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Preços Médios Observados CEAGESP

D ESENVOLVIMENTO DE UM P ROJETO DE C OOPERATIVA PARA P RODUTORES DE M AÇÃS NO M UNICÍPIO DE V ACARIA / RS

4.7. Retratando Exemplos de Funcionamento de Cooperativas Agropecuárias ( de Frutas ) Encontradas em Outros Municípios.

4.7.3. O exemplo da Cooperativa Pradense

A Cooperativa Agropecuária Pradense Ltda foi fundada em 20 de janeiro de 1974, no município de Antônio Prado/RS por um pequeno grupo de agricultores. Foram aproximadamente 300 agricultores que sentiram a necessidade de criar uma associação para trabalhar com secagem de trigo. Possuindo 1.678 associados, dos quais aproximadamente 1.200 associados são ativos, e um quadro de 46 funcionários.

O objetivo na época de sua fundação era: Promover o estímulo, o desenvolvimento progressivo e a defesa das atividades econômicas dos associados. Valorizando-os através da valorização da produção, da comercialização coletiva em condições mais vantajosas.60, onde inicialmente a cooperativa se dedicava exclusivamente ao processamento de grãos, mais especificamente a conversão de trigo em farinha de trigo. Passando a trabalhar com frutas, incluindo maçãs, em 1977, construindo um pavilhão para recebimento e contando com um sistema de armazenagem de frutas.

Embora o número de associados seja elevado se considerarmos as cooperativas anteriormente citadas, o volume total de frutas comercializadas, na safra de 2000/2001 será de 4.000 ton. A capacidade de armazenagem da cooperativa é de 3.000 ton, sendo 500 ton em câmaras em Atmosfera Controlada

e 2.500 ton em Sistema Convencional. A estrutura de Packing House possui capacidade de processamento de 40 ton./dia.

Atualmente a cooperativa trabalha com maçãs, pêssegos e leite, além de possuir a marca de vinhos Primo Fior e uma loja de comercialização de produtos agrícolas, insumos e ferramentas. As frutas de Antônio Prado chegam a ser vendidas nos supermercados do Rio e São Paulo enquanto o vinho está consolidando seu espaço no mercado local.

Segundo o Presidente da Cooperativa Pradense61, a cooperativa vive um momento de transformação, buscando novos negócios e procurando chegar a uma profissionalização em todos os setores da empresa, tendo a qualidade como objetivo primordial.

Ao contrário do que se observa nos municípios de Vacaria/RS e São Joaquim/SC, a maçã não é a principal fonte econômica no município de Antônio Prado, atualmente o setor primário é bastante diversificado. A fruticultura possui participação de 30% no setor, e dentro deste a distribuição é aproximadamente a seguinte 50% uva, 35% maçã e 15% frutas de caroço (pêssego e ameixa).

As propriedades rurais são pequenas, variando de 25 a 30 hectares, onde as diversas atividades desenvolvidas não possuem destaque individual, estudos da própria cooperativa apontam para uma distribuição média entre os associados, de 2,0 a 4,0 hectares de videiras – produção de uvas; a maioria dos pomares de maçãs possuem de 1,0 a 2,0 hectares e as frutas de caroço (pêssegos e ameixa) com pomares de 0,5 a 1,0 hectare, associados a pecuária de leite, avicultura e suinocultura. A mão de obra utilizada na propriedade é essencialmente familiar.

Neste contexto a orientação e o direcionamento que a cooperativa procura dar ao associado para a comercialização da maçã é procurar industrializá-la, pois segundo seu Presidente, devemos desenvolver um processo de industrialização na maçã, principalmente na categoria industrial (referindo-se ao refugo e Cat III), se perde muito ao destinar a outros mercados que promovam a industrialização, o que vai inviabilizando economicamente esta cultura.

Os principais aspectos levantados, foram:

a) Assistência técnica ao associado

As orientações neste sentido à atuação das cooperativas não divergem muito, pois a cooperativa acompanha a condução e está fomentando a produção integrada. Levando os mesmos recursos e orientações a todos os associados, com objetivo de obter padronização.

