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3. BASE LEGAL

4.5 DESENVOLVIMENTO VERSUS CULTURA: O DIREITO À CIDADE

Atrelado ao conceito de desenvolvimento está também o conceito de urbanização.

Grosso modo, o conceito “urbanização” pode ser considerado como sendo o processo que se

dá quando determinado lugar passa a perder as características rurais e passa a ter características urbanas. Talvez a maior alavanca mundial para o processo de urbanização tenha sido a industrialização, (LEFEVBRE, 2001), chega a utilizar o termo “sociedade industrial” para definir a “sociedade moderna”.

11Estes lieux de mémoire são fundamentalmente restos, remanescente da memória que quase não sobreviveu à

Segundo Santos, B. (1982, p. 34), as transformações da cidade estiveram sempre relacionadas com as transformações do campo e o desenvolvimento do capitalismo como fenômeno iminentemente urbano, acabou por subordinar o campo à cidade. O processo de desenvolvimento urbano é muito mais que um processo de crescimento econômico, seria um processo complexo com mudanças nas características culturais dos locais.

Um exemplo desse processo é Chicago, que em menos de 50 (cinquenta) anos passa de um lugar insignificante para a segunda maior cidade norte-americana. Segundo, Eufrasio (1999), ao analisar o crescimento rápido de Chicago, considera que o desenvolvimento das ferrovias foi decisivo para este processo, tendo em vista que a cidade que era um grande entroncamento de linhas tornou-se um grande centro comercial do meio-oeste.

Ainda de acordo com Eufrasio (1999), o fato da produção de todos os bens manufaturados dos Estados Unidos se concentrar em Chicago, atraiu imigrantes de toda parte do mundo, principalmente uma elite que contribuiu para o desenvolvimento da escola de Chicago de arquitetura, que “não somente contribuiu com o arranha-céu para a civilização urbana americana como também criou o primeiro estilo arquitetônico urbano coerente e próprio do continente” (BULMER apud EUFRÁSIO, 1999, p. 28-29).

O grande problema é que as mudanças nos aspectos físicos das cidades, principalmente numa escala de tempo pequena, como no exemplo de Chicago, trazem bônus, mas também trazem ônus. Vale aqui a ideia de Diderot (2011, p. 119), que em pleno século XVIII, já lembrava que a corrupção e os vícios nascem e crescem com o nascimento e crescimento das cidades.

Considera Lefevbre (2001, p. 11-12), que a Cidade preexiste à industrialização e já tem uma poderosa realidade, “a própria cidade é uma obra, e esta característica contrasta com a orientação irreversível na direção do dinheiro, na direção do comércio, na direção das trocas, na direção dos produtos”.

Para alguns, a cidade seria uma área urbanizada, para outros o termo "cidade" designaria uma entidade político-administrativa. De acordo com (CARLOS, 2013, p. 67), a cidade, enquanto realização humana é um fazer intenso, ininterrupto, “a cidade tem a dimensão do humano, refletindo e reproduzindo-se através do movimento da vida, de um modo de vida, de um tempo específico que tem na base o processo de constituição do humano. Para Rousseau (2002), a cidade seria “a pessoa pública, formada assim pela união de

todas as outras”. Ou seja, a cidade seria um ente produzido através de uma associação de vontades, na qual a essência seria o acordo de obediência e liberdade inerente a todos eles.

[...] ao invés da pessoa particular de cada contratante, esse ato de associação produz um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros quanto a assembléia de vozes, o qual recebe desse mesmo ato sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade. (ROUSSEAU, [1762] 2002, p. 26)

De acordo com Freitag (2006, p. 23), as cidades são formações históricas próprias, cada uma com sua individualidade. Já Lefebvre (2001), considera que a cidade ultrapassa os limites da geografia, ela é construída estabelecendo uma relação entre a sua história e as transformações pelas quais passou, seria a Cidade sinônimo de cultura.

