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ERDADE DO C ANO DE A RMA

No documento nancy-pearcey-verdade-absoluta.pdf (páginas 182-185)

"Corre entre os filósofos a piada de que o problema com o pragmatismo é que ele não funciona", escreve Phillip Johnson. Afinal,"quem quer confiar em pessoas que pensam que a única verdade é nos esforçarmos em empregar os meios mais eficazes para conseguir seja o que for que venhamos a querer?" A única medida que o pragmatismo oferece para avaliar uma idéia é se ela funciona, se atinge os desejos e metas sociais. Mas como saber se tais

metas são boas ou ruins, certas ou erradas?

sociedade promova. Ou, mais de modo ameaçador, qualquer poder que venha a desejar. Holmes, o mais cínico dos pragmatistas, viu estas implicações com clareza, e as endossava. Ele estava disposto a apoiar o poderoso mesmo quando as conseqüências fossem socialmente destrutivas: "Concordo de forma plena que uma lei seja chamada boa se reflete a vontade das forças dominantes da comunidade, mesmo que isso nos leve ao inferno". E: "Sensato ou não, o teste mais certo de um bom governo é se o poder dominante faz o que quer". "Aplicando o mesmo princípio às relações internacionais, ele disse que, numa definição que ficou famosa, a verdade é "o voto da maioria da nação que pode vencer todas as outras".

Em suma, uma regra baseada no que os pragmatistas chamaram de "desejos sociais" é, no fim das contas, a regra de que os mais poderosos são os primeiros. Se o pragmatismo faz o que quer, advertiu sombriamente Bertrand Russell, então "os couraçados e as metralhadoras têm de ser os árbitros supremos da verdade metafísica".

O DEUS QUE INTERVÉM

Numa passagem notável, Rorty admite que a noção da Verdade com V maiúsculo é coerente apenas no contexto de uma cosmovisão cristã. De acordo com ele, "a sugestão de que a verdade [...] está por aí" (quer dizer é objetiva e universal), "é um legado de uma era em que o mundo era visto como criação de um ser que tinha uma linguagem própria", unia "linguagem não-humana" escrita no cosmo. Neste ponto, Rorty está se referindo à imagem mental que os cristãos usam desde os pais da igreja. Trata-se da idéia de dois livros: o da Palavra de Deus (a Bíblia) e o do mundo de Deus (a natureza). O que ele quer dizer é que a verdade objetiva só é possível se o mundo for um tipo de livro, criado pela palavra (linguagem, logos) de Deus, de forma que há uma mensagem e significado objetivo no próprio universo.

Claro que é precisamente esse ponto que a ciência está provando ser a questão, como vimos no Capítulo 6. A descoberta do DNA, as instruções codificadas em cada célula de todo o ser vivo, significa que no âmago da vida há uma linguagem, uma mensagem, uma informação. Em outras palavras, o mundo orgânico é de fato um livro, repleto de informação biológica complexa, e não apenas o mundo orgânico; a informação se tornou a chave para interpretar o universo físico. A sintonia fina das forças fundamentais pressupõe uma inteligência designadora.

"Pergunte a alguém de que é feito o mundo físico e receberá a resposta provável:'De matéria e energia'", diz um recente artigo na revista Scientific American."^ a engenharia, a biologia e a física nos ensinam que a informação é componente igualmente crucial." Hoje, há físicos que "consideram que o mundo físico é feito de informação, mais energia e matéria como componentes acidentais".

E de onde vêm as informações? Em toda a experiência humana, a informação não é gerada por forças materiais fortuitas, mas apenas por um agente inteligente. A realidade do

Logos no reino material destaca a realidade do Logos fora da matéria; um Agente Inteligente

que é a fonte de sua ordem e racionalidade.

Rorty concorda que a própria idéia da verdade e moralidade objetiva só é possível com base na doutrina do Logos. Segundo ele, a idéia de uma verdade fora da subjetividade humana "é resíduo da idéia de que o mundo é uma criação divina, o trabalho de alguém que tinha algo em mente, Alguém que falou uma linguagem na qual Ele descreveu o próprio

projeto". Em outras palavras, a verdade objetiva só é possível se houver um Criador que fale

conosco, dando-nos revelação divina. Como diz Schaeffer no título de um dos seus livros, só se Deus for O Deus que Intervém. O único meio de fugir do ceticismo pós-moderno é se

Deus nos revelou algo de sua própria perspectiva, não apenas assuntos espirituais e não somente experiência emocional não-cognitiva, mas revelação da verdade objetiva sobre o cosmo em que vivemos.

Em suma, a doutrina bíblica da revelação é o único modo de acabar com o abismo entre fato e valor, entre os pavimentos de cima e de baixo. Os pragmatistas procuraram unir os dois, mas seus nobres esforços faliram. Assim que puseram a evolução darwinista no pavimento de baixo, as idéias foram reduzidas a mutações mentais escolhidas apenas por seu valor de sobrevivência. Em vez de unir os dois pavimentos, o pragmatismo lançou a rede do naturalismo ao pavimento de cima e o puxou para o de baixo, deixando somente o irracionalismo e o ceticismo pós-moderno no pavimento de cima.

Rorty declara a escolha com absoluta clareza: Ou "guardamos a fé com Darwin" e adotamos o pós-modernismo, ou guardamos a fé com um Deus pessoal que se revela, cujo

Logos é a fonte da Verdade unificada e -universal, a Verdade comV maiúsculo.

A GUERRA COGNITIVA

E comum os americanos dizerem que estão envolvidos numa guerra cultural sobre padrões morais contraditórios. Mas não nos esqueçamos de que a moralidade é sempre derivativa; ela se origina de uma cosmovisão subjacente. Se os cristãos querem ser bem- sucedidos na guerra cultural, eles têm de estar dispostos a empreender a guerra cognitiva subjacente com as origens. O darwinismo foi o ponto decisivo que lacrou a cosmovisão naturalista no pavimento de baixo, reduzindo a religião e a moralidade a categorias não- cognitivas do pavimento de cima.

A chave para o restabelecimento de um conceito unificado de verdade é a recuperação de um conceito robusto da criação. O cristianismo sempre ensinou que há "uma realidade única", porque foi criada por um Deus único, Onipotente e Onisciente, explica certo relato histórico."Dada esta história da criação, conclui-se que o conhecimento também consistia em um todo único." Foi a doutrina da criação que assegurou a confiança na unidade da verdade.

Para sermos leais às grandes declarações de nossa fé, não podemos mais consentir que o cristianismo seja posto forçosamente na esfera do valor.

Temos de nos livrar da timidez metafísica, nos convencer de que temos uma causa vitoriosa e tomar a ofensiva. Armados com oração e poder espiritual, precisamos pedir a Deus que nos mostre onde a batalha está sendo travada hoje para nos alistarmos no batalhão do senhorio e liderança de Cristo.

Por que os evangélicos são tão propensos à timidez metafísica? Por que não somos de tradição intelectual forte e robusta? Para avançar, às vezes precisamos primeiro recuar, repassando os passos dados para descobrir onde erramos. Assim, identificamos os padrões negativos e os substituímos por padrões mais positivos. Na próxima seção, examinaremos a história do evangelicalismo americano para descobrir o que não deu certo no front intelectual. Perguntaremos por que os cristãos não têm uma tradição de cosmovisão forte e o que fazer quanto a isso. Entender melhor o passado americano serve para ajustarmos a bússola, determinarmos uma direção melhor e avançarmos com confiança a fim de fazer a diferença no mundo de hoje.

No documento nancy-pearcey-verdade-absoluta.pdf (páginas 182-185)