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AS OBRAS DE INTERESSE SOCIAL

Capitulo 5: As obras de interesse social

Ás creches, quando possível devem fazer parte do Centro Comunitário, ou ficar próximo deste, para facilitar a locomoção. Cada comunidade deve ter construído pelo menos uma creche, com capacidade para abrigar a todas as crianças do bairro, para permitir às mães a participação no trabalho comunitário, como agentes de produção. As atividades populares de produção criadas como indústrias populares deverão difundir a cultura popular através de qualquer bem de consumo que possa ser produzido.

Devem ser criadas Cooperativas de Produção nas comunidades organizadas, para facilitar a organização do trabalho e a comercialização da produção. Atividades artesanais, tanto na parte de vestuário, utilidades domésticas, alimentação e laser devem ser priorizadas, para utilizar o potencial turístico como motivador das vendas. Dessa forma a difusão da cultura popular será feita de forma correta, permitindo que as raízes culturais da população sejam a base do desenvolvimento comunitário.

Para a preservação ambiental, tão necessária à qualidade de vida da população, a reciclagem de materiais deve ser enfaticamente utilizada. Sobras em geral como reciclagem de resíduos devem ter prioridade como matéria prima, tanto por questão ambiental, como por questão econômica, que no fundo passam a ser a mesma coisa. A compostagem de matéria orgânica para a produção de adubo e os biodigestores que produzem adubo e gás metano que pode ser utilizado diretamente nos fogões pode gerar economia e renda pela produção agrícola das hortas domésticas ou comunitárias.

Os cursos de formação devem ser financiados pelos órgãos públicos e os monitores de cursos devem ser as pessoas da comunidade que dispuserem de habilidades e conhecimentos que possam ser repassados aos demais elementos que se dispuserem a aprender. Todas as atividades devem ser de livre escolha dos elementos da comunidade, inclusive alguns menores, sem prejudicar suas atividades de brincar, porque podem muito bem ser programas do tipo “aprenda brincando”, para não prejudicar o desenvolvimento juvenil e até infantil, desde que acompanhado dos pais ou familiares. A vantagem é tirar das ruas as crianças para levá-las a atividades de aprendizagem e renda futura, com a formação do espírito comunitário que todos desejam.

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5.1. A gestão ambiental

As necessidades imediatas da população são ar puro para respirar, água pura para saciar a sede e auxiliar na higiene diária, trabalho para possibilitar renda que permita uma vida digna e saudável, habitação para abrigar a família em condições de conforto, higiene, estética e acessibilidade, alimentação saudável, vestimenta para a apresentação tanto no trabalho como nos compromissos sociais, educação, cultura e lazer para toda a família. No entanto nem sempre são esses os anseios da população que é sempre ávida pelo consumo.

Os anseios com a desculpa de uma vida melhor, nem sempre são as melhores opções de vida, devidas, principalmente ao nível cultural em que se encontram. No entanto trabalho com renda compatível ao nível de vida que pretendem sempre é considerado por todos a principal necessidade. Saber se vestir bem se alimentar bem, deixar de lado as drogas lícitas como fumo e álcool, são as principais aspirações dignas, que somente serão conseguidas em longo prazo, uma vez que necessitam alterações de hábitos, que fazem parte (negativa) de sua cultura.

No entanto o processo evolutivo exige da população um respeito ao meio- ambiente que representa a base do desenvolvimento econômico, que deve ser um processo complexo para um desenvolvimento sustentável, sem exaurir os recursos naturais, necessários ao desenvolvimento das vidas no futuro. “A riqueza do

ensinamento da natureza é proporcional à ação do homem sobre ela; quanto maior a troca com a natureza, tanto maior o processo de intercâmbio entre homens” “Não há produção que não seja produção do espaço, não há produção do espaço que não se dê sem o trabalho" (Santos, 1997).

O manejo ambiental urbano é composto pelas relações que existem entre as atividades próprias da gestão urbana e aquelas de planejamento urbano que busquem o desenvolvimento sustentável para o município. As novas formas de relacionamento entre povo e governo são as negociações entre o estado, a sociedade e a economia. E essas negociações envolvem todos, população, estado e órgãos da economia de mercado (YUNEN, 1997).

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Todas as comunidades devem ter seu Centro Comunitário, onde devem ser iniciados cursos para desenvolvimento econômico, com a intenção de despertar a consciência para a preservação ambiental, tão necessária ao desenvolvimento urbano e turístico. Para exerccr a cidadania plena, o indivíduo necessita participar das ações políticas de sua cidade, dividida em comunidades de bairro, nas quais todos devem participar. Não havendo essas associações, elas devem ser criadas como entidades jurídicas, sem fins lucrativos, como ONGS, que se transformarão na saída para as crises políticas.