O duplo processo de industrialização e de urbanização perde todo seu sentido se não se concebe a sociedade urbana como objetivo e finalidade da industrialização, se se subordina a vida urbana ao crescimento industrial... A industrialização produz a urbanização inicialmente de modo negativo... A sociedade urbana começa sobre as ruínas da cidade antiga e da sua vizinhança agrária... (LEFEBVRE, 2001, p. 137)

Freitag (2006, p. 115) citando Sassen, afirma que o estudo urbano traz o alerta de que a vida urbana tem sido perigosamente alterada pelos funcionários das firmas multinacionais, que chegam as cidades colonizando-as virtualmente.

A estrutura física da cidade representa uma figura geométrica, motivo pelo qual para Park, citado por Eufrasio (1999) no livro Estrutura Urbana e ecologia humana, os processos inevitáveis da natureza humana têm um caráter difícil de controlar, fazendo com que esta assuma uma organização que não é nem intencionada e nem controlada. Fato que de acordo com Carlos (2013, p. 69) provoca mudanças cada vez mais rápidas e profundas, alterando o ritmo de vida, a relação das pessoas e até mesmo os valores.

[...] o que antes era um mero agregado de pessoas, uma expressão geográfica de concentração da população, “se torna vizinhança, uma localidade com sentimentos, tradições e uma história próprios”, e de algum modo, dentro de cada vizinhança, “se mantém a continuidade dos processos históricos”, o passado se impõe sobre o presente e a vida de cada uma se altera com certa força e ritmos próprios, com certa independência do círculo maior de vida e dos interesses em seu redor. (EUFRASIO, 1999, p. 51)

É a concepção ecológica da estrutura urbana. Segundo Eufrásio (1999, p. 46) existem duas linhas de ênfase no estudo da organização espacial da cidade. Uma linha que identifica as forças da dinâmica espacial e descreve seu movimento real até a recriação do quadro espacial e a linha que ressalta os aspectos da estrutura espacial que se configura num conjunto definido de categorias de áreas diferenciadas da cidade num determinado momento. Essas duas concepções são baseadas nos estudos de Robert Park, um importante sociólogo urbano norte americano e do sociólogo canadense Ernest Burgess, respectivamente.

Observe-se que na linha dos estudos de Park, a cidade deveria ser pensada como uma instituição, sendo algo além do simples aglomerado de pessoas ou uma entidade coletiva. Ou seja, a cidade abrange um todo, o conjunto entre esse ente coletivo, e toda estrutura física. Segundo Eufrasio (1999), Robert Park sustentaria que a cidade possui uma organização física e uma moral, o que fará que adiante, o mero aglomerado de pessoas, venha a se tornar uma localidade com sentimentos, tradições e histórias próprias. Já do ponto de vista dos estudos de Burgess, existiria uma cooperação mútua que faz com que a cidade exista, mas ao mesmo tempo existiria uma competição, que é o que mantém a cidade como um organismo vivo, através das interações entre as forças sociais e econômicas. Pensamento este que se aproxima em parte com o de Lefebvre (2001), quando este entende que a cidade não pode ser vista como um sistema fechado,vez que estas interações sociais possibilitariam a abertura de inúmeras outras possibilidades.

Em verdade, de tudo que fora lido até agora, concordamos com a assertiva de que a cidade é um organismo vivo, produto das interações morais, que produzem as cooperações competitivas descritas por Ernest Burgess. Corroborando com essa ideia, podemos remontar a Rousseau (2002) na Carta ao Senhor Voltaire sobre a Providência, quando este atribui ao homem a responsabilidade por suas próprias desgraças. Sem dúvida razão assiste ao renomado pensador, vez que a ambição e o egoísmo oriundos da natureza humana são as principais causas para os problemas enfrentados por toda sociedade. Os homens estabelecem distâncias morais, convertidas em preconceitos e que servem como justificativa para o processo de segregação interna existente dentro de toda e qualquer cidade. Segundo (EUFRÁSIO, 1999, p. 56), as cidades “mostram o bem e o mal da natureza humana em excesso”.

