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A visualização da vida familiar tem sido modificada nas últimas décadas, de modo que está ocorrendo uma redefinição do conceito de família. O modelo de família vivenciado no século passado era obtido tão somente pelo casamento, porém com a democratização dos sentimentos novos tipos de famílias adentraram no cenário cotidiano forçando assim sua regulamentação e resguardo, tendo, conforme visto anteriormente, a Constituição de 1988 albergado algumas possibilidades. A seguir, vislumbra-se as modalidades de família amparadas pelos princípios do pluralismo e da liberdade.

Mister destacar que novas relações familiares vem sendo reconhecidas, as transformações sociais vêm trazendo à baila novas estruturas familiares, as quais objetivam, conforme Dias (2010), no atendimento do afeto, solidariedade, lealdade, confiança, respeito e amor. Esclarece a douta desembargadora gaúcha que ao legislador é imposto o dever de implementar as medidas cabíveis para a realização da plena constituição e desenvolvimento das famílias.

Quando se pensa em família, lembra a referida autor que sempre se pensa em um homem e uma mulher unidos pelo casamento e cercados de filhos. Esta

realidade se modificou, através do surgimento de novos modelos de famílias, a autora esclarece que

O pluralismo das relações familiares – outra vértice da nova ordem jurídica – ocasionou mudanças na própria estrutura da sociedade. Rompeu-se o aprisionamento da família nos moldes restritos do casamento, mudando profundamente o conceito de família. A consagração da igualdade, o reconhecimento da existência de outras estruturas de convívio, a liberdade de reconhecer filhos havidos fora do casamento operaram verdadeira transformação na família. (DIAS, 2009, p. 541)

Enquanto anteriormente o casamento era o marco identificador da família, agora prepondera o sentimento e o vínculo afetivo, assim, não mais se restringe aos paradigmas de casamento, sexo e procriação. Nessa seara, podemos classificar as espécies de família nas formas abaixo transcritas.

3.1.1 Família Matrimonial

Durante muito tempo à família matrimonial foi fonte oficial da família. Por isso os defensores do matrimônio apontam como desestabilizadores deste o relaxamento dos costumes, a possibilidade do divórcio e a extensão do conceito de família, pois retirou a primazia da família fruto do matrimônio reconhecendo também outras entidades como tal, segundo Viana (2000), trazendo enfraquecimento das “justas núpcias” pelas desvantagens para o casal não consorciado, desprotegidos das garantias trazidos pelo casamento, perigo e desamparo para os filhos devido à falta de estabilidade que possuem as outras entidades familiares.

Segundo Dias (2008) as uniões entre homem e mulher com fins reprodutivos precedem à história, isto é, existiam antes mesmo de se inventar o conceito de sociedade, de se formar o Estado. E estes, segundo a autora, sob o pretexto de manter a ordem social, passaram a regular estas uniões afetivas, de forma conservadora e moralista, denominando-a de família, consagrando-a ainda, como um sacramento e impondo a indissolubilidade do vínculo conjugal.

O Estado era o único legitimador do casamento, vindo a regulamentá-lo em todos os seus aspectos, mas, com atenção especial à seara patrimonial. Afinal, tendo em vista que o nosso ordenamento jurídico decorre do direito romano, a estrutura familiar, com todas as suas peculiaridades, também por nós fora herdada, pois era matrimonizada, patriarcal, hierarquizada, patrimonial e heterossexual.

Só a titulo de curiosidade, conta Venosa (2008) que, a cerimônia religiosa romana era denominada confarreatio e possuía esta designação porque havia a tradição de se dividir uma torta de cevada entre os nubentes, que era o símbolo da vida em comum, sendo esta a origem do bolo de noiva dos nossos dias atuais.

Segundo Venosa (2008) havia, ainda, outra forma de união além do casamento, era a união que decorria de um negócio jurídico de compra e venda, denominado mancipatio, na qual o pater, detentor do pátrio poder, negociava a mulher como um objeto, ocorrendo também no Brasil, mas em termos mais abrandados, porém, consistia igualmente em um negócio jurídico.

