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metodologia da investigação

3.4. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

3.4.2. Pré e Pós-Teste

3.4.3.2. Grelhas de Observação

Tal como foi mencionado anteriormente, alguns autores [cf. Quivy & Campenhoudt, 1998] salientam que um dos problemas da observação se prende sobretudo com a interpretação das mesmas. Na tentativa de se tentar ultrapassar esta dificuldade, os mesmos autores sugerem a utilização de grelhas de observação. De facto, “é extremamente importante que o investigador não vá desarmado para o campo.” [Carmo e Ferreira, 1998: 103], para tal deve elaborar-se “(…) um guião de observação que inclua um conjunto de indicadores necessário para retratar o objecto de estudo, mas não excessivamente abundante de modo a poder criar uma situação de sobre-informação.” [id: ib.].

Com efeito, durante a realização do estudo sentiu-se a necessidade de recorrer a grelhas de observação pois, sendo a técnica de observação uma actividade tão rica mas simultaneamente tão pessoal e subjectiva, tornou-se fundamental determinar vários itens que pudessem apoiar e orientar as observações realizadas. Pelo facto de se ter trabalhado com dois grupos, cada um deles com cerca de vinte alunos, tornou-se muito difícil, senão mesmo impossível, conseguir, em todas as sessões presenciais, preencher uma grelha de observação por aluno. Assim, de sessão para sessão realizou-se um esforço por se observar o maior número de alunos possível, de modo a poder conseguir-se obter uma maior representatividade do grupo observado.

Pela própria abordagem híbrida inerente a esta investigação, constatou-se que a utilização de apenas uma grelha de observação poderia revelar-se insuficiente. Com efeito, durante as sessões a distância a investigadora esteve ausente, não podendo, por isso, observar os acontecimentos. No entanto, os alunos acediam à plataforma e interagiam com a professora e com os colegas através da mesma. Assim, e porque através do Blackboard se conseguia perceber algumas das actividades realizadas e alguns dos ‘comportamentos’ dos sujeitos, pareceu-nos importante registar, na medida do possível, os dados que daí pudessem ser extraídos. Como não se tratou de uma ‘autêntica’ actividade de observação, optou-se por denominar o documento que apoiaria este exercício de Grelha de Análise da utilização da plataforma.

Descreve-se, seguidamente, de forma mais detalhada, os instrumentos acima enunciados. Tal como aconteceu com os Questionários, estas Grelhas foram também validadas por colegas e profissionais ligados a esta área de investigação.

De modo a poder-se conseguir uma melhor orientação na observação, optou-se por incluir um campo na Grelha de Observação que permitisse a identificação dos sujeitos observados e da data em que tal observação fora efectuada.

Os principais aspectos a observar foram organizados em três categorias: (i) acesso à plataforma; (ii) exploração da plataforma e (iii) atitudes e comportamento, cada uma delas composta por três colunas: itens a observar; resultado e observações.

Acesso à plataforma de gestão da aprendizagem

No que respeita ao acesso à plataforma, importava verificar: se o aluno digitava correctamente o endereço da mesma; se introduzia, sem dificuldades, os dados para entrar na plataforma; se esquecia frequentemente a palavra-chave e, por fim, se encerrava a sessão quando terminava a exploração.

Exploração da plataforma de gestão da aprendizagem

No que toca à exploração da plataforma, interessava registar dois aspectos distintos: por um lado, se o aluno acedia facilmente às diferentes áreas disponibilizadas e, por outro lado, se fazia o download e se gravava correctamente os materiais necessários para as sessões presenciais.

Atitudes e comportamento

Relativamente às atitudes e ao comportamento, pareceu-nos pertinente registar se os sujeitos se mostravam, de algum modo, motivados quando acediam ao sistema. Para a classificação deste item, a investigadora poderia escolher uma das opções: nada, pouco, razoavelmente ou muito.

