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As novas conformações sociais e jurídicas e a efetivação do direito

As relações pessoais acompanham o contínuo caminhar das sociedades nas quais estão inseridas, sendo inevitavelmente influenciadas pelo momento cultural que as envolve. Essas mutações nas características centrais dos relacionamentos sempre foram sentidas, mas não com a velocidade que ora apresentam. (BAUMAN, 2001)

O quadro atual é peculiar na rapidez com que se alteram tais dados de realidade, sendo que uma das suas principais características é justamente esta instabilidade sempre presente. Segundo Bauman (2001), a hodierna mobilidade que se apresenta é muito mais intensa se comparada a períodos anteriores, nos quais a aparente estabilidade transmitia a sensação de segurança e tranqüilidade, segundo o referido autor

Num mundo em que as coisas deliberadamente instáveis são a matéria-prima das identidades, que são necessariamente instáveis, é preciso estar constantemente em alerta; mas acima de tudo é preciso manter a própria flexibilidade e velocidade de reajuste em relação aos padrões cambiantes do mundo ‘lá fora’. (BAUMAN, 2001. p. 53)

O decorrer dos anos fez com que se abandonasse essa pretensão moderna de modelos ideais, e a ilusão de um porto seguro a se alcançar também não se mostrou mais sustentável. No desenrolar desse cenário, Bauman (2001) coloca que se intensificaram os fatores geradores de tais alterações, o que fez aparecer uma sociedade diversa na virada do milênio.

A sociedade que entra no século XXI não é menos ‘moderna’ que a que entrou no século XX; o máximo que se pode dizer é que ela é moderna de um modo diferente. O que a faz tão moderna como era mais ou menos há um século é o que distingue a modernidade de todas as outras formas históricas do convívio humano: a compulsiva e obsessiva, contínua, irrefreável e sempre incompleta modernização, a opressiva, e inerradicável, insaciável sede de ‘limpar o lugar’ em nome de um ‘novo e aperfeiçoado’ projeto; de ‘desmantelar’, ‘cortar’, ‘defasar’, ‘reunir’ ou ‘reduzir’, tudo isso em nome da maior capacidade de fazer o mesmo no futuro – em nome da produtividade ou competitividade.” (BAUMAN, 2001, p. 36)

Hoje, os padrões e configurações não são mais ‘dados’, e menos ainda ‘auto- evidentes’, eles são muitos, chocando-se entre si e contradizendo-se em seus comandos conflitantes, de tal forma que todos e cada um foram desprovidos de boa parte de seus poderes de coercitivamente compelir e restringir. (BAUMAN, 2001, p. 14)

Como os relacionamentos familiares são sempre influenciados pelo quadro cultural em que estão inseridos, as relações travadas na contemporaneidade certamente sofrerão alterações e reflexos. Os relacionamentos humanos não restarão inertes a tais concepções, sendo que a vida com o outro também passará a ser vista como um laço que deve ser frágil, eis que pode ser desfeito a qualquer momento sem que existam obstáculos para tanto. (BAUMAN, 2001)

A seguir, outra relação poderá se iniciar, e assim sucessivamente, sem grandes mágoas, sem grandes traumas.

Pode-se supor (mas será uma suposição fundamentada) que em nossa época cresce rapidamente o número de pessoas que tendem a chamar de amor mais de uma de suas experiências de vida, que não garantiriam que o amor que atualmente vivenciam é o último, que têm expectativa de viver outras experiências como essa no futuro. Não devemos nos surpreender se essa suposição se mostrar correta. Afinal, a definição romântica do amor como ‘até que a morte nos separe’ está decididamente fora de moda, tendo deixado para trás seu tempo de vida útil em função da radical alteração das estruturas de parentesco às quais costumavam servir e de onde extraía seu vigor e sua valorização.” (BAUMAN, 2004 p. 19)

Também esta característica pode justificar a crescente importância conferida à afetividade nos relacionamentos, pois o vínculo afetivo tem como peculiaridade sua possibilidade de estabelecimento e restabelecimento constantes. De acordo com Bauman (2004), a mobilidade será a marca de tais relacionamentos familiares, eis que estará presente não apenas nos relacionamentos conjugais, mas também nas relações de parentesco. Essas combinações e recombinações trarão novas formas de convivência entre os familiares e resultarão em novos desafios. Famílias reconstituídas, monoparentais, homoafetivas, vínculos acima de tudo afetivos serão marcas indeléveis do processo que está a se desenrolar.

