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4.4 As produções acadêmicas da CAPES

As Dissertações e Teses destacadas no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES foram ao todo oito produções acadêmicas, três teses e cinco dissertações. Estas produções versaram sobre diversas temáticas a respeito da Educação Infantil brasileira, ou seja, sobre as formulações de políticas para a Educação Infantil; sobre o atendimento desta primeira etapa da Educação Básica; sobre a parceria público-privada nas políticas de e para a Educação Infantil; sobre as políticas de atendimento deste segmento educacional; sobre a oferta da Educação Infantil; e sobre as políticas públicas para a creche. Esses diversos olhares nos permite visualizar os múltiplos objetos de estudo que foram contemplados nestes estudos, como destacados abaixo.

A Tese de Doutorado de Fullgraf (2007), “O UNICEF e a Política de Educação Infantil no Governo Lula”, também foi apontado em outro momento, nas produções da ANPED, no entanto, na configuração de um artigo. Dessa forma, o presente estudo faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação, na área de Currículo da PUC-SP, sob a orientação da Professora Doutora Maria Machado Malta Campos.

O estudo analisou o tema das Políticas de Educação Infantil como resultado não só de reflexões teóricas, mas também de sua trajetória profissional de mais de 20 anos. Teve como objetivo identificar se, e como, a influência do UNICEF incide sobre a política de Educação Infantil brasileira na perspectiva da agenda globalmente estruturada, especificamente, pontuar em que medida a elaboração e implementação do programa Família Brasileira Fortalecida, do UNICEF, pode ser interpretado como constituindo uma tradução para o contexto brasileiro de dinâmicas e processos transnacionais.

A autora identificou que muitos aspectos das atividades das organizações internacionais e/ou regionais no setor da educação fortalecem e reforçam a agenda global, como também, muitas vezes, possibilitam sua implementação. Dessa forma, persiste a influência dos organismos internacionais, mais especificamente do UNICEF, na área da Educação Infantil, muitas vezes com orientações conflitantes em relação à legislação educacional brasileira. Neste sentido, o UNICEF vem se configurando como o principal protagonista da produção da agenda global para a infância (FULLGRAF, 2007).

A Tese de Doutorado de Mello (2008), “Uma Genealogia das Políticas Públicas para a Creche no Brasil: estado e infância de 1988-1920”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNICAMP, sob a orientação da Professora Doutora Maria Evelyna Pompeu do Nascimento, é extensão dos estudos advindos de sua dissertação de mestrado. O estudo foi

uma investigação no campo das políticas públicas, em especial daquelas direcionadas à infância, procurando percorrer a trajetória da creche brasileira.

A pesquisa teve como objeto de estudo localizar quando o atendimento à criança pequena em creches se tornou parte da agenda da política brasileira, procurando compreender como a infância se tornou parte da formação da agenda do governo. Para tanto, foi possível destacar certas conclusões acerca disso: as bases para a constituição de políticas públicas de acesso à educação e cuidado à criança pequena começaram a ser delineadas nas primeiras décadas do século XX, no entanto, não foram incentivadas políticas com um provimento de atendimento à pequena infância de caráter mais universal. Dessa forma, o acesso à educação infantil, se constituía a partir da implementação de políticas focalizadas, que não incluíram os direitos das crianças a um atendimento de qualidade, que incentivasse seu desenvolvimento adequado (MELLO, 2008).

A Dissertação de Mestrado de Pavioti (2008), “Políticas Públicas para as Crianças de 0 a 3 anos: o caso de Guarulhos”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNICAMP, sob a orientação também da Professora Doutora Maria Evelyna Pompeu do Nascimento, procurou analisar as ações adotadas pela esfera municipal do município de Guarulhos – São Paulo, para o atendimento da Educação Infantil, especialmente o atendimento em creche, focalizando o Programa Educriança. Para tanto, procurou dar conta das relações entre a formulação do programa de atendimento e os resultados obtidos após o processo de implementação do mesmo.

Foi possível considerar a partir do estudo que, a formulação e implementação deste programa conseguiu atender em seus quatro anos de vigência quase 10 mil crianças na faixa etária de zero a três anos de idade, faixa etária esta considerada no atendimento da creche. O atendimento realizando junto com as mães e seus filhos em visitas semanais em suas residências permitiam as crianças o estímulo ao convívio social e seu desenvolvimento também para a aprendizagem (PAVIOTI, 2008).

