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metodologia da investigação

3.2. Desenho do estudo

Este estudo decorreu em ambiente académico normal no âmbito de uma disciplina de informática do segundo ano de uma licenciatura na área da comunicação. Neste contexto, para além de ter sido necessário solicitar uma autorização à instituição de ensino para a concretização do estudo, considerou-se ainda que seria eticamente correcto informar os alunos acerca da realização do mesmo, na medida em que a sua participação era fundamental. A este propósito, Gomes [2004] acredita que “a ocultação da realização do estudo perante os sujeitos que nele serão envolvidos apresenta problemas de natureza ética sendo na maior parte dos casos injustificável a sua aceitação.” [p. 191]. Assim na primeira aula, para além da apresentação ‘normal’, informou-se os alunos que no âmbito da disciplina iria ser desenvolvido um estudo e, posteriormente, solicitou-se a sua colaboração e permissão para se utilizarem as informações que fossem sendo produzidas pelas diversas fontes de recolha de dados (anexo 1).

Tal como se pode verificar pela análise do esquema da figura 3.1, no início do estudo, e com o intuito de se caracterizar a amostra seleccionada no que respeita sobretudo ao uso das TIC, aplicou-se um Questionário Inicial (anexo 2). Também nesta primeira etapa, e de modo a poder aferir-se o conhecimento dos alunos acerca da temática que iria ser abordada, aplicou-se um Teste, na modalidade de pré-Teste, já que o mesmo iria ser posteriormente usado com a finalidade de se analisar a evolução operada (anexo 3).

A propósito da temática abordada e visto que seria difícil, pelas próprias limitações de tempo inerentes a uma investigação desta natureza, abordar todos os conteúdos leccionados na disciplina, optou-se pelo conteúdo de edição e tratamento de imagens digitais, tema central da disciplina, e que interessa cada vez mais aos futuros profissionais na área da comunicação social. Com efeito, o próprio mercado de trabalho começa a exigir-lhes que, para além das suas tradicionais funções como jornalistas, sejam também capazes de trabalhar adequadamente com softwares de edição gráfica, dada a inegável importância atribuída à utilização da imagem pelos diferentes meios de comunicação social.

Terminada a implementação do módulo na plataforma, iniciou-se a sua abordagem. Esta decorreu entre 30 de Novembro de 2004 e 20 de Janeiro de 2005, período em que os alunos

frequentaram a disciplina na modalidade de b-Learning e durante o qual se realizaram 6 sessões presenciais e 4 sessões a distância para cada grupo23.

Visto que os alunos deveriam utilizar a plataforma Blackboard durante este período, foi- lhes também entregue um pequeno documento (anexo 4) com informações gerais para acesso ao ambiente virtual da disciplina, em particular o URL da plataforma de gestão da aprendizagem, o nome de utilizador e a palavra-chave.

As sessões presenciais foram apoiadas por uma Grelha de Observação (anexo 5), sendo que no final do estudo foi ainda preenchida uma Grelha de Análise (anexo 6) para cada aluno, tendo como referência os registos automáticos gerados pelo Blackboard. De referir, também, que as notas que se foram tomando ao longo das diferentes sessões permitiram, ainda, a redacção de um Diário de Bordo (anexo 7) e a realização de pequenas entrevistas informais.

Durante o módulo, contemplou-se ainda a realização de diversos trabalhos. Entre outros, destaca-se o desenvolvimento, em grupo, de um trabalho final (anexo 8). Este consistia na realização de um cartaz e respectivo relatório, tendo como principal finalidade permitir a aplicação dos conhecimentos desenvolvidos na área da edição e do tratamento de imagens digitais.

Finalizada a abordagem do módulo, os alunos responderam ao Questionário Final (anexo 9) e realizaram o exercício de pós-Teste (anexo 3). Por fim, realizaram-se Entrevistas (anexo 10) a alguns dos participantes com o intuito de se proceder ao esclarecimento de algumas questões que foram sendo suscitadas através da recolha de dados a partir de outras fontes, em particular através da observação e de uma primeira análise do Questionário Inicial.

No ponto 3.4 deste capítulo, realiza-se uma descrição mais completa e detalhada de todos os instrumentos de recolha de dados aqui mencionados.

