• Nenhum resultado encontrado

ARVIVS (23430), que surge em Santarém numa elipse com a sigla ARV (OCK,

Quadro descritivo dos fragmentos decorados de forma indeterminada de sigillata de tipo itálico [cont.]

C. ARVIVS (23430), que surge em Santarém numa elipse com a sigla ARV (OCK,

tipo 254.19), é um oleiro de Arezzo pouco frequente, e cuja produção se centra no período de 15 a.C. a 15 d.C. Foi já identificado em território espanhol, em Tarragona, Ampurias, Sevi- lha, Bilbilis, Italica, Córdova e Celsa (Beltrán, 1990, p. 68). Em Portugal, existe um exem- plar desta oficina, em Aljustrel (Valdoca) (Alarcão e Alarcão, 1966, p. 45, est. XI, sepultura n.o

137, Diogo, 1980b, n.o

7).

Possivelmente relacionado com o oleiro anterior, SEX ARVIVS (1281) surge em San- tarém sob a sigla SEX.ARVI, numa elipse, encontrando-se, tal como sucede nos exemplos do Corpus Vasorum Arretinorum (OCK, tipo 259) as letras A e R em nexo. Esta parece ter sido uma oficina de dimensão reduzida, a julgar pela escassa representação nesta obra de refe- rência, cujo período de laboração se centra no período de 1 a 15 d.C. Não encontrei marcas deste oleiro em território peninsular.

Das oficinas que provavelmente mais sucesso tiveram em Arezzo e que maior difu- são conheceram, é proveniente o vaso com a sigla NA.EI (23985), com o N retrógrado em nexo com o A. Pertence, possivelmente, a CN.ATEIVS, cuja produção se centra no período de 15 a 5 a.C. (OCK, tipo 275). Ocorre num rectângulo, não sendo seguro se logo no iní- cio da assinatura está ou não presente um C, de maiores dimensões que os restantes caracteres. Outro exemplar de Santarém do mesmo oleiro surge in planta pedis (24113), e desta vez a sigla apresenta as letras bem desenhadas de CNEI (OCK, tipo 276). Como já tive oportunidade de referir supra, este oleiro tem uma vasta produção. As análises quí- micas revelaram que esta produção não se restringiu à região aretina. Efectivamente, hoje sabe-se que este oleiro estabeleceu no sul da Gália em La Muette, Lyon o que alguns auto- res consideram verdadeiras sucursais (Lesfargues e Vertet, 1976, p. 42) e em Pisa, como neste caso.

Muito frequente no território peninsular, os vasos por ele assinados ocorrem em inú- meros sítios do território espanhol, num total de mais de 40 marcas identificadas. Portu- gal não foge a esta tendência, conhecendo-se oito marcas suas em Conímbriga (Alarcão, 1971, p. 421-432 e Delgado, Mayet e Alarcão, 1975, n.os

227 a 232, p. 42 e 43, est. XIII, Diogo, 1980b, n.os

9-15), uma em S. Pedro de Caldelas (Tomar) (Ponte, 1988, p. 72, n.o

3, fig. 43) uma em Miróbriga (A. Alarcão, 1971, p. 421-432, Diogo, 1980b, n.o

18), e uma em Manuel Galo (Mértola) (Maia, 1974 p. 163, fig. 7, est. II, Diogo, 1980b, n.o

17) uma na Comenda (Fer- reira, 1969, p. 169, Diogo, 1980b, n.o

8), outra na Lobeira Grande e ainda outra em Vipasca (Ferreira, 1969, p. 169, Diogo, 1980b, n.o

23), quatro em Represas (Ribeiro, 1959, n.os

6 a 9, est. III, p. 77, Diogo, 1980b, n.os

19-22; Lopes, 1994, n.o

1599, 1622, 1629 e 6287), uma em Faro (Gamito e Maia, 1976, p. 149-159, Diogo, 1980b, n.o

16).

A marca anepígrafa em forma de quadrifolio (1123), corresponde ao círculo abstracto OCK, tipo 2549, com cronologia de finais do século I a.C. Esta marca tem um paralelo exacto em Represas (Ribeiro, 1959, n.o

76, est. VII, p. 87; Lopes, 1994, no

1609).

