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COMO PERDEMOS A MENTE CRISTÃ

No documento nancy-pearcey-verdade-absoluta.pdf (páginas 185-200)

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O QUE DE TÃO BOM NO

EVANGELICALISMO?

O cristianismo é algo que sentimos? Se eu fosse convertido, sentiria e saberia?

JAMES MCGREADY1

Quanto Denzel era adolescente, sua oração fervorosa era pela perda de sua virgindade. Sendo talentoso jogador de basquetebol em uma escola de Ensino Médio no centro decadente da cidade, Denzel estava cansado de mentir sobre sua vida sexual inexistente para impressionar seus companheiros de equipe."Todos os meus amigos tinham muito mais experiência sexual que eu, e não queria que eles pensassem que eu não fazia sucesso entre as meninas", disse-me ele."Minha idéia de Deus é que Ele queria que eu fosse feliz. Por isso, orava para perder minha virgindade.""

Em sua infância, Denzel ia à igreja esporadicamente com sua mãe e irmão. (Seu pai era traficante de drogas e estava preso por ter roubado uma cooperativa de crédito quando Denzel era muito pequeno.) "Para mim, a igreja era um lugar santo e maravilhoso. Eu gostava das roupas domingueiras, do coral, dos rituais, dos batismos. Mas não sabia nada de Deus." Claro que não sabia, pois pensava que Deus responderia uma oração pedindo por relações sexuais ilícitas.

Mais tarde, Denzel conheceria melhor este Deus, mas só depois de passar pela experiência da conversão pessoal. Ele não abrigava nenhuma objeção intelectual contra o cristianismo. Respeitava a igreja e aceitava os princípios fundamentais ali ensinados: que a Bíblia é a Palavra de Deus, que Cristo ressuscitou e precisamos ser salvos. O que ocasionou sua conversão foi a mensagem simples de pecado e arrependimento, exposição que conquistou seu coração. De muitas formas, a história de Denzel ilustra as forças e fraquezas da mensagem evangélica antiga, e proporciona excelente início para entendermos a história e herança desse discurso.

A história de pecado e salvação de Denzel começa quando ele tinha dezesseis anos e arranjou a namorada pela qual tinha orado. Nessa época ele bebia muito. ("Meus amigos me consideravam alcoólatra.") Depois do Ensino Médio, tentou fazer faculdade, porém desistiu no primeiro semestre. Tentou trabalhar, mas depois de seis meses foi despedido. Além disso sua namorada anunciou que estava grávida.

As notícias abalaram Denzel. Abalaram tanto que, pela primeira vez em sua vida, fez uma avaliação de suas ações. "Eu tinha dezessete anos, e pensei: Não posso criar uma

criança. Porém, mais importante que isso, é que eu sabia que decepcionaria minha mãe, e

não queria isso."

Sua mãe tivera vários relacionamentos ruins com homens que, no fim, sempre eram viciados em drogas ou alcoólatras. Denzel desejava protegê-la de alguma forma. E ela, por sua vez, era protetora ferrenha de seus dois filhos. Durante anos, vivera fora dos limites da ética apenas para pôr comida na mesa e dar um teto para si e seus filhos: passando cheques sem fundo, falsificando sua situação financeira, abrindo contas bancárias com o nome de um parente. A cada ano, as coisas apertavam, e ela e seus filhos eram despejados.Tentou iniciar seu próprio negócio, mas não ia bem. Na mesma ocasião em que Denzel enfrentava a pior crise pessoal de sua vida jovem, ela estava sendo acusada de má administração financeira.

Era provável que fosse condenada e terminasse atrás das grades.

Pensar em sua mãe na prisão, deixando-o totalmente por conta própria, deixava Denzel em pânico. E à medida que uma crise depois da outra o acossava, ele passou a orar, desta vez com seriedade agonizante. "Por muitas noites me trancava no banheiro e clamava por horas. Eu não sabia orar, por isso lia os Salmos como orações."

Próximo da data do julgamento, sua mãe resolveu que eles precisavam tomar medidas drásticas: ela anunciou que eles iriam à igreja. Denzel concordou de pronto. "Enquanto me vestia, tive a nítida sensação de que era onde eu encontraria Deus. O mesmo Deus a quem eu estivera orando todas as noites. Meu coração estremecia de medo e emoção." Quando ele e sua mãe entraram de mansinho e se sentaram num banco, ele não pôde reter as lágrimas. "Chorei durante o culto inteiro. Não me lembro de nada do que foi dito."