A Dissertação de Mestrado de Lopes (2009), “A Política Educacional e o Direito à Educação Infantil em São Luís – Maranhão (1996-2006)”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP, na área de Estado, Sociedade e Educação, sob a orientação da Professora Doutora Lisete Regina Gomes Arelaro, buscou compreender como a Educação Infantil neste município de grandes potencialidades e imensa pobreza, após a legislação educacional, a LDB, que preconiza o direito da criança de zero a seis anos de idade à educação e o transcurso de uma década da implementação do FUNDEB, que diminuiu na prática consideravelmente o reconhecimento desse direito, pela priorização quase exclusiva do ensino fundamental.

Lopes (2009) a partir do seu estudo concluiu que no município de São Luís a política de Educação Infantil precisa ser fortalecida e as ações dos governos estadual e municipal serem melhor compartilhadas, para garantir o direito à educação das crianças, considerando que muitas dependem da política pública de educação para terem a oportunidade de frequentar uma creche ou pré-escola. Para tanto, necessita incluir o cumprimento do disposto na LDB com relação à integração das instituições educacionais ao sistema municipal de educação e uma melhor e proporcional distribuição de responsabilidades entre as esferas públicas.

A Dissertação de Mestrado de Pereira (2009), “A Organização da Oferta à Educação Infantil no Município de Amparo na Década de 1990”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNICAMP, sob a orientação do Professor Doutor Vicente Rodriguez, teve como foco o entendimento acerca da organização pública e gratuita para acolhida à criança pequena e a compreensão sobre como as políticas educacionais que foram formuladas no município de Amparo – São Paulo, durante a década de 1990. Para tanto, buscou compreender a implementação de tais políticas a partir da identificação dos princípios neoliberais de descentralização, de focalização e de privatização, característicos do período em que o Brasil esteve inserido no reordenamento e nos ajustes neoliberais. Além de apresentar como esse arranjo se articulou à política nacional também discutiu sobre a centralidade envolvida nos processos de tomada de decisão.

A partir desse estudo, a autora pôde concluir que as orientações nacionais para o atendimento à Educação Infantil na década de 1990 apontaram para a ausência de ações efetivas do governo nacional destinadas à garantia de vagas na primeira etapa da Educação Básica. Ações efetivas se deram no campo pedagógico a partir da promulgação da LDB. Os resultados obtidos expressaram as novas formas pelas quais, na década de 1990, a esfera pública respondeu às demandas sociais e explicitaram que as decisões tomadas sofreram influência do cenário político nacional e das ordenações neoliberais (PEREIRA, 2009).

Em suma, os municípios de São Paulo atuaram na resistência à municipalização do ensino fundamental, investindo, na primeira metade da década de 1990, prioritariamente na Educação Infantil, bem como no município em estudo. Neste sentido, consideramos que as políticas formuladas e implementadas de impacto à Educação Infantil se deram em consonância ao contexto político do país, pois estiveram pautadas na redução de gastos e no rompimento do foco universalista ao atendimento público à população, fatores próprios da reforma do aparelho estatal (PEREIRA, 2009).

A Tese de Doutorado de Pacífico (2010), “Políticas Públicas para a Educação Infantil em Porto Velho/RO (1999-2008)”, do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar, da UNESP, na área de Política e Gestão Educacional, sob a orientação do Professor Doutor João

Augusto Gentilini, subscreve-se na temática: Políticas Públicas para a Educação Infantil, assim sendo, o interesse por esta temática estão relacionadas com a trajetória pessoal e profissional da autora. Essa pesquisa pretendeu investigar como se deu o desenvolvimento da Educação Infantil no município de Porto Velho/RO, buscou levantar dados sobre as políticas públicas municipais produzidas e/ou implementadas e seu impacto na Educação Infantil.

Neste sentido, a autora concluiu que os dados evidenciaram que em alguns aspectos e momentos houve o distanciamento do poder público e de suas políticas sociais dos anseios da comunidade, alvo das ações. Que o atendimento à Educação Infantil na rede municipal ocupou diferentes lugares no período de 1999 a 2008, tanto enquanto retórica quanto na efetivação de ações, dependendo da gestão e do contexto. Todavia, em nenhum desses lugares a primeira etapa da Educação Básica foi qualitativamente ampliada. Em suma, concluímos que para a consolidação da Educação Infantil de qualidade se faz necessário a priorização dessa etapa com definição clara de metas e a ampliação dos recursos financeiros, tanto para a expansão e aparelhagem de escolas, como para as despesas de manutenção e desenvolvimento dessa etapa e ensino (PACÍFICO, 2010).