Hoje, o casamento é definido, como a união permanente entre homem e mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os filhos, que esse auxílio mútuo não é só material, mas também espiritual.

Nas palavras de Pereira (2007) o casamento é a união de duas pessoas de sexo diferente, realizando uma integração psíquica permanente, sendo que o casamento se resume em um contrato que tem por fim promover a união de homem e mulher, de conformidade com a lei, para regularem suas relações sexuais, prestarem assistência mútua e cuidarem da prole comum, mas para Dias (2009) o casamento é também um contrato, só que de adesão, posto que o Estado o regula desde sua celebração até depois de sua dissolução.

Apesar de todas as solenidades do matrimônio, a união hoje decorre, sim, da vontade dos nubentes, pois lei alguma consegue manter unidos dois seres humanos se não for de vontade mútua, pois, o Estado pode apenas controlar meras formalidades, mas não o principal ingrediente para esse amor perdurar.

3.1.2 Família Homoafetiva

Os primeiros relatos de união homoafetiva são da antiga Grécia, segundo Dias (2011), a homossexualidade não é crime nem pecado; não é uma doença nem um vício, também não é um mal contagioso, nada justificando a dificuldade que as pessoas têm de conviver com homossexuais, sendo simplesmente uma outra forma de viver.

O preconceito social que parte da população tem em relação às uniões de pessoas do mesmo sexo é uma consequência da origem da era cristã, sendo que ao

longo dos tempos os homossexuais foram rotulados e discriminados, tanto é que somente em 1995 que a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença passível de tratamento psicológico. Contudo, muito embora seja uma afronta ao estipulado pela igreja católica e pelo Estado, a felicidade nem sempre será encontrada num relacionamento heterossexual.

Pelo viés jurídico, o legislador preferiu se omitir no que concerne aos direitos dos homossexuais, todavia, a ausência de legislação, não significa inexistência do direito. As uniões entre pessoas do mesmo sexo, também chamadas de uniões homoafetivas, começaram a serem reconhecidas pelo judiciário somente pouco tempo atrás. A Constituição Federal de 1988 reconheceu a união estável entre o homem e a mulher, entretanto, não pode o Estado deixar de proteger qualquer vínculo que tenha por base o afeto, a estabilidade e a ostensividade, uma vez que a Constituição consagrou o direito à dignidade da pessoa humana como cláusula pétrea, devendo ser o principio mestre a ser seguido.

As relações homoafetivas tem origem no vínculo afetivo, desta forma devem ser identificadas como entidades familiares e merecedoras de tutela do Estado. Tanto, que o Supremo Tribunal Federal (STF), reconheceu a união estável homoafetiva, até mesmo porque as parcerias amorosas entre os homossexuais sempre existiu, sendo que com o passar dos anos e com a evolução dos costumes, um número maior de pessoas passaram a assumir publicamente sua condição sexual. (DIAS, 2011)

Tem-se que homens e mulheres, independentemente das suas escolhas de modo de vida, possuem os seus direitos fundamentais à liberdade, igualdade, ao respeito e à intimidade devidamente resguardados, a escolha da vida em comum com quem quer que seja é uma eleição que concerne à própria condição humana, pois o afeto existente por alguém é o que pode haver de mais humano e demais íntimo de cada um.

Desta forma, ante uma possível ausência de regulamentação infraconstitucional que conduza à união estável ou casamento homoafetivo, o mesma deverá ser regida pelas mesmas leis que regem a união heterossexual. Embora seja este o atual entendimento, ainda é notório o preconceito quanto à união homoafetiva, todavia, nada adiantará assegurar direitos a essa união enquanto a dignidade humana e a liberdade estão sofrendo discriminação. Nas palavras de Chaves

Ainda que se conceitue família como uma relação interpessoal entre um homem e uma mulher, tendo por base o afeto, necessário reconhecer que há relacionamentos que, mesmo sem a diversidade de sexos, são cunhados também por um elo de afetividade. Os relacionamentos afetivos, independentemente da identificação do sexo do par – se formados por homens e mulheres, ou só por mulheres, ou só por homens – são alvos de proteção, em razão da imposição constitucional do respeito à dignidade humana. (CHAVES, 2010, p. 22)

