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Preços Médios Observados CEAGESP

D ESENVOLVIMENTO DE UM P ROJETO DE C OOPERATIVA PARA P RODUTORES DE M AÇÃS NO M UNICÍPIO DE V ACARIA / RS

4.8. As vantagens da cooperativa proposta

Outro fator de questionamento, durante a elaboração do presente estudo era determinar qual a contribuição que a cooperativa daria para o associado e em que proporção esta contribuição se expressaria em um adicional financeiro, desta forma sendo comparada ao que é praticado atualmente.

Através das entrevistas realizadas e descritas anteriormente, não foi possível determinar economicamente qual a importância da cooperativa, na remuneração do associado, a partir de um exemplo de cooperativa já existente.

Com este propósito, elaboramos um comparativo, entre o atual patamar de remuneração vigente no mercado e a expectativa de remuneração gerada ao final de cada ano, através da armazenagem, processamento e comercialização da fruta por meio da cooperativa proposta para os produtores de maçãs de Vacaria.

A orientação básica foi a de adotar o padrão de venda médio entre: i) produtores do município de Vacaria/RS, que oferecem a sua produção a empresas para uma posterior comercialização, onde estes produtores absorvem os custos de armazenagem e classificação da fruta, e se sujeitam aos preços conseguidos por estas empresas quando se efetiva a comercialização; e ii) outros produtores que comercializam integralmente sua safra, sem participar do processo de armazenagem, classificação e comercialização, sujeitando-se aos preços praticados quando a oferta de frutas é maior durante o período de colheita. A variação destes preços se mostrou significativa, onde a forma de pagamento, o volume de produção, a localização dos pomares e a qualidade dos frutos oscilou de maneira significativa.

A coleta de informações junto aos produtores, estabeleceu um patamar de comercialização como padrão de venda médio de R$ 0,3300/Kg63. Remunerando

63Este valor médio contemplou três produtores que comercializaram sua safra na colheita, e de

dois produtores que associaram-se a empresas já instaladas. Os valores levaram em

consideração os volumes produzidos e a remuneração pela qualidade conseguida, para as safras dos anos 1999, 2000 e 2001.

desta forma o produtor que não possui estrutura de armazenagem e comercialização, estando sujeito as mais diversas variações sob sua produção.

E de outro lado foi considerado como padrão de remuneração para o possível associado do projeto de cooperativa proposto, a soma referente a cobertura do custo de produção dos frutos, que se apresenta destacado pela Tabela 4.6 – no item sub-total custo da fruta por Kg, definido em R$ 0,1911/Kg; e a este valor foi adicionado o saldo do fluxo de caixa – tabela 4.13; para cada ano considerado – o que representa a partilha das sobras em uma cooperativa.

O somatório destes dois valores foi então comparado com a remuneração média conseguida pelos produtores atualmente. O resultado está expresso sob a forma de um gráfico ilustrativo desta situação.

Gráfico 4.3 - Comparativo de Valores de Venda (Situação Atual X Cooperativa )

Fonte: Dados Tabulados pelo Autor O Gráfico 4.3 nos revela a posição dos preços de vendas praticados atualmente pelos produtores da região, em contrapartida ao que está sendo projetado como remuneração aos custos e sobre as sobras da cooperativa proposta.

O período de análise (10 anos), demonstra que inicialmente a cooperativa é vantajosa ao associado, pois o valor médio de remuneração atual (considerado

Valores de Vendas 0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500 0,4000 0,4500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

(Período Considerado - 10 anos)

(Valores em R$ / Kg)

em R$ 0,3300/Kg fruta) é superado já no primeiro momento em 14,8%, porém ao passar da fase do primeiro período o projeto deve amortizar os valores financiados para investimentos, o que vem a reduzir de maneira considerável esta rentabilidade, trazendo a um novo patamar, agora inferior ao atual onde o decréscimo da receita se dá em 16,7%, permanecendo assim durante um período de quatro anos, até que se finde a amortização referente aos valores financiados. A partir do 6º ano do projeto de cooperativa, a amortização é completada e os valores de sobras sofrem uma nova alta o que representaria ao longo dos próximos anos um aumento de 27,6% em relação ao foi projetado como receita de vendas na situação inicial.

Destacamos que o incremento da receita foi significativo durante a maior parte do período considerado, e em nenhum momento os custos projetados não são cobertos pelos valores repassados aos associados.

Além destas considerações de ordem econômica, podemos destacar outros fatores que foram observados quando realizamos entrevistas junto aos produtos associados de outras cooperativas.

