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CAPÍTULO 2. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS DE INTEGRAÇÃO E

3.3. Experiências Nacionais de Regulação da Defesa da Concorrência

3.3.2. Argentina

Na Argentina, três importantes dispositivos constitucionais, sem prejuízo dos demais, merecem destaque, com relação à integração regional e à Defesa da Concorrência. A Constituição argentina data de 22 de agosto de 1994238, e já demonstra preocupação direta legislativa no tocante às normas de Direito Comunitário.

Os dois primeiros dispositivos constitucionais estão inseridos no artigo 75 da Carta, especificamente nos incisos 22 e 24. O inciso 22 239 determina que a aprovação de tratados com outras nações ou organizações internacionais são de competência do Congresso Nacional, 238 Constituição Argentina de 22 de agosto de 1994. Disponível em

http://www.argentina.gov.ar/argentina/portal/documentos/constitucion_nacional.pdf. Acesso em 20/11/2009 239 Constituição Argentina de 22 de agosto de 1994. “Capítulo Cuarto - Atribuciones del Congreso - Artículo 75 -

Corresponde al Congreso: … 22. Aprobar o desechar tratados concluidos con las demás naciones y con las organizaciones internacionales y los concordatos con la Santa Sede. Los tratados y concordatos tienen jerarquía superior a las leyes. La Declaración Americana de los Derechos y Deberes del Hombre; la Declaración Universal de Derechos Humanos; la Convención Americana sobre Derechos Humanos; el Pacto Internacional de Derechos Económicos, Sociales y Culturales; el Pacto Internacional de Derechos Civiles y Políticos y su Protocolo Facultativo; la Convención Sobre la Prevención y la Sanción del Delito de Genocidio; la Convención Internacional sobre la Eliminación de Todas las Formas de Discriminación Racial; la Convención Sobre la Eliminación de Todas las Formas de Discriminación Contra la Mujer; la Convención Contra la Tortura y Otros Tratos o Penas Crueles, Inhumanos o Degradantes; la Convención Sobre los Derechos del Niño; en las condiciones de su vigencia, tienen jerarquía constitucional, no derogan artículo alguno de la primera parte de esta Constitución y deben entenderse complementarios de los derechos y garantías por ella reconocidos. Sólo podrán ser denunciados, en su caso, por el Poder Ejecutivo Nacional, previa aprobación de las dos terceras partes de la totalidad de los miembros de cada Cámara. Los demás tratados y convenciones sobre derechos humanos, luego de ser aprobados por el Congreso, requerirán el voto de las dos terceras partes de la totalidad de los miembros de cada Cámara para gozar de la jerarquía constitucional.”. (grifos nossos) Disponível em

atribuindo aos tratados internacionais hierarquia superior às leis nacionais. Já o inciso 24, 240 aloca ao Congresso nacional a competência para aprovar tratados de integração que deleguem competência e jurisdição a organizações supranacionais, tendo tais normas hierarquia superior às leis nacionais. Ademais, verifica-se no inciso 24 a efetiva preferência atribuída aos países latino- americanos, em função de quóruns mais reduzidos para a aprovação de tais atos em detrimento a acordos com outras nações.

Temos, ainda, o artigo 42 da Constituição241, que aloca a Defesa da Concorrência juntamente com a defesa dos consumidores, reforçando a finalidade do marco regulatório, ficando constitucionalmente prevista a Defesa da Concorrência contra toda forma de distorção dos mercados e ao controle de monopólios naturais e legais.

A regulação da Defesa da Concorrência se dá por meio da Lei nº 25.156242, sancionada em 25 de agosto de 1999 e promulgada em 16 de setembro de 1999. A referida normatiza acordos e práticas proibidas, posição dominante, concentrações e fusões, bem como cria o Tribunal Nacional de Defensa de la Competencia, autarquia vinculada ao Ministerio de Economía y Obras y Servicios Públicos.

