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Entretanto, a partir de 1979, começaram a surgir os primeiros programas de Pós- -Graduação na região, que vêm contribuindo para os avanços na área de Educação Física. A

tabela III abaixo demonstra o período de início e como se desenvolveu a produção na Pós- Graduação na Região Sul do Brasil de 2000 a 2010.

A PRODUÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA REGIÃO SUL DO BRASIL, PERÍODO DE 2000 A 2010. TABELA III

Programas Período de início dos Programas Dissertações defendidas de 2000 a 2010 Teses defendidas de 2000 a 2010 Mestrado Doutorado UFSM 1979 1991 46 18 UFRGS 1989 1999 248 42 UFPEL 2007 x 32 x UFSC 1996 2005 245 5 UDESC 1997 2009 232 x UFPR 2002 2007 176 x UEL/UEM 2006 2011 46 x SUBTOTAL 1.025 65 TOTAL GERAL: 1.025 dissertações+65 teses= 1.090

Após as etapas desenvolvidas neste estudo, apresento os resultados do mapeamento da produção do conhecimento. No gráfico I abaixo ilustro os dados relativos à produção das pesquisas no Estado do Rio Grande do Sul período de 2000 a 2010.

Identifico um número pouco expressivo em relação à produção do conhecimento no período de 2000 a 2010. O baixo índice da produção é o reflexo da política nefasta adotada pelo neoliberalismo. O objetivo dessa prática foi o desmantelamento do quadro de pesquisadores e, assim, comprometendo a produção das pesquisas. Diante dessa situação, ocorreu o descredenciamento, em 2002, do programa de Ciências do Movimento Humano. Para Taffarel (2007), nesse período, dois dos principais programas de Mestrado em Educação Física no Brasil- o da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal de Santa Maria - foram descredenciados por não atenderem aos critérios mínimos adotados pela Coordenação de aperfeiçoamento de Nível Superior.

Os indicadores apresentados no gráfico I são referentes ao número expressivo de pesquisas produzidas de campo de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os dados relatados são frutos do trabalho realizado pelos docentes, discentes e complementado pelas condições dos laboratórios e a organização dos grupos de pesquisas, que atualmente conta com dezoito. “Estes últimos detêm, de um lado, a responsabilidade de fazer cumprir as demandas da Capes.” (FONSECA; OLIVEIRA, 2010, p.125).

A Universidade Federal do Rio Grande Sul, por meio do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, realizou convênio com a Universidade de São Paulo e Universidade do Porto, com objetivo de promover a mobilidade acadêmica em cursos de doutoramento e reconhecer as atividades acadêmicas desenvolvidas nas respectivas Universidades. Na ótica do produtivismo, os programas precisam estar atentos para as

recomendações da Comissão da CAPES, que apontam os critérios gerais que balizam a pós- -graduação no Brasil. (TAFFAREL, 2007).

Os dados sobre a produção do conhecimento, relativos ao Programa de Pós- graduação - Mestrado acadêmico em Educação Física da Escola Superior de Educação Física, da Universidade Federal de Pelotas, a partir do início do programa, são representativos em face da forma como está organizado o programa. As áreas de concentração e Linhas de Pesquisa estão assim distribuídas: Atividade Física, Saúde e Desempenho; Atividade Física e Saúde e Atividade Física e Desempenho. Educação Física, Ciências Sociais e Humanas: e nas seguintes linhas de pesquisa, Memória, cultura e sociedade; Aprendizagem motora e desenvolvimento; Escola, formação e trabalho. “As especificidades da produção poderão revelar limites e entraves para o desenvolvimento da área, mas também revelar possibilidades de novas características, atendendo às condições da região [...].” (CHAVES; SÁNCHEZ GAMBOA, 2011, p. 24).

No gráfico II ilustro os dados relativos à produção das pesquisas no Estado do de Santa Catarina período de 2000 a 2010.

Como podemos perceber, há uma semelhança na produção do conhecimento entre os programas da Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Estado de Santa Catarina.

O Programa de Mestrado no Estado de Santa Catarina em 1996, inciou a produção do conhecimento e, o Doutorado em Educação Física na UFSC, em 2005, o primeiro no estado aprovado pela Resolução 027/CEP/UFSC. Tem linhas de pesquisa já consolidadas e já foram

realizados estudos sobre a produção científica em Educação Física. Isso depende de uma formação teórica sólida, de abertura metodológica, de rigor, de vontade e de determinação política. (TAFFAREL, 2007).

O programa de Mestrado Ciências do Movimento Humano foi avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), sendo aprovado e recomendado em 2000 e obtendo conceito 4 na última avaliação trienal. O Doutorado obteve aprovação e recomendação na CAPES em 2008. Iniciando seu funcionamento em 2009, tem como área de concentração Estudos Biocomportamentais do Movimento Humano, com as seguintes linhas de pesquisa: “Atividade Física e Saúde”, “Comportamento Motor” e “Desempenho no Esporte”.

Em 2010, o programa passou por avaliação; em 2011, não foram oferecidas vagas para o doutorado devido à nota obtida na última avaliação. De acordo com Tani (2000) isso requer, em nível individual, uma disponibilidade para lutar por um projeto coletivo e, em nível institucional, um espírito cooperativo desprovido de vaidades.

No gráfico III apresento os dados relativos à produção das pesquisas no Estado do Paraná período de 2000 a 2010.