O transcurso do tempo e as alterações sociais geraram mudanças em todas as esferas da sociedade, repercutindo também, na família, mais especificamente em relação a sua constituição e função. Atualmente, o afeto é o princípio que norteia as relações familiares, sendo que na concepção de Dias afeto é um

Envolvimento emocional que subtrai um relacionamento do âmbito do direito obrigacional – cujo núcleo é a vontade – e o conduz para o direito das famílias, cujo elemento estruturante é o sentimento de amor, o elo afetivo que funde as

almas e confunde patrimônios, fazendo gerar responsabilidades e comprometimentos mútuos. (DIAS, 2010, p. 10)

O afeto, enquanto característica inata dos seres humanos, mais do que uma garantia constitucional, é um direito natural do homem, o direito ao afeto é a liberdade de afeiçoar-se um indivíduo a outro, constituindo, portanto, um direito individual, uma liberdade que o Estado deve assegurar a cada indivíduo, sem discri- minações, senão as mínimas necessárias ao bem comum de todos. Nessa perspectiva tal fato transcende a própria família, não é um laço que une apenas os integrantes de um núcleo familiar, não é apenas um valor jurídico, mas um sentimento que nutre relações e na concepção de Fachin, a afetividade não resulta do sangue e nem da biologia, tanto o afeto quanto a solidariedade resultam da convivência familiar.

Na transformação da família e de seu Direito, o transcurso apanha uma ‘comunidade de sangue’ e celebra, ao final deste século, a possibilidade de uma ‘comunidade de afeto’. Novos modos de definir o próprio Direito de Família. Direito esse não imune à família como refúgio afetivo, centro de inter- câmbio pessoal e emanador da felicidade possível (...). Comunhão que valoriza o afeto, afeição que recoloca novo sangue para correr nas veias do renovado parentesco, informado pela substância de sua própria razão de ser e não apenas pelos vínculos formais ou consangüíneos. Tolerância que compreende o convívio de identidades, espectro cultural, sem supremacia desmedida, sem diferenças discriminatórias, sem aniquilamentos. Tolerância que supõe possibilidade e limites. Um tripé que, feito desenho, pode-se mostrar apto a abrir portas e escancarar novas questões. Eis, então, o direito ao refúgio afetivo. (FACHIN, 2003, p. 317)

Neste mesmo norte, acrescenta Dias que

A família identifica-se pela comunhão de vida, de amor, de afeto no plano da igualdade, da liberdade, da solidariedade e da responsabilidade recíproca. No momento em que o formato hierárquico da família cedeu à sua democratização, em que as relações são muito mais de igualdade e de respeito mútuo, e o traço fundamental é a lealdade, não mais existem razões morais, religiosas, políticas, físicas ou naturais que justifiquem a excessiva e indevida ingerência do Estado na vida das pessoas. (DIAS, 2009, p. 55)

Embora a palavra afeto não esteja expressamente presente no texto constitucional, a mesma encontra-se de maneira implícita na legislação pátria, ao serem reconhecidas como entidade familiar merecedora da tutela jurídica as uniões estáveis, que se constituem sem o casamento, tal significa que o sentimento que une e enlaça duas pessoas adquiriu reconhecimento e inserção no sistema jurídico. Houve a constitucionalização de um modelo de família eudemonista e igualitário,

com maior espaço para o afeto e a realização individual. Da mesma forma é a lição de Pereira, ao colocar que

(…) para quem relativizar o casamento, permitindo sua dissolução, bem como o equiparar às uniões estáveis, que não exigem qualquer formalidade significa, em última análise, a compreensão de que o verdadeiro casamento se sustenta no afeto, não nas reminiscências cartoriais. O Direito deve proteger a essência, muito mais do que a forma ou a formalidade. (PEREIRA, 2002, p. 230)

