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3. BASE LEGAL

6.2 AS RIQUEZAS NATURAIS DE LARANJEIRAS

Laranjeiras é um município localizado na região do Vale do Cotinguiba e incluído na Zona da Mata, mas a cobertura vegetal remanescente da Mata Atlântica, atualmente na maior parte foi substituída por plantações comerciais de cana-de-açúcar e côco, e de subsistência de mandioca, milho e outros. Está inserido na bacia do Rio Sergipe, banhado diretamente pelo seu afluente, o Rio Cotinguiba (GRAU, 1975).

A maior riqueza natural da cidade é Rio. Quando do começo da formação do povoado, o rio foi utilizado para vários fins, principalmente para a pesca e navegação. Visualmente pode-se ver a degradação pela qual fora submetido ao longo dos anos. Merece destaque a informação de que a cidade fora construída em função do rio e que hoje, por ação do próprio homem, o rio, está poluído e sua vazão reduzida a ponto de não mais permitir a navegação como ocorria no século passado.

As praças e ruas alinham-se, obedecendo praticamente ao traçado do vale fluvial. Observe-se a disposição da Av. Municipal, Trapiche, Pça. Samuel de Oliveira, Pça. da República, Rua Pereira Lobo, Pça. Josino Menezes e Pça. Dr. Bragança, que constituem o centro da cidade e que foi instalado sobre um terraço meandrado do Cotinguiba, parcialmente ocupando o leito maior daquele rio. (GRAU, 1975, p.13)

Ainda existe na cidade um remanescente mínimo de manguezal, praticamente todo destruído pela ação do homem, que ocupou de forma irregular e desordenada a área. Segundo (GRAU, 1975), o mangue fora circundado por modestas moradias. Destaque-se que esse estudo fora feito 40 anos atrás, hoje a ação antrópica praticamente extinguiu a vegetação nativa.

Segundo a Secretaria de Infraestrutura municipal, já foi executada a primeira etapa da obra de revitalização do Rio Cotinguiba, com a finalidade precípua de aumentar o leito do Rio até o trecho da Universidade Federal para evitar com isso transbordamento em períodos de chuvas intensas. Ainda sem previsão para começar a segunda etapa desse processo. A Secretaria de Cultura informou que existe um projeto em andamento da construção de uma orla margeando o rio na área urbana e limpeza do seu leito.

No meio ambiente natural encontram-se também formações geomorfológicas, das quais merece destaque a Gruta da Pedra Furada, formação rochosa de pedra calcária, localizada no povoado Machado. O acesso é relativamente difícil e por estar isolado de moradias, sem vigilância social nenhuma, torna-se perigoso. Em visita ao local, o que se observou foi uma área abandonada, nada de exótico, a não ser o mito popular, de que o local, teria sido usada por nativos na época da colonização como rota de fuga. Contam os moradores que existiria supostamente um túnel que levaria até a Igreja da Comandaroba, mas não foi encontrado nenhum dado que comprove realmente a existência da passagem, o local foi tombado em 1990 pelo Governo do Estado de Sergipe.

Outro destaque também é a Gruta da Matriana, situada na Vila do Faleiro, considerada Patrimônio cultural, vez que teria sido utilizada por padres como refúgio para orações, desde 1795. Como as duas Grutas e o Rio são tombados como Patrimônio Cultural do Estado e constam do Inventário Nacional de Referências Culturais em Laranjeiras, realizado pelo IPHAN, em 2007, quando da entrevista, fora questionado se existia algum trabalho realizado em parceria entre o IPHAN e os órgãos ambientais (federais, estaduais e/ou municipais), no sentido de preservar esses bens ambientais Culturais, sendo respondido que isso seria competência do Governo do Estado, já que o decreto de tombamento foi do executivo estadual. Verbalmente a Subsecretaria do Patrimônio Cultural do Estado-SUBPAC informou que não tem nenhum projeto nesse sentido, mas não devolveram o questionário escrito respondido. Cabe destacar que em dezembro de 2014, o Governador do Estado de Sergipe, assinou decreto que extinguiu a Subsecretaria do Patrimônio (SUBPAC), incorporando suas atividades à competência da Secretaria Estadual de Turismo (SECTUR).

A Administração Estadual do Meio Ambiente - ADEMA também não tem nenhum trabalho voltado para a preservação dos bens naturais em Laranjeiras. Pelas informações colhidas, o órgão ambiental estadual atua mais como órgão licenciador e fiscalizador.

A Secretaria de Infraestrutura Municipal destacou como relevante o projeto concluído de urbanização da orla do Rio e a Secretaria de Cultura considerou que até o momento a única ação do município em relação a gruta da pedra furada, é um trabalho de fiscalização a não depredação realizado pelos guias de turismo, e que em breve estarão sendo desenvolvidas.

Figura 6.2.1 – Gruta da Pedra Furada – Laranjeiras/SE (acervo pessoal)

Interessante observar, que segundo o contexto histórico, Laranjeiras se formou em torno do Rio Cotinguiba, mas não desenvolveu pelo rio uma relação geralmente comum em populações tradicionais que vivem essa proximidade com o bem natural. Ao que parece, infelizmente a população não possui uma identidade com o rio. Conversando com moradores, principalmente os com menos de 50 anos de idade, se percebe nitidamente que não faria diferença se existisse ou não o rio. Alguns comentam que “um dia o Imperador chegou na cidade pelo rio”, mas parece mais uma frase já pronta do que realmente um sentimento de orgulho advindo da riqueza natural que existe na cidade, refletindo bem o pensamento de

(CARSON, 2010), apresentado no capítulo I deste trabalho, no item que trata acerca da ética ambiental.

O que se vê na relação da população laranjeirense no tocante a seus bens ambientais naturais é que não existe cautela no modo como lidar com o meio ambiente. Entende-se também que as ações dos poderes públicos tem mais haver com um embelezamento visando o potencial turístico do lugar do que uma preocupação realmente efetiva em recuperar de fato os bens naturais daquele lugar.