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AS ARTES E AS CIÊNCIAS HUMANAS

No documento nancy-pearcey-verdade-absoluta.pdf (páginas 174-182)

O V ALOR D ISPONÍVEL DE UMA I DÉIA

AS ARTES E AS CIÊNCIAS HUMANAS

Idealismo Filosófico

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AS CIÊNCIAS

Naturalismo Filosófico

Em fins do século XIX, estes dois fluxos contraditórios estavam em tensa oposição mútua. Nem era apenas um problema acadêmico. Os dois quadros contraditórios da realidade foram sentidos por pessoas afeitas à reflexão, vendo a agonia da divisão interna e a tensão dolorosa que clamava por solução. Este era o dilema existencial que impulsionava os pragmatistas, sobretudo Dewey e James.

"A condenação do dualismo feita por Dewey era a característica central de sua filosofia", diz certo filósofo;"ele atacou vigorosamente isso em quase tudo que escreveu"." Dewey remontou a dicotomia às origens do dualismo forma/matéria dos gregos antigos (da mesma maneira que fizemos no Capítulo 2). Depois, ofereceu o pragmatismo como meio termo, um modo mediano que venceria a dicotomia que enterrou o naturalismo no pavimento de baixo contra o idealismo no pavimento de cima.

William James sentiu o conflito interno até com mais intensidade. Ele era particularmente sensível ao imperialismo da ciência no pavimento de baixo. Ainda que respeitasse a ciência legítima, James menosprezava o que via como filosofia naturalista agressiva mascarada de ciência que levava ao "determinismo, ateísmo e cinismo". Destruiu o status objetivo dos valores, levando os alunos ao desespero agnóstico (aqui,James falou de experiência pessoal dolorosa). Pego no conflito, ele caiu em profunda depressão, que, no fim, precipitou o que ele descreveu como um "colapso".

Mais tardejames descreveria que sua crise espiritual era a tensão entre os de mente dura (que se preocupam apenas com ciência e fatos) e os de mente branda (que anseiam por significado e valores). Os pragmatistas esperavam que sua própria filosofia acabasse com as diferenças:"Você quer um sistema que combine ambas as coisas: a lealdade científica aos fatos, [...] mas também a velha confiança nos valores humanos", escreveu James. As duas coisas ficaram "desesperadamente distintas", mas "ofereço algo esquisitamente chamado de pragmatismo como filosofia que satisfaz ambos os tipos de demanda".

Os DISCÍPULOS DE DARWIN

Como os pragmatistas esperavam realizar esta reunificação de conhecimento? Pegando um pouco de cada um dos dois fluxos contraditórios de pensamento e combinando- os. Do idealismo romântico (o pavimento de cima), os pragmatistas tomaram o historicismo — a definição de idéias como produtos do direito consuetudinário em evolução. Pois se a realidade era o desdobramento de uma Mente Absoluta, então tudo estava em processo de constante mudança e evolução — não só os seres vivos, mas também as culturas, os costumes e os conceitos.

Do empirismo britânico (o pavimento de baixo), os pragmatistas tomaram o instrumentalismo — a definição de idéias como ferramentas para atingir metas sociais. Combinando estas duas abordagens, os pragmatistas transformaram o historicismo de Hegel, passando de um processo espiritual a um processo inteiramente naturalista.

Em conseqüência disso, nunca tiveram sucesso em combinar fato e valor, mas só ofereceram um novo sabor de naturalismo. O modelo para a estratégia foi Darwin, que realizara praticamente a mesma fusão das duas tradições filosóficas na biologia.A teoria da evolução proposta por Darwin era, em parte, produto do historicismo romântico aplicado à biologia (não há essência estável; tudo está em fluxo constante). Mas sendo bom empírico britânico, ele deu ao processo evolutivo um mecanismo de todo materialista. Em outras palavras, ele combinou o historicismo com o naturalismo. Como disse certo historiador: "Darwin deu a Hegel a respeitabilidade da ciência"." E exatamente o que os pragmatistas almejavam fazer em áreas fora da biologia — assumir o evolucionismo cultural de Hegel, mas dar a respeitabilidade da ciência tornando-o naturalista por completo.

