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1 FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, O CURSO DE

1.3 Aspectos legais do estágio na formação de professores

Em 1962, o Parecer do Conselho Federal de Educação, CFE 292/62, apresentou o estágio supervisionado dentro da Prática de Ensino. Era obrigatória a sua realização que, em geral, ocorria no último semestre do curso, justamente com a intenção de “aplicar” as teorias aprendidas durante o curso (formato 3+1).

Passados alguns anos, surge o Parecer 627/69 que dispôs o estágio com a duração de 5% do curso e, em 1972, o Parecer do CFE 349/72 também registrou o mesmo modelo de estágio dentro da Prática de Ensino, mencionando ainda que o estagiário deveria ir a campo em escolas “boas”, com professores “modelos” a fim de obter mais conhecimento através do modelo vivenciado.

Até a década de 1980 este currículo permaneceu nos cursos de formação, de modo que o futuro professor fazia as disciplinas “pedagógicas” e, somente depois, a Prática de Ensino/estágio.

Com a Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9394/96, esta concepção começa a se modificar. No artigo 82, foi registrado que os sistemas de ensino precisam estabelecer as normas de realização do estágio em consonância com a legislação federal e, no artigo 61, inciso II, colocou a relevância da associação teoria-prática, através do estágio docente. Isto representou uma inovação na forma de enxergar o estágio curricular supervisionado.

Em 2001, tivemos os Pareceres do Conselho Nacional de Educação: 9/2001, 27/2001 e 28/2001, os quais trazem diretrizes para a formação do professor em licenciatura plena e normal superior.

O primeiro parecer registra que a prática deve ser vista como um todo, ou seja, do primeiro ao último ano do curso, sempre com reflexão. Com isso, todos os formadores universitários precisam se preocupar com esta questão, não somente o supervisor do estágio curricular. O intuito, portanto, é “[...] superar a concepção de que o estágio é o único espaço reservado à prática, enquanto, na sala de aula se dá conta da teoria.” (BRASIL, 2001, p.23).

O documento também abordou o tempo do estágio, enfatizando a relevância de se realizar um estágio contínuo para vivenciar a rotina, as aulas, a dinâmica da unidade escolar e as complexidades do ensino. Já no parecer posterior (27/2001), não homologado, foram apresentadas 400 horas para o estágio supervisionado, realizadas ao final do curso, e foi enfatizado que é preciso considerar o projeto pedagógico da instituição escolar.

No Parecer CNE/CP, 28/2001, consta que o estágio é obrigatório, em que a prática precisa ser teorizada, bem como em todo curso de formação docente. Relata, ainda, que o

estágio é um tempo em que o graduando está aprendendo seu ofício e, portanto, representa um momento crucial em que uma pessoa mais experiente necessita refletir com o aprendiz a vivência da sala de aula e da instituição escolar. Assim, o estágio precisa possuir a regência e a observação, não podendo ser facultativo, por ser uma atividade essencial para formar o professor.

Em 2002, houve a Resolução do Conselho Nacional de Educação, CNE/CP nº1/2002, que também trouxe a concepção de prática em todo curso, não somente no estágio. Registrou que as disciplinas devem colaborar com a realidade profissional, trazendo contributos para a formação docente, com reflexão, discussão, teorização e estudos, a fim de possibilitar uma maior articulação entre teoria e prática.

Ainda neste ano foi aprovada a Resolução CNE/CP 2/2002, com o objetivo de regulamentar a carga horária dos cursos que formavam professores. No texto são apresentadas 400 horas de estágio curricular supervisionado, da metade do curso até o final.

Em 2007, a Resolução CNE/CP nº 009/2007 alterou as horas de estágio para, no mínimo, 300 horas. No ano posterior, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 11.788/2008, que mostrou uma concepção diferente de estágio.

No artigo 1º da referida lei, o estágio é apresentado como um ato educativo; desta forma, mencionam que é preciso ter a associação entre a instituição formadora e a escola, com um professor que oriente o estagiário e exija relatório num prazo de seis meses, no máximo. É interessante verificar que a concepção de estágio e a responsabilidade das instituições passam a constar na legislação; o estágio não é mais visto como um acréscimo ao ensino recebido, mas como uma ação ou atividade educativa.

Em 2010, o Decreto nº7. 219/2010 dispõe uma experiência de realização de estágio significativa com o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Entretanto, há poucas instituições que conseguem concretizar este modelo.

Para finalizar, vamos discutir dois documentos atuais que tratam do estágio nas instituições vinculadas ao estado de São Paulo e formam professores: as Deliberações do Conselho Estadual de Educação de São Paulo nº 111/2012 e a nº 126/2014.

A primeira deliberação aponta que o curso de Pedagogia tenha 3.200 horas, sendo que 400 horas devem ser dedicadas ao estágio curricular supervisionado, como nos mostra o artigo 4º:

Art. 4º - A carga total dos cursos de formação de que trata este capítulo terá, conforme a legislação em vigor, no mínimo 3.200 (três mil e duzentas) para o Curso

de Pedagogia e 2.800 (duas mil e oitocentas) horas para o Curso Normal Superior, assim distribuídas:

I – 800 (oitocentas) horas para formação científico-cultural;

II - 1.600 (mil e seiscentas) horas para formação didático-pedagógico específica para a pré-escola e anos iniciais do ensino fundamental; III - 400 (quatrocentas) horas para estágio supervisionado;

IV – 400 (quatrocentas) horas do Curso de Pedagogia para a formação de docentes para as demais funções previstas na Resolução CNE/CP n. 01/2006.

O 7º artigo deste documento menciona que as 400 horas deverão incluir:

I – 200 (duzentas) horas de apoio ao efetivo exercício da docência na pré-escola e anos iniciais do ensino fundamental;

II - 100 (cem) horas dedicadas às atividades de gestão do ensino, nelas incluídas, entre outras, as relativas a trabalho pedagógico coletivo, conselho de escola, reunião de pais e mestres, reforço e recuperação escolar, em pré-escola e nos anos iniciais do ensino fundamental;

III - 100 (cem) horas de atividades teórico práticas e de aprofundamento em áreas específicas.

A Deliberação do CEE n° 126/2014 altera alguns dispositivos desta no que se refere ao estágio. A modificação encontra-se no artigo 7º, somente nos incisos I e II.

Assinalam que o estágio deverá ser realizado em 200 horas na instituição escolar para docência em Educação Infantil e Anos iniciais do Ensino Fundamental, com a supervisão tanto do professor regente da escola quanto do formador do Ensino Superior, e mais 200 horas de gestão na Educação Infantil e Ensino Fundamental (anos iniciais), com a vivência de reunião de pais, reforço, recuperação, trabalho pedagógico coletivo e conselho de escola, todas essas atividades com as supervisões já referidas.

A seguir, iremos apresentar o estágio no curso de Pedagogia trazendo algumas definições; concepções de estágio ao longo dos tempos; modelos exitosos de estágio e alguns critérios que consideramos relevantes conter no estágio.