A Dissertação de Mestrado de Nascimento, Ana Paula (2012), “Avanços e Retrocessos na Oferta da Educação Infantil no Brasil: análise financeiro-orçamentária dos recursos destinados a essa etapa da educação 2001-2010”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP, na área de Estado, Sociedade e Educação, sob a orientação do Professor Doutor Rubens Barbosa de Camargo, buscou analisar a relação entre o financiamento e a expansão desse atendimento, no período de 2001-2010, a partir da pesquisa bibliográfica e documental, objetivando analisar os avanços e retrocessos da oferta da Educação Infantil no país, bem como, o investimento financeiro dos entes federados para atingir as metas do PNE 2001-2010.

Nascimento, Ana Paula (2012) conclui que a Educação Infantil brasileira depende de recursos financeiros e da vontade política para se tornar uma realidade, pois se faz necessário repensar a distribuição da responsabilidade dos entes federados, bem como, o que significa o regime de colaboração entre eles, para a efetivação de redes públicas de ensino. Pois, para a Educação Infantil, os municípios que, em sua maioria, não têm condições financeiras de manter e ampliar os recursos a esta etapa de Educação Básica, já que também são responsáveis pelo ensino fundamental, e possuem uma arrecadação inferior em detrimento aos estados e união. Em suma, no período em análise, a Educação Infantil do país apresentou uma expansão no atendimento de 5,3 milhões de matrículas para 6,8 milhões. No entanto, no âmbito do financiamento para esta etapa da Educação Básica, constataram-se poucos avanços,

não sendo possível identificar uma priorização para com esta etapa de ensino, mais especificamente para as creches brasileiras.

A Dissertação de Mestrado de Correia (2013), “Educação Infantil de 0 a 3 anos: um estudo sobre a demanda e qualidade na região de Guaianazes, São Paulo”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP, na área de Sociologia da Educação, sob a orientação da Professora Doutora Maria Letícia Barros Pedrosa Nascimento, definiu-se a partir da vivência de disciplinas sobre Educação Infantil do curso de Pedagogia concluído pela autora, que a instigou a discussão de estudos acerca desta temática. Para tanto, discutiu aspectos sobre o tema na perspectiva de diferentes abordagens sobre qualidade e Educação Infantil.

O estudo compreendeu que o atendimento à demanda por vagas na Educação Infantil de zero a três anos de idade no município de São Paulo, vem sendo realizado por meio de uma expressiva expansão de convênios com a organização da sociedade civil. Em suma, as políticas voltadas para a Educação Infantil de zero a três anos de idade ainda se mantêm numa visão hegemônica de política para criança carente. A necessidade de proporcionar cuidados às crianças, diante de sua situação de carência, tem sido apropriada pelo poder público da região, para fomentar uma política de expansão de convênios com organizações não governamentais, que nem sempre apresentam as melhores condições de funcionamento (CORREIA, 2013).

É evidente que as produções acadêmicas aqui apontadas no banco de dados da CAPES, versaram sobre diferentes aspectos da Educação Infantil, sejam as políticas educacionais da e para esta primeira etapa da Educação Básica, tanto no contexto da creche, quanto no contexto da pré-escola, da oferta e atendimento deste segmento da educação, bem como das parcerias existentes entre o público e o privado acerca das políticas de Educação Infantil. Assim sendo, destacamos objeto de cada estudo no intuito de vislumbrar as problemáticas que estão em discussão no percurso desta última década as quais abordam a temática da Educação Infantil.

Neste sentido, é possível destacar a partir do estudo de Pereira (2009), que no país, a educação das crianças de até seis anos de idade teve seu crescimento entre os anos de 1970 a 1990. No entanto, a segunda metade dessa última década foi caracterizada por uma redução no atendimento à criança pequena, seja nos espaços de creche ou de pré-escola. Uma das causas apontada pela autora foi a reforma no financiamento da Educação Básica, expressa pela implementação do FUNDEF. Assim sendo, como ressalta a autora,

[...] as políticas formuladas e implementadas de impacto à Educação Infantil se deram em consonância ao contexto político do país, pois estiveram pautadas na redução de gastos e no rompimento do foco universalista ao atendimento público à população, fatores próprios da reforma do aparelho estatal (PEREIRA, 2009, p. 121- 122).

É possível concluir que toda e quaisquer políticas formuladas e implementadas para e da Educação Infantil, bem como para qualquer outro segmento da Educação Básica perpassa o contexto político, econômico e social que a envolve, ou seja, está totalmente atrelado aos interesses e ditames do Estado, sendo estas características determinantes para configurar a necessidade, a objetividade e, sobretudo, o interesse de formular tais políticas.