Porém, o destaque que se observa é que o corpo técnico de agrônomos e veterinários, fornecidos aos associados tem uma atuação mais genérica. Ao contrário do que ocorre nos outros exemplos citados, a Cooperativa Pradense, atua em vários segmentos, não apenas na maçã, portanto no momento da assistência técnica, as visitas não se limitam a uma cultura, mas se estendem a todas as atividades desenvolvidas na propriedade. Esta diversidade exige um técnico com conhecimentos mais amplos em substituição dos técnicos anteriores, extremamente especializados em sua área de atuação.

b) A entrega da produção e o pagamento ao associado

O associado leva até a cooperativa sua produção, onde esta é armazenada em de depósitos identificados, em câmaras frigoríficas. A partir deste momento é classificada – processada e embalada – e, após, comercializada.

Segundo relatos do Presidente da Cooperativa Pradense, cerca de 80% da fruta é comercializada no Estado de São Paulo. O associado é pago somente após o recebimento da venda e podem ocorrer adiantamentos realizados de modo proporcional, levando em consideração variedade, classificação por categoria e volume de frutas depositadas, neste caso envolvendo todos os associados que depositaram determinada cultura. Os custos do processo são divididos de acordo com o volume de frutos depositados.

O financiamento de cada safra ocorre por conta dos seus próprios recursos, cabendo a este associado, realizar as compras e a condução de suas atividades.

c) O impacto sobre o modo de trabalho e a rentabilidade

O destaque neste sentido reside em duas afirmações. Na primeira, segundo o Presidente da cooperativa é de que ... a união é necessária para se tornar grande, para poder brigar é necessário contar com uma proteção. Desta forma a cooperativa protege comercialmente, financeiramente e tecnicamente,

onde o social, a segurança e a cultura se preservam, ao contrário da contrapartida das empresas que só consideram o lado econômico.

E na segunda, na visão do Veterinário da Cooperativa Pradense62: Se, é ruim com a cooperativa, muito pior sem ela,

pois esta possui a função de reguladora. O pequeno não é pequeno apenas no tamanho, mas é pequeno na sua forma de pensar. A cooperativa viabiliza soluções e alternativas, hoje nos deparamos com maiores dificuldades e individualmente somos mais vulneráveis. Onde a cooperativa se faz presente, mesmo o não sócio se beneficia do processo de disciplina do intermediário. Citando o exemplo do que ocorre com a produção de leite, de modo mais evidente, o não associado consegue vender por um valor equivalente ao pago ao associado. Utilizando muitas vezes o valor da cooperativa como parâmetro para suas vendas, mas este não associado certamente incorre em custos mais elevados. A falta de assistência técnica, entre outros fatores, evidenciam isto. Portanto na forma do produtor pensar, muitas vezes não existe um impacto imediato, os efeitos de associar-se devem ser sentidos em períodos longos de análise, evidenciando o crescimento ou não de um produtor e levando em consideração o volume de produção e um produto como referência.

Para exemplificar, a maçã, hoje, não sente os mesmos efeitos em função da variedade produzida na propriedade, mas vários produtores orientados pelos técnicos da cooperativa, já estão em processo de substituição de variedades e construção de pomares sob novos padrões de produção, isto evidencia a longo prazo o diferencial, procurando o direcionamento certo, e promovendo ajustes de posicionamento.

Outra questão que chamou a atenção, é o fato da Cooperativa Pradense, apesar de registrar a fidelidade do associado em seus estatutos – onde os desvios de produção ocasionariam a eliminação do associado; na prática não exige do associado esta fidelidade. Segundo seu Presidente, devido a diversidade de produtos produzidos na propriedade dos associados, não existe forma de que a cooperativa garanta comercialização para todos os produtos. Esta constatação leva muitas vezes o associado a efetuar composições de vendas com

intermediários, muitas vezes colocando nesta composição de vendas os produtos que são trabalhados pela estrutura da cooperativa.