Preços Médios Observados CEAGESP
O C OOPERATIVISMO : H ISTÓRIA E F ORMAÇÃO DE C OOPERATIVAS
3.4. Cooperativas Agropecuárias
Como direcionamento a resposta da questão realizada no início desse capítulo – seriam cooperativas de pequenos produtores a forma de solucionar suas dificuldades? Abordaremos com maior ênfase os aspectos relacionados às cooperativas agropecuárias, sua forma de atuação, como constituí-la.
3.4.1. Cooperativas Agropecuárias como um Sistema Social
Qualquer atividade agropecuária nada mais é do que uma atividade econômica onde o produtor planta, cria, produz e muitas vezes até industrializa, tendo como finalidade escoar seu produto e obter lucro com isso. Este é o objetivo final do produtor rural obter lucro com a sua produção.
A organização do trabalho dentro das sociedades cooperativas é uma tarefa que é decidida coletivamente, sem se considerar quais os papéis dos agentes envolvidos no processo. Na cooperativa discute-se o processo de trabalho e depois quem irá realizá-lo, através da plena participação dos associados nas decisões e negócios, esta representa uma das condições essenciais ao desenvolvimento das cooperativas.
A cooperativa é um sistema de organização inserido na sociedade, que com ela interage e estabelece relações de trocas sociais, políticas, legais, tecnológicas e econômicas, influindo e sofrendo influências. (SEBRAE/RS, 1998 – pág. 31)
O ser humano é eminentemente um ser social. Ele não vive isoladamente, mas em permanente interação com os seus semelhantes. Nas interações humanas, uma pessoa influencia a atitude que a outra irá tomar, e vice-versa. Devido as suas limitações individuais, os seres humanos são obrigados a cooperarem uns aos outros, formando organizações para alcançar certos objetivos que a ação individual não conseguiria alcançar32. (Pedro Luis Buttenbender, 2001)
Tendo isso em mente, todo o processo produtivo, administrativo e comercial precisa ser bem feito e bem planejado. Muitas vezes um produtor não consegue atingir suas metas, simplesmente por não ter feito um planejamento eficiente e o maior erro no planejamento é o de não ter meios eficientes para escoar a produção.
Originalmente, e por vocação principal, as cooperativas agrícolas servem para conseguir escoar, da melhor maneira possível, a produção agropecuária.
32 Prof. Pedro Luis Buttenbender, Professor da Universidade Regional UNIJUÍ, Mestrando pela
Os preços de compra praticados pelas cooperativas costumam ser razoáveis e justos, pois se isso não ocorre, os próprios cooperados vão querer saber as razões e corrigir possíveis injustiças.
O volume total processado, como resultado da soma da produção individual de vários produtores rurais, é que possibilitam a cooperativa viabilizar grandes negócios, são negócios que individualmente os cooperados nunca teriam condições de efetuar.
Outro aspecto relevante é que ao eliminar o intermediário entre o capital e o trabalho, as cooperativas atingem, entre outros os seguintes objetivos:
a) Melhoria da renda de seus associados: as cooperativas distribuem o excedente gerado pelo trabalho coletivo aos associados, na proporção das atividades realizadas entre o associado e a cooperativa;
b) Melhoria nas condições de trabalho prestado: na medida em que as cooperativas de transformam empregados em empresários, estes determinam, em comum e de forma democrática, as regras de atuação. Os direitos sociais passam ser estatutários, visando resguardar, sempre, a predominância do trabalho sobre o capital;
c) Melhoria na promoção dos trabalhadores: ao adquirirem o “status” de empresários, os associados tornam-se autogestionários de suas próprias atividades. Esta função exige, por parte dos cooperados, um permanente programa de capacitação e de promoção, pois o sistema cooperativista respalda-se no respeito a liberdade, a democracia, a igualdade e a solidariedade.
