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As propriedades sintáticas da oração, o estatuto de LOC e o licenciamento da ordem VS

Capítulo 2 Análise de propostas apresentadas para a derivação de orações com ordem VS em outras línguas românicas

F) A ordem VSCP

II) VOS também é aceitável com acento contrastivo no sujeito, como em (92):

2.3 A proposta das inversões locativas

2.3.2 Proposta teórica de Pinto para orações com ordem VS em italiano

2.2.3.2 As propriedades sintáticas da oração, o estatuto de LOC e o licenciamento da ordem VS

Em relação à estrutura da sentença, Pinto (1997) parte do pressuposto de que sujeitos de verbos inergativos e transitivos são gerados no especificador mais alto da projeção verbal (seguindo Koopman & Sportiche 1989, Kayne,1994 e Chomsky, 1995). A estrutura da oração pode ser representada como (133) (de uma forma simplificada, sem a adoção de vP (cf. Chomsky, 1995)):

(133) VP

suj V’

V obj

Sujeitos de verbos inacusativos são gerados na posição de complementos de verbos, como em (134):

(134) VP

V obj

Seguindo Chomsky (1995) a autora afirma que o sujeito será o elemento alçado para o Spec da categoria Tempo (ou Inflection) para checar o traço EPP de T. Isso porque se acordo com Chomsky (1995) a formulação de EPP corresponde à checagem dos traços D fortes de T, com os traços D do elemento que estivesse mais próximo na oração, por meio de movimento desse elemento para a posição de Especificador de T20. A representação em (135) ilustra a checagem do traço EPP de T por meio do movimento do sujeito de um verbo transitivo para o Especificador de T, (135):

(135) TP

[+D]Suj T >

[-D] V VP

t^suj V’

v obj[+D)

Para explicar a influência da sintaxe na determinação do foco nas sentenças e conseqüentemente o porquê de orações em que o verbo não seleciona um argumento LOC não poder ocorrer na ordem VS do italiano teremos que relembrar que, segundo a análise dos dados apresentada, verbos que licenciam ordem VS são aqueles que selecionam argumentos locativos ou temporais (LOC). Quando esses verbos ocorrem

com sujeitos pós-verbais em orações com foco largo, LOC será o argumento que irá satisfazer o traço EPP de T, permitindo assim que o DP sujeito fique na posição pós- verbal. Se LOC não estivesse presente, o DP sujeito teria de ir para Spec TP para satisfazer o traço EPP de T e o sujeito não poderia ficar na posição pós-verbal.

O estatuto gramatical de LOC

Para afirmar que LOC é capaz de checar o traço EPP de T, Pinto tem de defender duas posições: (i) LOC possui traços D, capazes de checar o traço EPP de T e (ii) LOC nas inversões locativas, por alguma razão está mais próximo de T que o sujeito da oração.

No caso de LOC sem conteúdo fonológico, Pinto o analisa como um clítico, que tem relações temáticas com o verbo da oração, e que porta o traço D, capaz de checar o traço EPP em T. Esse clítico é uma categoria máxima e mínima21, gerada intemamente ao VP, e que depois se adjunge ao verbo e vai até T. Por estar adjungido ao verbo e mais próximo de T que o sujeito, LOC satisfaz EPP de T. A estrutura a seguir (136) ilustra essa derivação:

(136)

T'

telefonatOi LOC, [+d] VP

Beatrice[+D] V’

U tj

21 Definição de categoria máxima e mínima, segundo Chomsky, 1995: Uma categoria que não se projeta

mais é uma projeção máxima, um XP, e uma categoria que não se projeta é uma categoria mínima. Certos elementos possuem as duas propriedades e são chamados de categorias máximas e mínimas. O exemplo clássico desse tipo de categoria são os clíticos.

Como a autora postula que o clítico LOC porta somente o traço D, de acordo com a versão do programa Minimalista adotada (Chomsky, 1995), T poderá checar os traços de Caso e os traços-phi do sujeito por movimento coberto em LF.

Com a proposta apresentada acima, a autora afirma que pode explicar a diferença entre orações com ordem VS e ordem SV proferidas em contextos out of the

blue, tais como Há telefonato Dante e Dante há telefonato. Segundo Pinto (p. 153), as

orações com ordem VS têm interpretação semântica diferente das com ordem SV, por serem orações como numerações diferentes. Devido a presença de LOC nas orações com ordem VS, elas recebem interpretação dêitica, e o significado do verbo é diferente. Numa oração como Dante há telefonato o verbo recebe interpretação indefinida, como a de fazer ligações e em Há telefonato Dante a interpretação é a de que Dante ligou para algum dos envolvidos numa determinada situação discursiva.

Seguindo o mesmo tipo de explicação usado para orações com ordem VS e SV, Pinto defende que a diferença entre orações com ordem PPVS e SVPP está na numeração de cada uma. As orações com PPVS têm um clítico nulo locativo que se incorpora ao verbo. Ou seja, as orações com ordem PPVS, além de apresentarem um elemento locativo manifesto, como um PP, apresentam também um clítico locativo. Quando o verbo é alçado para T, esse clítico vai com ele e satisfaz o traço EPP de T. Por ser um clítico e estar junto do verbo, LOC pode ser alçado sobre os DPs da oração sem violar nenhuma condição de localidade. Em relação ao elemento preposicionado (PP), que pode ocorrer fonologicamente manifesto no início das inversões locativas, Pinto, seguindo Bresnan (1994), defende a idéia de que esse é um PP gerado localmente. Isto é, é um elemento inserido - merged - no especificador de uma projeção funcional acima de T. Depois de ser inserido, esse elemento locativo é coindexado com

Pela análise apresentada acima, observa-se que a autora defende que PPVS e VS são estruturas geradas basicamente pela mesma derivação. A explicação para a presença ou ausência do PP manifesto está relacionada às propriedades temáticas dos verbos. Segundo a autora, verbos como chegar já trazem consigo a interpretação de localidade, de ponto final da oração, nesse caso LOC não precisa ter conteúdo fonológico e receberá uma interpretação locativa dêitica default. Já verbos como trabalhar e viver, que não têm implícitas informações sobre final da ação, têm de trazer essa informação manifesta, daí a necessidade de o PP ocorrer manifesto.

A explicação da autora para a agramaticalidade de inversões locativas com verbos transitivos, como em (137b-c), é a de que a estrutura das orações que contêm um PP em posição final, como ilustrado em (137), não são licenciadas porque é o PP que recebe o acento da sentença.

(137) a Bruto ha messo il pugnale in questo cassette. “Brutus colocou o punhal nesta gaveta”

b *In questo cassetto ha messo il pugnale Bruto. “Nesta gaveta Brutus colocou o punhal”

c *In questo cassetto ha messo Bruto il pugnale. “Nesta gaveta colocou o punhal Brutus”

Consequentemente, a ordem PPVOS não pode servir de input para a aplicação da NSR, como ilustrado em (138):

(138) VP Spec Bruto V V VP Spec il pugnale V V VP V pp el cassetto messo

2.3.3 Implicações da proposta de Pinto (1997) para orações com outros tipos de