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2. CAPÍTULO II – SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

2.2. ARMAZENAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

Segundo Fendrich (2002), no primeiro fluxo da água de chuva pode-se constatar a presença de substâncias nocivas como o SO2 e NOX liberados pelos veículos e pelas fábricas e que ficam suspensas no ar.

Além da poluição atmosférica, o primeiro fluxo que flui num telhado durante a precipitação estará poluído por fuligem, poeira, fungos, micro-organismos, folhas e outros sedimentos depositados no telhado. O ideal é que se separe esta água do fluxo mais limpo que se segue. Válvulas e mangueiras podem ser utilizadas,

entretanto não são práticas, e o melhor sistema a ser utilizado é um dispositivo automático simples. Um método bem comum é o tanque de sedimentação, que usa um recipiente para prevenir a entrada de detritos no tanque que também tem a função de regularizar o escoamento ou um tanque auxiliar com nível de bóia, conforme mostrado na Figura 2.5.

Figura 2.5. Sistema de descarte do 1º fluxo com o uso de bóia flutuante (modificado – Sri Lanka, 2010)

O tanque de descarte do primeiro fluxo deverá conter um dispositivo que esteja aberto quando do início da chuva e que, ao chegar ao volume calculado para o descarte, o dispositivo impeça a entrada do fluxo que se segue e direcione-o para o tanque de armazenamento e que, após a chuva, escoe essa água que foi descartada para um ponto de infiltração no solo ou para o sistema público de drenagem. O tanque de descarte também deverá possuir um dispositivo que permita a limpeza. Vários dispositivos podem ser construídos e um deles é o sugerido na Figura 2.5.

Na escolha dos sistemas de condução deve ser considerado o fato de que, como no início da chuva as sujeiras e os fragmentos da superfície de captação e nos

A maioria das substâncias misturadas às águas pluviais são sujeiras como folhas e poeiras existentes na superfície da área de coleta. Folhas e outros materiais do gênero devem ser removidos antes de alcançarem o reservatório de armazenamento.

O filtro deve ser montado de forma a ser de fácil remoção e ser produzido com material que não enferruje, a fim de evitar que a qualidade da água seja alterada. A Figura 2.6 e a Figura 2.7 ilustram filtros comerciais utilizados na purificação de água de chuva.

Figura 2.6. Filtro separador (3P Technik Sistemas para Aproveitamento da Água de Chuvas)

Figura 2.7. Filtro separador (3P Technik Sistemas para Aproveitamento da Água de Chuvas)

A água de chuva pode ser armazenada em tanques subterrâneos ou tanques de superfície de tamanhos variados, dependendo da necessidade e do espaço disponível. Para qualquer um dos tipos que venha a ser utilizado será necessário cobrir o tanque completamente e colocar uma torneira ou bomba no mesmo para prevenir contaminação pelo contato humano com a água. Alguns tipos de reservatórios são apresentados no ANEXO I – TIPOS DE RESERVATÓRIOS, onde podem-se observar algumas possibilidades de implantação, inclusive com usos e dimensões que se adequam ao ambiente e às necessidades.

Assim, qualquer recipiente como vasos, jarros, latões ou barris podem vir a ser um reservatório de armazenamento, se atenderem a três condições básicas, que segundo Fendrich (2002), e Tomaz (2003), são as seguintes:

a. não ter vazamento;

b. ser construído com material não poluente, incapaz de contaminar a água nele armazenada e de material que previna a entrada da luz solar, a fim de minimizar o aparecimento e crescimento de algas;

c. ter uma tampa para atenuar a evaporação da água, prevenir a entrada de sujeiras. Deverá ter uma forma que não dificulte a limpeza do seu interior, sendo seu diâmetro mínimo de 60 cm;

d. sendo subterrâneo, deverá ter sua superfície superior a, no mínimo, 20 cm do solo;

e. deverá possuir declividade no fundo em direção do tubo de descarga de fundo, a fim de se promover a limpeza anual do reservatório;

f. ter um extravasor interligado ao sistema coletor público de águas pluviais ou a um sistema de recarga no solo.

A matéria orgânica que porventura escapar do sistema de descarte do primeiro fluxo e do filtro apodrecerá no tanque. Ocorrerá então a multiplicação de bactérias, levando, então, à contaminação bacteriana.

O sistema de armazenamento deve ser composto por, no mínimo, dois tanques ou um tanque dividido em duas câmaras e que, segundo ONU/UNEP (2010), devem operar da seguinte forma:

b. enquanto um tanque está sendo preenchido, a água pode ser consumida do outro tanque;

c. de forma a conservar a água, deve-se utilizar a água de apenas um tanque de distribuição por dia.

Pode-se, também, construir tanques subterrâneos que estarão sempre frescos e serão mais protegidos contra a entrada de luz solar e sujeiras; e que não têm quase nenhuma perda por evaporação. Também, ao construir um tanque enterrado, há uma economia considerável em espaço.

Os materiais usados podem variar de solo compactado simples (onde as condições de solo permitirem) e lonas de plástico, para tanques de concreto.

O tamanho dos recipientes de armazenamento usados dependerá, até certo ponto, da quantidade de chuva envolvida e do tamanho da área de telhado disponível para a captação. Também dependerá das circunstâncias econômicas dos proprietários do imóvel e a disponibilidade de materiais regionais. Baldes, barris, panelas de barro e tambores podem ser utilizados. Jarros de argamassa de cimento produzidos no local podem ter uma grande capacidade. Sem reforço, jarros e tanques de argamassa armada são possíveis até aproximadamente 4,5 m de diâmetro (ONU/UNEP, 1983). Normalmente são feitos tanques de tamanhos maiores de concreto ou alvenaria. A Figura 2.8 mostra alguns tipos de recipientes utilizados na captação de águas pluviais.

Figura 2.8. Recipientes para armazenamento de superfície (ONU/UNEP,1983)