Os pragmatistas não eram os únicos que queriam naturalizar o historicismo hegeliano. Muitos dos primeiros antropólogos e outros cientistas sociais do século XIX procuraram fazer a mesma coisa, sendo o mais notável Karl Marx. (É por isso que se diz que o Marx subiu à cabeça de Hegel.) A diferença era que estes primeiros pensadores tendiam a ser deterministas: eles decretaram que todas as sociedades têm de passar pelas mesmas fases inevitáveis da evolução cultural, governadas pelas "leis"imutáveis da evolução social. (Para Marx, as fases estavam baseadas nas relações econômicas.) O que tornou os pragmatistas únicos é que eles rejeitaram de forma plena o determinismo, e em seu lugar conceberam que a história era inteiramente contingente — espontânea, imprevisível, aberta à novidade genuína.

Por que os pragmatistas quebraram o molde do pensamento determinístico? A resposta, de novo, foi a influência de Darwin. Como vimos no Capítulo 6, a teoria de Darwin consiste em dois elementos: o acaso e a lei. Os pragmatistas pegaram o papel do acaso e o tornaram a base de uma filosofia da indeterminação, liberdade e inovação. Na interpretação deles, a "franqueza" do mundo toma a forma do acaso nos níveis mais baixos de complexidade, e toma a forma de escolha no nível humano. O mundo incompleto e indeterminado deixou espaço para os seres humanos desempenharem um papel na criação da realidade por seus livres-arbítrios.

TRANSFORMANDO OS ESTADOS UNIDOS

Como estas idéias afetam o mundo de hoje? A resposta é que elas reformaram de modo radical as instituições sociais americanas. Focalizemos quatro áreas cruciais: a teologia, a lei, a educação e a filosofia.

Evolua Deus

Na teologia, os pragmatistas perguntaram: Que tipo de Deus é compatível com a evolução? E responderam que se mantivermos uma noção mínima de Deus, terá de ser um Deus imanente — uma deidade finita que evolui no mundo e com ele. "Com o advento da evolução", escreve certo filósofo,"a tendência desses que levaram a ciência a sério era conceber Deus cada vez mais imanente no processo mundial."

Entre os pragmatistas, o mais influente nesta área foi Charles Sanders Peirce. O mais ardiloso do grupo, Peirce era de caráter irritadiço e arrogante, qualidades que dificultavam sua permanência no trabalho. Ele mexeu com a sensibilidade moral prevalecente em seus dias, ao se divorciar e em seguida viver com sua segunda esposa antes de se casar. Até então, esse tipo de escândalo era suficiente para fechar as portas das posições pedagógicas nas universidades, e Peirce teve de contar apenas com a generosidade dos amigos para sobreviver. Mas era talentoso pensador abstrato e fez contribuições significativas para a lógica e a teoria da probabilidade.

Peirce tinha fortes impressões quanto a religião, porém menosprezava suas formas tradicionais e ortodoxas. Em lugar disso, propôs uma forma de pampsiquismo (tudo no universo tem uma mente ou consciência). Previu o cosmo evoluindo para a Mente, ou o Absoluto, ou Deus, em processo teleológico chamado de "amor evolutivo".""

Onde já ouvimos essas idéias em nossos dias? Na teologia do processo, que, dizem, é o movimento que mais cresce nos seminários em voga hoje. Seu fundador, Charles Hartshorne, disse que Peirce foi um dos poucos pensadores que lhe causaram mais influência.

A teologia do processo ensina que Deus e o mundo estão em processo de mudança e evolução constante. Deus é um espírito divino que evolui no mundo e com Ele, a alma do mundo, a vida cósmica evolutiva da qual nossa vida faz parte. No sentido pleno do termo, isso não é panteísmo (tudo é Deus), mas panenteismo (tudo está em Deus), onde o mundo físico é uma emanação concreta da própria essência. Essa teologia ensina que quando fazemos as escolhas que moldam nossa vida e experiência, também moldamos a Deus e suas experiências, visto que nossa vida dá forma concreta à vida divina. Em suma, somos co- criadores com Deus e co-criadores de Deus. Quando morremos, a vida que vivemos se torna mero estágio passado na própria vida contínua de Deus, ao passo que nós, como indivíduos, deixamos de existir. Não há vida após a morte.

Ao colocar o próprio Deus dentro do vínculo evolutivo, a teologia do processo rompe-se totalmente com o teísmo tradicional. Ela assevera que Deus é limitado, que não sabe o que vai acontecer de antemão (Ele não é Onisciente), nem tem o poder de impedir que o mal aconteça (Ele não é Onipotente). Deus simplesmente evolui com o mundo durante o curso da história.