Como já se mencionou supra, a marca publicada por Dias Diogo (Diogo, 1984b, p. 118, est. II, n.o

8) pertencente ao oleiro XANTHVS, que normalmente, se associa à produção de CN.ATEIVS, é igualmente muito abundante contando com inúmeros exemplares em ter- ritório nacional.

397.1) com cronologia anterior a 15 a.C. Este oleiro de Arezzo (?) parece ser bastante raro, e um dos exemplares descritos no Corpus Vasorum Arretinorum apresenta manchas verme- lhas escuras: “(...) burnt purple above, spotted purple and red underneath”, no que pode constituir uma característica dos exemplares que se encontram na transição dos engobes negros para os vermelhos. Esta é a primeira vez que este oleiro ocorre em território penin- sular, testemunhando as primeiras produções itálicas a atingirem a cidade de Scallabis. São raras as marcas radiais no nosso país, sendo duas provenientes de Alcácer do Sal (Diogo, 1980b, n.o

98; Sepúlveda, Faria e Faria, 2000, p. 142, fig. 1, n.o

3), uma de Manuel Galo (Maia, 197, p. 159, Est. 3, n.o

3) e, finalmente, uma de Bracara Augusta (Delgado e Santos, 1984, p. 52, n.o

1).

Um dos oleiros que mais exportou para Santarém foi P.CORNELIVS, (dois exemplares). Os seus trabalhadores ou associados assinam três vasos. Assim, a marca (1179), que apresenta a sigla P.COR em cartela rectangular com os ângulos arredondados, pertence à oficina deste oleiro aretino que tanto sucesso teve e cuja produção se centra no período compreendido entre 5 a.C. e 40 d.C. (OCK, tipo 624.40). Do mesmo oleiro, surge outro exemplar, desta vez em car- tela circular com a sigla P.COR (20008) na primeira linha e uma palma horizontal na parte inferior (OCK, tipo 624.58). Tal como refere Dias Diogo, este oleiro é dos que maior número de marcas regista em território português, logo a seguir a CN. ATEIVS (Diogo, 1985, p. 142) se considerarmos não só a sua produção individual, mas também dos seus trabalhadores. P. CORNELIVS está presente em Conimbriga (Delgado, Mayet e Alarcão, 1975, p. 40, n.o

235, est. XIII, Diogo, 1980b, n.o

52) com um exemplar idêntico ao n.o

20008 de Santarém. Está tam-

bém representado no Montinho das Laranjeiras (Alcoutim) (Oleiro, 1951, p. 13, n.o

17 e A. Alar- cão, 1971, p. 426, Diogo, 1980b, n.o

51), no Castelo das Guerras (Caeiro, 1977, p. 420, n.o

5, Diogo, 1980b, n.o

53), em Represas (Ribeiro, 1959, n.o

22, p. 79, est. III, Diogo, 1980b, n.o

54 e 55; Lopes, 1994, n.o

693, 1632, 1638 e 1643) e em Tróia (cemitério) (Alarcão, 1971, p. 426). Julgo que a marca 24200 pertence a um dos trabalhadores de P. CORNELIVS. Está bas- tante truncada e apenas pode ver-se que a assinatura se desenvolve em duas linhas num rec- tângulo (“double-framed rectangle”), sendo apenas perceptível na primeira um O que será já a segunda ou terceira letra, e o que julgo ser o limite inferior de um M; na segunda linha pode ler-se, claramente, P.CO, daí a associação a P.CORNELIVS. Penso tratar-se de uma marca de P.CORNELIVS, seu escravo DIOME(DES), oleiro aretino cuja marca surge em rec- tângulo duplo com a sigla DIOM/PCORN (OCK, tipo 638). Dado o estado de conservação desta peça deve entender-se esta leitura como uma proposta a ser considerada com bastante cautela. Esta marca, que tem a particularidade de não apresentar engobe na superfície exte- rior do fundo, o que pode constituir um sinal de antiguidade, é bastante rara e conheceu difusão sobretudo em território italiano. A marca de Diomedes P. Corneli, conhecida em Belo (Bourgeois e Mayet, 1991, n.o

32) em nada se assemelha ao exemplar escalabitano, não existindo outras assinaturas deste oleiro em Portugal.

