2 TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DA
3.2 Procedimentos metodológicos
3.2.2 Questionário
Como os participantes da pesquisa do grupo (discentes do 4º ano da Pedagogia, vespertino e noturno) coincidem com os participantes desta pesquisa, utilizamos a caracterização destes alunos, contida na primeira parte do questionário.
Isto porque o questionário permite obter informações de um número amplo de pessoas. Marconi e Lakatos (2003, p. 201) registram que o questionário é composto por uma série de perguntas que são respondidas por escrito, sem o pesquisador. Os autores apontam também as vantagens e desvantagens do uso do questionário.
As vantagens contidas são que este instrumento de pesquisa consegue atingir um grande número de pessoas, economiza tempo e dinheiro, não exige ser treinado para aplicar, valoriza o anonimato e oferece maior liberdade ao responder, não há influências, possibilita obter respostas mais rapidamente e é impessoal.
As desvantagens do questionário seriam a falta de participação de 100% dos sujeitos, a existência de algumas perguntas sem respostas, o risco do enunciado não estar claro, a influência da resposta de uma questão sobre outra e a possibilidade das questões serem respondidas sem reflexão e criticidade.
Desta forma, optamos por utilizar a parte da caracterização dos alunos do 4º ano de Pedagogia (2014), vespertino e noturno, da universidade já referida, e realizamos entrevistas semiestruturadas com dez participantes, sendo cinco estudantes do período vespertino e cinco estudantes do período noturno.
Assim sendo, é relevante apresentar a discussão do perfil dos estudantes do curso de Pedagogia da FCT/UNESP (2013-2014). Assim, trazemos os resultados referentes às questões quantitativas do questionário mencionado, que foi aplicado em 2013.
Esses dados foram tabulados pelo Grupo de Pesquisa “Profissão Docente: formação, identidade e representações sociais em Educação Infantil” (GPDFIRS - EI), ao qual
10 Utilizamos parte do questionário do Grupo de Pesquisa: Docência, Formação, Identidade e Representações
Sociais em Educação Infantil (GPDFIRS/EI), sob a liderança da Profa. Dra. Célia Maria Guimarães. Este material encontra-se no Anexo C.
pertencemos. Nosso intuito é apresentar o perfil social e econômico dos estudantes, dos períodos vespertino e noturno, totalizando 67 sujeitos.
Antes disso, porém, apresentaremos, brevemente, alguns dados gerais acerca do perfil dos estudantes do curso de Pedagogia do Brasil e da FCT/UNESP. É relevante esta exposição, pois há desdobramentos em relação à aprendizagem, formação e futura atuação profissional.
Nas pesquisas de Gatti e Barreto (2009) mostra-se que, quando os alunos das licenciaturas são indagados sobre o motivo que os levou a optar pela licenciatura, 65,1% dos alunos de Pedagogia atribuem a escolha ao fato de querer ser professor e esta escolha é justificada por não haver condições de optarem por outra atividade.
Quanto à idade, apenas 35% dos alunos de Pedagogia estão na faixa ideal de idade para o curso.
Em relação ao sexo, como já é de conhecimento de todos, existe uma feminização da docência, com a predominância de mulheres no magistério, e isso ocorre:
Desde a criação das primeiras Escolas Normais, no final do século XIX, as mulheres começaram a ser recrutadas para o magistério das primeiras letras. A própria escolarização de nível médio da mulher se deu pela expansão dos cursos de formação para o magistério, permeados pela representação do ofício docente como prorrogação das atividades maternas e pela naturalização da escolha feminina pela educação. (GATTI; BARRETO, 2009, p. 62).
A renda familiar dos estudantes é baixa, de acordo com Gatti e Barreto (2009), isto porque é muito expressivo o percentual de alunos com renda familiar de até três salários mínimos (39,2%) e poucos têm a renda acima de dez salários mínimos.
Estes dados são compatíveis aos apresentados no projeto do curso de Pedagogia da instituição por nós investigada,
O curso de Pedagogia da UNESP de Presidente Prudente recebe alunos de diferentes regiões do estado e do país, atendendo principalmente alunos provindos das camadas populares e da escola pública, em sua maioria mulheres. Tem mantido programas assistenciais através de bolsas de estudo, moradia estudantil, e outros, o que possibilita que esses alunos ingressem e concluam o curso. (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, 2010, p. 2).
Em relação à condição laboral dos estudantes de Pedagogia da FCT/UNESP em 2013, identificamos, através dos dados do questionário, que, dos 67 estudantes respondentes, a maioria trabalha e estuda, como é possível observar:
Quadro 4- Condição laboral dos estudantes Condição laboral Participante
Trabalham 43
Não trabalham 24
Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015)
Ao investigarmos em que os discentes trabalham, identificamos que a maioria atua como estagiário e há um número significativo que atua em outras áreas (como autônomos, vendedores, cargos administrativos, balconistas, polícia militar, babá, caixa, entre outros).
