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PPGEDUC UFPE

4.5 As produções acadêmicas do PPGE e PPGEDUC da UFPE

As produções acadêmicas da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, apontadas no Programa de Pós-Graduação em Educação foram ao todo três dissertações que versaram sobre temáticas diferentes, ou seja, sobre o papel da UNDIME no Estado de Pernambuco na formulação de políticas educacionais; sobre a história do atendimento da Educação Infantil no município de Caruaru; e sobre o UNICEF e a qualidade da educação no município de Riacho das Almas. Já as duas produções acadêmicas destacadas no Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, foram dissertações que versaram sobre os discursos de práticas e infância na Educação Infantil. Assim como podemos visualizar nas produções apresentadas abaixo.

A Dissertação de Mestrado de Malheiros (2006), “A UNDIME-PE e a Municipalização do Ensino no Estado de Pernambuco”, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da UFPE, sob a orientação da Professora Doutora Márcia Ângela da Silva Aguiar, teve como objeto de pesquisa, a atuação da UNDIME-PE no processo de definição e implementação das políticas educacionais na esfera estadual, no período de 1995-2002. Para tanto, procurou-se analisar no presente estudo, as ações efetivadas pela UNDIME-PE diante dos desafios da educação municipal, bem como a sua atuação, no sentido de conquistar e garantir uma participação mais efetiva da esfera municipal no processo de definição dos assuntos educacionais em Pernambuco.

Esta pesquisa revelou que a esfera estadual, por meio da Secretaria Estadual de Educação, buscou assumir a posição de articulador e planejador das políticas públicas para a educação, defendendo uma articulação de rede de ensino entre estado e municípios como condição essencial para a construção da educação pública de qualidade. A UNIDME-PE procurou apoiar e acompanhar os movimentos de conquista e ampliação dos espaços de participação política e procurou desenvolver ações que buscavam incentivar os municípios a conquistarem autonomia, mediante a formulação de seus próprios planos municipais de educação. Em suma, a UNDIME-PE contribuiu para a valorização do poder local, mediante a defesa da autonomia municipal (MALHEIROS, 2006).

A Dissertação de Mestrado de Nascimento, Ana Michele (2013), “O Percurso Histórico da Educação Infantil em Caruaru-PE: tramas tecidas, ressignificadas e reconstruídas no período de 1979-1996”, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da UFPE, sob a orientação da Professora Doutora Aurenéa Maria de Oliveira, partiu do interesse pessoal e profissional da autora. Assim sendo, teve como objetivo reconstruir historicamente o trajeto da Educação Infantil em Caruaru-PE, em seus espaços formais e não formais, nos anos de 1979 a 1996. Para tanto, a autora utilizou como instrumentos metodológicos, arquivos importantes para o tema investigado e entrevistas com professores e ex-professores que atuaram nessa época e também com adultos que eram crianças no período enfocado.

Após a análise do material colhido, a autora chegou a seguinte conclusão: existem alguns limites e algumas possibilidades na implantação e, sobretudo, na consolidação de uma Era dos Direitos. Os limites no campo da educação formal nos espaços investigados, diz respeito especificamente à questão do cuidado em detrimento da educação. Quanto à educação não formal, os limites, dizem respeito diretamente à questão de terem vínculos com o público, porém serem mantidos por ONGs de perfil religioso católico; como tal, estes espaços possuem ideologias ligadas a fundações filantrópicas e beneficentes. E as possibilidades, tanto no campo da educação formal, quanto no da educação não formal, ambos os espaços ainda têm muito que entrecruzar, interagir com a Era dos Direitos e talvez, isso seja possível, entre outros modos, através de uma formação profissional mais incisiva acerca da legislação atual no aspecto referente aos direitos das crianças (NASCIMENTO, ANA MICHELE, 2013).