Para além de se tentar observar as interacções dos alunos entre si e destes com a professora durante as sessões presenciais, considerou-se ainda pertinente tentar perceber se os alunos se mostravam, de alguma forma, ansiosos quando sabiam que se iam realizar sessões a distância, visto que esta era a primeira vez que os alunos frequentavam uma disciplina com valências de e-Learning.

Tal como foi referido anteriormente, a Grelha de Análise visou apoiar a investigadora no registo das principais ‘actividades’ dos alunos durante o período em que acederam à plataforma. Os principais itens a analisar foram organizados nas categorias de acesso à plataforma e interacção com a mesma. Apesar destas categorias já existirem na Grelha de Observação, a razão que nos levou a considerá-las novamente na Grelha de Análise prendeu- se com o facto de se conseguirem obter informações mais específicas que apenas a utilização exclusiva da Grelha de Observação não permitira registar.

Acesso à plataforma de gestão da aprendizagem

No que respeita a este aspecto, foi considerado para análise se o aluno acedia regularmente à plataforma e se consultava as diferentes áreas da mesma, tentando desta forma perceber-se, por exemplo, se na ausência da professora, durante as sessões a distância, o aluno acedia e explorava as diferentes áreas do Blackboard.

Exploração da plataforma de gestão da aprendizagem

Relativamente a este item, consideraram-se os seguintes aspectos: Utilização das diferentes funcionalidades da plataforma

Contemplaram-se aqui as principais áreas e funcionalidades disponibilizadas no âmbito do módulo, tais como informações, conteúdos, avisos, e-mail, ferramentas colaborativas, fóruns de discussão ‘Geral’ e ‘Café’, páginas dos grupos e glossário. Para se obter informação sobre a frequência com que os alunos lhes acediam, as hipóteses disponíveis eram: nunca, raramente, regularmente ou sempre.

Participação na realização das tarefas propostas através da plataforma

No que concerne a este aspecto, foram tidas em consideração as principais tarefas propostas através da plataforma, nomeadamente a realização de uma apresentação pessoal, a pesquisa de informação e a partilha de recursos assim como a entrega de trabalhos. Foi, ainda, considerado para análise a pertinência das mensagens colocadas nos fóruns de discussão com o intuito de se perceber se, no contexto das actividades propostas, as mesmas seriam ou não pertinentes.

Interacção com professor e colegas

Considerou-se também pertinente saber se, durante as sessões a distância, os alunos interagiam entre si e com o professor através da plataforma e se colocavam dúvidas e questões através da mesma. Para cada um destes itens, as hipóteses de resposta eram: nunca, raramente, regularmente ou muito.

3.4.4. Entrevistas

A realização de entrevistas teve como principal finalidade o cruzamento e esclarecimento de questões que foram surgindo através da recolha de dados a partir de outras fontes. Vale [2000] salienta a importância das entrevistas por considerar que as mesmas permitem obter um certo tipo de informações que não se pode observar directamente, tais como sentimentos, pensamentos, intenções e factos passados.

Segundo a mesma autora, a utilização de entrevistas em conjugação com questionários permite “a validação das respostas e contribui para a sua melhor interpretação, assim como dão a possibilidade ao investigador de clarificar determinados aspectos ligados com o participante.” [p. 192]. Neste seguimento, autores como Lincoln & Guba [em Ramos, 2005] aconselham também que, “(…) para além da triangulação de métodos, e na tentativa de obter uma compreensão mais profunda do fenómeno em estudo, se escute a opinião dos participantes na investigação, ou seja, se procure a validação por parte das pessoas envolvidas.” [p. 643].

Ainda neste sentido, a realização de entrevistas mostrou-se importante pois, tal como sublinham Werner & Schoepfle [em Lessard-Hérbert, Gouette & Boutin, 1990], a entrevista pode contribuir para contrariar determinados enviesamentos próprios da observação participante. Estes autores consideram ainda que a entrevista, para além de ser importante para complementar a observação participante, revela-se também necessária quando se pretende recolher dados válidos acerca das opiniões e ideias dos sujeitos observados. Quivy & Campenhoudt [1998] acreditam que, com a realização de entrevistas, se processa “uma verdadeira troca, durante a qual o interlocutor do investigador exprime as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências.” [p. 192].