O reconhecimento do valor jurídico do afeto permite admitir efetivamente seus efeitos sobre a legislação, pode-se mencionar o fato de que a Constituição Federal de 1988 passou a garantir o mesmo tratamento e os mesmos direitos entre filhos adotivos e filhos consangüíneos, neste contexto é possível afirmar que o afeto obteve valorização jurídica em virtude da extinção da distinção entre os filhos, cumpre-se ressaltar, que a intenção do legislador nesta equivalência de direitos foi mais do que perfeita ao instituto da adoção, uma vez que este é o instituto jurídico que pressupõe afeto por excelência. Comentando ainda sobre o instituto da adoção e a afetividade, vale trazer o entendimento de Dias (2007) que coloca que é de tal ordem a relevância que se empresta ao afeto que se pode dizer agora que a filiação se define não pela verdade biológica, nem a verdade legal ou a verdade jurídica, mas pela verdade do coração.

Verifica-se que o afeto é mais do que um elemento nas relações familiares atuais, ele é o valor primordial inerente à estas relações e deve ser encarado como um princípio que regula todo o direito de família. As famílias produzem excelentes resultados no futuro de uma pessoa e não importa se há ou não casamento, se é monoparental ou pluriparental, ela existe de variadas formas e arranjos e o importante é que ela exista, é pertencer a essa essência, como confirma Hironaka ao manifestar que

Biológica ou não, oriunda do casamento ou não, matrilinear ou patrilinear, monogâmica ou poligâmica, monoparental ou poliparental, não importa. Coligados a esses fatos surgem diversos modelos de famílias no cenário contemporâneo, entretanto constata-se que a instituição família não muda, sem que toda sociedade acompanhe essas mudanças. Nem importa o lugar que o indivíduo ocupe no seu âmago, se o de pai, se o de mãe, se o de filho; o que importa é pertencer ao seu âmago, é estar naquele idealizado lugar onde é possível integrar sentimentos, esperanças, valores, e se sentir, por isso, a caminho da realização de seu projeto de felicidade pessoal. (HIRONAKA, 1999. p.02)

Por conseguinte, não importa a estrutura da família e seus laços sanguíneos, o que realmente importa é fazer parte da essência familiar, do seu

interior, a verdadeira família é aquela onde existem esforços de todos para o alcance de um bem comum. A instituição familiar desempenha papel fundamental na formação da sociedade e do indivíduo, pois é através dela que advém os ensinamentos de cunho ético e moral. Dias assevera que

Não importa a posição que o indivíduo ocupa na família, ou qual a espécie de agrupamento familiar a que ele pertence - o que importa é pertencer ao seu âmago, é estar naquele idealizado lugar onde é possível integrar sentimentos, esperanças, valores e se sentir, por isso, a caminho da realização de seu projeto de felicidade. Uma família bem sucedida, não é aquela que promove somente conforto material a seus membros, mas sim, aquela que promove amor, carinho, educação, solidariedade e respeito mútuo. Ou seja, é aquela que assegura uma criação digna. (DIAS, 2010, p. 27)

A instituição familiar realiza funções relevantes, lançando valores fundamentais para gerações novas, assim, a primeira função garante à família a transmissão de normas, papéis e valores aos filhos, permitindo a estes sua integração numa sociedade baseada sobre a realização pessoal, a segunda permite aos adultos encontrar na família seu equilíbrio emocional. Nesse sentido, a família, independente de sua conformação na sociedade destaca-se para o individuo como o seu mais importante elo de ligação no relacionamento social, pois é no seio dela que ele surge, recebe a proteção indispensável para a continuidade da vida e se prepara para os embates que o futuro lhe reserva em termos de subsistência, evolução pessoal e material que a humanidade busca sem cessar, como fator de seu desenvolvimento e progresso continuo.