A impossibilidade de se reconhecer os direitos de uma união estável homoafetiva é um ato absolutamente discriminatório, pois, essas uniões são relacionamentos que surgem de um vínculo afetivo, gerando o enlaçamento de vidas com desdobramentos de caráter pessoal e patrimonial, Dias assevera que

Reconhecer como juridicamente impossíveis ações que tenham por fundamento uniões homossexuais é relegar situações existentes à invisibilidade e ensejar a consagração de injustiças e o enriquecimento sem causa. Nada justifica, por exemplo, deferir uma herança a parentes distantes em prejuízo de quem muitas vezes dedicou uma vida a outrem, participando na formação do acervo patrimonial. Descabe ao juiz julgar as opções de vida das partes, pois deve se cingir apreciar as questões que lhe são postas, centrando-se exclusivamente na apuração dos fatos para encontrar uma solução que não se afaste de um resultado justo. (DIAS, 2010, p. 14)

Nesta seara, e conforme o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, passando duas pessoas ligadas por um vínculo afetivo a manter uma relação duradoura, pública e contínua, como se casados fossem, formando um núcleo familiar à semelhança do casamento, independentemente do sexo a que pertencem, torna-se imperioso identificá-la como geradoras de efeitos jurídicos.

3.1.3 Família Monoparental

Na sociedade contemporânea, diversos fatores contribuem para o surgimento do modelo de família monoparental, desde a inseminação artificial, a produção independente, adoção, viuvez ou o divórcio, pois a mesma compreende uma pessoa adulta, homem ou mulher responsável por uma ou várias crianças. Aliadas a essas mudanças a dissolução do casamento, separações, divórcios, novas famílias, a mulher assumindo sozinha a chefia da família.

A família monoparental no decorrer dos anos ganhou intensidade e visibilidade, em decorrência do seu número expressivo, esse novo modelo de família adquiriu direitos e deveres, reconhecidos legalmente. Por sua vez, a família monoparental tem várias origens, podendo ser fruto, conforme mencionado, de uma

decisão voluntária ou involuntária do genitor, pode ser por meio da inseminação artificial, em que a mãe decide ter o filho como produção independente, a adoção, a viuvez, que foi à responsável pelo surgimento da monoparentalidade, e também em decorrência do divórcio, visto que muitos casais não possuem a estrutura para a vida conjugal. Em consonância com o exposto, Dias (2010) tem a clara idéia de que a adoção por pessoa solteira também faz surgir um vínculo monoparental, bem como a entidade familiar chefiada por algum parente que não um dos genitores, igualmente, constitui vínculo monoparental e ainda além, mesmo as estruturas de convívio constituídas por quem não seja parente, mas que tenha crianças ou adolescentes sob sua guarda, podem receber a mesma denominação. Basta haver diferença de gerações entre um de seus membros com os demais e que não haja relacionamento de ordem sexual entre eles para se ter configurada uma família monoparental.

A expressão famílias monoparentais, segundo Vitale (2002) foi utilizada na França, desde a metade dos anos setenta, para designar as unidades domésticas em que as pessoas viviam sem cônjuge, com um ou vários filhos com menos de 25 anos e solteiros. A monoparentalidade se impôs com maior intensidade a partir dos anos 70, conquistando visibilidade e lugar na sociedade. Este modelo de família brasileira é reconhecida como unidade familiar, logo, qualquer pai ou mãe que conviva com um ou vários filhos, sem o cônjuge serão consideradas família monoparental. A respeito desse modelo familiar Diniz (2002) apresenta a concepção de que a família monoparental ou unilinear desvincula-se da idéia de um casal relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um dos seus genitores, em razão dos mais diferentes motivos já explicitados.

