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3. BASE LEGAL

5.2 LEVANTAMENTO DE DADOS

A primeira fase da pesquisa foi o levantamento bibliográfico e documental. o levantamento bibliográfico se fez extremamente necessário tendo em vista a necessidade de conhecer os fundamentos teóricos acerca da temática tratada na pesquisa, desde a questão da proteção ambiental, passando por todo processo de conhecimento dos diversos conceitos a serem abordados na construção da dissertação final, tais como o conceito de socioambiental, cidade sustentável, o direito à cidade, dentre tantos outros abordados ao longo dos capítulos.

Assim, tão logo identificadas as obras à serem estudadas, iniciou-se o processo de fichamento, separando de cada obra o que seria interessante utilizar como referencial teórico da presente pesquisa.

A pesquisa bibliográfica é um excelente meio de formação científica quando realizada independentemente – análise teórica- ou como parte indispensável de qualquer trabalho científico, visando à construção da plataforma teórica do estudo. (MARTINS, 2009, p. 54)

Passada essa fase de identificação das obras pesquisadas, estas começaram a ser separadas em grupos de acordo com os temas que estavam sendo discutidos em casa capítulo da revisão de literatura. Foi utilizada a classificação básica, separando para cada tópico à ser analisado as obras primárias, secundárias e terciárias. Vale lembrar que à

medida que o trabalho ia avançando, muitas dessas obras ganhavam novo posicionamento e classificação de acordo com o desenvolvimento do texto revisor.

Já o levantamento documental deu-se em face de necessidade de conhecer todo o aparato legal do município, para de fato encontrar no ordenamento jurídico municipal as leis que importavam na pesquisa. Foi assim, que de todo arcabouço jurídico, decidiu-se trabalhar com os seguintes dispositivos legais do município: a Lei orgânica, o Plano diretor participativo, a lei de uso, ocupação e parcelamento do solo, o código de edificações e o código ambiental.

Ainda no levantamento documental, foi possível encontrar outros documentos, que também foram utilizados, mas para os quais não houve uma analise profunda, em face de a pesquisa ter como foco principal, a legislação municipal. Um dos principais documentos encontrados foi o estudo completo feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional- IPHAN para realizar o tombamento do sítio arquitetônico na década de 1990.

Após coleta de todo material, chegou a hora de voltar a Laranjeiras onde foram aplicadas entrevistas semiestruturadas. O objetivo dessas entrevistas não foi obter dados estatísticos ligados a números. Elas fizeram parte enquanto complemento do trabalho observacional.

A entrevista é uma técnica de pesquisa para coleta de informações, dados e evidências cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que entrevistados atribuem a questões e situações, em contextos que não foram estruturados anteriormente, com base nas suposições e conjecturas do pesquisador. (MARTINS, 2009, p. 88)

Foi assim que as entrevistas consistiram numa avaliação diagnóstica, com o objetivo de confrontar os documentos e as observações com a percepção dos entrevistados, buscando chegar o mais próximo possível do que se pode chamar de verdade dos fatos.

Inicialmente, o público alvo para esta entrevista eram membros da administração pública direta e indireta (União, estado, município), população que vive em Laranjeiras, pessoas que trabalham e/ou estudam na cidade, bem como autoridades ligadas ao poder judiciário. No entanto, à medida que o trabalho foi sendo desenvolvido e algumas dificuldades foram surgindo, precisou-se fazer alguns ajustes.

Dessa forma, o primeiro grupo a ser entrevistado seria da população de Laranjeiras, fosse ela nativa ou pessoas que apesar de não terem nascido na cidade, vivem lá. A primeira dificuldade encontrada foi de conseguir pessoas que se interessassem em responder com o que se chama de boa vontade. Em quase uma semana, num trabalho árduo, conseguiu-se apenas 6 (seis entrevistas). Assim, diante do tempo escasso, pensou-se em contratar um Instituto de pesquisa especializado para aplicação dos questionários, mas após profunda reflexão, se as entrevistas se dessem dessa maneira, não alcançariam seu objetivo maior que era a interação entre o pesquisador e os pesquisados, item essencial para as pesquisas nas ciências sociais.

