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5 UMA ANÁLISE DO PAPEL DO FINANCIAMENTO PÚBLICO VIA UM BANCO DE DESENVOLVIMENTO NA RMFR

5.2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS OBSTÁCULOS DO DESENVOLVIMENTO

social.

5.2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS OBSTÁCULOS DO DESENVOLVIMENTO

Na continuidade do estudo, buscaram-se informações sobre as políticas públicas que são relevantes para fomentar o desenvolvimento da região, em uma lista não exaustiva, evidenciada no apêndice I.

Na visão de autores neoliberais, o Estado não deveria intervir em assuntos econômicos, deixando o próprio mercado se regular, já na visão de outros, o Estado deveria intervir e regular a produção econômica de forma veemente. Diante do exposto, considerando como quadro de fundo o atual contexto global e o ambiente econômico evidenciado, as políticas públicas assumem um papel de difícil substituição, adicionalmente, a gestão pública para o desenvolvimento pode ampliar a qualidade de vida e o bem estar de um território.

As políticas públicas, em uma visão contemporânea e de vanguarda, podem servir para fomentar e alavancar o desenvolvimento. Contudo, um amadurecimento da gestão pública e da sociedade se faz proeminente e atualmente se situa em uma etapa adiantada neste processo de mobilização em defesa e consolidação para um bem comum (ANANIAS, 2010).

Neste aspecto, os atores pesquisados consideraram a melhoria na educação básica, linhas de crédito e a melhoria na infraestrutura local como políticas públicas mais significativas para o desenvolvimento, com uma concordância plena de 91%, 84% e 82%, respectivamente (APÊNDICE II).

Cabe uma análise dos resultados, pois se considera a educação básica essencial para o desenvolvimento, independente do modelo adotado, porém a sua relevância se incrementa quando considerado o modelo no contexto do trabalhador moderno, no qual o conhecimento se torna o principal insumo produtivo, além de fomentar um desenvolvimento social transformando indivíduos em cidadãos conscientes de sua importância e de seu papel na sociedade civil.

A segunda política pública mais apontada entre os itens listados resulta na ampliação das linhas de créditos e outras formas de financiamento. Observa-se que este item tem uma relação direta com a principal atividade do Banco de Desenvolvimento, um dos objetos de estudo da presente pesquisa, justificando o interesse da gestão pública para o desenvolvimento neste tipo de instituição e caracterizando como uma política pública significativa. O terceiro item mais apontado, melhoria na infraestrutura local, pode ser considerando um fator limitante ou um gargalo em um processo de desenvolvimento, principalmente em períodos de aceleração econômica, também tendo relação com diversas linhas de créditos em Bancos de Desenvolvimento, pois são projetos poucos visados por bancos comerciais ou múltiplos.

A gestão pública focada no desenvolvimento e, consequentemente, as políticas públicas, apontariam para um planejamento amplo e de longo prazo, contemplando diversas estratégias de intervenção, que visualize a integração de um projeto de desenvolvimento; baseando-se em uma epistemologia sistêmica, complexa e além do setorial, respeitando as especificidades do local, potencializando os conhecimentos, explícitos e tácitos, as interações culturais codificadas e translúcidas (SOUZA; SAMPAIO, 2006).

No outro extremo, entre os itens com menor frequência de concordância, consideraram os programas de apoio à consultoria técnicas, incentivos fiscais e políticas de fundo de aval, como as políticas públicas menos relevantes para o desenvolvimento, na lista sugerida, com respectivamente 41%, 32% e 32% de concordância plena (APÊNDICE II).

Sobre os incentivos fiscais, em um período de curto prazo, podem ter um efeito positivo no desenvolvimento econômico, mas sem políticas estruturais e de longo prazo, torna-se sem

efeito em períodos mais amplos. Outra questão do incentivo fiscal reside em ser pontual para alguns setores, ou invés de ser para as organizações de forma geral, pois a gestão pública como consequência teria que reduzir custos, o que tradicionalmente esquiva-se em realizar.

