessa última se constituir como sua atividade principal, não se sente satisfeito, incorrendo em constantes queixas e conflitos familiares, principalmente por não ter o apoio da irmã, nem oportunidades de lazer e amizades. Nesse sentido, não consegue mobilizar forças que o retire dessa situação e, ao mesmo tempo, é afetado por forte incômodo devido às expectativas sociais e culturais para que tenha um emprego formal. Evidenciam-se ainda, conflitos internos e externos por conceber ser impossível conciliar a atividade de cuidado com o trabalho formal. Todavia, nesse processo operam mudanças nas esferas objetivas e subjetivas.

Para Diana, filha de Sr. Sereno, a atividade de cuidado a princípio com a mãe, depois com ambos os genitores e, por último, com o pai, não interrompeu por completo suas atividades de vida diária, principalmente porque possui vários recursos e cuidadora contratada em tempo parcial, que ajuda o idoso nas atividades básicas e às vezes instrumentais da vida diária em deslocamentos externos. No entanto, também de forma moderada a filha dispensa certo tempo se dedicando a algumas necessidades do pai, como, por exemplo, levá-lo e buscá- lo no Centro Dia. Contudo, possui uma longa trajetória de estudos com graduação em curso superior, pós-graduação e atualmente nova graduação almejando, ainda que com algumas dificuldades, busca contínua na realização profissional tentando conciliar atividades de trabalho e de lazer.

Anteriormente, Magnólia foi cuidadora do esposo e Celeste cuidou da mãe, filhas de D. Iolita e Sr. Graciano, respectivamente, ambas sofreram impactos, porém mantiveram suas atividades principais. Em suas trajetórias de estudo tiveram formação para lecionar na educação infantil, mas a primeira decidiu seguir outro ofício. Assim, mesmo que nesse momento estejam ocupando a função de cuidadoras dos pais, o trabalho foi mantido e, ainda, atuam como fonte de renda. Além disso, expressam significados de satisfação tanto na esfera pessoal quanto profissional. No caso de Magnólia sua ocupação preferida é bordar: “Ai, de

bordá, amo bordá. Ah, é tudo na minha vida, nossa, eu peguei uma linha, uma agulha, um paninho meu filho, tô realizada.”. E para Celeste, além de conseguir manter o trabalho de

meio período, que segundo ela, lhe é satisfatório, ainda consegue tempo para realização de outras atividades: “Eu adoro assim, ficá fazendo trabalhinhos de sucatas com os

Resultados 181 pequeninhos, né? Isso me distrai, é uma terapia pra mim né? [...] Adoro ver séries, assistir filmes, adoro.”.

A questão do trabalho foi trazida aqui nesse estudo a princípio porque o próprio processo de cuidado se constitui como uma atividade de trabalho, às vezes remunerada e às vezes não. Para os casos dos familiares em questão não há remuneração direta e formal, há, por exemplo, o caso de Jorge que oferece cuidado instrumental à mãe e recebe recurso material para seu sustento que ocorre via pensão da idosa. Em segundo lugar, porque além do trabalho de cuidado desenvolvido pelos familiares cuidadores, coloca-se a questão desses mesmos conciliarem ou não as demais atividades, dependendo da problemática dos idosos, do grau de dependência e outros fatores. E ainda, porque a atividade vital humana é a esfera predominante e determinante para muitos aspectos do desenvolvimento ou não do ser humano (MARX, 1844/1983). E, além disso, devido sua importância é possível ponderarmos que, havendo espaços e oportunidades adequadas, as pessoas idosas dependentes poderão recordar suas alegrias e tristezas, principalmente relacionadas ao trabalho como possibilidade de ressignificarem e mostrarem um pouco do que são em sua essência. Também pode se configurar como movimento para a compreensão das contradições sociais para que especialmente diante do adoecimento e/ou dependência, seja reivindicada a dignidade merecida e esperada numa sociedade dita civilizada e constituída de humanos.