É surpreendente que alguns destes mesmos temas respingaram em círculos evangélicos, no que é conhecido como teísmo aberto, promovido por Clark Pinnock e outros. O próprio termo imita a linguagem dos pragmatistas, quando descreveram que um universo em evolução é um "universo aberto" — um mundo de novidade, inovação, surgimento e possibilidades imprevisíveis, que não pode ser conhecido com antecedência nem mesmo por Deus.

Lógico que um dos motivos para confrontarmos a ciência evolutiva é que, do contrário, acabaremos vendo nossas igrejas e seminários ensinando teologia evolutiva.

Por que os Juizes Fazem Leis

Oliver Wendell Holmes Júnior influenciou o pensamento legal mais que qualquer outro no século XX. Aplicando o pragmatismo filosófico à lei, fundou um movimento chamado — não nos surpreendemos — pragmatismo legal. Como vimos no começo do capítulo, Holmes foi muito influenciado por Herbert Spencer, e polvilhou conceitos darwinistas sociais ao longo dos seus escritos, falando que a lei é mero produto da "sobrevivência do mais adequado" entre grupos de interesse concorrentes. Todavia, Holmes fez mais que usar metáforas darwinistas. Já vimos como o pragmatismo seguiu o modelo darwinista, combinando o idealismo alemão com o empirismo britânico, e Holmes seguiu exatamente a mesma estratégia no campo da jurisprudência. Ele tomou a escola histórica da jurisprudência (do idealismo alemão) e a combinou com a escola analítica da jurisprudência (do empirismo britânico).

Da escola histórica, Holmes tomou a idéia que a fonte da lei é nada mais que direito consuetudinário em evolução. Considerando que a filosofia legal ocidental tradicional fundamentara a lei em fonte imutável (na lei natural, derivada, no final das contas, da lei divina), Holmes tratou a lei como produto de culturas e tradições em evolução,

completamente relativa a tempos e culturas em particular. Segundo ele, a razão para fazer pesquisa histórica não era defender os conceitos tradicionais da lei contra supostos reformadores, mas precisamente o oposto: ao determinarmos as idéias legais ao longo do curso da história, podemos ver por nós mesmos que não foram baseadas em qualquer ordem moral universal e imutável, mas são sempre o produto de uma cultura local em particular e de sua história exclusiva. De acordo com Holmes, assim que entendermos isso, os juizes serão libertados do passado e ficarão livres para mudar a lei de modo que espelhe qualquer política social que achem que funcione melhor. Como disse Holmes: "A história nos liberta e nos capacita a compor nossa mente sem preconceitos" quanto a determinar se as antigas regras legais ainda servem para algum propósito.

E como determinamos se as antigas regras ainda servem para algum propósito? Por suas conseqüências práticas. Da escola analítica da jurisprudência, Holmes tomou a idéia de que o critério para a lei é a utilidade social, conforme medida pelas ciências sociais. Em suas palavras, a lei deve ser estabelecida "nos desejos sociais exatamente medidos". Esta é a fonte de um dos provérbios famosos de Holmes: "O homem do futuro é o homem das estatísticas e o mestre da economia". Em outras palavras, a lei deve ser julgada pelo que funciona; e o que funciona é determinado pelos estudos empíricos feitos por cientistas sociais. A lei é reduzida a uma ferramenta da engenharia social. Segundo escreveu, a justificação para determinada lei não é "que representa um princípio eterno" como a justiça, mas "que ajuda a exibir o fim social que desejamos".

Na prática, isto significa o fim social que o juiz deseja. Holmes, de maneira impassível, concordou que os juizes não interpretam meramente a lei, mas fazem a lei.

Onde foi que vimos estas idéias em ação em nosso tempo? A idéia de que a lei diz respeito a promulgar políticas sociais? Que os juizes não apenas interpretam a lei, mas fazem a lei? O exemplo mais importante é o caso Roe contra Wade, de 1973, que sentenciou a favor do aborto. Até os partidários da sentença concordam que o tribunal legislou essencialmente conforme a corte. Na opinião da maioria, o juiz Harry Blackmun escreveu que o aborto deve ser considerado quanto ao "crescimento populacional, contaminação, pobreza e questões raciais". Em outras palavras, o tribunal deu a sentença não pelo que a lei dizia, mas pelos resultados sociais que favorecia.