Sua mãe foi sentenciada a uma pena de seis meses de prisão, e visto que seu irmão mais velho estava trabalhando, Denzel ficava sozinho em casa o dia todo com sua aflição e desespero. Buscando a Deus, ele se sentava e lia diariamente a Bíblia por horas. "Certo dia, li o livro de Apocalipse e fiquei muito maravilhado com a beleza dos novos céus e da nova terra. Mas também fiquei plenamente ciente do fato de que eu não iria para lá. Embora ninguém tivesse me dito, sabia que relações sexuais antes do casamento era pecado, que eu bebia muito, que não vivia para Deus. Senti-me bastante culpado. Caí de joelhos e clamei:

Deus, me perdoe! Deus, me perdoe!"

De repente, Denzel se lembrou de uma velha caixa de livros guardada por seu pai há muitos anos, no canto de um armário escuro. Ele pegou a caixa, vasculhou-a e encontrou alguns livros e folhetos cristãos encardidos. Um folheto lhe chamou a atenção — apresentava a mensagem simples e antiga de culpa e perdão, com uma oração. "Li o folheto, fiz a oração e imediatamente senti o perdão de Deus. Fui tomado por uma alegria que satisfaz. Agora, eu tinha convicção de que iria para o céu." Desse momento em diante, Denzel era total e inteiramente leal à sua fé.

A conversão de Denzel é a história evangélica clássica de pecado e arrependimento. Ele não estava lutando com questões sobre positivismo ou pós-modernismo; ele só sabia que era pecador. Denzel não precisava de uma apologética complicada para persuadi-lo de que Deus existe; só queria a certeza de perdão. Ele não sabia deslindar as sutilezas teológicas que dividem as denominações; só desejava saber se ia para o céu. Sua conversão foi espiritual e emocional; uma experiência profunda de que a expiação de Cristo se aplicava a

ele pessoalmente. Neste sentido, não foi diferente da conversão do grande evangelista João

Wesley, que escreveu: "Senti um calor estranho em meu coração. [...] E recebi a certeza de que [Cristo] tinha levado os meus pecados, sim os meus, e me salvado da lei do pecado e da morte". Da mesma forma, a conversão de Denzel envolveu apropriação pessoal do perdão de Deus pelos seus pecados. Depois desse dia, Denzel falou à sua namorada, mais com alegria do que com precisão teológica:"Deus fez algo comigo!"

Historicamente, o evangelicalismo era um movimento de renovação que começou dentro das igrejas; não começou como denominação. Isso explica por que, a princípio, o evangelicalismo não desenvolveu uma tradição intelectual independente. Não precisava. Ele aceitou as estruturas teológicas e eclesiásticas herdadas das denominações de onde surgiu. Como fizeram os pietistas antes deles, os evangélicos se concentraram na apropriação pessoal dos ensinos teológicos, como o pecado e a expiação. A meta era cultivar uma experiência subjetiva das verdades bíblicas objetivas. Por isso, quando o evangelicalismo se tornou dominante em vários grupos, ou quando grupos evangélicos se afastaram das denominações existentes e se tornaram independentes, eles tinham certa fraqueza teológica

Os evangélicos tendiam a subestimar o papel da teologia em prol da aplicação prática, como a devoção pessoal, a vida moral e a reforma social.

DENZEL PERGUNTOU À DIACONISA

Pouco depois da conversão de Denzel, ele passou a sentir a falta do elemento cognitivo que não havia nas igrejas que procurou.Tendo sentido Deus se mover em sua alma, agora estava ansioso para aprender mais sobre quem era esse Deus. Na época em que conheci Denzel, dois anos depois da conversão, sua fome de conhecimento espiritual era insaciável. No empenho de descobrir o que as várias denominações ensinavam, ele ia a três cultos todos os domingos, em três igrejas diferentes! (Sua namorada, filha de pastor, não queria nada com Deus; quando se separaram, ela revelou que nunca estivera grávida.)

Infelizmente, a fome de Denzel de conhecimento teológico não lhe foi em grande parte satisfeita. "No meu batismo, fiz algumas perguntas à diaconisa acerca da Trindade. Ela me disse que me concentrasse em crer que Jesus é Deus e que não me preocupasse com os detalhes." Ele contatou pastores, professores de Escola Dominical, qualquer um com quem conversasse na igreja, mas poucos tinham respostas à torrente de perguntas que ele disparava.