Destaque-se que essa suposta sociabilidade que segrega o grande grupo em pequenos grupos nesse aspecto se confunde com etnicidade, na medida em que a intimidade é desenvolvida dentro desses pequenos grupos dos quais são excluídos os que podem ser

chamados de intrusos, por não possuírem as características que se exige para que estes sejam “socialmente” aceitos. E existe atualmente uma grande preocupação em se ser aceito socialmente, o que leva as pessoas a se fecharem em pequenos grupos sociais por medo da rejeição, formando um círculo vicioso que entendemos assim, extinguir a possibilidade de pensar esse grupo como uma sociedade política ampla e soberana. São bem recebidos apenas aqueles que compactuam dos mesmos gostos, dos mesmos pensamentos. A maior consequência disso é a promoção de um afastamento cada vez maior entre os homens inseridos numa mesma sociedade o que leva a falta de elo entre eles, mola propulsora da unicidade.

Se no plano efetivo da história o reconhecimento das diferenças é importante, no plano filosófico especulativo- o qual instaura um dever ser e a possibilidade mesma de critica às desigualdades- reconhecer uma “natureza comum”, constituída pela liberdade, igualdade e pela bondade originais é decisivo. (GARCIA, 1999, p. 54)

Olhando num plano mais amplo, ao longo da história podemos observar que o mundo se constitui num misto cultural e por essa mera observação podemos ainda compreender que a fonte da desigualdade entre os homens é o próprio homem (GARCIA, 1999).

Ao se pensar no desenvolvimento das cidades, estas questões ligadas à natureza humana não podem ser excluídas, pois o homem é a base, nada se desenvolve se o homem não se desenvolver também, o problema é que a voracidade humana atropela os demais processos internos de conhecimento a si mesmo. Isso prejudica muito os estudos que são feitos acerca do processo desenvolvimentista. De acordo com Fortuna (2006, p. 11) a preocupação desenvolvimentista é que faz com que se ofusque ou se perca a análise das cidades. Trata-se de um processo tanto mais gravoso para a sub-disciplina sociológica quanto ocorre à contra-ciclo.

[...] a moderna cultura urbana que é cada vez mais uma cultura de velocidade e de instantaneidade adversa à história e à memória dos lugares, contraria o espaço- tempo de encontro público e vê o cidadão como ser em contínuo movimento dirigindo-se sem interrupção a um destino pré-estabelecido. (FORTUNA, 2006, p. 5)

Criou-se uma falsa generalização mundial, na qual se ocidentaliza o oriente e vice versa, mas que, de certa forma ao invés de agregar produz mais segregação. É vendida a imagem que tudo está sendo globalizado, mas em verdade o que existe por trás é uma

tentativa implícita de se levar o produto cultural de um lugar para outro, sem respeitar a realidade local do receptor desse produto. Para Garcia (1999), ao citar a crítica ao cosmopolitismo feita por Rousseau, é evidente que existe uma ilusão quando se acredita que a transposição do modo de vida de uma sociedade para outra é algo que extermine as diferenças. Em outras palavras isso que se chama de teoria da convergência, ou seja, os processos através dos quais se impõe a cultura de um local em outro, geralmente esses lugares destino são os que estão em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. No entanto, esse processo ao invés de agregar, provoca mais segregação ao tempo em que exclui do polo receptor a população local. Segundo (FORTUNA, 2006, p. 13), as simbioses teóricas estão sendo abertas no campo das questões urbanas de cidades, tanto no domínio sociológico e político como nos processos econômicos e urbanísticos e a consequência para essa chamada teoria da convergência seria o progresso que chega, mas, também traz pobreza, drogas e criminalização.

Uma das preocupações de Lefebvre (2001), é considerar que existe alienação na forma como se estuda a cidade, vez que resumem os seus problemas a questões espaciais, desconsiderando seus inúmeros contextos. Para Carlos (2013, p. 23), o uso diferenciado da cidade, demonstra que este espaço se constrói e se reproduz de forma desigual e contraditória, “a desigualdade espacial é produto da desigualdade social”.

