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contextualização e problematização

1.3. Preceitos curriculares modernos e Projetos Político Pedagógicos

possibilidades dos CAUs vislumbrarem contextos e realidades regionais e adequarem suas estruturas curriculares à aquisição dos conhecimentos e ao desenvolvimento das habilidades necessárias para o perfil do profissional que desejava formar. Passou a ser exigido o Estágio Supervisionado e as Atividades Complementares que já vinham sendo estimuladas pelos instrumentos de avaliação do INEP3-MEC e apoiadas pela ABEA. Com essa resolução, as aulas dos CAUs mesmo sendo tidas como muito importantes foram consideradas insuficientes na formação dos profissionais, devendo serem complementadas por viagens de estudo, práticas investigativas, estágios em ambientes profissionais, atividades de extensão e outras atividades.

Ressaltou-se que o Trabalho Final de Graduação (TFG) fosse substituído por um Trabalho de Curso (TC) mantendo a filosofia anterior e sendo rito de passagem entre o mundo acadêmico e o profissional, onde o estudante: sintetizasse a formação adquirida, demonstrasse estar apto a inserir-se no mercado profissional e atendesse às demandas sociais.

Foi importante, principalmente nos últimos anos, pela proliferação dos CAUs no Brasil, a apropriação dos benefícios que as novas diretrizes trouxeram. Isto, sem abrir mão dos padrões de qualidade tão duramente conquistados como condições mínimas de abertura e funcionamento dos cursos, garantidos pelos organismos controladores da educação à manutenção do elevado grau de reconhecimento que o ensino de AU conquistou perante a sociedade brasileira. Em um país com as nossas características e dimensões, tornou-se ainda mais desejável um maior número de cursos e de profissionais de AU com essa garantia de indubitável qualidade (MARAGNO, 2006).

1.3.

Preceitos curriculares modernos e Projetos Político-

Pedagógicos

Esta renovação global do ensino nos CAUs no Brasil foi fundamental para a sua adequação às necessidades advindas dos desafios: tecnológicos, sócio- culturais e econômicos do século XXI. Este cenário nacional de mudanças nos currículos e de inserções de PPPs dos CAUs estabeleceu aspectos profissionais e formativos tais como:

♦ A eminência de habilitação profissional só ser concedida através de um exame de ordem, como a existente na advocacia. Decorrentes disso os cursos superiores teriam que se adaptar às condições impostas pelo órgão de regulamentação profissional (CREAs/CONFEA);

♦ As exigências do mercado globalizado requeriam dos profissionais brasileiros níveis semelhantes aos estrangeiros de qualificação e experiência. Para isto Amorim, Loureiro e Leite (2001, p.10) firmaram a necessidade de “adequação dos nossos cursos a padrões

internacionais de formação profissional, seja pela introdução de novos conteúdos programáticos, seja pela oferta de condições de acesso à tecnologia mais avançada, da concepção ao uso dos edifícios e cidades”.

♦ A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9394 de dezembro de 1994), em seu artigo 12, inciso I, previa que "os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, têm a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica";

♦ A Resolução nº. 6 de 02 de fevereiro de 2006 que ao revogar a Portaria 1770 de 1994, não acrescentou nada de novo à matéria de InfoAU.

Neste contexto, Vasconcelo (1998) afirmou que para se tentar compreender o tipo de currículo dominante nas universidades dever-se-ia familiarizar-se com alguns de seus conceitos subjacentes como: fragmentação,

linearidade, estaticidade e previsibilidade. Enquanto fragmentação dizia respeito ao

entendimento de algo complexo pela subdivisão de suas partes constituintes e da interação entre elas; linearidade apresentava o desenvolvimento de algo de forma seqüencial; previsibilidade dizia que a cada efeito determinar-se-ia uma causa correspondente e estaticidade negava as mudanças qualitativas ao longo de um tempo.

Identificaram-se: fragmentações e linearidades nos currículos das universidades pelo modo como estes iam sendo organizados em unidades isoladas e de forma seqüencial; enquanto tornar-se-iam claras: estaticidades e previsibilidades quando havia a transformação do conhecimento não esperada; e os objetivos curriculares se preestabeleceriam às atividades instrucionais e exteriores (DOLL, 1997).

Exemplificando: uma falta de relacionamento entre as disciplinas de desenho, conforto ambiental, paisagismo com as de projeto de AU fariam parte, deste modelo curricular fragmentado e linear, onde se estudaria primeiro o que é considerado mais simples/abstrato e chegar-se-ia posteriormente ao que seria, supostamente, mais complexo (CUNHA, 1992).

Contradizendo os atuais modelos de currículos adotados nas universidades, Doll (1997) falou sobre o paradigma pós-moderno que deveria guiar a

elaboração de currículos atribuindo a este, alguns conceitos: totalidade, não-

linearidade, dinamicidade e imprevisibilidade. Enquanto, totalidade seria afirmação

de que as partes não poderiam ser entendidas separadamente e sim, a partir de suas relações entre si e com o todo; não-linearidade explicaria o desenvolvimento de um processo não de modo seqüencial e sim, constituindo relações no decorrer do próprio processo espontaneamente; dinamicidade determinaria que a ordem e o equilíbrio seriam dinâmicos no entendimento de algo e; imprevisibilidade explicaria a impossibilidade de uma totalidade estabelecer uma relação de causa e efeito univocamente.

