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AS OBRAS DE INTERESSE SOCIAL

Capítulo 5: As obras de interesse social 4g

5.3. A habitação

/ A construção civil, principalmente a construção habitacional, é a principal ^ geradora de trabalho para a população carente e, com programas adequados de formação profissional, tem sido a grande absorvedora da mão-de-obra não ^qualificada, principalmente dos migrantes.

A capacitação para a mão-de-obra deve ser feita através do SINE (Sistema Nacional de Empregos), agora municipalizado. Quase todas as ações sociais do governo foram municipalizadas, o que exige um corpo técnico qualificado para cumprir a contento as funções de transferência tecnológica e preparação para a vida e para o trabalho, como as oficinas de turismo propostas pelas Diretrizes do Programa Nacional de Municipalização do Turismo (Embratur, 1998).

As habitações populares são de interesse social e de interesse público, no entanto devem ser iniciativas da comunidade, assim como a maioria das ações de interesse social. O povo, mesmo sem ter a especialidade do urbanismo, não deve ser considerado mero espectador, mas ator do processo projetual e, principalmente da implantação dos conjuntos habitacionais que passarão a abrigá-lo e à sua família. A habitação representa a parte principal da vida do cidadão.

/ Os conjuntos habitacionais até hoje entregues com casas iguais, cores iguais, via de regra brancas, têm aspecto de cemitério ao observador a distância. As casas / são todas iguais, com lotes iguais, todas as casas pintadas de branco, sem equipamento urbano que diferencie ou humanize, causam impressão desagradável ao visitante. A população, assim que recebe sua casa nos conjuntos habitacionais, i apressa-se em personalizá-la, tornando-a mais humana, mais alegre^mais sua. É o

\ que se costuma chamar de apropriação do espaço habitado. “Pode-se dizer que o sonho da casa própria termina, inclusive para a grande maioria dos jovens da classe média. Para se ter uma idéia do beco sem saída do atual sistema basta lembrar que as avaliações otimistas calculam que o rombo do SFH da ordem de 20 bilhões de dólares. O debate sobre a criação de um novo sistema financeiro para financiamento da casa própria iniciado em dezembro de 1992 propõe a criação de um Conselho Nacional de Habitação”.(Ribeiro & Azevedo, 1996).

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As casas devem ser personalizadas, atendendo as necessidades de cada família, que, com suas particularidades sempre são diferentes das outras. Os gostos de cada família devem, também ser respeitados para que cada elemento possa escolher livremente os acabamentos que mais o agradam, as posições de espaço e equipamentos que melhor considerem, com as devidas orientações técnicas necessárias à melhor qualidade de vida possível.

Um programa habitacional de interesse social exige um planejamento urbano adequado, com infra-estrutura suficiente para acompanhar o crescimento da população, com um processo participativo, que contemple uma boa distribuição de renda, através dos investimentos públicos que valorizam a propriedade. Essa distribuição de renda é possível quando se ouve todos os segmentos da sociedade, para a reorganização da economia, num processo participativo, para o qual a população deve ser chamada a participar, opinando sobre seus anseios e expondo sua cultura.

A política econômica está começando a sentir que o empobrecimento cada vez maior da população está eliminando os consumidores. O problema habitacional nas grandes cidades é grave. Sem poder aquisitivo para conseguir uma moradia aos preços vigentes no mercado, o homem simples fixa-se em "terras devolutas", abrigando-se em barracos insalubres, ou então, sem outra saída, submete-se à sublocação de residências desprovidas das condições mínimas de higiene e conforto. A especulação, na tentativa de maximização dos lucros, cria cada vez mais produtos enganosos, para regalar no momento da compra, porém sem a real e necessária qualidade. Assim, os povos ao invés de enriquecerem, estão cada vez ficando mais pobres, porque os bens são cada vez menos valiosos, cujos preços altos representam simplesmente uma maximização de lucros sem melhoria real de qualidade e até pelo contrário. As casas estão cada vez mais "despidas" com a intenção de baratear, como se redução de investimentos realmente fosse economia. O resultado final torna pobres seu proprietário e o município.

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O lazer, destinado a resolver os problemas criados pela ociosidade (popularmente conhecida como a mãe de todos os vícios), deve ocupar parte importante da vida do cidadão, orientando-o para as atividades culturais.

As atividades de lazer exigem certos equipamentos públicos ou privados para atividades esportivas, culturais e sociais, como Ginásios Poli-Esportivos, Salas de Espetáculos, Teatros, Salas de Música, Centros Sociais Urbanos e outros. Até as áreas verdes de alguns municípios tem sido doada por prefeitos em atitudes eleitoreiras, com o consentimento das CÂMARAS DE VEREADORES que deveriam ser as defensoras do interesse público, exigindo dos prefeitos o cumprimento da lei, ou denunciando ao MINISTÉRIO PÚBLICO.

Muito mais que espaço físico, é necessária a participação da comunidade, porque o importante é o evento e a participação de todos e não espaços vazios sem utilização, que tem se transformado muito mais em um desperdício que num investimento. Sugere- se que os próprios espaços de trabalho da semana transformem-se, aos finais de semana, em locais utilizados para o lazer, por uma questão de economia. Os hábitos é que devem ser mudados, para que todos possam conhecer atividades culturais como diversão. E podem até treinar atividades teatrais, danças, música, artes marciais e outras.As atividades de lazer não devem ser entediantes nem cansativas, uma vez que representam uma complementação do descanso de uma longa jornada de trabalho, devendo funcionar como uma “recarga de bateria”.

É muito importante que as comunidades comecem a conhecer novos caminhos para o lazer que dispensem todos os tipos de vícios, principalmente o álcool que tem prejudicado muito a vida social das comunidades. No início dos encontros há alegria e festa, mas ao final transformam-se em pesadelo e sofrimento. Pelo menos tem sido sempre assim, desde que se conhece a humanidade. Os excessos devem sempre ser limitados para que não passem a gerar conflitos, uma vez que o que se pretende é uma vida harmônica e cada vez mais comunitária e coletiva. O lazer moderno tem se transformado em tormento, principalmente para as esposas e mães de filhos que tem no lazer a fuga para os vícios, transformando o que deveria ser felicidade em sofrimento.