As Entrevistas

Foram realizadas 7 (sete) entrevistas, sendo 6 (seis) delas no escritório central das empresas, em sala de reunião, em ambiente calmo e propício à entrevista e uma delas, por indisponibilidade de tempo do respondente, foi realizada por telefone, entretanto não houve perda de qualidade, quer na disposição em dar a entrevista, quer no aprofundamento das respostas concedidas.

Todos os respondentes foram questionados a respeito da possibilidade de gravação do conteúdo de seus depoimentos e apenas um deles se sentiu, a primeira vista, desconfortável com esse procedimento. Entretanto, após reiterar que não seriam divulgados nomes e nem tampouco dados isolados de sua empresa, o respondente aquiesceu com a gravação.

Em todos os casos iniciou-se com uma breve conversa acerca dos fenômenos que vêm ocorrendo no mercado imobiliário, sendo que todos receberam explicação sobre o motivo da entrevista, do interesse em avaliar as “parcerias”, jargão mais utilizado para designar as alianças da atividade econômica.

Posteriormente, e no intuito de tranqüilizar os respondentes, fez-se questionamentos demográficos, tanto do respondente, quanto de sua empresa.

Subseqüentemente, iniciando-se o período de gravação, foi feito um preâmbulo explicando-se o significado de “alianças estratégicas” para o estudo e dirimidas eventuais questões sobre os objetivos deste trabalho.

As entrevistas, entretanto, foram semi-estruturadas, sem roteiro padronizado, exceção feita ao seu início, que procurou ser sempre homogêneo. No intuito de não parecer muito inquisitiva diante de alguma explicação, a autora não insistiu em demasia na explanação de algumas questões, para não intimidar os respondentes.

Assim, após a realização de breve pesquisa documental das empresas, uma delas, sociedade anônima, foram realizadas as entrevistas pessoais, conduzidas de forma espontânea, com os gestores principais, sempre com os responsáveis pela decisão em realizar e manter alianças.

O alinhamento com os demais níveis da organização que se envolvem, de maneira efetiva, com a empresa aliada, tanto gerencial quanto operacionalmente, para que se obtenham os dados necessários para a análise abrangente das alianças, foi reputado como desnecessário nesse estudo, uma vez que o foco é o momento de adoção das alianças e a avaliação do gestor a seu respeito.

Cada empresa pôde contribuir com, pelo menos, três relatos de alianças realizadas num período de 2 (dois) anos que antecedeu a pesquisa de campo, alguns ainda em andamento. Este prazo foi estabelecido em virtude de ser neste período que se fizeram sentir, em maior grau, os efeitos das políticas públicas para o segmento de incorporações imobiliárias.

Nestas entrevistas questionou-se os respondentes a respeito das linhas mestras de investigações verificadas no referencial teórico, conforme é indicado no protocolo de pesquisa, observando-se, principalmente os temas do papel da interferência governamental e do ambiente na competição da atividade de incorporação imobiliária; sobre o que leva às alianças, tanto face aos motivos, quanto aos objetivos; que tipo de alianças se estabelece mais

comumente, tanto vertical quanto horizontalmente; como evoluem as alianças e como são observados seus desempenhos.

As entrevistas foram realizadas entre os meses de março e junho de 2007, numa proporção de aproximadamente duas entrevistas mensais, o que denota a extrema dificuldade de se conseguir um “espaço” na agenda dos gestores principais das empresas, num momento de intensa atividade do ramo.

Sendo o desempenho da aliança um dos fatores que podem levar ao estabelecimento de novas alianças, tornou-se relevante observar seu desempenho, entretanto, diante do recente panorama setorial, em que houve acentuado crescimento, motivado pela repercussão das medidas de fomento ao crédito imobiliário e de abertura do capital de inúmeras empresas no Novo Mercado da Bovespa (até 20 de julho de 2007, somava-se 20 as empresas desta atividade econômica que realizaram suas IPO, maior parte delas sediada em São Paulo), a forma mais adequada encontrada pela autora, para a avaliação desse desempenho, foi a avaliação pessoal, subjetiva, dos envolvidos, em especial, do gestor da empresa, uma vez que o bom resultado econômico tanto de um empreendimento quanto da empresa, como atestam os próprios entrevistados, não retrata igual desempenho da aliança. Sendo assim, os aspectos objetivos podem estar contaminados por outras interferências que não os próprios relacionamentos cooperativos.

Essa efervescência na atividade do mercado imobiliário, no entanto, pode ofuscar nossa compreensão dos fenômenos em curso, em virtude da ausência de distanciamento histórico suficiente para a análise dos fatos. As tendências de desenvolvimento da atividade econômica

são muito recentes e as profundas alterações observadas na estrutura do mercado imobiliário podem no futuro, eventualmente, se desviarem dos presentes indícios.

O registro das entrevistas encontra-se anexado ao deste trabalho (ver Anexo A), sendo que as transcrições acompanham os relatos sempre ipsis literis, exceção feita a alguns vícios de linguagem ou repetições, que foram extraídos para facilitar a leitura, sem prejuízo da acurácia do teor e do sentido conferidos pelo entrevistado.

Ressalta-se que os primeiros contatos realizados, com as Empresas “1” e “2”, foram com o intuito de se obter dados secundários. Desta forma, as empresas onde se realizaram as entrevistas foram numeradas de “3” a “9”, de acordo com a ordem cronológica em que foram contatadas.

Com o intuito de ilustrar as informações obtidas na análise dos dados do presente estudo, serão reproduzidas as falas dos respondentes, sempre que relevantes, sendo para isso utilizados os seguintes recursos gráficos:

• As transcrições literais serão feitas entre aspas e recuadas do texto da autora, sendo indicado entre colchetes o número da empresa analisada a que se refere o trecho;

• Os breves relatos serão destacados do texto principal em itálico; • Os aspectos mais relevantes e prioritários serão sublinhados.