• Nenhum resultado encontrado

EVENTO PERCEPÇÃO

3.4. AS NECESSIDADES HUMANAS E O AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Segundo CHIAVENATO (1994b), para se compreender a motivação humana, o primeiro passo é conhecer o quê a provoca e a dinamiza. A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza por meio das suas necessidades. Conclui-se, assim, que as necessidades constituem as fontes internas de motivação do indivíduo.

Como visto anteriormente, as necessidades humanas são forças internas que impulsionam e influenciam cada pessoa direcionando o seu comportamento frente às diversas situações da vida, logo, as necessidade são pessoais e individuais.

A partir desse princípio, os operários da construção civil, assim como qualquer indivíduo, têm necessidades diferentes e em situações diversas no decorrer de sua vida. O que é bom para uma pessoa pode não ser para outra ou ainda o que interessa a uma pessoa em determinada época pode não interessá-la depois de algum tempo.

Apesar de serem individuais e pessoais e, influenciarem em comportamentos diferenciados, acredita-se que certas necessidades são semelhantes quanto à maneira pela qual fazem as pessoas direcionarem seu comportamento para obter a sua satisfação.

A partir deste ponto de vista, busca-se identificar as necessidades semelhantes e, por meio do conhecimento das fontes internas de motivação, tomar iniciativas para motivar uma equipe a agir e a se comportar de acordo como os objetivos da empresa. E, simultaneamente, propiciar a esse grupo de pessoas o alcance da satisfação das suas necessidades individuais.

Discutiu-se no capítulo I, que as pessoas constituem o elemento básico de uma empresa, na qual, o indivíduo interage por meio do trabalho. Nesta interação, as pessoas trazem suas habilidades e conhecimentos como recursos para desenvolver suas atividades e precisam alcançar os objetivos organizacionais em função do seu cargo, das suas tarefas e das suas responsabilidades frente à empresa. Por outro lado, em troca, buscam simultaneamente no ambiente de trabalho, satisfazer os seus objetivos, que são em função de suas necessidades pessoais.

Assim, por meio da interação empresa/indivíduo, as pessoas buscam satisfazer suas necessidades no ambiente de trabalho. Desta maneira, caso o ambiente seja propício à satisfação dessas necessidades, é possível o indivíduo mobilizar suas energias por meio de ações positivas, a fim de responderem às suas responsabilidades profissionais, em conjunto com a sensação do dever cumprido e da satisfação pessoal (GOMES, 1994).

Faz-se necessário assim, surgir uma nova administração capaz de adotar estruturas mais flexíveis e democráticas para se adaptarem às necessidades humanas e que dêem vazão à potencialidade latente, proporcionando o desenvolvimento da autonomia entre as pessoas envolvidas.

A partir deste princípio, torna-se prioritário criar mecanismos para que o aspecto psicológico do trabalhador seja valorizado e supervisionado tanto quanto o espaço físico da empresa, no qual se tenha o conhecimento das necessidades humanas e a partir disso despertar comportamentos autênticos e energizados para dar à empresa, a possibilidade de restauração do equilíbrio rompido pela turbulência de mudanças tecnológicas e sócio-culturais que o mercado está passando. Afinal, a qualidade pessoal é fundamental para a qualidade organizacional (GOMES, 1994).

Segundo MITTROFF apud FALLGATTER (1997), a estrutura tradicional das empresas ignora as necessidades humanas, desconsiderando assim, que estas organizações têm responsabilidade moral e ética em relação às necessidades humanas e em relação à complexidade emocional das pessoas que nelas trabalham. É importante ressaltar que um dos alvos de preocupação aqui, é o bem-estar emocional das pessoas no trabalho.

A partir desta discussão, é possível concluir ser fundamental que as organizações incorporem condições que respeitem as necessidades psicológicas e emocionais das pessoas (FALLGATTER, 1997).

