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enquadramento teórico

2.1. As TIC e a educação

“O desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação e comunicação (TIC) está a provocar importantes mudanças no que diz respeito à oferta de educação e formação nas instituições de ensino superior. Tal fenómeno pode ser observado a partir dos potenciais interessados, uma vez que as TIC oferecem agora a oportunidade de acesso a novos segmentos de população escolar, ou seja, grupos de indivíduos até aí com dificuldades de acesso ao campus são agora candidatos à educação superior (...).” [Ramos et al., 2001: 391].

A utilização das TIC tem vindo a ser associada à necessidade de mudança e de modernização dos processos de ensino e de aprendizagem, para que se possam prosseguir com êxito os desafios colocados pela Sociedade da Informação. Neste sentido, e tal como se define no Livro Verde para a Sociedade da Informação [M.C.T., 1997], cabe às instituições de ensino ou formação a tarefa de preparar os seus educandos para as novas competências da era digital e de, simultaneamente, fomentar-lhes a construção de pilares de conhecimento que ajudarão a sustentar a sua aprendizagem ao longo da vida: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a ser.

A consciência da importância em saber operar e tirar o máximo partido com as TIC nas mais diferentes áreas da sociedade actual tem impulsionado, efectivamente, o desenvolvimento de várias iniciativas com vista à introdução das mesmas na educação. Assim, não admira que, em cada um dos documentos enquadradores das sucessivas reformas, o papel das TIC também apareça (re)valorizado e tenham sido tomadas medidas, mesmo a nível ministerial, de apoio à integração efectiva das TIC no sistema educativo.

De facto, entre 1985 e 1994, decorreu o Projecto MINERVA (Meios Informáticos no Ensino, Racionalização, Valorização, Actualização), considerado como a primeira grande iniciativa nacional para a utilização das, na altura, consideradas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) nas escolas. Para além de ter como propósito o apetrechamento das escolas com equipamento informático, contemplou, também, a formação de professores e tentou contribuir para o desenvolvimento de experiências utilizando as TIC na educação.

Em finais de 1996, tal como refere Dias [2001], o Programa Nónio-Século XXI veio dar início a “(…) um novo ciclo de desenvolvimento e integração das TIC na educação.” [p. 95], sobretudo através do incentivo à criação de software educativo e do apoio ao

desenvolvimento de projectos de escolas em parceria com instituições especialmente vocacionadas para o efeito.

No conjunto de medidas inseridas no Livro Verde para a Sociedade da Informação, destaca-se, em 1997, o programa Internet na Escola que pretendia assegurar a instalação, em todas as bibliotecas escolares, de um computador com ligação à Internet.

O programa FOCO (Formação Contínua de Professores), neste contexto, passa a dedicar especial atenção à divulgação e utilização das TIC no contexto educativo através da formação de professores.

No ano de 2000 foi aprovado, pela Comissão Europeia, o Programa Operacional para a Sociedade da Informação (POSI3) que visa, tal como o próprio nome sugere, o

desenvolvimento da Sociedade da Informação através das seguintes acções: (i) formação e certificação de competências básicas em tecnologias da informação; (ii) promoção do uso generalizado da Internet; (iii) formação avançada de recursos humanos nas áreas das TIC; (iv) criação de espaços públicos de acesso à Internet; e (v) criação e disponibilização de conteúdos portugueses e em português em formato digital.

Ainda no âmbito deste programa, em finais de 2004, a União Europeia aprova o Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento que compreende oito eixos prioritários com medidas específicas que visam, entre outros, o desenvolvimento de competências e a massificação do acesso dos cidadãos à sociedade do conhecimento.

O ensino superior, nível de ensino que interessa particularmente no âmbito desta investigação, também tem sido palco de várias iniciativas para a promoção e utilização das TIC. O projecto de Acompanhamento da Utilização da Internet para fins Educativos no 1º Ciclo, lançado em 2002, é exemplo da colaboração entre 14 Escolas Superiores de Educação e 4 Universidades com as escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Os objectivos deste programa passam, entre outros, pela produção do site de cada escola com a participação activa de professores e alunos, assim como pelo desenvolvimento de comunidades com o intuito de promover o intercâmbio e o trabalho colaborativo entre as escolas EB1 do 1º Ciclo [FCCN, 2002].

Na tentativa de promover a efectiva utilização da Internet e dos computadores pelos agentes educativos, nasce, em 2005, a Equipa de Missão Computadores, Redes e Internet na

Escola (CRIE4) tendo como principal objectivo conceber, desenvolver, concretizar e avaliar as

iniciativas no âmbito do uso de computadores, redes e Internet nas escolas e nos processos de ensino e de aprendizagem.

No que concerne ainda a projectos recentemente promovidos para o ensino superior, refere-se a iniciativa Universidade Electrónica (e-U) ou Campus Virtual5 que visa incentivar e

facilitar a produção, o acesso e a partilha de conteúdos. Criada pela UMIC6, esta é uma

iniciativa inovadora, focalizada em aplicações, serviços e conteúdos (aulas, trabalhos, notas, artigos, etc.) das universidades, assente numa rede sem fios de banda larga, que poderá ser acedida através de portáteis a partir de qualquer ponto dos campus das universidades. Um dos conceitos ligados a este projecto é a ideia de que com a e-U, a universidade estará acessível 24 horas por dia, 365 dias por ano. Apesar de se tratar apenas de um slogan, a afirmação mostra, de certo modo, que este projecto pode ser encarado como uma tentativa de tentar responder às crescentes necessidades de flexibilização do tempo e do espaço escolares.

Percorrendo, ainda, um pouco daquilo que tem vindo a ser feito para promover a utilização e a integração das TIC na educação, encontra-se uma iniciativa política da Comissão Europeia conhecida por eEurope7 e que tem como principal objectivo assegurar que os

cidadãos europeus usufruam, plenamente, das oportunidades oferecidas pela Sociedade da Informação nas mais diferentes áreas.

A preocupação da Comissão Europeia em fomentar o uso efectivo das TIC na educação traduziu-se, também, na proposta de um programa dedicado à promoção da utilização efectiva do e-Learning na Europa8, orientado pelas seguintes prioridades: (i) promover a literacia

digital; (ii) fomentar o conceito de campus virtual e (iii) permitir a geminação de escolas europeias através da Internet. Para além da intenção em integrar, efectivamente, as TIC nos sistemas de educação europeus, é também propósito desta iniciativa promover a utilização das tecnologias multimédia e da Internet para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem.

Pela própria natureza das iniciativas aqui apresentadas, verifica-se, claramente, uma evolução nos propósitos inerentes à utilização das TIC, fruto, talvez, da própria evolução tecnológica. Inicialmente, as preocupações centraram-se mais no que respeitou ao

4 http://www.crie.min-edu.pt 5 http://www.e-u.pt

6 UMIC – Unidade de Missão Inovação e Conhecimento 7 http://europa.eu.int

apetrechamento e à formação de professores. Actualmente, constata-se que os objectivos estão mais direccionados para a valorização e criação de novas formas de interactividade, assim como para a criação de novas formas de acesso à educação recorrendo às potencialidades das TIC, o que coloca, inevitavelmente, novos desafios ao sistema educativo. É neste contexto que emergem conceitos como aprendizagem online, comunidades virtuais de aprendizagem, e-Learning, ente outros. Assim, e na tentativa de se contextualizarem estes conceitos, parece importante perceber o caminho que foi percorrido até aos dias de hoje, nomeadamente no âmbito da educação a distância.