A pressão para encontrar respostas ficou mais forte depois que Denzel arrumou um emprego. Muitos dos seus colegas de trabalho eram muçulmanos ou membros das Testemunhas de Jeová que falavam bastante e abertamente acerca de suas crenças. "Todos no trabalho defendiam suas crenças espirituais, exceto os cristãos. Eles eram os únicos que pareciam não ter respostas." Ficou claro para Denzel que numa sociedade pluralista os cristãos precisam dominar a apologética a fim de defender a fé no cenário público.

Por fim, ele teve a idéia de trabalhar numa livraria cristã para ter acesso à literatura espiritual séria. Lá, ficou amigo de meu filho, Dieter, que há poucos meses tivera um encontro com Deus e estava trabalhando ali pelo mesmo propósito! No mundo dos livros, os dois jovens acharam escritores de teologia e apologética que os ajudaram a matar a intensa sede intelectual que sentiam: Francis SchaefFer, C. S. Lewis, R. C. Sprouljames Montgomery Boice e J. I. Packer. Procurando na Internet, Denzel também descobriu obras clássicas de Agostinho, Aquino, Lutero, Calvino e Spurgeon.

A história de pecado e salvação de Denzel ilustra os pontos fortes e as falhas do evangelicalismo americano. Quando ele achou aquele folheto velho e encardido e leu a mensagem simples do evangelho, sentiu-se imediatamente livre do peso da culpa. A certeza de salvação tomou conta de sua alma como um rio que dá vida. A igreja o recebeu, o batizou e lhe deu um lugar para cultuar a Deus. Porém, quando procurou alimento teológico intelectual mais sólido — os ensinos teológicos e a apologética —, teve de procurar bastante até encontrar os recursos que lhe satisfizessem a fome. Hoje, ele ainda está procurando uma igreja que ministre à pessoa de forma completa, inclusive à mente.

Por que as igrejas evangélicas são tipicamente fracas em apologética e cosmovisão? Para responder a essa pergunta, precisamos abrir os arquivos da história do movimento evangélico. Na Parte 1, determinamos a importância crucial de termos uma cosmovisão cristã, de não permitir que sejamos conformados com este mundo (Rm 12.1) que divide a verdade em dois pavimentos. Na Parte 2, identificamos o papel primordial que o naturalismo darwinista desempenha na manutenção da divisão fato/valor em dois pavimentos, reduzindo a religião e a moralidade a produtos sem sentido de um processo aleatório. Agora, na Parte 3, examinaremos a história do evangelicalismo americano para descobrir por que ele consentiu na divisão da verdade em dois pavimentos. Por que o evangelicalismo aceitou a divisão secular/sagrado que encerra o cristianismo no pavimento

de cima das experiências meramente pessoais? Como perdemos a concepção encorpada do cristianismo como verdade acerca de toda a realidade, ou seja, como verdade absoluta? Só retrocedendo no caminho que nos trouxe até aqui é que seremos capazes de traçar um curso melhor para o futuro.

AVANÇANDO NO PASSADO

A questão sobre a história do evangelicalismo se tornou premente para mim depois que escrevi o livro E Agora, Como Viveremos?Tendo mergulhado no tema da cosmovisão cristã pelo processo da escrita, a pergunta ardente que restou foi por que é tão difícil comunicar esta mensagem. Quais são as barreiras mentais que as pessoas têm contra o pensamento da cosmovisão? Por que os evangélicos aceitam uma crença em grande medida privatizada? Não se tratava de mera questão acadêmica, mas era assunto pessoal, porque meu desejo era entender como comunicar os temas do livro às pessoas que eu encontrava.

Pesquisei livros sobre evangelicalismo e, quando identifiquei os diversos paradigmas do passado, todas as peças se encaixaram. Muitas tendências que confrontamos hoje em dia eram desde o princípio características do movimento evangélico, e se as localizarmos nos tempos coloniais, elas se tornam mais reais. É comum não reconhecermos os padrões de nosso pensamento, a menos que nos coloquemos em certa posição externa, da mesma forma que um peixe não sabe o que é água, porque isso é tudo que ele conhece. Obter uma perspectiva histórica é como embarcar em um avião para tirar fotos aéreas. Quando, lá de cima, olhamos e identificamos as tendências revelando-se gradualmente, entendemos melhor o nosso tempo. Afinal, somos os herdeiros de mais de duzentos anos de história americana, e ainda hoje estes hábitos de pensamento formam nossas idéias e práticas.*

Não farei um relato histórico amplo, mas só procurarei indícios que diagnostiquem a fraqueza intelectual da igreja atualmente. A meta é definir padrões que lancem luz sobre a situação contemporânea da igreja. Um livro de Alister McGrath tem um capítulo intitulado "O Lado Escuro do Evangelicalismo"5, e, de certo modo, é este nosso tema aqui. Embora haja muita coisa boa e louvável no evangelicalismo, nosso foco estará nos elementos de nossa história e herança que teimam em colocar barreiras no pensamento da cosmovisão cristã.