A construção do caráter e da personalidade da criança ou adolescente é conseqüência da família, sendo essa a responsável pelo desenvolvimento integral de seus membros. Cabe-lhe, também, sua proteção, pelo dever de garantir-lhes os direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal Brasileira, tais como a vida, a saúde, a alimentação e a educação. Portanto, a ausência da família, a carência de amor e afeto compromete o desenvolvimento dos indivíduos, sendo a família em suas mais diferentes configurações, o agente socializador por excelência do ser humano. Lévi-Strauss (1986) sustenta que considerada como instituição, a família representa a fidelidade linear que vincula as gerações; fonte das emoções mais profundas para cada indivíduo, local onde ocorre a formação do seu ser físico e da sua personalidade moral, de forma a unir pelo afeto, pelo dever e pelo interesse os ascendentes e descendentes. Prossegue comparando as famílias a um conjunto de fios de cuja trama resulta o tecido social.

Assim, hoje tornou-se imprescindível que haja um afeto familiar para que se possa cogitar a existência de uma entidade familiar. Diante disso, Lobo (2008) frisa que a afetividade é construção cultural, que ocorre na convivência, sem ostentar interesses materiais, que poderão emergir, secundariamente, caso o relacionamento se extinga. Continua a autor, registrando que a afetividade se revela em ambiente de solidariedade e responsabilidade, ou seja, onde houver uma relação ou comunidade unidas por laços de afeto, sendo este sua causa originária e final, haverá família.

A família foi e continuará sendo o núcleo básico de qualquer sociedade. Sem família não é possível nenhum tipo de organização social ou jurídica. É na família que tudo principia, é a família que estrutura o ser humano como sujeito, e é nela que se encontra algum amparo para o desamparo estrutural. O papel da família na modernidade se apresenta na qualidade de formador, ou seja, no sentido de preparar as crianças e adolescentes para suas responsabilidades futuras no tocante às normas de convívio social ou ainda como aponta Poster (1979) a família é o agente da socialização, o mecanismo principal para incutir na nova geração os valores da geração mais antiga e, portanto, assegurar a ordem social.

Diante da importância dessa atribuição como formadora é que a convivência familiar assume uma nova dimensão e passa a ser apontada como a relação afetiva diuturna e duradoura que vincula as pessoas que compõem o grupo familiar, em razão dos laços de sangue ou não. Pressupõe a existência de um local físico, a casa, o lar, não se mostrando, entretanto, obrigatório o seu compartilhamento, tendo em vista que as próprias condições da vida moderna podem provocar separações dos membros da família, nesse espaço físico, mas sem que ocorra a perda da referência ao ambiente comum, visto como pertença de todos.

Nessa perspectiva, Lobo (2008) consigna que a casa da família é o espaço privado revestido de intocabilidade, a qual se mostra imprescindível para que a convivência familiar se construa de modo estável e, acima de tudo, com identidade coletiva própria, impossibilitando a confusão entre as entidades familiares, já que cada uma carrega consigo características que lhes são essenciais. Já se comentou de uma nova cultura de garantia efetiva da convivência familiar, mas isso só será possível a partir de uma nova concepção da proteção jurídica destinada à família. É necessária uma atuação para além do discurso eloqüente e das soluções paliativas, de forma que efetivamente se promova a inserção desses novos modelos familiares de maneira a atender satisfatoriamente o próprio direito fundamental a família.

Em vista disso, cabe apontar que é no interior da família que o sentimento de ser parte importante da organização familiar vai sendo gerado, bem como o fortalecimento dos laços entre seus membros, e desses com a sociedade, levando os indivíduos a perceberem a dimensão da sua parcela de responsabilidade e necessária contribuição para o benefício comum, ampliando-se esse sentido para sua conexão com a sociedade como um todo.

