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contextualização e problematização

1.4. As lacunas da InfoAU

Uma pré-análise em alguns programas de importantes CAUs nacionais, como os das: UFMG5, UFPE6, UFSC7, USP8, UFRJ9 e UNB10, indicou a matéria de

InfoAU subutilizada e pouco integrada às demais dos cursos, no referente a instrumentação e possibilidades de trabalho. Observou-se que as grades curriculares ofereciam:

♦ No máximo, duas disciplinas referentes à matéria: uma introdutória que tinha, por conteúdo: “Introdução à Microinformática” e/ou “Introdução à Computação Gráfica” (desenho bidimensional - 2D - atuando como meio de representação gráfica do projeto). E ou uma segunda disciplina, geralmente: “Computação Gráfica Avançada” (modelagem tridimensional - 3D - de objetos arquitetônicos) podendo chegar até à animação do modelo;

♦ As disciplinas relativas à InfoAU ou eram ministradas nos três primeiros semestres do curso (sendo a introdutória como obrigatória e a avançada como optativa como nas IFES: UFMG, UFPE, UFSC); ou, 5 UFMG(http://www.arquitetura.ufmg.br/grad/index.html) 6UFPE(http://www.dau.ufpe.br/) 7UFSC(http://www.arq.ufsc.br/) 8USP(http://www.usp.br/fau) 9 UFRJ(http://www.fau.ufrj.br/) 10 UNB(http://www.unb.br/fau/)

somente, ministradas do meio para o final do curso (sendo disciplinas optativas como em: USP, UFRJ, UNB).

♦ Na maioria das vezes, nenhuma ou muito pouca integração era feita entre as disciplinas da InfoAU com as de demais matérias. Mesmo quando eram vistas como disciplinas de fundamentação (meio), inseridas no início do curso, freqüentemente eram dissociadas das de projeto (concepção). Algumas vezes, a integração se dava pelo exercício de digitalização do objeto arquitetônico já concebido nas disciplinas de projeto.

Ainda hoje, na estrutura dos CAUs brasileiros, os discentes continuam a aprender o projetar através de desenhos e, acrescido de uma subutilização da matéria de InfoAU centrada na representação gráfica e dissociada da concepção de projetos. E, segundo Albornet (1994, p.13):

Separar concepção e representação foi e seguirá sendo um equívoco dentro da área de arquitetura, pois nossos esquemas mentais seguem padrões de representação, pelos quais tôda concepção espacial passa sempre por uma abstração mental, que se exterioriza através dos meios disponíveis. Se os meios são digitais ou não, não é relevante, o que importa é como esses meios de representação podem afetar o produto primário do desenho.

Ficou flagrante a pouca propriedade que se tinha da matéria na realização do Exame Nacional de Cursos11 (ENC) de 2003, vulgarmente chamado Provão12, quando à questão discursiva nº. 1: “Analise o papel atual dos computadores na arquitetura e no urbanismo, apresentando dois aspectos positivos e dois negativos do seu uso”, o Padrão de Resposta13 do MEC foi:

O papel atual dos computadores na arquitetura e no urbanismo é, principalmente, o de um instrumento de solução de representações gráficas e, concomitantemente, de cálculos e quantificação de áreas e volumes. A favor do uso dos computadores podem ser citados: a redução do tempo de desenho; a maior precisão do desenho; a capacidade de transportar os desenhos rapidamente, via internet; a capacidade de simular acuradamente realidades, inclusive com animação; a maior facilidade de compatibilizar o projeto arquitetônico ou urbanístico com os projetos complementares (estrutura, infra-estrutura, instalações, etc.); a diminuição de erros na execução da obra; a maior facilidade na comunicação da idéia e do projeto junto ao cliente e aos "leigos"; a maior facilidade na correção dos erros ou na realização de alterações pontuais do projeto; e a maior praticidade na armazenagem dos projetos.

Contra o uso dos computadores podem ser apontados: a perda da noção de escala por parte do executante do desenho; a perda da visão geral do todo devido ao tamanho das telas; a perda da habilidade de desenhar a mão livre

11 Foi um exame aplicado aos formandos com o objetivo de avaliar os cursos de graduação da Educação Superior, no que

tange aos resultados do processo de ensino-aprendizagem. Desde 2002 era aplicado para os cursos de Arquitetura e Urbanismo. Este exame fazia parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior que incluía: o Censo da Educação Superior, a Avaliação das Condições de Ensino e a Avaliação Institucional.

12 www.inep.gov.br/superior/provao/gab_prov_pad_res/arquitetura.htm. 13 www.inep.gov.br/download/enc/2003/pad_resposta/ARQ_URB.pdf

(e da parcela de "trabalho artístico" do profissional),que é um instrumento fundamental tanto na apreensão dos espaços existentes quanto na compreensão do espaço proposto;a perda da visualização "2D" simultânea, que influencia substancialmente no desenvolvimento de melhores proposições projetuais e de suas resoluções; a cópia de soluções - tipo de um projeto para outro sem levar em conta especificidades; facilita a padronização e a "pasteurização" da arquitetura e o urbanismo; o nivelamento dos profissionais em função do domínio da ferramenta; contribui para o aumento de problemas ligados à questão do plágio e da autoria (INEP, 2005).

Evidenciou-se, com pesar, que essas preconizações oficiais para a utilização da informática em AU restringiam o seu uso ao apoio instrumental para o desenho de projetos. Agrava-se com a distorção atribuída ao uso do computador às perdas de habilidades perceptivas e motoras. Entendeu-se, neste estudo, que não se pode atribuir perdas sensoriais à um instrumento quando não se explora devidamente as suas potencialidades e recursos.

Decorrentes da subestimação dos recursos informáticos havia um desencontro de informações; existiam visões segmentadas de utilização da informática em AU; uma não existência de um documento oficial orientador na inserção de InfoAU nos currículos dos CAUs; tudo isto, impossibilitava uma regularidade da matéria quanto a: conteúdo mínimo e formas eficazes de integração da InfoAU às demais matérias dos cursos.

Esse quadro refletia-se, de forma contundente, na prática profissional: boa parte dos escritórios de arquitetura alocava estudantes como “manipuladores de ferramentas computacionais” e, basicamente, eles serviam como “CADistas” na maioria dos estágios curriculares. Em outras palavras, a subutilização da informática observada no ensino de AU era a mesma percebida na prática profissional, fixando- se, exclusivamente, na representação gráfica 2D e 3D do projeto arquitetônico e urbanístico no Brasil.

1.5.

Relações entre o conteúdo mínimo dos CAUs com a