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4. O CASO "POR VOCAÇÃO"

4.1. Caracterização Geral

Pedro Caride, um jovem recém-licenciado em Marketing pelo IADE – Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, e depois de enviar diversos currículos sem obter qualquer resposta, deu-se conta que as oportunidades na sua área eram escassas ou quase inexistentes. Depois de ter feito um investimento tão grande na sua formação não podia ficar parado. Estudou o mercado, nas principais cidades de Portugal, tendo sido a cidade do Porto o local escolhido por ser o mais apropriado para a abertura de uma loja com as características que ele pretendia.

Deste estudo nasce a Por Vocação, em 1997, na baixa do Porto, na Rua Mártires da Liberdade, com a proposta de vestir um homem urbano, de forma descontraída e confortável. Posteriormente, em 2003, muda-se para Avenida da Boavista, investindo noutros mercados, como o mercado dos perfumes, calçado e acessórios vários. Hoje aposta fortemente na elaboração de estratégia de marketing digital para outras empresas.

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Com uma loja (Figura 11 e 12) de 300 metros quadrados que, para além da loja em si, incluí um espaço de armazém aberto, escritórios e estúdio de fotografia, a Por Vocação é constituída por um pequeno grupo de pessoas, apaixonadas por aquilo que fazem tentando chegar ao cliente de várias formas. A Por Vocação é uma micro empresa com quatro colaboradores fixos, dispondo de outros colaboradores quando necessário.

Figura n.º 11 - Interior da Loja

Fonte: Gentilmente cedida por Pedro Caride

Para uma loja que sempre se assumiu inserida no comércio tradicional, o seu grande desafio passou a ser o mercado online que representa uma oportunidade que, hoje, totaliza 20% da faturação. Os bons resultados, para quem pretende ser um espaço de referência internacional, passam pela estratégia de comunicação com um envio quase diário de conteúdos produzidos internamente dirigidos a sites e blogs. Passaram a fotografar algum do produto em venda mas, também, produzir vídeos e o feedback das marcas que representam, tem sido muito positivo pelo grau de exposição que trazem.

Quando entraram no mercado online tiveram que fazer uma reestruturação na estratégia até tão utilizada, ou seja, inicialmente pensaram que poderia ser a mesma, mas depressa repararam que não funcionava, pois quem compra na loja nem sempre compra online e quem compra online nem sempre compra na loja.

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De certa forma esse trabalho de divulgação e venda online permitiu que a loja atravessasse as suas fronteiras naturais. Hoje o top ten das cidades que mais visitam o

site são Porto, Nova Iorque, Lisboa, Londres, Paris, Hong Kong, Los Angeles, Seoul,

Moscovo e Singapura.

Figura n.º 12 - Stock da Empresa

Fonte: Gentilmente cedida por Pedro Caride

Em 2010, a loja ganha o “Prémio Mercúrio” (Figura 13). O “Prémio Mercúrio – o

melhor do Comércio” é uma iniciativa da Confederação do Comércio de Portugal

(CCP) e da Escola de Comércio de Lisboa (ECL), que visa identificar, reconhecer e premiar, entidades e personalidades que, em Portugal e de forma consistente, tenham contribuído para a valorização do Sector do Comércio e Serviços e das profissões a este ligadas. No ano de 2012 está automaticamente nomeada para a melhor loja online, (neste ano, ao contrário do anterior, não se tratou de uma candidatura da própria empresa, mas sim, de uma convocação do júri do concurso). Pedro Caride pensa que pode ganhar mais uma vez este prémio pela inovação que tem nos seus serviços virtuais.

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O Júri elege, em diversas categorias e entre as candidaturas apresentadas, os melhores exemplos de Originalidade, Inovação, Formação, Competência, Empreendedorismo e Responsabilidade Social.

Figura n.º 13 - Prémio Mercúrio

Fonte: Gentilmente cedida por Pedro Caride

A Por Vocação ganha este prémio (Figura 14) na área do ramo não alimentar, pela originalidade das suas montras. Pedro Caride, o proprietário da loja, é um dos responsáveis pela criação das originais montras, verdadeiras instalações artísticas viradas para a maior avenida da cidade.

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Figura n.º 14 - Entrega do Prémio Mercúrio

Fonte: Gentilmente cedida por Pedro Caride

Apesar de as montras (Figura 15) serem muito diferentes entre si, todas elas partilham os mesmos critérios: "tentamos gastar o menos possível e divertirmo-nos", sem que isso hipoteque fazer "coisas em que a ideia seja forte", diz Pedro Caride. "Começámos por carolice e por diversão, sem vícios e sem uma escola a formatar o pensamento". A rotatividade das montras não é fixa mas, geralmente, muda ao fim de três semanas. Foi quando a Por Vocação se mudou da Rua dos Mártires da Pátria para a Avenida da Boavista, que Pedro Caride decidiu apostar na criação de montras. "A montra é como um postal ilustrado, mas não tem de ser necessariamente um manequim estático durante três semanas", explica. "A montra comunica também uma imagem, a da loja, aquilo que nós gostamos, naquilo em que nos revemos".

Figura n.º 15 - Montra

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As reações do público são variadas, mas Pedro Caride prefere destacar a resposta, mais do que o seu conteúdo. Este dirigente argumenta que "As pessoas não ficam indiferentes: há quem goste e quem não goste, mas no meio de tanto ruído de comunicação haver alguém que reflita e depois diga 'não gosto' é bom". De vez em quando há quem entre apenas para perguntar quem faz a montra. O culto é tão grande que, quando Pedro Caride perdeu a sua coleção de fotografias das montras, e conseguiu recuperá-las porque há quem se ocupe em fotografar as montras, colecionando-as como postais. "É o maior elogio que nos podem fazer", diz Pedro Caride.

A montra mais popular foi a que juntou os quadros de Giovanni Bragolin (a série de meninos que choram, obra lapidar no imaginário kitsch) com uma coleção de cachecóis. "Essa montra foi incrível, todas as pessoas adoraram", conta Pedro Caride. A vitrina preferida do profissional de marketing foi a dos saldos de Inverno de alguns anos. "Usámos post-its para desenhar o símbolo de percentagem e, sem querer, 'pixelizámos' a montra", conta divertido, "aquilo dava para tudo, no dia dos namorados reordenámos os post-its para desenhar um coração, podíamos ter continuado por anos", conclui.

Numa outra montra de São Valentim, Pedro Caride e amigos, pintaram os lábios com batom e encheram a vitrina de beijos. Na segunda-feira seguinte encontraram a montra com beijos dados de fora. "É muito poético haver alguém que beija a montra, é uma reação bonita", recorda. Há histórias para todas as montras.

Mas a "Por Vocação" também teve a sua dose de montras polémicas. A última foi a simulação de um enforcamento para chamar a atenção dos clientes para o início dos saldos da estação.