Quadro 5 – Ocupação dos participantes da pesquisa
Ocupação Participante
Educador Infantil 1
Auxiliares 10
Auxiliar de Desenvolvimento Infantil (ADI) 1
Estagiários 14
Agente de organização escolar 2
Não trabalham na área da educação 11
Professor 3
Não respondeu 1
Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015)
Verificamos também que estes discentes trabalham, em sua maioria, seis horas por dia e há um número considerável que trabalha oito horas por dia e estuda, provavelmente, noite:
Quadro 6 - Horas diárias de trabalho dos participantes
Horas de trabalho por dia Participante
Duas horas e meia 1
Quatro horas 1 Cinco horas 3 Seis horas 23 Sete horas 1 De 6 a oito horas 1 Oito horas 12
Depende do número de aulas que consegue substituir 1 Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015)
Além disso, os dados do questionário nos indicam que grande parte dos discentes do curso trabalha cinco dias da semana, possivelmente, de segunda a sexta-feira. Isso nos faz refletir sobre quando e como os estudantes, futuros professores, realizam o estágio, uma vez que o curso não oferece estratégias/condições para esta atividade formativa.
Quadro 7 – Dias de trabalho por semana
Dias de trabalho por semana Participante
Dois dias 1
Três dias 4
Cinco dias 34
Seis dias 2
Sete dias 1
Depende do número de aulas que consegue substituir 1
Dois dias 1
Três dias 4
Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015)
Em relação aos entrevistados participantes desta pesquisa, identificamos que, dos dez estudantes, quatro fazem estágio remunerado e quatro vivem de bolsas de estudos:
Quadro 8 - Ocupação/Experiência dos participantes
Ocupação/experiência Participante
Estágio remunerado 4
Lecionava no Ensino Médio (Filosofia) 1
Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (PIBID), Ensino Fundamental
2
Bolsista no Ensino Fundamental 1
Bolsista na Educação Infantil 1
Auxiliar de Desenvolvimento Infantil (ADI), antes de cursar Pedagogia 1 Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015)
Estes dados expostos em relação à atividade laboral coincidem com as pesquisas de Gatti e Barreto (2009). As pesquisadoras averiguaram que somente 26% dos estudantes não trabalham e são sustentados 100% pelos pais. Os restantes que trabalham para ajudar na renda o fazem em tempo integral (40 horas semanais ou mais por semana). Isso nos indica que há uma reduzida disponibilidade para os estudos e realização de estágio.
Em suma, podemos concluir que os dados contidos nas pesquisas de Gatti e Barreto (2009), no questionário aplicado pelo Grupo de Pesquisa Profissão Docente: formação, identidade e representações sociais em Educação Infantil (GPDFIRS- EI), no projeto do curso de Pedagogia investigado e nas entrevistas que realizamos com os discentes de Pedagogia da FCT/UNESP demonstram que os alunos:
• Escolhem o curso de Pedagogia por falta de condições em optarem por outra atividade;
• São mulheres, na maioria;
• Têm a renda familiar baixa e grande parte estudou em escola pública;
• Trabalham e estudam, em sua maioria (suas atividades ocupam, em média, seis horas por dia e cinco dias da semana e há um número significativo que são estagiários ou bolsistas.
3.2.3 Entrevista semiestruturada
Realizamos as entrevistas semiestruturadas na semana dos dias 23 a 27 de fevereiro de 2015, com os discentes do 4º ano do curso de Pedagogia11, sendo quatro participantes do período vespertino e seis do período noturno.
Selecionamos a entrevista semiestruturada porque, nesta, o pesquisador tem uma participação ativa, pois, mesmo seguindo um roteiro, há a possibilidade de fazer novas perguntas objetivando esclarecer o problema da pesquisa e compreender melhor o contexto, o que lhe permite liberdade para expressar ideias e dúvidas.
A entrevista como técnica oferece ao pesquisador “[...] a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos.” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 34). Ademais, oferece a investigação da subjetividade durante a interação (SZYMANSKI, 2008), sendo que uma das partes deseja coletar dados e a outra se torna fonte da informação.
Marconi e Lakatos (2003) apresentam as vantagens e desvantagens da entrevista. As vantagens são: flexibilidade (o entrevistado pode esclarecer, modificar ou aprofundar algum tópico, caso necessário), percepção da entonação da voz, ênfase, expressão corporal e risos, obtenção de informações precisas, apreensão de concordâncias e discordâncias, entre outros.
11 É relevante registrar que estes alunos do 4º ano terminariam o curso em 2013. No entanto, devido à greve,