Três fatores e especial chamaram atenção, por estarem presentes em citações na maioria dos associados entrevistados: i) assistência técnica ao produtor; ii) segurança na comercialização; iii) limitação a oscilações de preços nos períodos da safra.

4.8.1. Assistência Técnica ao Produtor

A atuação de órgãos governamentais, de modo geral, parece ser satisfatória, mas uma cooperativa se propõe a efetuar de forma mais intensa o acompanhamento da produção de cada associado, prescrevendo correções e orientando para novas tendências de mercado e de produtividade.

Para a cooperativa esta ação justifica-se pela busca de frutos com qualidade superior, custos aceitáveis, formas de condução dos pomares que tornem seus frutos homogêneos procurando garantir um padrão único. Obtendo assim melhores condições para comercialização.

Para o associado esta assistência se revela muito importante e é prestada de forma gratuita. A garantia de produção com qualidade superior, a percepção

de tendências de longo prazo, e o acompanhamento de novas tecnologias de produção se viabilizam mesmo para propriedades de tamanho reduzido.

4.8.2. Segurança na Comercialização

Vários produtores, associados em cooperativas, deram especial destaque ao fator segurança na comercialização.

Segundo um pequeno produtor do Município de Antônio Prado/RS64, a cinco safras atrás, caiu granizo no meu pomar, e o comprador que eu vendia as maçãs todos os anos, não quis mais comprar, porque as frutas estavam todas machucadas, então eu tive que colher e usava as mais machucadas para alimentar os animais, e as menos machucadas eu tive que tentar vender nas cidades próximas de porta em porta. Não foi fácil e eu perdi muito tempo e muitas frutas, não sei quanto, mas tenho certeza que perdi bastante dinheiro nesta safra. Daí eu me associei na cooperativa, onde entrego as frutas todos os anos, mesmo quando os frutos não são tão bonitos, e eu sei que eles vão vender a minha produção da melhor forma possível. Este exemplo citado acima reflete a realidade do pequeno produtor, estando a sorte de diversos fatores. Esta experiência parece ter sido comum a muitos produtores, pois situações parecidas foram encontradas em vários entrevistados. Alguns deles chegaram a citar exemplos de vizinhos ou conhecidos que saíram das cooperativas, em busca de remunerações melhores em determinados momentos e se arrependeram em outros.

Segundo o Presidente da COOPERSERRA, outro elemento que merece destaque, é o fator risco, onde se você vender sua safra de maneira isolada, a um ou até mesmo a vários intermediários, você concorre ao risco de inadimplência de modo isolado. Enquanto que no modelo cooperativado, todos concorrem solidariamente a este risco, diluindo uma possível inadimplência ao pagamento entre todos e tendo condições de manter estruturas mais eficazes de cobrança nestes casos.

A inadimplência, acima citada também deve ser um fator a ser considerado, como bem citou o Presidente da COOPERSERRA, e reduzido de

64 Sr. João Conte, pequeno produtor, associado à Cooperativa Agropecuária Pradense, entrevista

maneira muito significativa, gerando maior segurança no processo de comercialização da safra por parte do produtor.

4.8.3. Limitação a Atuação de Intermediários

A cooperativa representa a oportunidade de pequenos produtores constituírem uma unidade fabril para o devido processamento dos insumos que eles produzem.

É comum o assédio de intermediários aos produtores em momentos de escassez na oferta, como é o caso da Safra de 2001, onde condições climáticas provocaram quedas significativas no volume total de frutos produzidos. Entretanto, o inverso é verdadeiro, em momentos de oferta excessiva, como foi o caso da Safra de 2000, o produtor se encontra sem opção, sendo obrigado a entregar sua safra sob qualquer remuneração, já que não possui estrutura para armazenar, e fugir dos momentos de excesso de oferta gerados pela colheita da safra.

Neste sentido a cooperativa, não só garantiria a oportunidade armazenagem para comercialização da safra fora do período de colheita, como também representaria a eliminação destes intermediários, agregando ela própria valor ao produto comercializado – no caso os frutos produzidos, e conforme destacado anteriormente remunerando de maneira mais significativa a produção do associado. Este aspecto foi destacado no decorrer do trabalho, pelo Presidente da COOPERVAL, ao citar o exemplo desta cooperativa agropecuária presente em Vacaria e de pujança reconhecida no seu segmento.

4.9. O que se constitui em diferencial para o associado ?