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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.5. As Micro e Pequenas Empresas

A Comissão Europeia adotou em Maio de 2003, uma definição de microempresas, bem como de pequenas e médias empresas, a fim de promover o espírito empresarial, o investimento e o crescimento, facilitar o acesso ao capital de risco, reduzir os encargos administrativos e aumentar a segurança jurídica, que entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2005.

Esta definição tem por base duas séries de amplas consultas públicas. Mantém os diferentes limiares de efetivos que determinam as categorias de microempresa, pequena ou média empresa, mas faz subir consideravelmente os limites máximos financeiros, (volume de negócios e balanço total), designadamente devido à subida da inflação e da produtividade desde 1996, data a que remonta a primeira definição comunitária de PME´s.

Há diversas disposições cujo efeito é o de reservar o benefício do acesso aos mecanismos nacionais e aos programas europeus de apoio às PME’s apenas para as empresas que possuam características de verdadeiras PME’s (sem a força económica de agrupamentos mais vastos). Esta modernização da definição de PME tem um impacto na promoção do crescimento, do espírito empresarial, do investimento e da inovação, além de favorecer a cooperação e a criação de aglomerados de empresas independentes.

Os principais objetivos da revisão, segundo a EU, foram os seguintes:

 Reduzir os encargos administrativos e acelerar os procedimentos;  Promover o espírito empresarial e as microempresas;

 Encorajar o crescimento;

 Tornar mais fácil o acesso ao capital de risco;

 Promover os investimentos na inovação e na investigação;

 Fomentar os aglomerados de empresas e aumentar a segurança jurídica;  Prevenir os abusos;

 Incrementar a formação profissional e o equilíbrio entre vida profissional e vida privada.

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Do total das microempresas da União Europeia 5% estão localizadas em Portugal, onde representam, 95,4% do setor das pequenas e médias empresas, e empregam 41,3% dos trabalhadores, segundo dados revelados pela agência Lusa e publicado no dia 16 de janeiro deste ano.

Segundo os dados do gabinete de estatísticas da União Europeia (UE), Eurosat, para 2010, as microempresas (menos de 10 trabalhadores) empregam, no bloco europeu, 29,8% dos trabalhadores. No total, a percentagem do setor PME’s é, em Portugal, de 80,9 % e de 66,9 % na UE.

"As microempresas são muito mais dominantes no setor PME em Portugal do que em quase todos os outros Estados-membros", lê-se no estudo sobre o contributo essencial das PME’s para a criação de emprego, apresentado pela Comissão Europeia. O estudo refere ainda que "5% de todas as micro empresas da UE se situam em Portugal, mais do que o esperado dado o tamanho da economia".

As PME’s empregam em Portugal, em média, 2,7 pessoas, abaixo das 4,7 da média europeia. Em termos gerais, o estudo mostra que 85% do total líquido de novos postos de trabalho (novos postos de trabalho criados menos postos de trabalho perdidos num dado período) na UE entre 2002 e 2010 foram criados por PME’s. Durante este período, o emprego líquido criado pela economia empresarial da UE aumentou substancialmente, em média 1,1 milhão de novos postos de trabalho por ano. Segundo o mesmo relatório, dentro das PME’s, as microempresas são responsáveis pelo maior crescimento líquido do emprego na economia empresarial (58%). Em segundo lugar, as novas empresas (menos de cinco anos) são responsáveis pela maior parte dos novos postos de trabalho.

As novas empresas ligadas aos serviços empresariais são responsáveis por mais de um quarto (27%) dos novos postos de trabalho, ao passo que as novas empresas nos setores dos transportes e da comunicação representam o contributo mais pequeno (6%).

Página | 52 2.5.1. Definição de Micro e PME’s segundo as recomendações da Comissão de

2003 e 1996

As micro, pequenas e médias empresas, são definidas em função dos efetivos de que dispõem e do seu volume de negócios ou do seu balanço total anual. Uma média empresa é definida como uma empresa que emprega menos de 250 pessoas e cujo volume de negócios não excede 50 milhões de euros ou cujo balanço total anual não excede 43 milhões de euros. Uma pequena empresa é definida como uma empresa que emprega menos de 50 pessoas e cujo volume de negócios ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros. Uma microempresa é definida como uma empresa que emprega menos de 10 pessoas e cujo volume de negócios ou balanço total anual não e excede 2 milhões de euros. O quadro 2 é ilustrativo disso mesmo.