Histórica e toscamente, o movimento evangélico se dividiu em duas alas. A primeira, denominaremos populista — tinha forte estilo reavivalista que subestimava a doutrina e atraía o povo comum. Foi mais forte nos estados do sul dos Estados Unidos. Ocorreu principalmente entre os batistas, os metodistas e os membros do movimento da restauração (as Igrejas de Cristo, os Discípulos de Cristo e as Igrejas "Cristãs"). A segunda ala era racionalista e estudiosa. Concentrou-se no norte dos Estados Unidos. Ocorreu entre os protestantes das igrejas congregacionais, presbiterianas e episcopais que uniram o fervor evangélico à ênfase tradicional destas denominações em teologia e erudição.6

Neste e no próximo capítulo, examinaremos a corrente populista que se tornou dominante hoje em termos de quantidade e influência nas igrejas. Rememoraremos esta tradição com historietas vividas de reuniões ao ar livre e pregadores comoventes. No Capítulo 11, nos dedicaremos à corrente erudita, conhecendo algumas das figuras mais interessantes e inspiradoras da história do pensamento americano. Por fim, no Capítulo 12, faremos uma fascinante viagem secundária para ver como a religião nos Estados

Unidos foi remodelada pelas mudanças na vida social e econômica. Afinal de contas, religião não é somente idéias abstratas. E parte da estrutura da realidade concreta, e as novas idéias sobre religião foram tramadas com novas idéias sobre a família, a igreja, o trabalho e até a relação entre homens e mulheres.

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

O que significa ser evangélico? Costumamos aplicar o termo a todos os cristãos que crêem na Bíblia e são pessoalmente fiéis. Com certeza usei a palavra neste sentido amplo por muitos anos. Quando comecei a pesquisar o assunto, fiquei confusa ao encontrar literatura produzida pelo clero luterano conservador (a igreja em que fui criada). Insisti que eles não eram evangélicos e adverti que o evangelicalismo estava se infiltrando nas igrejas luteranas!

Então, o que significa o termo? Os historiadores americanos usam-nos tipicamente em sentido mais técnico para se referir ao movimento que se desenvolveu no primeiro e segundo-grande despertamentos. Este movimento adotava o estilo de pregação reavivalista e punha ênfase na conversão pessoal (o "novo nascimento").7 Por ser movimento de renovação dentro da igreja, sua meta não era tanto converter os não-crentes quanto estimular a fé dos crentes nominais, a fim de levar os indivíduos a uma experiência subjetiva das verdades salvadoras do evangelho. O protestantismo clássico que se originou da Reforma definiu a vida cristã em termos de participação na adoração e liturgia corporativa da igreja. Esta expressava sua identidade por meio de confissões e credos mantidos pela autoridade do ofício clerical. Mas o movimento reavivalista pôs de lado grande parte disso. Ele destacava o acesso direto do indivíduo a Deus independente da igreja; definia a vida cristã em termos de devoção e santidade individual. A retórica reavivalista tendia a ter um caráter antiautoritário e antitradicionalista, denunciando a liturgia e as cerimônias como ritualismo vazio e externo. Até hoje, diz certo historiador, não devemos "perder de vista este ponto central, qual seja, que todo protestante que enfatiza os aspectos subjetivos e éticos do cristianismo, em vez de ressaltar suas características oficiais e eclesiásticas, é evangélico".8

Certos grupos religiosos se mantiveram indiferentes ao movimento reavivalista, notavelmente os católicos, os luteranos, os membros da Igreja Reformada Alemã, os membros da Igreja Reformada Holandesa e os presbiterianos da velha ala. Estes são membros das chamadas igrejas confessionais. Contudo, os limites não são claros. Mesmo dentro das igrejas confessionais, alguns grupos eram mais simpatizantes ao reavivalismo.9 O próprio fato de que hoje grupos como os luteranos precisam patrulhar suas fronteiras de forma tão diligente é prova de como se tornou influente o estilo evangélico de espiritualidade. Para o bem ou para o mal, durante um período de mais de duzentos anos de história americana, o evangeli-calismo populista triunfou sobre as igrejas confessionais.