Esta é a herança do pragmatismo legal. E isso moldará o modo como os tribunais lidam com as novas questões bioéticas que surgem no horizonte, a menos que confrontemos a cosmovisão darwinista subjacente.

Os Dilemas de Dewey

John Dewey fez mais para moldar a metodologia educacional que qualquer outro do século XX. Nascido em 1859, o mesmo ano em que

Darwin publicou A Origem das Espécies, Dewey cresceu em lar evangélico (congregacional) e foi profundamente influenciado por sua mãe devota Com vinte e poucos anos, passou por uma conversão — uma "experiência mística", como a chamou — e depois freqüentou regularmente a igreja e deu aulas bíblicas.

No fim, Dewey se envolveu num processo lento e gradual de perda de fé — tão gradual que, pelo visto, nunca lhe causou trauma mental.Talvez em parte, por causa do seu temperamento inerente, pois Dewey tinha uma personalidade fleumática, calma e quase apagada. Em todo caso, seu declínio espiritual começou na faculdade, onde encontrou uma forma liberal de teologia moldada pelo idealismo alemão. Mais tarde, ele diria que Hegel "deixou um depósito permanente em meu pensamento". Seus primeiros escritos são esforços em combinar Hegel e Darwin, propondo um Deus imanente incorporado na matéria, como a

alma no corpo — semelhante à teologia do processo. Depois, Dewey aceitou o evangelho social, que redefinia a salvação como progresso social. Conforme argumentou, Deus não dava graça a indivíduos, mas era imanente na cultura; se a cultura adotasse os valores cristãos, o indivíduo seria redimido.

Com trinta anos, Dewey também repeliu esta forma atenuada de cristianismo e adotou uma filosofia coerentemente naturalista. Abandonou suas atividades na igreja e nas associações religiosas estudantis, e seus filhos deixaram de freqüentar a Escola Dominical. Agora, o próprio naturalismo seria sua religião. Ele se ofereceu "como evangelista de poucas palavras de uma forma redentora de humanismo e naturalismo", diz certo historiador. Dewey chegou a apresentar seu naturalismo "redentor" num livro intitulado A

Cotnmon Faith (Uma Fé Comum), exortando seus seguidores a cultivar uma devoção

"religiosa" aos ideais sociais. Esta era forma de religião consistente com sua crença de que os seres humanos eram meros organismos biológicos que buscam controlar o ambiente pela investigação científica.

Tais idéias se tornaram a base da filosofia educacional de Dewey. Ele reformou a investigação intelectual como forma de evolução mental, e disse que deveria agir no mesmo padrão que a evolução biológica: propondo problemas e deixando os alunos construir suas próprias respostas com base no que funciona melhor — um tipo de adaptação mental ao ambiente. Os professores não são instrutores, mas "facilitadores" que orientam os alunos quando experimentam as diversas estratégias pragmáticas para descobrir o que funciona para eles. Claro que isto é inerentemente relativista; afinal de contas, o que funciona para mim pode não funcionar para você (pode nem mesmo funcionar para mim o tempo todo). O pragmatismo leva de forma inevitável a um pluralismo de crenças, todas transientes e nenhuma eterna ou universalmente verdadeira.

Soa familiar? Dewey é a fonte de grande parte da educação moral de hoje, na qual todos os valores são tratados de igual modo como válidos e os alunos só esclarecem o que eles pessoalmente valorizam mais. Os professores são instruídos de modo rigoroso a não serem de nenhuma forma diretivos, mas apenas treinar os alunos no processo de avaliar as alternativas e tomar uma decisão. Qualquer valor que os alunos escolhem é considerado aceitável, quer convenham quer não aos padrões morais aceitos, contanto que eles passem pela série de etapas prescrita. Por quê? Porque, como diz certo livro didático: "Ninguém pode saber com certeza se nossos valores são certos para as outras pessoas". Cada indivíduo tem de ser um tomador de decisão autônomo, determinando seus valores estritamente por conta própria.

A suposição subjacente desta abordagem é o naturalismo filosófico. Uma abordagem naturalista da ética não reconhece nenhum padrão transcendente, de forma que o único padrão viável é o que quer que seja que o indivíduo valorize. Como arrazoou Dewey, todos experimentamos as coisas como boas ou ruins, aprazíveis ou dolorosas, recompensadoras ou perturbadoras. E visto que se espera que a ciência seja baseada na experiência, a investigação moral tem de começar analisando nossa experiência. Primeiro esclarecemos o que de fato valorizamos, e depois avaliamos os diversos cursos de ação para decidir qual levará seguramente às conseqüências que se igualem aos nossos valores.