Construção dos Recursos e dos Instrumentos de Recolha de Dados

Defin

ição da estrutura do Módulo

Questionário

Inicial Pós-Teste Pré e Observação Grelha de Diário de Bordo Grelha de Análise Guião da Entrevista Questionário Final

Validação dos Instrumentos de Recolha de Dados

Construção das Versões Finais dos Instrumentos de Recolha de Dados

Questionário Final Pós-Teste Entrevistas

Módulo de formação sobre ‘edição e tratamento de imagens digitais’ na modalidade de b-Learning

6 Sessões Presenciais 4 Sessões a Distância

Registo Automático de Dados

Observação Participante

Grelha de

Observação Grelha de Análise Notas e Diário de Bordo Entrevistas Informais Questionário

Inicial Pré-Teste

Figura 3.1 - Esquematização dos principais momentos do desenho do estudo

Notas e Diário de Bordo Grelha de Análise Recolha de Dados Implementação do m ódulo na Plata forma

3.3. Amostra

Strauss & Corbin [em Ramos, 2005] alertam que o investigador deve começar por encontrar “(…) um grupo onde possa encontrar evidência dos fenómenos que quer estudar e os métodos de recolha de dados a utilizar (…).” [p. 645]. Assim, para esta investigação, seleccionou-se um grupo de indivíduos que, à partida, poderia ajudar a obter a informação necessária para a compreensão do fenómeno que se pretendia analisar.

Os intervenientes foram cerca de 41 alunos distribuídos por dois grupos, seleccionados de forma não aleatória pois estavam inscritos numa das disciplinas da responsabilidade de docência da própria investigadora. Assim, outra das razões pela qual se optou por esta amostra prendeu-se com o facto de se conseguir assegurar boas condições de acesso à mesma.

Apesar de se tratar de um grupo restrito, acredita-se, contudo, que permitiu construir uma amostra representativa para o fenómeno que se desejava perceber. No que concerne ao tamanho da amostra, Patton [em Carmo e Ferreira, 1998] defende que esta é outra das principais diferenças entre métodos quantitativos e qualitativos, pois a investigação quantitativa tem por base amostras aleatórias de maiores dimensões, enquanto que a investigação qualitativa privilegia amostras seleccionadas intencionalmente e relativamente pequenas.

Trata-se, então, de uma amostra intencional, de conveniência24, um dos tipos de

amostras não-probabilísticas ou empíricas. Denomina-se de amostra intencional, visto que foi seleccionada pelo investigador por estar disponível e apresentar boas condições para a realização da investigação. No entanto, há que ter em conta que este tipo de amostra “(…) sofre, naturalmente, de diversas limitações, entre as quais a avulta subjectividade, não podendo, por isso mesmo, constituir uma base sólida de representatividade do universo. Todavia, se feita criteriosamente, pode fornecer interessantes indícios a respeito do fenómeno em estudo.” [Pardal e Correia, 1995: 42].

Tal como revelaram os dados obtidos através do Questionário Inicial (anexo 2), a amostra seleccionada para este estudo é maioritariamente feminina (38 sujeitos do sexo feminino e 3 do sexo masculino), com uma média de idades situada nos 20 anos, sendo que a

24 Na amostragem de conveniência utiliza-se um grupo de indivíduos que esteja disponível ou um grupo de

maioria pertencia ao designado ‘regime normal’ e apenas 2 alunos possuíam o estatuto de trabalhadores-estudantes.

Considerando o conhecimento da amostra a nível informático, constatou-se que a grande maioria (33) o classificou de mediano, 7 alunos consideraram-no fraco e apenas 1 o classificou de muito bom. De referir também, a este propósito, que praticamente todos (39) os alunos revelaram ter começado a utilizar o computador ainda antes de ingressarem no ensino superior.

No que concerne aos locais e à frequência de utilização do computador, a maioria referiu que era na escola ou em casa que o costumava fazer com maior frequência, quer fosse diariamente (34,1%), semanalmente (39%) ou esporadicamente (24,4%). A grande parte dos sujeitos também assumiu utilizar esporadicamente o computador em casa de amigos ou familiares (65,9%) ou mesmo em locais públicos gratuitos (56,1%).

Apesar de poucos (10) alunos possuírem Internet em casa, a grande maioria referiu ter facilidade em aceder à Internet na escola quer fosse diária, semanal ou esporadicamente, cada uma destas opções com 31,7% das respostas. A maioria também apontou os períodos entre as 14h e as 18h (53,7%) e entre as 18h e as 24h (51,2%) como sendo os que lhe conferiam maior facilidade no acesso à rede.

Considerando a finalidade principal com que os sujeitos declararam utilizar a Internet, verificou-se que um número elevado de alunos (36) destacou a necessidade em pesquisar informação em detrimento da utilização do correio electrónico (3) ou da conversação em directo (2).

No que respeita ao acesso ao sistema online disponibilizado pela instituição onde decorreu o estudo, a grande maioria (92,7%) referiu já o ter utilizado sobretudo com a intenção de aceder a materiais de apoio e aos programas das disciplinas (70,7%). Ainda a este propósito, refere-se que os alunos (7,3%) que nunca acederam a este sistema apontaram como razão principal o desconhecimento da existência do mesmo.

Por fim, importa ainda referir que nenhum dos sujeitos participantes mencionou ter frequentado, até ao momento da realização deste estudo, algum curso de formação a distância.