Em acréscimo aos avanços curriculares, na esfera educacional surgiu o projeto político-pedagógico como um instrumento de planejamento e de avaliação. A "cultura de projeto" marcou a sociedade contemporânea com procedimentos de previsão e exploração do futuro e, nas diversas áreas, melhoramentos das condições de vida do ser humano.

Em meados da década de 90 no Brasil, a idéia de projeto político- pedagógico incorporou-se ao discurso oficial e, em quase todas as instituições de ensino. A LDB deixou explícita a idéia de que a Escola4 não podia prescindir da reflexão sobre sua intencionalidade educativa. Assim sendo, o PPP passou a ser objeto prioritário de estudo e discussão (BAFFI, 2002).

Se para Gadotti (2001) a palavra projeto viria do verbo projetar, lançar-se para frente, obviamente, significaria a idéia de movimento/mudança; na definição de Alvaréz (1998) representaria o laço entre presente/futuro e seria a marca dessa passagem e; para Fagundes (1999) o projeto seria, para o ser humano, atividade natural/ intencional na solução de problemas e construção de conhecimentos. Em Antropologia do Projeto, Boutinet (2002) expressou que esse termo teve seu reconhecimento no final do século XVII sendo a criação arquitetônica sua primeira formalização/utilização em um sentido semelhante ao reconhecido atualmente e, de forma rebuscada, definiu projeto como que: “o presente pretende ser a reatualização

de um passado considerado como jamais decorrido." (BOUTINET, 2002, p. 34).

Sintetizando um projeto agora referido à área educativa, segundo Gadotti (apud VEIGA, 2001, p. 18):

Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.

Para André (2001, p. 188), o projeto pedagógico não seria uma carta de intenções nem uma exigência de ordem administrativa, deveria "expressar a reflexão

e o trabalho realizado em conjunto por todos os profissionais da escola, no sentido de atender às diretrizes do sistema nacional de Educação, bem como às necessidades locais e específicas da clientela da escola"; seria "a concretização da identidade da escola e do oferecimento de garantias para um ensino de qualidade".

O projeto pedagógico para Libâneo (2001, p. 125) "deve ser compreendido como

instrumento e processo de organização da escola", considerando-se características:

do instituído e instituinte; e, para Vasconcellos (1995, p. 143) o projeto pedagógico:

É um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. E uma metodologia de trabalho que possibilita resignificar a ação de todos os agentes da instituição.

Considera-se o projeto pedagógico, um instrumento fundamental de trabalho na:

♦ explicitação de: objetivos e fundamentos teórico-metodológicos; tipos de organização; formas de implementação e de avaliação institucional. ♦ indicação de: rumo, direção e nível de comprometimento/participação

de todos os profissionais da instituição. Não seria um modismo nem documento engavetado. Transcender-se-ia a um agrupamento de planos de ensino ou de atividades diversificadas.

O projeto pedagógico teria duas dimensões: a política e a pedagógica. Seria "político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo

de sociedade" e teria seu cunho pedagógico porque possibilitaria “a efetivação da intencionalidade da Escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo.” (ANDRÉ, 2001, p. 189). À dimensão pedagógica

definir-se-iam as ações educativas, efetivação dos propósitos e intencionalidade da Escola (Veiga, 1998, p. 12); Saviani (apud VEIGA, 2001, p. 13) expressou que a "dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica".

A concepção de um projeto pedagógico, segundo Veiga (2001, p. 11), deveria contemplar características como:

- ser um processo participativo de decisões;

- ter uma forma de organização pedagógica reveladora de conflitos e contradições;

- explicitar a autonomia da Escola pelo o estímulo à: solidariedade entre os agentes educativos e participação coletiva em um projeto comum;

- oportunizar opções de superação de problemas relativos a um contexto educacional especifico;

- ressaltar o compromisso com a formação do cidadão.

Segundo a mesma autora, a execução de um projeto pedagógico de qualidade deveria:

- explicitar contextos e causas responsáveis pelos problemas buscando, como subsidiou, a própria realidade;

- ser exeqüível através de um planejamento de necessidades para seu desenvolvimento e avaliação;

- ser uma ação “arquitetada” pelos envolvidos com a realidade da escola, - ser uma construção contínua de processos e produtos.

Viveu-se, um momento de transição na educação, entre: princípios estruturais/modelo curricular (ainda predominante) e, o outro que estaria se consolidando. Segundo o paradigma moderno, valer-se-ia à pena reavaliar o modelo tradicional, sem negar os seus pressupostos. Os (as) profissionais da educação, ao estarem: sensíveis para perceber, flexíveis para adequar e ousados (as) para implementar as reformas estruturais lideradas pela informática, permitiriam incorporá-las ao ensino superior sendo o principal gerador de idéias e tecnologias inusitadas, atendendo às exigências do mercado e estruturando proposições à sociedade.