3.1.4 Família Pluriparental

A Família Pluriparental é a entidade familiar que surge com o desfazimento de anteriores vínculos familiares e criação de novos vínculos. Esmiuçando o conceito, Dias coloca que

A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a clássica expressão: os meus, os teus, os nossos... (DIAS, 2010, p. 255)

A autora refere que família pluriparental resulta de um mosaico de relações anteriores, o que acontece é que estas famílias acabam se unindo a outros indivíduos e constituem novas famílias, ou ainda, se unem a outras famílias que também se desmembraram por motivos semelhantes e acabam por criar novos vínculos familiares. Na concepção de Chagas, tem-se que

Nessa nova organização as famílias passam a receber o “marido da mãe”, os filhos do “marido da mãe”, os filhos da nova esposa do pai, as famílias de origem de cada um dos novos pares, cada um trazendo para o núcleo familiar sua própria cultura. (CHAGAS, 2008, p. 108)

A família pluriparental exige de seus membros uma extraordinária capacidade de adaptação e paciência, considerando o fato de serem egressos de famílias anteriores, e, portanto, guardando o conjunto de valores da experiência familiar vivenciada. Todavia, Dias (2008) afirma que a complexidade torna-se ainda mais intensa quando a família mosaico se desfaz para se refazer novamente de forma simultânea, buscando outros pares com seus outros filhos. A partir destas constantes renovações familiares que decorre essa expressiva multiplicidade de parentes afins, desde os pais e filhos até avós, tios, sobrinhos, primos e outros, formando o desenho de um verdadeiro mosaico familiar.

3.1.5 Família Anaparental

Dentre os arranjos familiares não consagrados expressamente na Constituição Federal Brasileira, se encontra aquilo que pode se chamar de família anaparental. Etimologicamente falando, família anaparental significa família sem pais. Barros, criador da expressão, ao tratar do conceito de tal espécie familiar, diz

São as famílias que não mais contam os pais, as quais por isso eu chamo famílias anaparentais, designação bastante apropriada, pois “ana” é prefixo de origem grega indicativo de “falta”, “privação”, como em “anarquia”, termo que significa falta de governo. (BARROS, 2003, p. 85)

Destarte, é um formato familiar que é capaz de adquirir as mais diversas configurações, sendo que a convivência longa e duradoura entre dois irmãos que foram abandonados pelos pais ou que estes faleceram, ou até mesmo duas amigas idosas que decidem viver o resto das suas vidas juntas, compartilhando suas

aposentadorias, são exemplos de família anaparental. De fato, deve-se admitir que essa é uma espécie familiar bem diferente da concepção clássica de família.

Todavia, com todo o avanço tecnológico na área das comunicações, a globalização, a economia, as novas relações sociais que surgem e, em função de tudo isso, as mudanças dos costumes das pessoas, não se pode mais considerar tão inconcebível, pelo menos em tese, a idéia de se legitimar essas novas famílias. Nessa esteira e aclarando os aspectos que envolvem o processo da evolução tecnológica e das novas relações humanas, informa Boucault que

Os segmentos acadêmicos e científicos vêm incorporando os conceitos similares de globalização, mundialização, internacionalização, em face da nova sistemática de escoamento da produção pelas empresas internacionais, favorecendo o fluxo de capitais e de circulação de pessoas, as quais, estimuladas por novas possibilidades de sobrevivência, que vão desde a fuga de conflitos militares até o interesse em investimentos financeiros no exterior, intensificam os níveis migratórios pelos continentes. (BOUCAULT, 2002, p. 203)

O que não se pode perder de vista é que não é qualquer agrupamento que pode ser considerado família anaparental, uma família, para que seja considerada com tal, tem de, obrigatoriamente possuir três características, quais sejam, a afetividade, como fundamento e finalidade, com desconsideração do móvel econômico; estabilidade, excluindo-se os relacionamentos casuais, episódicos ou descomprometidos, sem comunhão de vida e ostensibilidade, o que pressupõe uma unidade familiar que assim se apresente publicamente. Assim, além da existência da vontade de constituir família, é imprescindível a vontade de se sujeitar aos deveres e gozar dos direitos e dos frutos que a família proporciona.