A cidadania plena necessita equilíbrio perfeito entre os indivíduos e, igualmente, entre estes e o ambiente, para que haja evolução social, econômica, cultural, e política,

“A expressão cidadania tem origem na Roma antiga e servia para designar a condição social, política e jurídica de uma pessoa, implicando a possibilidade de plena participação na vida social, inclusive no governo. Não se deve perder de vista, entretanto, que o status civitatis era discriminatório e servia para indicar que a pessoa pertencia à classe superior da sociedade

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5.2. As atividades produtivas

A renda que sempre foi conseguida através de um “emprego” foi modificada para trabalho, que deve ser gerado por cada indivíduo em particular para estabelecer a subsistência, a evolução cultural e independência do trabalhador.

A formação profissional cada vez mais avançada deve ser a meta de cada um. Sem conhecimento já não se consegue mais trabalho, uma vez que se transforma em trabalho autônomo para não gerar dependência, tanto de um lado como de outro (empregado e empregador). No entanto, o trabalho autônomo está sendo gerado pelos empregadores, criando cooperativas, que devem ser iniciativa da população, para defender seus interesses e não do empregador que apenas quer se furtar de suas responsabilidades. Entende-se, é claro, que essas responsabilidades estão ficando cada vez mais inviáveis. O trabalhador deve antecipar-se para poder exigir, desde que tenha capacitação e procure um conhecimento específico, que realmente goste, conforme a afirmação do mestre: “O trabalho do homem aumenta sua

inteligência. E o trabalho é um processo de troca recíproca e permanente entre o Homem e a Natureza” (Santos, 1997).

O trabalho deve ser feito com competência, escolhido por vocação e desenvolvido por opção, devendo ser agradável, executado com esmero para garantir qualidade e prazer para

transformar-se diversão. A vida se passa muito mais no trabalho que em qualquer outro lugar, permanecendo-se 8 horas diárias (às vezes mais). Em casa fica-se maior tempo, porém menos tempo acordado e produzindo, o que ocorre somente no local de trabalho. Por esse motivo, ele deve ser agradável. Na vida moderna, a atividade produtiva é sempre a primeira satisfação, vindo depois o lar e o lazer, que não são menos importantes, porém somente o trabalho permite as condições de segurança representada pela renda que o indivíduo necessita. O trabalho moderno deve ser gerado sem que a pessoa tenha que forçar a sua natureza para adaptar-se, mas descobrir o que realmente possa ser realizado com prazer, para permitir vida alegre e feliz a cada elemento da comunidade, conforme a frase popularmente conhecida, atribuída a Confucio: “Faça o que lhe dá prazer e não trabalhe mais um só dia em sua vida”.

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Todas as pessoas têm particularidades próprias e, se bem exploradas passam a ser altamente produtivas, gerando enriquecimento e melhoria de qualidade de vida para todos. O mais difícil vai ser conseguir líderes comunitários, uma vez que líder deve ser exemplar e as pessoas exemplares devem ser trabalhadas e produzidas. Dificilmente se encontrará pessoa com os requisitos mínimos necessários para exercer liderança real. Os objetivos são melhorar as condições de vida da população carente, utilizando os processos de industrialização como geradores de trabalho e renda, independentemente de emprego, que gera dependência, podendo ser transformada em atividade autônoma ou pequena empresa de mão-de-obra.

Para permitir a aplicação da mão-de-obra não qualificada, serão ministrados cursos de formação profissional especializados em cada área de divisão de trabalho que o processo permitir. Deverá ser feita uma triagem prévia das habilidades individuais e das disponibilidades para a participação no processo. As habilidades são indispensáveis para se conseguir uma produtividade voltada à qualidade do serviço e baseada nas raízes da cultura popular.

Os sistemas construtivos considerados convencionais, com estrutura independente em concreto armado e as vedações com blocos cerâmicos furados, baseados nos elementos construtivos produzidos em industrias, geram uma cultura construtiva que está levando a população a uma total falta de conhecimentos de outras possibilidades construtivas a serem utilizadas. O que se tem notado é uma falta generalizada de pesquisa das reais condições do local onde se constrói, das disponibilidades de matéria prima, que possa ser transformada em material de construção e de materiais disponíveis no próprio local.

É importante, também, salientar a importância da relação de forma e técnica construtiva a serem utilizadas. Percebe-se que há uma desvinculação total da técnica com as condicionantes naturais, necessárias à conservação de energia e das necessidades tecnológicas de pesquisa e desenvolvimento de produtos. E, também importante a adequação do desenho urbano para a perfeita integração da obra com o ambiente natural, para uma harmonia, senão perfeita, pelo menos não tanto agressiva.