E indispensável avaliar quais as necessidades do funcionário da construção civil e qual a repercussão destas na empresa da qual ele faz parte. E por intermédio do conhecimento das necessidades comuns a estes funcionários, conseguir criar um clima organizacional propício a soluções positivas para a satisfação destas necessidades e em função disso, obter destes indivíduos, envolvimento, participação, cooperação e cumplicidade no que está sendo desenvolvido.

Fomenta-se a urgência de se criar um clima organizacional em que proporcione um ambiente favorável à satisfação das necessidades pessoais dos trabalhadores, produzindo elevação do moral interno. Mas o que é clima organizacional?

Na concepção de CHIAVENATO (1994b), o clima organizacional constitui a atmosfera psicológica que existe em cada organização. É o ambiente humano dentro do qual as pessoas de uma organização fazem o seu trabalho. O termo clima organizacional, refere-se especificamente às propriedades motivacionais do ambiente interno de uma organização, ou seja, àqueles aspectos internos de uma organização que acarretam nos seus participantes diferentes fatores motivacionais. Constitui a qualidade ou propriedade que o

ambiente organizacional possui, na qual é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento.

O clima organizacional influencia a motivação, o desempenho humano e a satisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas na base de suas percepções sobre o clima organizacional, as quais tendem a conduzir à motivação.

Segundo KATZ apud CHIAVENATO (1996), existem três fatores básicos que formam o clima organizacional, que determinam as percepções de bem-estar do indivíduo em um dado momento e o grau de satisfação com as condições e as circunstâncias organizacionais:

• os fatores organizacionais sobre os quais o indivíduo não tem controle ou pouca influência como: salários, benefícios, tipo de supervisão, a cooperação de colegas, políticas da empresa, dentre outros. Este fatores se forem percebidos favoravelmente, tenderão a serem mais elevados quando os dois seguintes forem também percebidos como favoráveis.

• nível de satisfação obtida em relação às recompensas que lhes forem atribuídas.

• as oportunidades futuras e suas recompensas adicionais.

Fora discutido anteriormente que a motivação é essencial ao funcionamento organizacional. A modernização de uma empresa por meio de tecnologia e equipamentos, deixa de alcançar os seus objetivos, a menos que sejam utilizadas por pessoas que estejam motivadas. Como faz notar DAVIS (1992), ao afirmar que a interseção da tecnologia, empresa e pessoas, faz a qualidade ou não, de um ambiente organizacional.

Partindo-se da premissa de que as organizações necessitam de uma clima organizacional propício à motivação das pessoas, é recomendável um ambiente em que se estabeleça um processo de comunicação dinâmico, atendendo diferenças individuais, em que se permita ao funcionário da construção civil, a liberdade de experimentação para que maximize o seu potencial humano e, conseqüentemente, desenvolva autonomia, senso crítico, competência e realização no seu trabalho.

E para criar este clima ou ambiente organizacional de “qualidade”, é necessário unir com sinergia, as pessoas, assim como suas necessidades e motivações; a tecnologia, as informações e os sistemas construtivos e, atrelado a isso, por meio da liberdade de

experimentação, espera-se contar com os elementos necessários para a construção de um clima propício ao aprendizado. Trazendo, como conseqüência, a expansão da capacidade profissional deste trabalhador da construção civil, para que possa criar os resultados que a empresa almeja.

“Mais do que isso, é necessário preparar o ambiente psicológico adequado para a mudança e fazer com que as pessoas aprendam a aprender e a inovar (CHIAVENATO, 1996, p.245)”. A empresa precisa transformar-se em um verdadeiro ambiente de mudanças, em que as pessoas se sintam encorajadas para a inovação e a criatividade. Mas antes de tudo, a inovação e a criatividade requerem ação, e ação implica que algo diferente deve ser feito em relação ao que se fazia no passado. Assim, as pessoas necessitam aprender, obter novos conhecimentos, atitudes e habilidades pessoais e profissionais para que se transformem neste novo profissional que o mercado exige.