Segundo Dewey, o primeiro passo — esclarecer o que valorizamos — parece fácil, mas talvez não seja tão simples assim. Pois nossa experiência é distorcida por dogmas religiosos e morais que nos dizem o que devemos querer ou fazer. É crucial que nos livremos de pensamentos e sentimentos de dogmas morais preexistentes para esclarecer o que realmente queremos. Isto explica por que muitos programas de educação moral começam apresentando aos alunos dilemas morais difíceis: têm o propósito de sacudir os

alunos da estrutura moral preexistente, que eles assimilaram da família, igreja e outras fontes, a fim de que possam sondar seus verdadeiros sentimentos sobre o certo e o errado.

Por exemplo, certa mãe fala de um dilema usado na sala de aula de sua filha. A professora pediu que os alunos imaginassem que estavam planejando assassinar o melhor amigo. Quais alternativas poderiam propor para atingir esse propósito? Alguns alunos ficaram horrorizados, contestando que não escolheriam nenhum método porque o assassinato é errado. Ponto final. Mas essa resposta não era aceitável. A professora exigiu que os alunos deixassem de lado suas convicções morais preexistentes e ensaiassem men- talmente o comportamento que consideravam errado. A meta dessas atividades é separar os alunos dos ensinos morais assimilados de fora para que entrem em contato com seus autênticos valores pessoais.

INCAPACITANDO OS PROFESSORES

Ao "libertar" os alunos dos padrões morais que eles trazem de casa e da igreja, a abordagem de investigação os deixa com nada mais do que seus próprios gostos e desgostos subjetivos — ou pior, com a pressão de amigos e colegas.Thomas Lickona, professor de pedagogia, conta a história de uma professora que usou a estratégia de esclarecimento de valores com uma turma da oitava série de baixo desempenho. Tendo cumprido as etapas exigidas, os estudantes concluíram que as atividades que mais valorizavam eram "sexo, drogas, bebida e gazear aula". A professora ficou paralisada: os alunos esclareceram seus valores, e o método não lhe deu poder para persuadi-los de que estes valores eram moralmente errados. A educação moral já não significa ensinar aos alunos os grandes ideais morais que inspiraram quase todas as civilizações, mas ensiná-los a sondar os próprios sentimentos e valores subjetivos.

Apesar da crítica, a abordagem de investigação continua muito popular entre os pedagogos. Outro professor de pedagogia.William Kilpatrick, fala com grupos de pais e professores ao redor do país, e faz a seguinte pergunta: Qual abordagem você prefere em sua escola: o Modelo A, em que os alunos são incentivados a desenvolver os próprios valores, sem respostas certas ou erradas; ou o Modelo B, em que os alunos são incentivados a desenvolver virtudes específicas como coragem, justiça e honestidade, com ilustrações inspiradoras da literatura e da história? A grande maioria dos pais escolhe o Modelo B, relata Kilpatrick. Em compensação, os professores quase que de modo invariável preferem o Modelo A, e muitos "dizem que não usariam a segunda abordagem sob quaisquer circuns- tâncias"!52 E óbvio que existe uma grande divisão entre o estabelecimento pedagógico e o público na questão sensível da educação moral.

Kilpatrick narra a história habilmente no livro intitulado Why johnny Can'tTell

Rightfrom Wrong (Por que Johnny não Sabe Diferenciar o Certo do Errado). Os pedagogos

americanos assimilaram muito bem as idéias de Pewey, e muitos se sujeitam a essa linha profissional mesmo quando suas experiências lhe dizem que o método não funciona.

INVENTANDO A PRÓPRIA REALIDADE

O mesmo método pedagógico está sendo aplicado a outras áreas de estudo. Uma das novidades mais em voga atualmente chama-se educação construtivista. Se o conhecimento for uma construção social, como disse Dewey, então a meta da educação seria ensinar os alunos a construir seu próprio conhecimento. Leia esta descrição feita por proponente do método:

O construtivismo não presume a presença de uma realidade objetiva externa que é revelada ao aluno, mas admite que os alunos construam ativamente a própria realidade.53

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