240 Constituição Argentina de 22 de agosto de 1994. “Capítulo Cuarto - Atribuciones del Congreso - Artículo 75 -

Corresponde al Congreso: … 24. Aprobar tratados de integración que deleguen competencia y jurisdicción a organizaciones supraestatales en condiciones de reciprocidad e igualdad, y que respeten el orden democrático y los derechos humanos. Las normas dictadas en su consecuencia tienen jerarquía superior a las leyes. La aprobación de estos tratados con Estados de Latinoamérica requerirá la mayoría absoluta de la totalidad de los miembros de cada Cámara. En el caso de tratados con otros Estados, el Congreso de la Nación, con la mayoría absoluta de los miembros presentes de cada Cámara, declarará la conveniencia de la aprobación del tratado y sólo podrá ser aprobado con el voto de la mayoría absoluta de la totalidad de los miembros de cada Cámara, después de ciento veinte días del acto declarativo. La denuncia de los tratados referidos a este inciso, exigirá la previa aprobación de la mayoría absoluta de la totalidad de los miembros de cada Cámara..”. Disponível em

http://www.argentina.gov.ar/argentina/portal/documentos/constitucion_nacional.pdf. Acesso em 20/11/2009 241 Constituição Argentina de 22 de agosto de 1994. “Artículo 42- Los consumidores y usuarios de bienes y servicios

tienen derecho, en la relación de consumo, a la protección de su salud, seguridad e intereses económicos; a una información adecuada y veraz; a la libertad de elección, y a condiciones de trato equitativo y digno. Las autoridades proveerán a la protección de esos derechos, a la educación para el consumo, a la defensa de la competencia contra toda forma de distorsión de los mercados, al control de los monopolios naturales y legales, al de la calidad y eficiencia de los servicios públicos, y a la constitución de asociaciones de consumidores y de usuarios. La legislación establecerá procedimientos eficaces para la prevención y solución de conflictos, y los marcos regulatorios de los servicios públicos de competencia nacional, previendo la necesaria participación de las asociaciones de consumidores y usuarios y de las provincias interesadas, en los organismos de control. ”.

Disponível em http://www.argentina.gov.ar/argentina/portal/documentos/constitucion_nacional.pdf. Acesso em 20/11/2009

Segundo o Decreto 89/2001, que aprovou a regulamentação da Lei nº 25.156, a Comisión Nacional de Defensa de la Competencia deverá passar por reorganização funcional e administrativa, para que seja adequada durante o período de transição até a constituição do Tribunal Nacional de Defensa de la Competencia, e que sejam ditadas normas para a sua implementação.

Contudo, desde a edição dos referidos normativos, o Tribunal Nacional de Defensa de la Competencia ainda não foi instituído, permanecendo, todavia, como autoridade antitruste argentina a Comisión Nacional de Defensa de la Competencia. De toda forma, a estrutura da Defesa da Concorrência na Argentina, mesmo sem a instituição do referido Tribunal, permanece sendo regularmente conduzida pela Comisión Nacional de Defensa de la Competencia (www.mecon.gov.ar/cndc).

Nos mesmos moldes da Portaria Conjunta CADE/SDE/SEAE nº 148, de 13 de novembro de 2009, indicada no tópico anterior, a Argentina também internalizou o “Entendimento sobre Cooperação entre as Autoridades de Defesa da Concorrência dos Estados Partes do Mercosul para Aplicação de suas Leis Nacionais de Concorrência”. Tal medida se deu por meio da Resolución 100/2004243. Por outro lado, a Argentina ainda não internalizou a MERCOSUR/CMC/DEC. Nº 15/06, referente ao “Entendimento sobre Cooperação entre as Autoridades de Defesa de Concorrência dos Estados Partes do Mercosul para o Controle de Concentrações Econômicas de Âmbito Regional”, aprovado em 20 de julho de 2006. Não obstante, a referida norma mercosuliana integra o hall de normativas de Defesa da Concorrência na Argentina, disponibilizado no website da CNCC.

Assim como para o Brasil, a internalização do normativo do Mercosul representa importante conquista para a Defesa da Concorrência, pois avança no sentido do fomento e desenvolvimento da cooperação intergovernamental em matéria antitruste, dando sequência aos desenvolvimentos oriundos do marco regulatório do Protocolo de Fortaleza.