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ADEQUAÇÃO TECNOLÓGICA

Capítula 7: Adequação tecnológica g]

7.2.4. Produção local

A produção local, incentivada tanto para os processos construtivos habitacionais, como para os processos de produção artesanal somente poderão ser desenvolvidos através de cursos de formação profissional, com recursos que podem ser conseguidos através dos programas municipais do SINE, com recursos do FAT. Estes cursos criados pelos comitês municipais do SINE devem ser aprovados pela Comissão de Trabalho e Renda da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social, para os quais existem sempre recursos à disposição, necessitando apenas de bons projetos. A maior necessidade dos municípios é informação e criatividade para permitir que possa haver desenvolvimento social, com cursos e profissionalização de toda a população, porque as relações de trabalho e renda modificaram-se muito na atualidade.

As empresas estão apostando na mão-de-obra autônoma, nas cooperativas e no esvaziamento de suas equipes. As falências proliferam, devido à concorrência cada vez maior, principalmente pelas facilidades que são dadas às importações e as concorrências passam a ser desleais, porque o processo produtivo fica a mercê das oscilações de um mercado totalmente imprevisível.

As produções agrícolas desvalorizam-se devido a uma falta de detalhamento dos planejamentos da produção, para que os preços não caiam tanto. Neste momento, se for confirmada a tendência do mercado externo com a Argentina, com grandes possibilidades de redução das importações, os preços de diversos produtos, como trigo, alho, cebola, laticínios em geral, devem melhorar, devido à alta do dólar, porém não é aconselhável melhorarem as exportações, porque as diferenças cambiais farão os preços de nossos produtos cairem muito no exterior.

O planejamento deve dar ênfase ao consumo interno, deve exportar apenas o excedente. Os produtos não devem infiacionar o mercado para que os preços caiam muito, deixando o agricultor sempre com prejuízos. E realmente um equilíbrio que exige um planejamento dinâmico com velocidade de informação para permitir um desenvolvimento econômico razoável, através da geração de renda para as comunidades.

CAPÍTULO 8

A EDIFICAÇÃO

É prcciso scr generoso c criativo «ao sc projetar o espaço de moradia dos outros, incluindo aí as casas para pessoas de baixa renda. É prcciso buscar a beleza c ter persistência cm sua preservação.

Jorge Wilheim (1998).

As modernas técnicas construtivas, baseadas na industrialização da construção, foram iniciadas no final do século XIX, na Europa, com diversas tentativas de retirar da obra algumas funções que pudessem ser levadas para a indústria. Inicialmente foram concebidas para permitir racionalização no processo produtivo e aumentar, assim, a qualidade do produto, com redução do tempo de produção, melhoria sensivel na qualidade e a redução dos custos finais para o consumidor, através de padrões industriais. Como no início todas as peças pré-fabricadas eram executadas em concreto armado, o processo restringiu-se à tecnologia desse material, com evolução nas pesquisas de misturas racionais, esmerado preparo, adensamento cada vez mais rigoroso, com mesas e formas vibratórias, com cura térmica, especialmente projetada para possibilitar reaproveitamento rápido de formas, desmoldagem rápida e redução de perdas por quebra de cantos e arestas. Dessa forma, a produção tem evoluído, desde a industrialização por componentes, passando pelas diversas fases de pré-fabricação, até a industrialização com sistema flexível, que permite trasformar projetos concebidos com sistema convencional em projetos industrializados. O sistema flexível permite grandes variações dimensionais, depois de estudo detalhado com racionalização dos projetos.

Capítulo 8: A edificação 91

Os princípios da pré-fabricação foram utilizados, inicialmente retirando-se do canteiro a produção das peças principais da estrutura, com a finalidade de conseguir material de qualidade uniforme e melhorar a tecnologia dos processos. A concepção inicial, como em toda a inovação, inicia-se de forma tímida, com cultura ainda muita presa aos conceitos tradicionais, até que consiga libertar dos padrões antigos, necessitando sempre de normas que permitam certa regularidade, necessária a standartização dos produtos.

As peças de concreto armado foram produzidas, exigindo-se novas normas para fixação de padrões, uma vez que o consumidor necessitava uma independência maior dos produtores, para poder comprar elementos construtivos pré-fabricados de mais de um fornecedor, sem perder o padrão geral da obra e permitir a associação de produtos diversos propostos por projetos mais flexíveis e criativos.

As técnicas convencionais apenas persistem devido à cultura popular que não pode ser modificada em prazo curto, porque a apropriação das técnicas pela população depende de muitos exemplos que são inicilamente raros e executados em obras com grandes investimentos, dando falsa impressão de encarecimento no processo, porque a qualidade valoriza o imóvel dando a falsa impressão de custo alto, o que, via de regra não corresponde à verdade.

Os custos diretos estão diretamente ligados à mão-de-obra, que é considerada custo à vista, exigindo montante alto de capital de giro. Esse raciocínio tem levado muitas indústrias a repensar o processo para reduzir seus custos diretos devido à alta incidência de mão-de-obra e da necessidade de capital disponível tanto para os pagamentos semanais, ou mensais de salários, como para indenizações por pendengas trabalhistas, comuns nesse tipo de relação de trabalho, devido á falta de qualificação do operário.

A especialização da mão-de-obra leva a custos diretos maiores, porém significam investimento a longo prazo, devido à considerável melhoria de qualidade no produto que representam, possibilitando preços de venda maiores com menor desperdício de materiais.

Capitulo 8: A edificação 92

O presente trabalho propõe como exemplos alguns conjuntos habitacionais para assentamentos populares, baseados em condomínios (Silveira, 1994). Os conjuntos habitacionais necessitarão infra-estrutura adequada para as unidades habitacionais em edifícios, preferencialmente de dois a quatro pavimentos, com baixo custo de construção, que não implicam em perda da qualidade da habitação. As unidades habitacionais construídas com a participação da população em todas as fases de projeto e execução permitirão obter uma integração entre os materiais produzidos no canteiro e futuro morador. “Trata-se, pois, de um dos poucos momentos em que o trabalhador não tem o fruto do seu trabalho apropriado por outros; ou seja, cm que não há exploração” (Andrade, e outros 1993).

Criando-se unidades industriais no canteiro de obras, absorve-se a mão-de- obra para a construção civil e, as pessoas que não tiverem afinidade com aqueles trabalhos, passarão a constituir as “indústrias domésticas” produzindo artesanato, ou, ainda, comercializando os produtos produzidos. Estas indústrias montadas a partir das habilidades individuais, deverão resgatar a cultura de origem, com a qual pode-se criar centros de produção e comercialização de artesanato para promover a economia e o desenvolvimento social e político das comunidades organizadas.

A vinculação das unidades de produção estimulam a competitividade, através da produtividade parcial de cada uma das partes, que até certo ponto gera motivação, desde que não atinja a exaustão. Schumacher (1989) afirma que "o

pensamento econômico contemporâneo está obcecado com o crescimento isento

de qualquer qualificação". A pesquisa da cultura popular brasileira permite

afirmar que as atividades artesanais, pela sua criatividade, podem gerar economia para as populações carentes. As regiões litorâneas por serem as mais populosas, onde as atividades de turismo são grandes, as atividades artesanais desenvolvidas possibilitarão a criação de centros de produção e comercialização. Igualmente, as atividades de turismo rural, no interior, possibilitarão a comercialização de produtos artesanais a turistas.