"Hoje, os evangélicos constituem o maior e mais ativo componente da vida religiosa na América do Norte", diz o historiador Mark Noll. ' E não só nos Estados Unidos, mas também em todo o globo. Em Tlie Next Christendom (A Próxima Cristandade), Philip Jenkins mostra que os grupos cristãos que mais crescem na África, Ásia e América Latina tendem a exibir as características do evangelicalismo populista (são grupos que se funda- mentam na experiência, são teologicamente conservadores e dão ênfase à conversão pessoal e a sinais e maravilhas sobrenaturais). E por isso que o ramo populista do evangelicalismo é algo com que precisamos lidar, pouco importando qual seja nossa formação denominacional, a fim de comunicarmos uma mensagem de cosmovisão às pessoas de nossos dias.

E o VENCEDOR É

Avaliando o impacto do evangelicalismo, podemos dizer que há notícias boas e notícias ruins. As boas são que o movimento evangélico foi notavelmente eficaz em "cristianizar" a sociedade americana. Olhe a Figura 9.1, que mostra a porcentagem de

membros da igreja nos Estados Unidos desde a era colonial. O gráfico é retirado de The

Churching of America (Os Estados Unidos Vão à Igreja), de Roger Finke e Rodney Stark, ~

e mostra de forma surpreendente que a fidelidade religiosa nos Estados Unidos aumentou de modo considerável desde o período colonial. Esses números provam que é falso o estereótipo comum que diz que nos tempos coloniais quase todos pertenciam a uma igreja. " Provam também que é igualmente falso o estereótipo correlativo que diz que no mundo moderno a religião está definhando. Em termos de adeptos, as igrejas estão indo muito bem hoje em dia.

TAXA DE FIDELIDADE RELIGIOSA

De 1776 a 1980

1776 1850 1860 1870 1890 1906 1916 1926 1952 1980 ANO

Figura 9.1. Os números contradizem a suposição comum advogada por sociólogos que dizem que, à medida que as sociedades se modernizam, elas inevitavelmente se secularizam. (Finke e Stark, p. 16,

adaptado com permissão.)

A subida pura e simples dos números não conta toda a história.Veja a Figura 9.2, que mostra o desenvolvimento de algumas denominações entre 1776 e 1850 (da revolução americana [guerra pela independência dos Estados Unidos] ao clímax do segundo grande despertamento). Note as atordoantes reversões em termos de sucesso. Na época da revolução, mais da metade dos americanos que pertenciam a um grupo religioso (55%) era congregacional, episcopal ou presbiteriano. Na ocasião, parecia quase certo que estes grupos permaneceriam dominantes. Mas em 1850, os congregacionais tinham praticamente falido. Os episcopais tinham sofrido grande revés (em parte, porque apoiaram a Inglaterra durante a revolução americana; muitos voltaram para a pátria). Os presbiterianos tiveram certo crescimento, porém o aumento mostrado no gráfico apenas acompanhou o crescimento da população; na verdade, eles perderam terreno em termos de "participação de mercado", ou seja, de porcentagem de adeptos religiosos. Os católicos cresceram, mas pela imigração e não por conversão.

FIDELIDADE RELIGIOSA POR DENOMINAÇÃO

Em 1776 e 1850 (em porcentagem de adeptos totais)

Figura 9.2. Por que algumas denominações diminuíram, ao passo que outras

cresceram tanto? (Finke e Stark, p. 55, adaptado com permissão.)

O crescimento mais surpreendente ocorreu entre os batistas e os metodistas. Durante a guerra revolucionária, a maioria dos pregadores metodistas voltou à Inglaterra sob as ordens de João Wesley. Portanto, eles estavam recomeçando; mesmo assim, desfrutaram de sucesso fenomenal. Em 1850, se tornaram a maior denominação protestante, respondendo por 34% de todos os membros da igreja no país americano. Certos historiadores denominam o século XIX "a era metodista". Em 1906, eles foram englobados pelos batistas, fato que nos diz que a taxa de crescimento dos metodistas continuou firme.

No documento nancy-pearcey-verdade-absoluta.pdf (páginas 185-200)