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2. CAPÍTULO II – SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA

2.3. UTILIZAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS

No passado, acreditava-se que água de chuva era pura e podia ser consumida sem pré-tratamento. Hoje, apesar dessa situação ainda poder ser encontrada em algumas áreas que são relativamente despoluídas, a água de chuva captada na maior parte das localidades contêm impurezas. Particularmente durante as últimas três décadas, a "chuva ácida" têm afetado a qualidade da água coletada, a ponto de agora ser geralmente necessário o pré-tratamento (Tomaz, 1998).

A qualidade da água de chuva é função de fenômenos naturais tais como partículas, substâncias e impurezas que são incorporadas à água pelo escoamento superficial; e da ação do homem, como poluentes atmosféricos, que são integrados à composição da água durante a precipitação. Assim, as condições da região irão determinar a qualidade da água (ibid.).

Em termos de parâmetros físico-químicos, segundo a ONU/UNEP (2010), a água que se coleta em telhados tende a apresentar níveis de qualidade que são geralmente compatíveis com valores padrão de potabilidade da Organização Mundial de Saúde – OMS. Entretanto, o baixo pH da água de chuva pode ocorrer como um resultado do dióxido sulfídrico, óxido de nitrato de outras emissões industriais. Além disso, a contaminação da qualidade da água pode, algumas vezes, ser atribuído à composição de certos materiais do telhado. Por conseguinte, é recomendado que para sistemas de captação de água em telhados, o tipo de material das telhas seja cuidadosamente considerado.

Para Gnadlinger (2007), sem cuidados específicos, o padrão de qualidade definido pela OMS para a água de cisternas, em termos de bactérias coliformes, é difícil ser atingido. O autor apresenta, para as cisternas, técnicas simples e de baixo custo e que, com monitoramento contínuo, podem ser usadas para proteger e melhorar a qualidade de sua água. Ainda segundo o autor se essas técnicas forem seguidas, a água de cisternas se enquadra como de baixo risco de contaminação na categoria estabelecida pela OMS sobre qualidade e armazenamento de água de chuva como fonte de água de beber.

reservatórios. A fervura, desconsiderando suas limitações, é o jeito mais fácil e confiável de desinfecção, embora haja freqüentemente relutância em aceitar esta prática uma vez que o gosto é afetado. O cloro na forma de alvejantes domésticos também pode ser usado para desinfecção.

Embora haja normas amplamente aceitas para os padrões de potabilidade, o desenvolvimento e aprovação de normas para água quando é usada para aplicações não-potáveis facilitariam o uso de fontes como a de água de chuva (Tomaz, 1998).

Um sistema de utilização das águas pluviais deve integrar as seguintes técnicas:

a. coleta das águas pluviais dos telhados, coberturas, marquises etc; b. eliminação da água coletada no início das chuvas;

c. remoção de folhas, gravetos etc;

d. armazenamento das águas pluviais em reservatórios etc; e. verificação da qualidade das águas pluviais;

f. drenagem do excesso das águas pluviais provocado pelas chuvas intensas;

A utilização deve estar limitada a vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagem de roupa e de carros.

De 01.12.2000 a 31.03.2003, a Escola de Engenharia da Universidade de Warwick, no Reino Unido, promoveu estudos que apresentam a variação da qualidade da água em resultados de laboratório, onde verificaram a variação do pH e da turbidez em telhados de diferentes materiais. Os resultados obtidos são apresentados na Figura 2.9 e Figura 2.10.

Figura 2.9. Variação do pH em águas escoadas em telhados de diferentes materiais (Universidade de Warwick, 2003)

Para diferentes tipos de materiais, conforme se observa na Figura 2.9, o pH sofre uma pequena variação e diminui ligeiramente ainda durante o estágio inicial da chuva.

Figura 2.10. Variação da turbidez para diferentes tipos de telhados (Universidade de Warwick, 2003)

Da Figura 2.10, como esperado, observa-se a redução da turbidez. O aço galvanizado tem o maior índice de turbidez inicial, e a telha o menor. Entretanto, o aço galvanizado se limpa mais rapidamente durante a chuva e, depois de 2 mm de

A demanda mensal de água potável varia de acordo com a necessidade dos usuários, e está diretamente relacionada ao poder aquisitivo da região.

Para um sistema de captação de água de chuva, a parcela de consumo de água na parte interna e na parte externa de uma residência é particularmente importante na identificação dos usos de água não-potável.

Para o Japão, a quantidade de água potável utilizada nos vasos sanitários é de aproximadamente 22% do consumo total de água de uma família (Fendrich, 2002). Para Metcalf & Eddy (1991), essa quantidade é de 28,4%, conforme sugerido no Quadro 2.2. Entretanto, observa-se que nessa distribuição não se considera o uso externo da água, como, por exemplo, água para irrigação de jardins.

Quadro 2.2. Distribuição típica de consumo de água no interior de uma residência nos Estados Unidos (modificado – Metcalf & Eddy, 1991)

USO % DO TOTAL Banheiro 30,1 Lava-louças 3,1 Torneiras 11,7 Vaso Sanitário 28,4 Perda 5,5 Lava-roupas 21,2 TOTAL 100,0

Estudos realizados no sudoeste de Queensland, Austrália, por Gardner et al. (2001), apresentam os usos não-potáveis de água da seguinte forma: no vaso sanitário, 18%; e usos externos, 28% (Quadro 2.3).

Quadro 2.3. Distribuição típica de consumo de água de uma residência na Austrália (modificado – Gardner et al., 2001)

USO % DO TOTAL Banheiro 30,0 Vaso Sanitário 18,0 Lavanderia 13,0 Cozinha 11,0 Uso Externo 28,0 TOTAL 100,0

Tomaz (2003) apresenta a distribuição típica em uma residência na Alemanha, considerando a diversa distribuição do consumo (Quadro 2.4).

Quadro 2.4. Distribuição típica de consumo de água de uma residência na Alemanha (Tomaz, 2003) USO % DO TOTAL Chuveiro 36,0 Vaso Sanitário 27,0 Lava-roupa 12,0 Lava-pratos 6,0 Limpeza e jardinagem 6,0 Pequenos trabalhos 9,0 Cozinha 4,0 TOTAL 100,0

Seguindo a recomendação de Tomaz (2003), utilizou-se como consumo de água não-potável a proporção de 42% do consumo de água não-potável, sendo 27% para o vaso sanitário, 6% para jardinagem e 9% para pequenos trabalhos, que podem incluir lavar automóveis ou lavar o piso.