A Dissertação de Mestrado de Nascimento J. (2013), “Selo UNICEF Município Aprovado: implicações nos discursos de qualidade da educação em Riacho das Almas”, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da UFPE, na área de Políticas Educacionais, Planejamento e Gestão da Educação, sob a orientação da Professora Doutora Luciana Rosa Marques, teve como objetivo identificar os discursos de qualidade educacional dos atores da arena educacional em Riacho das Almas. Assim sendo, a escolha de estudar esse tema no bojo da intervenção de uma agência multilateral sobre as políticas públicas de promoção de direitos da infância e juventude, é a possibilidade de decifrar, no âmbito municipal, as nuances da influência dos discursos da efetivação de um direito humano, a educação de qualidade.

Para a autora, a intervenção do UNICEF na promoção dos direitos da criança e do adolescente não é um dado recente na construção do arcabouço legal nos países da América Latina. Na verdade, esta agencia atua na intervenção educacional nos países subdesenvolvidos deste a década de 1960, especialmente no que tange à primeira escolarização, ou seja, à

Educação Infantil (creches e pré-escolas), público de atuação prioritária deste organismo (NASCIMENTO, J., 2013).

Neste sentido, foi possível concluir que: o município foi certificado pelo Selo UNICEF município aprovado nas edições 2006-2008 e 2009-2012, que reconheceu a gestão municipal por avanços na consecução dos direitos humanos de crianças e adolescentes, dentre os quais a educação, nos períodos avaliados. Ainda que a certificação Selo UNICEF não vise exclusivamente garantir a qualidade educacional, verificou-se que imprime sobre os sistemas de ensino um discurso que afeta as concepções de educação, de qualidade, o labor pedagógico e o processo de construção dessas políticas. Constatou-se, no entanto, que a gestão do município de Riacho das Almas não tem uma tradição de planejamento educacional e participação social (NASCIMENTO, J., 2013).

A Dissertação de Mestrado de Oliveira, I. (2013), “Os Discursos dos Professores da Educação Infantil em Caruaru-PE: dilemas, aproximações e distanciamentos no dizer a criança e a infância”, do Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, da UFPE, sob a orientação da Professora Doutora Conceição Gislane Nóbrega de Lima Salles, se insere na discussão sobre o lugar atribuído às crianças e à infância nos espaços destinados à Educação Infantil, passando pela apreensão dos discursos das professoras que atuam nessas instituições, temática esta advinda das inquietações da autora vividas no espaço acadêmico e profissional. Para tanto, teve como objetivo identificar nesses enunciados qual o lugar que as professoras atribuem à criança e à infância, bem como perceber nesses discursos como os sujeitos organizam e entendem as práticas na Educação Infantil.

Para Oliveira, I. (2013), os enunciados têm elementos que se aproximam e se distanciam de discursividades da tradição histórica da qual herdamos determinada visão de criança que acaba por invisibilizá-la e negar a infância. Assim sendo, as concepções de criança e de infância tem por base discursos que, parecem afirmar as formas intencionais de controle, formação, regulação das crianças e suas infâncias, constituindo a Educação Infantil enquanto espaço de referenciais de comportamento social e padrões culturais. Por outro lado, apontam também noções que permitem pensar a criança como sujeito e ator social, considerando, nesse caso, sua participação ativa na construção de culturas de pares e, desse modo, indicam que os espaços/tempos da Educação Infantil estão mais sensíveis à escuta do que a criança tem a dizer, oportunizando experiências que valorizem as especificidades, o aprendizado, a interação.

Em suma, as professoras concebem as especificidades da Educação Infantil enquanto nível de ensino além dos conhecimentos que consideram necessários para se atuar com essa faixa etária, apresentam dilemas que de certa maneira revelam a perspectiva de Educação

Infantil muito atrelada às práticas próprias do ensino fundamental. De modo geral, revelam que, muito próximo das noções das quais pensam a criança e a infância sob as marcas de perspectivas mais restritas a uma visão desenvolvimentista da vida, há indícios de certa resistência a essa visão, cuja tentativa busca estabelecer a inversão dessa lógica, passando a olhar para as crianças com outro olhar, afirmando a infância na sua novidade, e reconhecendo as crianças em suas particularidades (OLIVEIRA, I., 2013).