Em relação a rotina cotidiana dos idosos, percebemos que das quatro pessoas entrevistadas, três tiveram sua condição de dependência decorrente das sequelas de AVE. É notável o alto grau de comprometimento das atividades e consequentemente maior dependência. Apenas Sr. Graciano que teve suas problemáticas de saúde circunscritas a diabetes, hipertensão, pedras no rim e suspeita de Doença de Alzheimer que conseguiu restituir uma relativa independência e boa autonomia. Em seguida, percebemos que os dois homens, Sr. Sereno e Sr. Graciano, possuem um rol de atividades para além do domicílio e do Centro Dia. E, para isso sempre contam com apoio do genro, da filha ou cuidadora formal. Por outro lado, D. Jandira e D. Iolita, não possuem quem ajude de forma efetiva os seus respectivos cuidadores. No caso de D. Jandira, não há nem automóvel na família, recurso fundamental para auxiliar em deslocamentos. Já a filha de D. Iolita possui veículo, mas está sempre muito ocupada com o trabalho e nesse quesito a idosa faz questão de cooperar e não dar nenhum tipo de trabalho à filha. Portanto, ficam estritamente restringidas ao espaço do domicílio e do Centro Dia.

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dependência e o último numa relativa independência. Nesses casos (D. Jandira; Sr. Sereno e D. Iolita), estão presentes de forma mais intensa e profunda restrições de mobilidade. Retomando um pouco seus depoimentos temos D. Jandira que diz: “É duro, porque depender

dos outros é duro. Não é fácil porque se você vai no banheiro, porque a pessoa seja como for não é como a gente né? [...] É duro ocê ficá na mão do outro.”. No caso de Sr. Sereno: “Olha, é difícil viu, é difícil porque quem tem que me levá é a Diana e ela é cheia de coisas pra fazê, né? [...] se melhorasse essa, dessa dificuldade de andá, não precisava mais nada, não queria mais nada na vida.”. E por fim D. Iolita: “Uma tristeza, uma tristeza muito grande. Você é acostumado a fazê seu serviço, trabalha, fazê o serviço de casa, suas coisas, depois não pode fazê nada. É uma tristeza muito grande que dá.”. Evidenciam-se múltiplos

significados desses depoimentos, mas em essência perpassam duas esferas de sentimentos nos sujeitos: a da incapacidade de não conseguir realizar por si mesmo e a questão de que para se realizar uma simples atividade necessariamente depende-se de outrem, atravessa de forma subjetiva e objetiva a existência do outro. Adentrar nessa existência objetiva e subjetiva, inevitavelmente impõe uma mútua cumplicidade e entrega, que nem sempre se dá de forma razoável ou tranquila.

A partir da identificação das dificuldades e entraves existentes nas relações envolvendo o processo de cuidado, podemos compreender porque muitas vezes a pessoa idosa opta por ficar deitada, quieta, não querer fazer ou aceitar alguma coisa ou, então, ousa tentar resolver pequenas circunstâncias sozinha, que pode incorrer em quedas e consequentemente fraturas. Em casos de pessoas idosas que perderam suas forças, capacidade motora e até sua capacidade cognitiva, há que se garantir que haja abertura e fluxo afetivo no processo de cuidado. Nesse sentido, a história pregressa de relação de quem cuida e de quem é cuidado é de suma importância para avaliarmos as possibilidades de ganhos ou melhorias possíveis nesse preâmbulo. Como se sabe nem sempre as relações ou a história de relacionamento se constituem positivamente, mas em todo caso compõem fenômenos produzidos e reproduzidos de forma histórica e social, portanto, passíveis de serem construídos e transformados (SILVA, 1998).

Verifica-se que, no caso de Sr. Sereno, apesar da sua fragilidade, possui além da filha, vários recursos como - cuidadora formal, apoio do genro e acesso material a todas as suas necessidades que consequentemente possibilitam à pessoa idosa amenizar sua condição de dependência e maximizar sua autonomia. Já no caso de D. Iolita, não existe cuidadora formal e nem tantos outros recursos como o caso anterior, mas nota-se uma postura resignada e

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sempre preocupada com os filhos: “A gente fica triste, você que tá acostumado a cuidá de

você e das suas coisas e ficá dependendo dos outros, né? E não podê fazê é triste viu. E que nem os filhos, os filhos acho que sofrem também quando veem a mãe assim, né?”. E, por fim,

destaca-se o de D. Jandira com maior pesar e sentimento de desvalia em relação aos demais:

“Agora eu não sou nada. Eu não enxergo nada, eu não enxergo um dinheiro pra pagá uma conta. Não enxergo nem pra mim ir no banheiro. [...] Eu me sinto que eu não valo nada. Eu sinto que tô dependente e não valo nada.”. E talvez, não coincidentemente, porque sobrevive

numa realidade de menor acesso aos recursos e equipamentos necessários (IBGE, 2010b). Além das várias necessidades vivenciadas por D. Jandira, outra questão distinta no caso é que sua postura histórica de atuar como matriarca da família sempre lhe reservou destaque e poder na dinâmica familiar, porém com o adoecimento e a dependência, além de perder esse poder ampliado, perde também o controle sobre sua própria vida, o que contribui para agravar ainda mais sentimentos de angústia, tristeza e desvalia. Todavia, preserva notável preocupação com o filho cuidador pelo seu modo impaciente e nervoso de ser. Dessa maneira, dentre as pessoas cuidadas ela é a única que eventualmente demonstra preocupações básicas de cuidado com o filho: “eu não queria que o Jorge bebesse e perdesse a cabeça, fica

perdido, porque eu tenho medo. [...] Porque ele tá muito nervoso e falei talvez precisa cuidá.”. Em todos os demais casos os filhos já haviam se casado e viviam em suas próprias

casas, no caso do filho de D. Jandira, além de ser o mais novo dos quatro cuidadores familiares, também não havia se casado e sempre residiu com a mãe.

Sr. Sereno, em seu depoimento, afirma perceber que após seu adoecimento e dependência, notou que a filha e às vezes o genro, estão mais próximos para auxiliá-lo em suas necessidades e atividades básicas e instrumentais da vida diária. Sobre o outro filho refere apenas que sempre esteve distante, a estudo e trabalho. Já no caso de D. Jandira, percebemos em seus relatos que sente certo distanciamento dos filhos. Ela se mantem preocupada e desconfiada sobre algumas responsabilidades da casa, como o pagamento de contas, por exemplo. Certamente, pelo fato dos filhos tentarem omitir ou esconder algo da idosa, ela compreende de forma simbólica e concreta, estar sendo colocada à margem da situação e dinâmica familiar. No caso de D. Iolita nota-se um distanciamento, pois havia um outro filho mais próximo que sempre a visitava e auxiliava em atividades instrumentais, como ir ao banco. E após o AVE ocorre visita apenas uma vez ao mês, sendo que, os outros dois, mais raramente ainda.

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dos filhos, mas a partir do surgimento da necessidade de cuidados contínuos vão morar na casa dos respectivos cuidadores. Nesse sentido, o caso que ocorre maior impacto e mudança da dinâmica familiar a partir de sua chegada foi Sr. Graciano. Encontrava-se muito confuso e afetado em grande medida devido à recente perda da esposa. Durante o período em que fica na casa da filha passa por vários tratamentos e consegue uma gradativa recuperação de sua saúde. O excesso de apego e dependência afetiva da filha incorre no que Celeste diz de colocá-la no lugar da mãe, que já havia falecido. Apesar do bom vínculo existente entre genro e sogro, inicia-se uma série de conflitos e disputas que gerou sofrimento e, ao mesmo tempo, exigiu da filha uma postura mais firme e sistemática com pai. O estabelecimento de exigências por parte do idoso foi tornando insustentável a convivência sob o mesmo teto. Apesar dos receios, a filha acabou apoiando a possibilidade de que o pai voltasse a morar sozinho, pois já demonstrava relativa independência. A partir disso, passou a compartilhar sua funcionária com o pai, passando esta última a ser além de empregada doméstica, também cuidadora formal. Celeste reorganizou toda sua rotina e juntamente com o apoio do esposo, vem acompanhando e suprindo as necessidades do pai.