Referente às políticas de aval e garantias, que possuem uma relação direta com os Bancos de Desenvolvimento, em teoria são políticas públicas interessantes para o desenvolvimento, porém na prática a burocracia e falta de flexibilidade para a aquisição e utilização dos avais resulta em um atendimento potencial a um diminuto número usuários.

Adicionalmente, as consultorias técnicas também se destacaram negativamente como uma política pública para o desenvolvimento entre os atores pesquisados. Provavelmente, por considerarem a formação do empresariado, com conhecimento formal e informal, por meio da educação tradicional, treinamentos e redes de relacionamentos, mais eficiente que a figura do consultor que atua pontualmente e sem continuidade.

Posteriormente, questionou-se aos atores os principais obstáculos para o desenvolvimento, em uma lista não exaustiva, conforme demonstrado no apêndice I.

Entre os principais obstáculos apontados pelos atores analisados observam-se as dificuldades ou entraves burocráticos para se utilizar às fontes de financiamento existentes, dificuldade de uma mão-de-obra local qualificada e inexistência de linhas de crédito adequadas às necessidades da empresa, com 92% 89% e 94% de concordância respectivamente.

A inexistência de linhas de crédito adequadas às necessidades da empresa como elemento mais apontado por colaboradores de um Banco de Desenvolvimento, influenciadores da gestão pública para o desenvolvimento, considera suas perspectivas e experiências em projetos diversos, onde o fator creditício se apresentou como um obstáculo real para o desenvolvimento de um território.

As dificuldades ou entraves burocráticos para se utilizar as fontes de financiamento existentes também se consideraram como um obstáculo significativo para o desenvolvimento de uma região. Em virtude desta dificuldade, muitas vezes as organizações optam por um crédito mais oneroso na iniciativa privada, ao invés de buscar o crédito em uma instituição de

fomento, menos oneroso, porém normalmente mais moroso e burocrático.

Outro elemento apontado de forma significativa encontra- se na dificuldade de uma mão-de-obra qualificada local, pois, em diversos setores, desde funções mais qualificadas, até as que necessitam apenas de pequenos conhecimentos técnicos, o nível de emprego atual derivou em falta de mão-de-obra.

Em contrapartida, com menor apontamento, observa-se exigência de aval ou garantias por parte das instituições de financiamento, inexistência de espaços de cooperação e trocas entre empresas do setor e inexistência de organizações empresariais para reivindicar os interesses da empresa, sendo os três elementos com 16% de concordância plena.

A exigência de aval ou garantias por parte das instituições de financiamento foi apontada com menor frequência como um obstáculo para o desenvolvimento, provavelmente em virtude de existirem atualmente linhas onde os próprios equipamentos financiados integram as garantias ou as construções civis em forma de hipoteca progressiva do projeto de desenvolvimento.

A inexistência de espaços de cooperação e trocas entre empresas do setor e inexistência de organizações empresariais para reivindicar os interesses da empresa são dois elementos diretamente relacionados. O pequeno apontamento como um real obstáculo para o desenvolvimento pode sugerir duas hipóteses, a primeira é que estas instituições estão cumprindo seu papel atualmente, a segunda, que tais elementos não são tão essenciais no processo de desenvolvimento. Independente da hipótese assumida, a gestão pública para o desenvolvimento, por meio dos colaboradores de um banco de fomento, considera um obstáculo menor para o desenvolvimento.

Em síntese, os funcionários pesquisados consideraram a melhoria na educação básica, linhas de crédito e a melhoria na infraestrutura local como políticas públicas mais significativas para o desenvolvimento. Contudo, nos principais obstáculos apontados observam-se as dificuldades ou entraves burocráticos para se utilizar as fontes de financiamento existentes, dificuldade de uma mão-de-obra local qualificada e inexistência de linhas de crédito adequadas às necessidades da empresa.