• Nenhum resultado encontrado

O auxílio das disciplinas (creche e pré-escola) em relação aos estágios

2 TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DA

4.2 Eixo 2 – As disciplinas de Metodologia e Prática de Ensino (creche e pré-escola) e

4.2.1 O auxílio das disciplinas (creche e pré-escola) em relação aos estágios

Durante a realização das entrevistas, os participantes foram interrogados: “Em que medida a disciplina ‘Metodologia e Prática de Ensino em Educação Infantil - 0 a 3 anos’ auxiliou seu estágio da creche?”. Obtivemos as seguintes respostas:

Tabela 3 - A disciplina de Metodologia (0 a 3 anos) e o auxílio ao estágio da creche

Categorias Percentual

A disciplina proporcionou uma parte científica interessante, mas pouca didática e auxílio ao estágio

70%

A disciplina não auxiliou

especificamente para o estágio 30%

Total 100%

Fonte: Dados coletados na entrevista, 2015. 10 apontamentos.

Ao interpretar as respostas e fazer inferências, constatamos que a disciplina de 0 a 3 anos não auxiliou, particularmente, a atividade de estágio na instituição de Educação Infantil. Os graduandos elogiaram a postura da Formadora 1 que, além de transmitir fundamentos teóricos, se preocupou em ensinar alguns conteúdos mais didáticos; no entanto, houve ausência em relação ao auxílio específico ao estágio, pois se considera que “ajuda muito, só que o momento que você tá vivendo é só você que vive, o professor não tá lá com você, então, auxiliou sim, muito, mas mesmo assim a aula não é suficiente” (Participante 5, vespertino).

Ao ler as respostas, refletir e pensar no modelo do curso, indagamos: será que apenas uma disciplina de Metodologia e Prática de Ensino de 0 a 3 anos, com poucas horas de aula, é capaz de formar, ensinar uma pessoa a ser professor da creche? Afirmamos isso porque, além da parte teórica, de Fundamentos (a história da Educação Infantil, as instituições ao longo dos tempos no Brasil, o cuidar-educar etc.), é relevante ensinar o trabalho pedagógico da creche, como seria interessante realizá-lo, discutir o currículo, como organizar a rotina, trabalhar ou não com projetos pedagógicos nesta faixa etária, como interagir com o bebê, entre outros.

Identificamos que o discente do curso, inicialmente, teve algumas aulas teóricas na disciplina de metodologia referida; em seguida, foram trabalhados alguns aspectos do estágio e, posteriormente, começava o estágio na instituição creche e continuava, paralelamente, a cursar a disciplina referida, como é possível verificar:

Olha, primeiro ela deu bastante teoria pra gente é Piaget, Vygotsky, ensinou muitas cantigas, muitas coisas, ensinou a gente a trabalhar com os brinquedos que tinha na creche, organizar a rotina que tinha na creche e [...] ajudou a gente a preparar a documentação, ajudou a preparar como seria, mandou a gente pra preencher pra SEDUC, devolveu e a gente foi pra creche fazer. (Participante 3, vespertino). Os alunos, em sua maioria, gostaram do trabalho da Formadora 1, mas afirmavam que “(risos), é que, assim, faltou um pouco” (Participante 7, noturno), ou seja, a docente fez um trabalho interessante, no entanto, os discentes desejavam mais aulas de didática da creche, dos aspectos específicos do trabalho do professor.

Obtivemos respostas bem diferentes quando perguntamos “Em que medida a disciplina ‘Metodologia e Prática de Ensino em Educação Infantil - 4 a 5 anos’ auxiliou o estágio da pré-escola?”. Chegamos às seguintes categorias:

Tabela 4 - A disciplina de Metodologia (4 a 5 anos) e o auxílio ao estágio da pré-escola

Categorias Percentual

A disciplina contribuiu pouco, teve muita aula sobre a experiência italiana – Réggio Emilia

60%

A disciplina não contribuiu com o estágio por ser um curso muito “corrido”

10%

Não fez o estágio e respostas vagas 30%

Total 100%

Fonte: Dados coletados na entrevista, 2015. 10 apontamentos.

Como é possível averiguar, todos afirmaram que a disciplina contribuiu pouco, mas, diferentemente do caso anterior (disciplina e estágio da creche), os discentes criticaram a ênfase dada nas aulas ao modelo de Educação Infantil europeu denominado “Réggio Emilia”. Observe as duas falas que selecionamos com o intuito de tornar nossa afirmação mais clara:

Em nenhuma medida, em nenhuma medida (risos), porque levando em consideração que eu saí preparada pra uma escola na Itália, não saí preparada pra uma escola

brasileira no estado de São Paulo, então não me preparou, me preparou pra Réggio

Emília, então. (Participante 3, vespertino, grifo nosso).

Falou muito pra comparar outra escola, de outro lugar, da Itália, que é um exemplo de escola e não sei o que, mais ela falou muito disso, eu achei, né e pra gente

ficava a comparação e saber que a nossa escola é inferior, mas isso a gente já

sabe (risos)... (Participante 6, vespertino, grifo nosso).

Inferimos que os participantes não disseram que não deveriam aprender outro modelo de educação para refletir, comparar com o nosso; o que não aprovaram foi o fato da Formadora 2 ter se fixado num só assunto e não lecionar outros temas que também consideram relevantes na área da Educação Infantil - 4 a 5 anos.

Provavelmente, isto ocorreu porque a pesquisa de doutorado da Formadora 2 foi sobre este assunto, o modelo de Educação Infantil da Itália, discutindo Réggio Emilia. Sobre isso, Masetto (2003) afirma que “[...] esse é o ponto mais carente de nossos professores universitários, quando vamos falar em profissionalismo na docência”, ou seja, gostam de ensinar o que pesquisam e se esquecem de ensinar os outros conteúdos relevantes que formam o professor.

Ademais, identificamos que houve faltas da Formadora 2 e esta, quando não estava presente, passava vídeos para os alunos resumirem. Um aluno relatou: “[...] a disciplina foi, se fosse pra enumerar, em estatística, foi em 40% que auxiliou, né fomos atropelados com tempo, com falta de professor, então seria uns 40%, e ainda é muito” (Participante 2, vespertino).

Assim, o professor universitário precisa ter uma preparação com conhecimento das teorias e, também, de posturas e didáticas que favoreçam a formação de professores. Sabemos, porém, que o curso não proporciona muitas disciplinas para formar o professor de Educação Infantil e, portanto, este modelo formativo não é o ideal; entretanto, dentro da realidade, é possível sim estruturar, organizar as aulas com conteúdos relevantes, que formem para a docência na creche e pré-escola, e que as aulas sirvam para auxiliar, minimamente, o estágio. Pimenta (2002) menciona que, embora os professores universitários, sejam eles orientadores de estágio ou não, possuam experiências na área da educação ou tenham um sólido embasamento teórico, muitas vezes predomina o despreparo e até certo desconhecimento científico do que seja formar um professor para atuar na escola básica.

Isto posto, no próximo tópico apresentaremos e discutiremos como foram realizadas as articulações entre as aulas dadas nas disciplinas (creche e pré-escola) e os estágios.