A cidade não é apenas uma linguagem, mas uma prática. Ninguém portanto, e não tememos repeti-lo, ressaltando-o, está habilitado a pronunciar esta síntese, a anunciá-la. Não mais o sociólogo ou o “animador” do que o arquiteto, o economista, o demógrafo, o linguista, o semiólogo. Ninguém tem nem o poder e nem o direito de fazê-lo. Talvez apenas o filósofo tenha esse direito, isto se a filosofia, no decorrer dos séculos, não tivesse mostrado sua incapacidade de atingir realidades concretas (ainda que ela sempre tenha objetivado a totalidade e levantando as questões globais e gerais). Apenas uma práxis, em condições a serem determinadas, pode se encarregar da possibilidade e da exigência de uma síntese, da orientação na direção desse objetivo: a reunião daquilo que se acha disperso, dissociado, separado, e isso sob a forma da simultaneidade e dos encontros. (LEFEBVRE, 2001, p. 101-102)

Pensamento similar ao de Fortuna (2002, p. 20), que acredita que a cidade do futuro próximo deverá ser construída como uma cidade nova. Uma cidade que corrija os principais erros da cidade de hoje e se mostre uma cidade justa, imaginativa, ecológica, tão compacta como policêntrica, com memória e sentido de lugar, de fácil contacto social, culturalmente diversa e, acima de tudo, uma cidade bela (FORTUNA, 2002, p. 20). Interessante apresentar

que de acordo com Bolle (2000, p. 29), o poder da metrópole está no mercado consumista, local no qual existe espaço tanto para a circulação de mercadorias como para o consumidor envolto numa atmosfera de luxo. Esse mesmo lugar de desejos é o cenário ideal para despertar outras visões da cidade, como o contraste entre a burguesia e a realidade vivida pela classe operária.

Para Freitag (2006, p. 21-23), a questão monetária, valores abstratos, a comercialização e a possibilidade de tudo ter um preço, até mesmo o amor, influenciam na mente das pessoas que vivem na cidade, e cria um novo valor na história mundial do espírito. Nos dias atuais na cidade, as pessoas vivem como se estivessem num grande hotel, segundo Park apud Eufrásio (1999, p. 54-56) se mantêm cordiais, mas estabelecem relações fortuitas ao passo em anulam qualquer possibilidade de intimidade através de distâncias morais mentalmente estabelecidas.

Já Fortuna (2006) considera que existe uma contradição entre a cidade como espaço libertador com vínculos e interações fortes, em oposição com a cidade responsável pelo desaparecimento do que teria sido a comunidade pré-urbana, destroçada agora por uma individuação excessiva, realidade que foi mal acautelada pela sociologia urbana.

Os espaços sociais de proximidade relacional não são deste modo, espaços de fechamento individualista e de “solidão” comunicativa (FORTUNA, 2006, p. 2), mas essas alterações sofridas interferem tanto no modo como se vive como no modo em que se interpreta.

A participação pública dos cidadãos, grupos e movimentos sociais surge condicionada e, perante os efeitos sensíveis da globalização da economia, da cultura e da comunicação, o espaço público das cidades surge pautado pelos desígnios da massificação e da estetização dos consumos, do mesmo modo que o planejamento urbano e mesmo numerosas imagens identitárias e promocionais das cidades passam a sujeitar-se à lógica do mercado. É a chamada colonização do espaço público urbano. (FORTUNA, 2002, p. 7)

Utilizando uma concepção restrita, poderia se considerar que a retração do espaço público deve-se a incoerência de modelos de planejamento arquitetônico e urbanístico, Fortuna (2006), considera não apenas esse o motivo, mas também a desurbanização e a desvitalização dos lugares e das interações sociais.

[...] a moderna cultura urbana que é cada vez mais uma cultura de velocidade e de instantaneidade adversa à história e à memória dos lugares, contraria o espaço- tempo de encontro público e vê o cidadão como ser em contínuo movimento dirigindo-se sem interrupção a um destino pré-estabelecido. (FORTUNA, 2006, p. 5)

A necessidade da revisão epistêmica, segundo Fortuna (2006), reforçará a compreensão dos quotidianos urbanos e das diversas expressões culturais da vida na cidade. Alertando, que a teoria da convergência despreza universos urbanos não ocidentais, produzindo uma retórica exclusivista, incongruente com a chamada globalização. A teoria renovada deverá equacionar o mundo urbano na sua globalidade, impondo-se um dever de convergi-las e torná-las aptas para um projeto e uma narrativa global (FORTUNA, 2006, p. 16-17).