3.1.6 Família Eudemonista

A expressão eudemonista advém da palavra “eudaimonia” de origem grega, a qual significa felicidade. A doutrina eudemonista defende a idéia de que a felicidade é o objetivo primordial da vida humana. Conforme Souza, Eudemonismo é uma

Ética baseada na noção aristotélica de “eudaimonia” ou felicidade humana… Embora próxima da “ética da virtude”, essa abordagem distingue-se daquele quando é eliminada a identificação grega entre a ação virtuosa e a felicidade. O eudemonismo pode também variar conforme as noções do que é, de fato, a felicidade. Assim, os cirenaicos acentuam o prazer sensual; os estóicos salientam o desapego em relação a bens mundanos, como a riqueza e a amizade. Tomás de Aquino dá mais atenção à felicidade como contemplação eterna de Deus e assim por diante. (SOUZA, 2009, p. 15)

É um conceito de família que diz respeito à família que busca a realização plena de seus membros, constituindo-se pela comunhão de afeto recíproco, consideração e o respeito mútuo entre seus membros, independente do vínculo biológico. De acordo com Andrade, ao tratar dessa forma de família, coloca que

Eudemonista é considerada a família decorrente da convivência entre pessoas por laços afetivos e solidariedade mútua, como é o caso de amigos que vivem juntos no mesmo lar, rateando despesas, compartilhando alegrias e tristezas, como se irmãos fossem, razão para qual os juristas entendem por bem considerá-los como formadores de mais de um núcleo familiar. (SOUZA, 2008, p. 108)

O vínculo entre os integrantes desta entidade familiar é afetivo e não somente jurídico ou biológico. De acordo com Dias (2010) no momento em que o formato hierárquico da família cedeu à sua democratização em que as relações são muito mais de igualdade e de respeito mútuo, e o traço fundamental é a lealdade, não mais existentes razões morais, religiosas, políticas, físicas e naturais que justifiquem a excessiva e indevida ingerência do Estado na vida das pessoas.

Assim, plenamente aceitável a família identificada pela comunhão de vida, de amor e de afeto no plano da igualdade, da liberdade, da solidariedade e da responsabilidade recíproca, buscando a felicidade individual, vivendo um processo de emancipação de seus membros. A possibilidade de buscar formas de realização pessoal e gratificação profissional é a maneira que as pessoas encontram de viver, convertendo-se em seres socialmente úteis, pois ninguém mais deseja e ninguém mais pode ficar confinado à mesa familiar. A família identifica-se pela comunhão de vida, de amor e de afeto no plano da igualdade, da liberdade, da solidariedade e da responsabilidade recíprocas. Essa é uma das possíveis formas de se ter uma família na busca da felicidade de todos os membros conviventes. (DIAS, 2007)

Certamente, nos dias atuais, o modelo de família que prevalece, conforme já apontado, é o denominado eudemonista, ou seja, aquele pelo qual cada um busca na própria família, ou por meio dela, a sua realização individual, seu próprio bem- estar. Soma-se a esse bem-estar a existência de vínculo afetivo entre todos os componentes da entidade familiar. Para explicar essa família eudemonista cabe a lição de Dias (2010), que sustenta ser a afetividade e não a vontade, o elemento constitutivo dos vínculos interpessoais. Afirma a autora que a busca da felicidade, a supremacia do amor, a vitória da solidariedade experimentam o reconhecimento do

afeto como único modo eficaz de definição da família e de preservação da vida. Esse, dos novos vértices sociais, é o mais inovador.

3.1.7 Famílias Monogâmicas

A poligamia pode ser definido como sendo um regime familiar monoândrico poligínico simultâneo, ou seja o casamento de um homem com várias mulheres. No entanto a poligamia tanto pode ser poligínica, no caso da união de um homem com diversas mulheres, como poliândrica, a união de uma mulher e diversos homens. Para se falar de poligamia, a relação tem de ser forçosamente uma relação entre marido e mulher. Mas aponta-se muitas vezes, para legitimar o adultério trasvestido de poligamia. (ALMEIDA , 1998).

No Brasil o sistema de poligamia ainda não é permitido, contudo, cada vez mais tem-se tais relações. A exemplo disso, o Brasil é um dos primeiros países do