O gráfico III demonstra os resultados apresentados pelo programa da Universidade Federal do Paraná, o qual foi o primeiro programa criado no estado e que tem contribuído para a formação de pesquisadores. Conforme os dados do Programa da UFPR, a produção do conhecimento apresenta um número superior de pesquisas realizadas em relação ao programa

da Universidade Estadual de Londrina e Maringá. Para Tani (2000), os programas têm novos desafios, tais como a consolidação dos programas já criados e a busca contínua pela qualidade. O mestrado do Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física da Universidade Estadual de Londrina e Universidade Estadual de Maringá foi aprovado, no âmbito da CAPES, em 2005 e o doutorado em 2010. Isso justifica a relação da baixa produção apresentada até o momento em relação à Universidade Federal do Paraná. “A implantação de novos programas de pós-graduação para diminuir desequilíbrios regionais implica, necessariamente, certa ousadia e, especialmente, otimização de recursos humanos.” (TANI, 2008, p. 88).

As avaliações adotadas pela CAPES referente à produção conhecimento e a expansão adotada pela Pós-Graduação tem se orientado por dados que permitem a comparação com outros países onde são adotados ranking e têm recebido críticas contundentes dos meios acadêmicos brasileiros.

Os trabalhos empíricos que se dedicam a investigar as repercussões da produtividade da pós-graduação confirmam que os critérios para medir a qualidade dos cursos se pautam por um paradigma modelador que não permite a construção de alternativas que levem em conta a especificidade de cada grande área científica, de cada programa e das diferentes regiões geográficas do país. (FONSECA; OLIVEIRA, 2010, p.124).

Os estudos acima apontados sinalizam a necessidade de pesquisas que possam explicitar a trajetória da Pós-Graduação na região e análises críticas nessa área, as quais necessitam ser ampliadas. “[...] As condições neste começo de século são propícias, se contarmos com acesso a essa produção e com as iniciativas de sistematização e divulgação da produção científica na Educação Física e Esportes [...].” (CHAVES; SÁNCHEZ GAMBOA 2011, p. 23).

Os programas de Pós-Graduação, neste século, em relação ao plano teórico e epistemológico, precisam assumir o desafio da relação teoria e prática [...] “do dia a dia para que ele não reduza ao ativismo pedagógico ou ao voluntarismo político e ainda como romper com a teorização academicista?” (TAFFAREL; LACKS; JÚNIOR, 2011, p.117).

No presente capítulo deste estudo, aponto que nos cursos Pós-Graduação em Educação Física das Universidades Públicas da Região Sul, ocorre o predomínio das Linhas de pesquisas que privilegiam a concepção dualista de homem, com objetivo voltado para a saúde,

alto rendimento das habilidades motora e estética. “A ciência e técnica, então dissociadas de julgamento de valor, perderam seu sentido de libertar a humanidade da ignorância e do sofrimento, tornando-se ao mesmo tempo, uma expressão da capacidade espiritual e criativa do homem um instrumento de sua dominação e opressão.” (GONÇALVES, 1994, p.27).

Identifico a existência de alguns obstáculos, principalmente com a adoção das políticas Neoliberais que foram implementadas de forma efetiva no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos cursos de Pós-Graduação em Educação Física, na Região Sul, percebemos a necessidade proporcionar um maior tempo de permanência para a pesquisa, ter professores com um número menor de orientandos, consolidar as linhas de pesquisas, criar novos programas para atender às regiões que ainda não foram atendidas, bem como rever a política produtivista adotada pela CAPES. Nas políticas recentes implementadas nos Planos Nacionais de Pós-Graduação 2005-2010/2011/2020, não podemos deixar de reconhecer que ocorreram avanços, mas que ainda são tímidas, visto que também precisamos avançar com pesquisas voltadas principalmente para Educação Básica. É de responsabilidade da Instituição Formadora dos profissionais o compromisso com a construção teórica e as reflexões críticas na formação humana voltada ao desenvolvimento histórico da sociedade. Tanto teoria elaborada quanto as reflexões críticas devem ter como parâmetro a relação com a prática e serem orientadas pela Filosofia da práxis. (SÁNCHEZ VASQUEZ, 1977). A produção do conhecimento nos programas investigados apresenta predomínio das linhas de pesquisas que privilegiam estudos voltados para atividade Física, Saúde, Biomecânica, desempenho e desenvolvimento motor, priorizando as tendências Empírico-Analíticas.

O desafio são os programas de Pós-Graduação de universidades públicas assumirem- se como lócus adequado à formação, com uma sólida base teórica e epistemológica, no plano ético-político, na produção do conhecimento. [...] “Sem sólida base teórica e epistemológica reduz as possibilidades do educador de perceber a possibilidade de trabalhar na construção de uma sociedade alternativa.” (TAFFAREL; LACKS; JÚNIOR, 2011, p.116). “E isto decorre, provavelmente: da separação entre teoria e a prática política; da separação de dicotomia entre premissas teóricas das premissas programáticas; da utilização da práxis utilitária em detrimento da práxis revolucionária, onde não prevalece à crítica a práxis da humanidade” [...]. (Ibid, p.100).

No Brasil, ainda prevalecem as teorias antirrevolucionárias, mantendo a internalização da alienação humana (MÉSZÁROS, 2005). Ainda não ocorre, em nosso país, a universalização das práticas democráticas de forma efetiva, visto que os meios de comunicação em massa estimulam o individualismo, o competitivismo, o corpo belo (como padrão de beleleza), a priorização do alto rendimento e a massificação do consumo.

CAPÍTULO II EPISTEMOLOGIA

Para realizar os estudos anunciados e justificados, organizei no presente capítulo algumas bases para abordar os principais resultados de nossa análise dos programas de pós- -graduação na região sul representadas nas pesquisas produzidas pelos alunos na forma de dissertações e teses. Essas bases têm sua caracterização na Epistemologia, que permite sistematizar a ciência de modo geral e possibilita análises mais rigorosas sobre a produção Científica.