Apesar da entrevista poder ser aplicada em pequenos grupos, neste estudo de caso optou-se por utilizá-la individualmente, visto que na entrevista em grupo pode haver a tendência para que alguns elementos não participem na conversa e também porque as repostas poderiam acabar por se influenciar mutuamente. Para a realização de entrevistas, tentou-se seleccionar alunos de ambos os grupos e que fossem, de algum modo, representativos da amostra que participou no estudo.

No final do estudo realizaram-se, então, várias entrevistas com questões orientadoras a cerca de dez alunos. Optou-se pela entrevista semi-estruturada pois “(…) nem é inteiramente livre e aberta (...) nem orientada por um leque inflexível de perguntas estabelecidas a priori.” [Pardal e Correia, 1995: 65]. Também Yin [em Vale, 2000] considera que este tipo de entrevista poderá trazer vantagens na organização e posterior análise dos dados, por nem ser completamente livre nem ser totalmente aberta. Recorreu-se ao registo áudio e procedeu-se, posteriormente, a uma análise das mesmas, tendo em consideração que “a informação recolhida através das entrevistas deve ser analisada por meio de uma análise simples de conteúdo. Este tipo de análise é um processo de codificação de dados das entrevistas para encontrar temas comuns.” [Hill & Hill, 2000: 75].

O principal inconveniente de se ter recorrido a esta técnica prendeu-se com o facto de serem exigentes em termos de tempo. Com efeito, e apesar de se ter conseguido, foi difícil conciliar os horários dos alunos com o da investigadora para se conseguir realizar as entrevistas desejadas. No entanto, e porque a investigadora era também a professora da disciplina, foi possível realizar esporadicamente pequenas ‘entrevistas informais’ sem que alunos tivessem a verdadeira noção de que estavam a ser ‘entrevistados’, até porque, no ambiente da aula era natural que a professora, em interacção com o grupo, perguntasse acerca das actividades que realizavam, das dificuldades que sentiam assim como das opiniões que tinham sobre determinado assunto.

O Guião da Entrevista contempla uma série de questões orientadoras que foram também organizadas em quatro categorias, a saber: (i) expectativas; (ii) acesso à plataforma; (iii) participação; e (iv) apreciação global.

Expectativas

No que concerne a este tópico, pareceu-nos interessante tentar perceber com que tipo de expectativas/receios tinham ficado os alunos quando souberam que parte da disciplina iria

funcionar com a metodologia b-Learning, visto ter sido a primeira vez que todos frequentaram uma disciplina com esta abordagem.

Acesso à plataforma

As questões aqui contempladas resultam de uma primeira análise do Questionário Final e dos registos automáticos de dados. Assim, considerou-se importante tentar esclarecer questões tais como o horário ‘preferencial’ para o acesso à plataforma, as razões que conduziram à não utilização do glossário e à não utilização do serviço de chat por nenhum dos grupos de trabalho.

Participação

Relativamente à participação através da plataforma, tentou-se apurar se os alunos se tinham sentido à vontade para partilharem as suas opiniões nos fóruns de discussão assim como se questionou acerca do seu envolvimento, no sentido de se tentar perceber que factores teriam, eventualmente, condicionado a participação dos mesmos durante o módulo.

Apreciação global

Estas questões pretendiam complementar, de algum modo, os dados obtidos através do Questionário Final, na medida em que este também contemplou questões com o intuito de se conhecerem as opiniões dos sujeitos sobre a experiência em que tinham participado. Questionou-se, então, sobre a maior dificuldade sentida durante o período em que a disciplina funcionou com a modalidade de b-Learning; a adequação do b-Learning a todos os tipos de alunos e sobre a vontade em frequentar um curso/acção com esta metodologia (presencial e a distância) ou completamente a distância.