A Dissertação de Mestrado de Silva, Ana (2014), “Somos Iguais (?): Práticas e Discursos sobre a Diferença na Educação Infantil”, do Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, da UFPE, sob a orientação da Professora Doutora Conceição Gislane Nóbrega Lima Salles e coorientação da Professora Doutora Tatiane Cosentino Rodrigues, se insere nas discussões acerca das diferenças na educação escolarizada, tomando como foco as formas de abordagem das temáticas relacionadas à diferença na prática docente na Educação Infantil, bem como, os enunciados acerca da diferença que emergem da prática docente com crianças nessa etapa da Educação Básica.

Para tanto, a pesquisa foi desenvolvida em centros municipais de Educação Infantil (CMEIs), através de entrevistas semiestruturadas abarcando mais de 10 dos 13 CMEIs; e observação em três turmas em dois CMEIs, que fazem parte da rede municipal de educação de Caruaru-PE, totalizando um universo de 12 CMEIs e 13 professoras participando desta pesquisa. Dessa forma, teve como objetivo apreender como e através de que enunciados a diferença é abordada na prática docente com as crianças de quatro e cinco anos na Educação Infantil.

A partir desse estudo, foi possível perceber nas práticas e nos discursos das professoras temáticas relacionadas com as diferenças, uma diversidade de maneiras de lidar com a diferença, bem como uma noção ampliada das diferenças, envolvendo temáticas desde as diferenças que podem ser observadas de uma maneira concreta no convívio social como raça, gênero e classe, até diferenças mais subjetivas que só se revelam a partir de um convívio mais próximo. Os discursos revelaram certa continuidade com relação a discursos que enunciam a diferença como o lugar da inferioridade, como um não lugar. Revelaram ainda a utilização de enunciados sobre o outro que se baseiam em discursos mais corriqueiros, apreendidos nas relações cotidianas, onde, mesmo se questionando o mito da democracia racial no Brasil, ainda fazem emergir posições e discursos que se atrelam a marcas dos discursos que dão sustentação a preconceitos e estereótipos (SILVA, ANA, 2014).

As produções acadêmicas aqui apresentadas apontaram diversos objetos de estudos acerca da temática central – a Educação Infantil, tanto no contexto do papel da UNDIME no direcionamento das políticas desta primeira etapa da Educação Básica, quanto da UNICEF na

influência da qualidade da educação. Também versaram sobre os discursos e práticas da Educação Infantil, bem como dos discursos acerca da criança e da infância, nos espaços deste segmento da educação. E, sobre o percurso histórico do atendimento da Educação Infantil em um contexto específico, Caruaru.

Como contribuição desses estudos, para com o nosso presente trabalho, podemos destacar as ponderações acerca da qualidade da educação realizadas por Nascimento, J. (2013), as quais nos foram possíveis de revelar que:

[...] para se chegar à qualidade educacional há que se encarar a participação, a democracia, a cogestão e o diálogo como políticas de Estado; a centralidade do processo de aprendizagem nos profissionais de Educação, o que deve levar a sua valorização e oferta de formação continuada adequada e com entrada no serviço público através de processos seletivos; a construção de ambientes educativos éticos e que gerem motivação docente e discente; o conjunto de insumos necessários ao processo pedagógico; os resultados de aprendizagem discente; a Educação entendida como Direito Humano, de responsabilidade do Estado, Família e Comunidade (p. 207).

Assim sendo, é imprescindível que estes fatores apontados pelo autor se fazem necessário levar em consideração para que possamos chegar ou mesmo adentrar em uma educação pública de qualidade que contemple não só a primeira etapa da Educação Básica, mas sim, toda a Educação Básica, bem como a educação pública brasileira como um todo.