É no seio do grupo familiar que os indiviudos podem desenvolver e completar o ciclo de socialização, isto é, na família que irão assimilar novos valores sociais. Sem dúvida, o espaço familiar é, por excelência, local privilegiado para um aprendizado permanente, orientando-se para resolver seus próprios problemas e enfrentar as dificuldades do dia-a-dia. Vale também mencionar que o acolhimento familiar conduz à essência do cuidado e de acordo com Pereira (2008), cuidar é criar laços, é cativar; é assumir compromissos e responsabilidades; é saber conviver com situações limites; é ver nas diferenças uma conquista, não uma ameaça; é trazer um olhar novo para a realidade das famílias atuais. Dessa forma, o que se busca apresentar é a existência de uma família democrática, pautada na igualdade e na solidariedade, na qual todos, pais e filhos, maiores e menores de idade, têm espaço para expressar sua opinião e, dessa forma, encontrar nela sua principal função: a de ser local para o livre desenvolvimento da personalidade das pessoas que a compõe. Diante de todo o exposto é possível afirmar que no universo dos seres humanos não se pode pensar a vida sem refletir a respeito da família. Uma implica a outra, necessariamente, a partir do nascimento e ao longo do desenvolvimento do ser humano. Daí que, também essencialmente, o direito à vida implica o direito à família, mostrando-se este como um direito fundamental. Assim, o direito à liberdade e à igualdade, à fraternidade e à solidariedade humanas, à segurança social e à felicidade pessoal, bem como outros direitos fundamentais já proclamados, dão fundamento ao direito à família e remetem ao recinto familiar, onde eles se realizam mais efetivamente, desde que envolvidos e amparados pelo afeto, tendo em vista que é considerado como elemento constituinte da entidade familiar contemporânea. A família, segundo Dias (2010), em qualquer das formas que assuma, representa hoje o berço da cidadania e somente se torna concreta com o exercício da afetividade, atendendo o título que lhe foi dado de direito fundamental.

Em geral, o sistema socioeconômico atual oferece poucas oportunidades para a autorrealização, muitas vezes, as pessoas fazem parte de um sistema

funcional anônimo, que deixa espaço muito limitado para manifestações pessoais, acentua-se a objetividade, a racionalidade e o intelecto dentro de um ambiente marcado pelas necessidades de agir com eficiência e competitividade, um mundo fluído, liquido, de acordo com Bauman (2001) e para ter uma compensação a esse contexto muitas vezes frustrante e totalmente racionalizado, as pessoas buscam um espaço que lhes permita a realização emocional: a família. Os indivíduos, mais do que nunca, necessitam de um ambiente em que encontrem compreensão, proximidade afetiva e sentido da vida, portanto, cada uma das modalidades de entidade familiar merece respaldo e proteção tanto no que diz respeito à entidade familiar em si como a cada um dos indivíduos que a compõe, uma vez que trata-se de uma base social e é por este motivo que a proteção se estende a todos os tipos de família sem discriminação e a todos os entes que a compõe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A família é uma das mais antigas instituições, passando por evoluções em seus paradigmas, a partir de mudanças das condutas da sociedade, de maneira a se adequar ao tempo do mundo, perpassando de uma família pré-moderna patriarcalista a uma concepção de família recomposta na contemporaneidade. A família ao longo da história vai transformar não só a sua morfologia, a sua escala de grandeza, mas vamos deslocar de uma família destensa para uma família nuclear para uma família monoparental, a morfologia da família se transforma radicalmente, assim como os problemas presentes na família também mudam, mudando os personagens ou a valência deles na família.

Na contemporaneidade observam-se várias composições familiares constituídas pelos laços de afetividade. A consanguinidade deixou de ser condição necessária e obrigatória e cedeu espaço ao afeto em questões de laços e obrigações familiares. Assim, deixou-se de falar em família, passou-se a falar em famílias, dada a existência de diversas configurações familiares. A família contemporânea passou a conviver com uma pluralidade de outros padrões. A concepção da família nuclear constituída por pai, mãe e filhos, há que estávamos habituados não existe mais como modelo único e cedeu espaço a novas formas de organização familiar.

Importante salientar, que a conclusão não tem a pretensão de impor qualquer definição ou finitude sobre o tema objeto de análise na dissertação, apenas procura contribuir de algum modo para a reflexão e pensamento crítico acerca das novas conformações jurídicas e sociais da família, bem como ao reconhecimento jurídico da afetividade. Como a família é reflexo da sociedade na qual está inserida, sofreu influências, passando por uma verdadeira transição paradigmática que lhe