Muitas vezes os benefícios são indiretos, como acabar se relacionando com outros produtores e conseguir informações vitais para o empreendimento. É um lugar de referência, utilizado para contratação de mão-de-obra, fonte de informações e auxílio técnico, comercialização da produção e, ainda, fornecedor de insumos para produção, pois a maioria das cooperativas possui lojas para atender não só os cooperados, mas beneficiar e servir toda a comunidade local.
Além da parte comercial, a maioria das cooperativas mantém uma equipe de técnicos, veterinários e agrônomos para dar suporte aos produtores, garantindo maiores e melhores produções, o que é interesse tanto do cooperado quanto da cooperativa. Essa acessoria técnica é muito valiosa, principalmente para quem está iniciando a sua produção. Além deste tipo de acessoria as
cooperativas podem prestar serviços de beneficiamento e classificação – o que pode constituir a resposta ao questionamento proposto.
3.4.2. Como Criar uma Cooperativa Agropecuária
Segundo orientações da OCERGS, os procedimentos para constituição e legalização de cooperativas no Rio Grande do Sul, conforme a Lei nº 5.764 de 16 de dezembro de 1971, são os seguintes:
a) Fase Preparatória: Nesta fase se determina os objetivos da cooperativa, averiguando as condições dos interessados em relação aos objetivos da cooperativa. Nesta fase também se pode de maneira preliminar, verificar a viabilidade econômica, financeira, mercadológica e social da cooperativa. É fundamental escolher uma comissão para tratar das providências necessárias à constituição da cooperativa, ocorrendo a indicação do coordenador dos trabalhos. Esta comissão indicada, pode recorrer ao auxílio da OCERGS, no sentido de obter orientações e afim de elaborar a proposta de estatuto da cooperativa e convocar os interessados para a ‘Assembléia Geral de Constituição da Cooperativa’;
Segundo o Presidente de uma cooperativa de grãos de Vacaria33, quando se pensa em criar uma cooperativa, devemos ter em mente um comprometimento muito forte, se não houver compromisso forte, é melhor que não se crie a cooperativa. Se for necessário convencer alguém a participar, é melhor que não comece porque com certeza não terá sucesso algum. Isto gera uma grande questão, que deve ser esclarecida no momento da constituição da cooperativa, o cooperado deve ter consciência se esta é a solução para suas dificuldades, para então se engajar e a partir deste momento manter compromisso com a sua cooperativa.
b) Assembléia Geral de Constituição da Cooperativa: Consiste na leitura e discussão da proposta de estatuto social, onde são inseridas alterações e emendas de forma a contemplar os anseios dos envolvidos. Aprovado o
estatuto é realizada a eleição dos cargos da Diretoria, Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e do Conselho de Ética, através de voto secreto de todos os presentes. O Presidente da Comissão anteriormente nomeado na fase preliminar, transfere ao Presidente eleito na Assembléia Geral de Constituição para que dirija os trabalhos. A Ata da Assembléia, que após lida e aprovada, deve ser assinada por todos os cooperantes fundadores da cooperativa;
c) Registro na Junta Comercial do Rio Grande do Sul – JUCERGS: Após a Assembléia Geral de Constituição, torna-se necessário fazer o registro da Cooperativa na Junta Comercial do Estado. Para que seja obtido o registro a cooperativa deve apresentar à Junta Comercial, os documentos específicos conforme solicitado pelo Estado;
d) Registro na Secretaria da Receita Federal do Rio Grande do Sul: Deverá ser encaminhado junto à Secretaria da Receita Federal, o devido registo;
e) Registro na OCERGS: Toda cooperativa deve registrar-se na Organização Cooperativa de seu estado a fim de atender ao disposto no Art. 107, da Lei nº 5.764/71, integrando-se ao Cooperativismo Estadual e participando do processo de autogestão do sistema.
O roteiro acima exposto está sintetizado, visando apenas direcionar o modo como se constitui uma cooperativa. Destacamos que em contatos com representantes da OCERGS, estes de pronto se colocaram a disposição para auxiliar e esclarecer dúvidas.