Outro ponto negativo foi o baixo grau de informação das pessoas, que remetem ao medo, a falta de interesse e principalmente a timidez. Em que pese, vale destacar que a conversa com o potencial entrevistado transcorria muito bem, até o anúncio de que se desejava fazer algumas perguntas para uma pesquisa. As poucas pessoas que se dispuseram a responder tinham interesses políticos.

Assim, foi possível perceber que na cidade existem dois grupos políticos rivais e que a rivalidade passa para a população, o que fazia com que, aqueles que são a favor do prefeito atual se posicionassem como se tudo fosse muito bom e que ruim era na outra gestão. Já aqueles que atualmente se diziam da oposição criticavam a gestão atual e trazia o saudosismo da gestão anterior, fato que prejudicava e comprometia o objetivo das entrevistas, conforme já mencionado anteriormente.

Dessa maneira, foi preciso reestruturar a pesquisa de campo. Então, direcionamos primeiro questionários para algumas secretarias municipais, escolhidas de acordo com as suas respectivas pastas e a importância no contexto da pesquisa.

Com esse parâmetro buscamos as informações com a Secretaria de Infraestrutura, onde se buscou conhecer quais as preocupações no que concerne projetar o futuro da cidade sem causar danos ao patrimônio cultural. Foi através dessa Secretaria que se conseguiu o acesso a boa parte da legislação municipal analisada na pesquisa.

Como se trata de bens ambientais e de importância cultural foram incluídas também a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Secretaria de Cultura. Foi incluída também a Secretaria de Turismo, tendo em vista que o valor de mercado do patrimônio cultural também é discutido e também a Secretaria de Educação municipal, pela sua importância na formação das crianças e jovens da cidade.

Com os dados de todas essas secretarias, foi a vez de entrevistar o prefeito. No entanto, após mais de um mês, apenas as Secretarias de Infraestrutura e Cultura responderam ao questionário. As demais e o prefeito preferiram se omitir.

Com relação específica à Administração Pública o objetivo foi buscar os dados acerca das leis existentes na cidade e as ações que estavam em andamento no sentido de assegurar o desenvolvimento urbano da cidade, mas ao mesmo tempo conservar o patrimônio cultural.

Aqui também, outro ponto que se fez imprescindível foi buscar saber se existia abertura do poder público para a gestão participativa e como se dava a participação popular nesse processo. A principal intenção era oportunizar a todos estes entes que se pronunciassem e apresentassem dificuldades, realizações que fossem de encontro ou a favor da realidade observada.

Fora do contexto municipal, foram também incluídas nas entrevistas, a Subsecretaria do Patrimônio Cultural do estado de Sergipe- SUBPAC e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Na SUBPAC, foi informado verbalmente que eles não tinham dados estatísticos com relação ao município de Laranjeiras e que as suas atividades estavam bem mais voltadas para o sítio histórico de São Cristóvão. Foi pedido um tempo para responder o questionário e até a finalização da pesquisa, este não fora devolvido.

Inicialmente não fazia parte do projeto, mas aconteceram fatos relacionados a Segurança Pública no município de Laranjeiras, que culminaram com o fechamento temporário do Campus Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Por este motivo, foi preciso incluir também no trabalho a correlação entre o desenvolvimento urbano e a crescente violência, bem como, buscou-se estabelecer uma relação que envolve o contexto cultural, o turismo e a violência. Os dados foram colhidos informalmente com a Secretaria de Segurança Pública do Estado e também foram ouvidos alguns professores da Universidade Federal, dentre os quais merecem destaque a participação da professora MSC Verônica Nunes, do departamento de Museologia e o Professor Doutor Márcio da Costa Pereira, coordenador do Escritório Modelo de Arquitetura.

Conhecidos esses pontos, foi necessário também conhecer atuação e o papel dos representantes do Poder judiciário, principalmente o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal. Isso, principalmente no que tange o papel de fiscal das leis e as

ações realizadas para garantir o seu fiel cumprimento, incluídas também as questões relacionadas à violência tanto contra as pessoas como contra o patrimônio da cidade.