Apesar da mudança de casa ser de fato um elemento muito importante a ser levado em conta no decorrer do processo de cuidado, principalmente para a pessoa idosa, não foi essa a questão que afetou profundamente D. Jandira e seu filho. A necessidade de desligamento do trabalho e o processo de cuidado solitário foram os principais apontamentos feitos por Jorge como disparador de maior sofrimento. Ele costuma dizer que em sua vida tudo acontece de repente, seja em relação ao adoecimento da mãe, a perda do vínculo com o trabalho, como também o impedimento de realizar as atividades que estava acostumado. Embora tenha essa sensação, percebemos que a tomada de consciência da dimensão do impacto de sua situação e da gravidade do quadro de saúde da mãe ocorre a partir das vivências e atividades desempenhadas cotidianamente, se constituindo numa unidade inter-relacionada (VIGOTSKI, 2001). Notamos que a necessidade de cuidados de imediato levou o filho a tomar repentinamente a decisão de ficar em casa e cuidar da mãe, não ocorrendo mudança de residência, porém sobrevêm significativas modificações nas relações ocasionando muitos conflitos na família.

No caso do Sr. Sereno a ida para casa da filha ocorre depois de quatro anos de seu AVE, após ao falecimento de sua esposa que também era cuidada por Diana. A partir dessa nova condição, a filha avalia que a estrutura de cuidado poderia ser transferida de residência minimizando gastos, deslocamentos, desgaste emocional e físico. Já para D. Iolita a decisão

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de mudança de casa ocorre pelas reincidentes quedas que convergiam para possíveis agravos, antes mesmo do AVE e se instalar a condição de dependência de fato. Diante de recursos limitados e sem apoio dos irmãos foi a solução encontrada pela filha no intuito de conciliar suas atividades e, ao mesmo tempo, oferecer algum suporteàgenitora. Podemos observar que em cada dinâmica se expressam particularidades objetivas e subjetivas que vão determinar o modo e processo de cuidado. Pautam-se as necessidades da pessoa idosa e do familiar cuidador, entretanto, predomina-se o poder de decisão e capacidade de (re)criação do espaço de cuidado pelo familiar em detrimento da não governabilidade da pessoa idosa.

Em relação as significações dos casos referente ao Centro Dia, percebemos algumas semelhanças e distinções. Para D. Jandira o espaço lhe possibilita ser ouvida, e ainda, realizar algumas atividades que considera como trabalho: “É, eu gosto de tudo aqui. Gosto de

conversá, gosto de fazê pergunta, gosto de trabaiá no trabaio de tapete, gosto de pintá”.

Nesse sentido, poder realizar algum tipo de trabalho que resulta em produtos concretos é, também, reaver em parte algum controle sobre sua própria vida. Para Sr. Sereno de acordo com seu relato o serviço é um lugar que proporciona condições para: “passá o tempo, tem

agora as músicas pra gente cantá um pouco, é divertido né? A gente se diverte e passa os dias né? As horas, passa melhor as horas.”. E nas palavras de sua filha o Centro Dia: “é um sentido de vida, acaba virando um sentido de vida pro idoso né? E suprindo né? Todas as limitações que a gente tem.” Para D. Iolita frequentar a instituição é ter algum tipo de contato,

conversas e trocas com outras senhoras. E segundo Sr. Graciano passar algumas tardes no CCI lhe possibilita um “gosto bão” “de se vivê”.

E para os cuidadores constatamos que a maioria considerou a instituição como espaço de apoio, escuta e acolhimento. Notou-se que apenas no caso de Magnólia o Centro possui sua importância muito mais relacionada ao significado de ser espaço de encontros e trocas para a mãe, sinalizando que não se beneficiou muito do possível apoio oferecido pelo serviço aos familiares pela falta de tempo, por causa de sua atribulada rotina. Dos familiares entrevistados, Jorge foi o que mais se beneficiou dos recursos oferecidos pelo CCI: “[...] de

todos os profissionais daqui [Centro Dia] de cada área [...] fui tendo informações, que hoje eu uso lá e foi tendo 100% de melhora pra mim.”. Este foi o primeiro e único recurso de

apoio efetivo e contínuo em relação ao processo de cuidado da mãe. Neste lugar a partir de atendimentos com os profissionais, mas também em “reuniões de famílias” e “grupos de cuidadores” - “eu fico escutando, eu falo ‘poxa vida eu tô reclamando do meu fardo aqui que

Resultados 186 situação, mais tranquilo” - foi possível aprender vários conteúdos e estratégias que ajudaram

muito no processo de cuidado, demonstrando a importância de se ter mais serviços como este