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Não são licenciadas em orações sem elemento QU à esquerda (7a,b):

Capítulo 2 Análise de propostas apresentadas para a derivação de orações com ordem VS em outras línguas românicas

D) Não são licenciadas em orações sem elemento QU à esquerda (7a,b):

(7) a. *A téléphoné ton ami. 'Telefonou seu amigo'.

b. *J'ignore si a téléphoné ton ami. 'Eu não sei se telefonou seu amigo.'

2.1.2 Características apontadas como evidências de movimento de IP para o CP

Um dos argumentos de Kayne & Pollock (2001) a favor da existência de movimento para o CP é o relativo à posição de sujeito das orações com SI do francês. Os autores fazem vários testes com os sujeitos das SI para mostrar que, apesar de estes serem manifestos em uma posição pós-verbal, não ocupam a posição de objeto nem estão na mesma posição dos sujeitos pré-verbais. Para os autores, os sujeitos das

A agramaticalidade de uma oração com SI e com verbo transitivo, como em (5),

*A qui a montré mon article ton ami?, poderia levar a pensar que os sujeitos pós-verbais

das SIs estariam ocupando a posição de objeto. Isso porque a ordem dos termos das SI - QU- VAux V S - pode levar a pensar que, quando o sujeito se move para a posição pós- verbal, ele vai para a posição de objeto. Em uma análise alternativa, o raciocínio poderia ser o seguinte: a impossibilidade de ocorrerem sujeitos pós-verbais a verbos transitivos se dá porque esses verbos apresentam um objeto na posição pós-verbal, que é a mesma posição para onde vão os sujeitos de SI. Para argumentar contra essa possível suposição, os autores mostram que há certos tipos de orações com SI que podem ocorrer com verbos transitivos. Nesses casos, ou o verbo transitivo seleciona um objeto idiomático (8a,b), ou seleciona como objeto um quantificador nu (8c).

(8) a. *A qui a montré mon article ton ami? Tara quem mostrou meu artigo teu amigo?’

b. Cela fera avoir faim *(à) Marie. ‘Aquilo fará ter fome Maria’

c. La filie à qui a tout dit Jean-Jacques ‘A garota a quem tudo disse Jean-Jacques’

2.1.2.1 Os sujeitos de orações com SI não estão na posição de objeto

A gramaticalidade de certos tipos de orações com verbos transitivos mostra que o sujeito pós-verbal não está na posição de objeto.8

Ainda em relação à comprovação de que sujeitos pós-verbais não estão na posição de objetos de verbos transitivos, os autores afirmam que, se a oração apresenta um objeto direto em forma de elemento QU- (9), a SI também é possível.

(9) Qu’aditJean?

O exemplo em (9) mostra que pode haver objetos de verbos em orações com SI e que, por isso, não se pode considerar que o sujeito pós-verbal esteja na posição de objeto. Devido às evidências apresentadas os autores concluem que os sujeitos das inversões estilísticas não estão na posição de objeto.

2.1.2.2 Os sujeitos de orações com SI estão dentro do CP A) Teste com o clítico partitivo en

No francês, segundo K&P, a cliticizaçâo do en quantitativo é possível a partir da posição de objeto (10):

(10) a. le jour ou le juge en a condamné trois ‘o dia em que o juiz deles condenou três’

(11) *TroiSi eni sont partis. ‘três deles partiram’

(12) *Le jour ou en; ont téléphoné troisj.

‘o dia em que deles telefonaram três’

Para os autores as diferenças de gramaticalidade entre (10) - que apresenta um objeto na posição pó-verbal - e (12) - com o sujeito na posição pós-verbal - podem ser analisadas em termos de c-comando. Ou seja, o clítico en deve ser extraído de uma posição que c- comande sua posição original. Esse requisito ocorre em (10), mas não em (12), em que a agramaticalidade mostra que o quantificador en não pode c-comandar o sujeito pós- verbal. O raciocínio dos autores é o seguinte: a ordem dos elementos é a mesma em (10) e (12) - quantificador-verbo-objeto em (10) e em (12) quantificador-verbo-sujeito; em (10) o quantificador pode c-comandar o objeto, mas em (12) não pode c-comandar o sujeito, que aparentemente ocupa a mesma posição. Como os autores trabalham com a hipótese de que o sujeito não pode estar num especificador à direita de um núcleo, eles concluem que na SI o constituinte sintagmático que contém o en se moveu todo para a esquerda do sujeito da SI. O constituinte c-comanda o sujeito, mas seus constituintes internos - como o en - não c-comandam e é por esse motivo que (12) é agramatical.

Os autores trazem um argumento adicional a favor da hipótese de que os elementos internos ao constituinte frasal movido não c-comandam o sujeito pós-verbal. Trata-se do comportamento dos clíticos nas inversões estilísticas.

N o en tanto, o en quantitativo não p o d e ser extraíd o d e su jeitos pré-verb ais (11) n em de su jeito s p ó s-v erb a is em in versões estilística s (12)

‘a quem o mostrou J-J’

b. Que lui a dit Marie? ‘o que lhe falou Maria’

Para os autores, em (13a,b) os cliticos /’ e lui, apesar de estarem manifestos acima dos sujeitos, não os c-comandam. Se isso ocorre, eles devem ter sido movidos para uma posição acima do sujeito, de forma que não podem c-comandá-lo. A proposta dos autores é a de que ocorre movimento de todo o IP, com exceção do sujeito, e que as subpartes do IP remanescente não podem c-comandar o sujeito pós-verbal.

O movimento de um constituinte igual ao IP sem o sujeito poderia parecer movimento de uma categoria não máxima, o que não é permitido na teoria. A hipótese dos autores é que na SI o sujeito se move do Especificador de IP para uma posição mais alta, deixando uma categoria nula em Especificador IP. Isso permite que o movimento do IP seja o movimento de uma categoria máxima, contendo uma posição de sujeito vazia. (Mais adiante, quando a argumentação a favor do movimento do IP remanescente estiver concluída e a teoria mais elaborada, o ponto de vista dos autores sobre esse ponto será abordado novamente e ficará mais claro).