Quadro 2 - Resumo da Definição de Média, Pequena e Micro Empresa Fonte: Interprise Europe Network (2007)

Empresas autónomas, parceiras e associadas

A nova definição de PME clarifica a tipologia das empresas, distinguindo três tipos de empresas em função do tipo de relação que mantêm com outras empresas em termos de participação no capital, direito de voto ou direito de exercer uma influência dominante:

 Empresas autónomas.  Empresas parceiras.  Empresas associadas.

Categoria Efetivos Volume de Negócios Balanço Total

Média empresa < 250 (inalterado) <= 50 milhões de euros (em 1996: 40 milhões) <= 43 milhões de euros (em 1996: 27 milhões) Pequena empresa < 50 (inalterado) <= 10 milhões de euros (em 1996: 7 milhões) <= 10 milhões de euros (em 1996: 5 milhões) Microempresa < 10 (inalterado) <= 2 milhões de euros (anteriormente não definido) <= 2 milhões de euros (anteriormente não definido)

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As empresas autónomas constituem, de longe, o caso mais frequente. São todas as empresas que não pertencem a nenhum dos outros dois tipos de empresas (parceiras ou associadas). Uma empresa é autónoma se:

 Não tiver uma participação de 25 % ou mais noutra empresa.

 Não for detida diretamente em 25 % ou mais por uma empresa ou organismo público, ou, conjuntamente, por várias empresas associadas ou organismos públicos, com algumas exceções.

 Não elaborar contas consolidadas e não estiver incluída nas contas de uma empresa que elabore contas consolidadas, não sendo, por conseguinte, uma empresa associada.

Uma empresa pode continuar a ser qualificada como autónoma ainda que o limiar de 25 % seja atingido ou ultrapassado, quando se estiver em presença de certas categorias de investidores providenciais apelidados de «business angels3».

As empresas parceiras designam as empresas que estabelecem parcerias financeiras significativas com outras empresas, sem que uma exerça um controlo efetivo direto ou indireto sobre a outra. São parceiras as empresas que não são autónomas mas que também não se encontram associadas entre si.

Uma empresa é "parceira" de uma outra empresa se:

 Possuir uma participação compreendida entre 25 % e menos de 50 % naquela.  Essa outra empresa detiver uma participação compreendida entre 25 % e menos

de 50 % na empresa requerente.

 A empresa requerente não elaborar contas consolidadas que incluam essa outra empresa e não estiver incluída por consolidação nas contas desta ou de uma empresa associada a esta última.

A situação das empresas associadas corresponde à situação económica de empresas que façam parte de um grupo, pela posse de controlo direto ou indireto da maioria do capital ou dos direitos de voto (inclusive através de acordos ou, em certos casos, através de

3 Business Angles são organizações de caráter informal que têm como principal objetivo constituir o ponto de

encontro entre empreendedores que procuram capital e os investidores que procuram boas oportunidades de investimento.

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pessoas singulares acionistas), ou pela capacidade de exercer uma influência dominante sobre uma empresa. Trata-se, por conseguinte, de casos mais raros, que se distinguem, em geral, de maneira muito nítida dos dois tipos de empresas anteriores. No intuito de evitar às empresas dificuldades de interpretação, a Comissão Europeia definiu este tipo de empresa retomando-nos casos em que são adaptadas ao objeto da definição, as condições indicadas no artigo 1.º da Diretiva 83/349/CEE (Anexo 1) do Conselho relativa às contas consolidadas, em aplicação há vários anos.

Assim, regra geral, uma empresa sabe imediatamente que é associada a partir do momento em que é obrigada, ao abrigo desta diretiva, a elaborar contas consolidadas, ou a partir do momento em que é incluída, por consolidação, nas contas de uma empresa que é obrigada a elaborar contas consolidadas.

Efetivos pertinentes para a definição de micro, pequenas e médias empresas

Os efetivos medem-se em termos de número de unidades de trabalho por ano (UTA), isto é, de número de pessoas que tenham trabalhado na empresa ou por conta dela a tempo inteiro durante todo o ano considerado. O trabalho das pessoas que não tenham trabalhado todo o ano ou que tenham trabalhado a tempo parcial é contabilizado em frações de UTA. Os aprendizes ou estudantes em formação profissional, bem como as licenças de maternidade, não são contabilizados.

Valor jurídico da definição

A definição de micro, pequenas e médias empresas só é vinculativa no que diz respeito a determinadas matérias, como os auxílios estatais, a participação dos fundos estruturais ou os programas comunitários, designadamente o programa-quadro de investigação e desenvolvimento tecnológico.

Não obstante, a Comissão encoraja vivamente, os Estados-Membros, o Banco Europeu de Investimento e o Fundo Europeu de Investimento a utilizá-la como referência. As medidas tomadas em favor das PME adquirirão, assim, uma maior coerência e uma melhor eficácia.

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