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As observações propostas para os estágios da creche e pré-escola

2 TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DA

4.3 Eixo 3 De que maneira foram realizados os estágios da creche e da pré-escola

4.3.3 As observações propostas para os estágios da creche e pré-escola

Ao serem interrogados acerca do tipo de observação que realizaram no estágio, se foram analisando um aspecto específico do trabalho pedagógico da creche/pré-escola ou não, a maioria dos entrevistados da creche e pré-escola afirmou que foram observados vários itens, como aponta a Participante 4, do período vespertino: “[...] eu vi várias coisas, a cada ida pra escola a gente observava a rotina, a sala de aula, o comportamento do professor, do aluno, assim”. Na Tabela 11 é possível ter uma visão geral da organização das respostas dadas pelos estudantes sobre a observação realizada no estágio da creche:

Tabela 11 - As observações do estágio da creche

Categorias Percentual

Eu observei vários aspectos, o geral 50%

Eu observei vários aspectos, o geral e também o Projeto Político Pedagógico

20%

Eu observei vários aspectos, o geral e foquei mais no espaço

30%

Total 100%

Fonte: Dados coletados na entrevista, 2015. 10 apontamentos.

Como é possível verificar, foram observados diversos aspectos no estágio: espaço, relação professor-aluno, conteúdos, metodologia do professor regente, rotina da instituição, projeto político pedagógico, entre outros. E o mesmo ocorreu no estágio da pré-escola:

Tabela 12 - As observações do estágio da pré-escola

Categorias Percentual

Eu observei vários aspectos, o geral 80%

Eu observei vários aspectos, o geral e foquei mais na relação professor-aluno

10%

Não fez o estágio 10%

Total 100%

Fonte: Dados coletados na entrevista, 2015. 10 apontamentos.

As formadoras e orientadoras de estágio entregaram aos futuros professores um roteiro com vários itens para observarem:

Ela deu um roteiro pra gente observar isso.

O que tinha nesse roteiro? (Pesquisadora).

Ah, a relação professor-aluno, como a sala tava organizada, como a professora se relacionava, como eles, os alunos se relacionavam, era isso. Foi bem parecido com o da creche, foi bem parecido sim. (Participante 7, noturno).

A gente foi mais, assim focando no que a professora tinha pedido.

O que, por exemplo? (Pesquisadora)

Ah, o espaço, o ambiente, né, se era adequado, se tinha decoração voltado pra área infantil, se tinha segurança, se as cadeiras eram mais baixas, né, se o banheiro era separado, o parque lá fora, como é que era, e também, o material deles, a gente viu que eles usavam apostila, por exemplo. (Participante 6, vespertino).

Detectamos também que alguns focaram mais suas observações no espaço da sala, do parque, do banheiro, se estes eram adequados, se os objetos estavam na altura da criança, provavelmente por se lembrarem das aulas que trataram do espaço na instituição de Educação Infantil. Contudo, também consideramos pertinente perguntar aos participantes da pesquisa se houve alguma preparação para observarem aspectos diversos nos estágios.

Em relação ao estágio da creche as respostas dos estudantes demonstraram a ausência de uma organização adequada para o momento de estágio de observação da creche:

Tabela 13 - A preparação para observar o estágio da creche

Categorias Percentual

Não houve preparação específica para a realização de observação

80% Houve preparação quanto ao espaço físico da

creche

20%

Total 100%

Fonte: Dados coletados na entrevista, 2015. 10 apontamentos.

No estágio da pré-escola também identificamos a ausência de preparação para observar os vários aspectos do trabalho com as crianças, além de uma ênfase no espaço físico da instituição:

Tabela 14 - A preparação para observar o estágio da pré-escola

Categorias Percentual

Não houve preparação específica para a realização de observação

40% Houve preparação quanto ao espaço físico da pré-escola 40%

Resposta vaga/Não fez o estágio 20%

Total 100%

Fonte: Dados coletados na entrevista, 2015. 10 apontamentos.

Assim, vemos que os estudantes não tiveram preparação para observar e nem para analisar os diversos aspectos do trabalho pedagógico com crianças pequenas que poderiam captar ao longo do estágio. O professor de metodologia e também orientador de estágio tem o papel de promover a leitura da realidade, ou seja, proporcionar o “[...] saber observar,

descrever, registrar, interpretar, problematizar e, consequentemente, propor alternativas de intervenção e de superação.” (PIMENTA, 2001, p. 76).

Os dados tendem a demonstrar que os discentes do curso observaram, descreveram, registraram, mas não conseguiram interpretar o que viram à luz da teoria. A redução do estágio de formação docente à observação passiva e, muitas vezes, baseada num roteiro árido ou no senso comum não garante a aprendizagem docente, como aponta a Participante 9, do período noturno: “Pode falar ... então, eu acho que não fui preparada, porque eu queria ter conhecimento de coisas mais específicas...”. Há ainda mais uma fala que consideramos relevante registrar: “[...] é muito curto mesmo e a gente viu um pouquinho de cada coisa antes, não é um preparo assim, né, agora, assim, por exemplo, eu não sei preparar uma rotina de creche, sabe...” (Participante 10, noturno).

Por outro lado, apenas uma disciplina para tratar dos cuidados e educação da criança de 0 a 3 é insuficiente, não forma o professor da creche com qualidade. O mesmo se pode afirmar em relação ao cuidar-educar de 4 a 5 anos. É por isso que, anteriormente, registramos que um curso que tem o intuito de formar o professor de Educação Infantil, do Ensino Fundamental I e o gestor, em apenas quatro anos, não o forma. Embora, o mero aumento do tempo de curso não resolve os problemas apontados.

Na fala da Participante 10, citada acima, fica evidente que terá muita dificuldade se, ao terminar o curso de Pedagogia, for contratada para exercer a docência com bebês. O que fazer? Como estimular esta criança tão pequenina? Esta é uma das lacunas que existe na formação docente em Educação Infantil.

Estamos cientes da relevância de se fazer o estágio no decorrer da formação inicial do professor e que o exercício de qualquer profissão envolve a prática, pois aquele que está aprendendo terá que ir in loco, mas sem fundamentos teóricos o estágio fica reduzido ao momento, particularmente, prático. O estágio funciona com a observação e a análise destas observações, “[...] sem proceder uma análise crítica fundamentada teoricamente e legitimada na realidade social em que ela se processa”. (PIMENTA; LIMA, 2008, p. 36).

Pimenta e Lima (2008) apontam que há estágios que são organizados como a “hora da prática”, o “como fazer”, dando relevância apenas à vivência, ao manejo de sala, ao preenchimento de fichas, diagramas, fluxogramas, roteiros, entre outros.

Assim, através deste modelo de estágio, que é insuficiente para aprender a docência, consideramos pertinente compreender quais as reflexões dos estudantes. Por essa razão, apresentaremos e discutiremos este assunto no próximo tópico.