A afirmação moderna da cidade como entidade autônoma, política, econômica, administrativa e cultural, é uma longa história de tensões e conflitualidades. Na cidade medieval e barroca, por exemplo, este quadro de tensões coloca a cidade em manifesta oposição àquilo que hoje designamos por “campo”. “Os ares da cidade libertam”, esse velho aforismo da Alemanha pré-moderna é elucidativo deste conflito, pois, nele, a cidade representa a liberdade e emancipação política e social a que aspiram os camponeses. (FORTUNA, 2002, p. 2)

É importante também salientar que para Fortuna (2002), a cidade é eminentemente excludente: repele e subalterniza os grupos sociais vulneráveis que “ofendem a frágil sensibilidade do olhar burguês”, o que leva a morte simbólica de uma parte da cidade onde estão os mais frágeis, pobres e incultos, e enaltece a outra, a dos mais ricos, cultos e poderosos, considerando ainda que “a cidade substituiu o seu conflito com o campo e o rural pelo conflito consigo própria” (FORTUNA, 2002, p. 4).

Como pressuposto, Fortuna (2002, p. 7-8) traz a chamada “crise” do espaço público das cidades, resultante da lógica cultural contemporânea que acentua, de um lado, o reino do individualismo e da domesticidade e, de outro lado, a cultura do movimento e da velocidade. As transformações socioeconômicas assinaladas desde os tempos da cidade estariam ligadas com a questão dos espaços públicos urbanos.

Necessitamos, para tanto, de assegurar um requisito fundamental: é preciso que o redesenvolvimento cultural das cidades e dos seus espaços resulte de uma conferência alargada de consenso participado que se debruce sobre o lugar e o significado do tempo e do espaço na cidade, para o que se torna essencial pôr em confronto as visões díspares do que antes designei por cidade e “não”-cidade e as

suas respectivas leituras e sentidos desta relação espácio-temporal. Se esta é a hipótese, a contra-hipótese traduz-se no facto de, perante a impossibilidade desta conferência de consenso, a cidade, em vez de diversa, permanecer sujeita a intervenções medíocres, ou à arrogância e à insensibilidade de muitos profissionais das terceiras culturas, ou ao utilitarismo de muitos investimentos e usos dos seus espaços públicos. Ou mesmo a tudo isso simultaneamente. (FORTUNA, 2002, p. 156-157).

O direito à cidade é o direito de ser cidadão. Segundo Diderot (2011, p. 121), constitui o direito de participar dos privilégios que são comuns a todos os cidadãos. Em tese, a existência da cidade pressupõe a regras intrínsecas estabelecidas para regular a convivência social. Desses grupos que se formam em torno de um ideário comum têm-se as cidades.

De acordo com Lefebvre (2011, p. 111), o fato de habitar aqui ou ali comporta a recepção, a adoção, a transmissão de um determinado sistema. A própria ontologia da cidade moderna (fragmentações e incoerências políticas, sociais e culturais) é o que dificulta a instituição de ações que abranjam o redesenvolvimento cultural das cidades. Fortuna (2002, p. 19), considera, nesse sentido, que o espaço público bem sucedido é um espaço público que além do seu sentido estético, se revela inteligível, abstrato e não apenas funcional, mas, ao mesmo tempo, suficientemente definido e explícito, de modo a promover a intersubjectividade da cidade.

Com base nas análises teóricas apresentadas ao longo desta dissertação, adentraremos agora na análise mais detida dos processos de urbanização da cidade Laranjeiras. Antes de passarmos aos resultados e discussões será apresentada a metodologia utilizada na pesquisa bem como o caminho trilhado para a obtenção das informações coletadas e das considerações que a partir de então foram feitas.

5 METODOLOGIA