Dos outros dois trabalhadores de P.CORNELIVS existentes na Alcáçova de Santarém, apenas um deles não coloca tantos problemas de interpretação. Não parece haver dúvidas que a marca HERAC/(...).COR (23043) constitui um exemplar da oficina de P. CORNELIVS, seu escravo HERACLA (OCK tipo 651.4). A assinatura da peça (24072) em cartela circular, que se desenvolve em duas linhas com efeito de espelho e palma horizontal ao centro, pode pertencer a P.CORNELIVS, seu escravo APOLLO ( )?(OCK, tipo 630). Efectivamente, da sigla existente em Scallabis apenas resta, numa das linhas, AP e, na outra COR(?), o que não ajuda na opção a tomar. Para dificultar ainda mais a tarefa, nenhuma destas marcas surge

no Corpus Vasorum Arretinorum em caixinho circular com duas linhas e folha de palma na horizontal ao centro. Trata-se, em ambos os casos, de marcas raras, com exemplares conhe- cidos apenas no centro de Itália, sendo HERACLA P.CORNELI conhecido apenas por um exemplar de Espanha (Beltrán, 1990, p. 69).

HER( ) é um oleiro que surge numa marca de Santarém onde se lê HER (23895), inse-

rido em caixilho rectangular com os ângulos arredondados (OCK, tipo 916.1). Exportou para Haltern, para o Norte de África, Alexandria, e está também bem documentada na Península Ibérica, em sítios como Pollentia, Elda, Corduba, Italica, Herrera de Pisuerga, Segobriga (Bel- trán, 1990, p. 69). O período de laboração deste oleiro situa-se em torno a 10 a.C. cronolo- gia baseada no facto de não existirem marcas suas radiais e não se conhecerem assinaturas in planta pedis. Não existem outras marcas deste oleiro em território nacional.

Com origem no centro produtor do Centro de Itália, os oleiros relacionados com C. MEMMIVS, estão representados por duas oficinas diferentes. É o caso de C. MEMMIVS, seu escravo ANTHVS presente na sigla ANTHV/CMEM (23332), na qual o T e o H se encontram em nexo e que está representado em Roma, Alexandria e, no território espanhol, em Tarragona e Ampúrias (OCK, tipo 1139.1). Possui cartela com duas linhas, de forma elip- soidal. O outro oleiro é C. MEMMIVS, seu escravo PRIMVS, aretino, cuja difusão parece ter sido reduzida, dados os escassos exemplares ilustrados no Corpus Vasorum Arretinorum (OCK, tipo 1156.5). A marca de Santarém não oferece dificuldade na sua identificação, pois a sigla C.ME/PRI, em que M e E se encontram em nexo, apesar de truncada, não possibi- lita outras hipóteses de leitura. Tal como sucede em Espanha também em Portugal são conhecidos inúmeros casos de C. MEMMIVS, mas apenas uma assinatura de Málaga per- tence ao escravo de PRIMVS C. MEMMIVS (Beltrán, 1990, p. 69).

Os produtos da grande oficina do oleiro aretino RASINIVS estão representados em Santarém, não só através de uma série de motivos vegetais identificados nas formas deco- radas, mas também nas formas lisas, como o documenta a marca da peça 23941 (OCK, tipo 1623.9). Esta assinatura encontra-se muito truncada, apenas se podendo dela ler a sigla RAS e a parte inferior do que julgo ser um I, numa cartela rectangular. É extensa a lista de sítios peninsulares que receberam produtos deste oleiro, que produziu entre 15 a.C. e 10 d.C., des- tacando-se no território português a sua presença em locais como Braga (Delgado, 1985, p. 13, n.o

2), citânia de Briteiros (Oleiro, 1951, p. 23, n.o

44, Diogo, 1980b, n.o

130), Coním- briga (Delgado, Mayet e Alarcão, 1975, p. 41-42, n.o

258), Alcácer do Sal (Diogo, 1980b, p. 9, n.o

11), Represas (Ribeiro, 1959, p. 83, est. V, n.o

52, Diogo, 1980b, n.o

131; Lopes, 1994, n.o

1635), Castelo das Guerras (Moura) (Caeiro, 1977, p. 421, n.o

8, Diogo, 1980b, n.o

132). A lista de marcas com origem em Arezzo existentes em Santarém conclui-se com a marca de um oleiro cuja produção gozou também de alguma popularidade. Refiro-me a

Documentos relacionados