• Nenhum resultado encontrado

Preços Médios Observados CEAGESP

D ESENVOLVIMENTO DE UM P ROJETO DE C OOPERATIVA PARA P RODUTORES DE M AÇÃS NO M UNICÍPIO DE V ACARIA / RS

4.1. Comparativo: Empresa Tradicional X Cooperativa Agropecuária

A distinção entre uma Cooperativa Agropecuária e uma Empresa Tradicional é facilmente percebida sob vários aspectos. Procuramos abordar aqueles mais marcantes e que se distinguem criando um “diferencial”.

As sociedades cooperativas se apresentam simultaneamente como “associação de pessoas” na sua dimensão social e, como “empresa”, na sua dimensão econômica. É também, um traço característico do cooperativismo a dupla função do associado, uma vez que ele é dono e usuário ao mesmo tempo. Essas características marcantes fazem do cooperativismo uma proposta essencial para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Em contrapartida, a sociedade mercantil apresenta-se de forma impessoal, comandada pelo capital e voltada, predominantemente, para o lucro que é apropriado pelo(s) dono(s) do capital.

Podemos citar o quadro abaixo como um comparativo entre os dois tipos de sociedade, onde fica evidente a distinção entre ambas, e a valorização da força de trabalho no contexto de cada sociedade.

Quadro 4.1 – Comparativo Sociedade Cooperativa X Sociedade Mercantil35

Sociedade Cooperativa Sociedade Mercantil O principal é o homem O principal é o lucro

É uma sociedade de pessoas que

funciona democraticamente È uma sociedade de capital que funciona hierarquicamente Seu objetivo principal é a prestação de

serviços aos associados Seu objetivo principal é o lucro O associado é sempre dono e usuário da

sociedade Os sócios vendem seus produtos e serviços a uma massa de consumidores Cada usuário tem direito a um voto nas

Assembléias Gerais Cada ação ou cota corresponde a um voto nas Assembléias O controle é democrático O controle é financeiro

As cotas não podem ser transferidas a

terceiros As ações ou cotas podem ser transferidas a terceiros Afasta ou disciplina as ações dos

intermediários São, muitas vezes, os próprios intermediários Os resultados retornam aos associados

de forma proporcional às operações efetuadas com a cooperativa

Dividendos retornam aos sócios na proporção do número de ações de cada um

Aberta à participação de novos

associados Pode limitar a quantidade de acionistas Defende preços justos Defende o maior preço possível

Promove a integração entre as

cooperativas Promove a concorrência entre as sociedades O compromisso é educativo, econômico

e social O compromisso é puramente econômico

Nas Assembléias Gerais, o “quorum” é baseado no número de associados presentes

Nas Assembléias Gerais, o “quorum” é baseado no capital presente

Valoriza o trabalhador e suas condições

de trabalho e vida Contrata o trabalhador como força de trabalho Fonte: SEBRAE/RS, 1998.

35 Extraída de material divulgado pelo SEBRAE/RS, 1998 – pág.33; este quadro comparativo

Desta forma a cooperativa é uma entidade que não visa lucro, uma vez que o resultado do trabalho é dividido entre os cooperados. A propriedade de uma cooperativa é ilustrada pelo fato de que cada associado ter direito a um voto na eleição de seus dirigentes. É possível o estabelecimento de proporcionalidade de acordo com resultados econômicos, ocorrendo, contudo limitação quanto ao número de cotas para cada associado; e número mínimo de associados para formação de uma cooperativa é de 20 (vinte) pessoas.

De acordo com o que está demonstrado na Tabela 4.1, a Cooperativa pode obter vantagem tributária em relação a Empresa Rural tradicional, quando são desenvolvidas relações sob o enfoque do “Ato Cooperativo36”, reduzindo

consideravelmente a carga tributária. Se analisadas as relações fora deste relacionamento – ou seja, cooperativa e não associados, o que descaracteriza o “Ato Cooperativo”, a cooperativa se torna mais onerosa sobre o aspecto tributário.

Tabela 4.1 – Análise Comparativa de Impostos / Encargos37

Incidência de Impostos / Encargos Cooperativa Agropecuária39

DESCRIÇÃO DO IMPOSTO/ENCARGO

SOBRE VENDAS E MÃO-DE-OBRA

Empresa Rural

Tradicional38 Ato

Cooperado (h) Cooperado Ato Não

SUB-TOTAL DOS IMPOSTOS

• COFINS & PIS • ICMS (a)

• IR ( sobre Lucro Presumido) (k) • ISS ( Municipal ) (b)

• Contribuição Social (Lucro Presumido) (l) • Contribuição Previdenciária sobre

Produção Rural (INSS Rural) (c)

18,28 % 3,65 % 7,00 % 1,35 % 3,00 % 1,08 % 2,20 % 9,20 % 0,00 % (j) 7,00 % 0,00 % (m) 0,00 % (i) 0,00 % (j) 2,20 % 18,28 % 3,65 % 7,00 % 1,35 % 3,00 % 1,08 % 2,20 %

SUB-TOTAL DAS TAXAS

• Taxa de Administração (d) • Taxas OCERGS/SESCOOP (g) 0,00 % 0,0 % 0,0 % 2,50 % 2,50 % R$ 1.070,00 2,50 % 2,50 % R$ 1.070,00

SUB-TOTAL DOS ENCARGOS S/ MÃO-OBRA (E)

• FGTS • Férias

• Adicional 1/3 s/Férias • 13º Salário

• Previdência Social – INSS (f)

33,14 % 8,00 % 8,33 % 2,78 % 8,33 % 5,70 % 33,14 % 8,00 % 8,33 % 2,78 % 8,33 % 5,70 % 33,14 % 8,00 % 8,33 % 2,78 % 8,33 % 5,70 % Total Geral 51,42 % 44,84 % 53,92 %

(a) Esta alícota varia de acordo com a região de destino da fruta – no exemplo analisado está sendo considerada uma venda dentro do Estado do RS – Situação específica para a Comercialização da Maçã. (b) Por se tratar de um imposto municipal, sua alícota varia de acordo com a política fiscal de cada

município, no caso é retratada a situação de Vacaria/RS; (c) Alícota para Pessoa Jurídica;

(d) Pode variar de uma cooperativa para outra ou mesmo não existir. No caso a COOPERVAL, adotou a taxa de 1,5% como Taxa de Administração e 1,0 % de taxa para Capitalização definido em Assembléia Geral;

(e) Destacamos o fato de que, os empregados de uma cooperativa, estão sujeitos as mesmas regras trabalhistas impostas as demais empresas;

(f) Alícota Reduzida em função do recolhimento de INSS sobre Produção Rural;

(g) Existe a cobrança de uma taxa fixa escalonada em níveis de incidência, de acordo com o porte da Cooperativa, no Caso da COOPERVAL, que foi o objeto de consulta, o valor desta taxa é de R$ 1.070,00/ mês, representando Nível 03, em uma escala de níveis de 0 (zero) até 5 (cinco);

(h) Conforme definido pelo Capítulo III – Item 3.2.5;

(i) Em Vacaria/RS, não incidente, por existir fomento às atividades primárias desenvolvidas por cooperativas;

(j) Quando caracterizado o Ato Cooperativo, nestes casos a Margem Bruta sobre Comercialização de produtos agrícolas (grãos), ficam suspensos os tributos destacados de acordo com Medida Provisória nº 2.158-34 de 28.07.2001 / Lei nº 9.718/98;

(k) Base Cálculo de 8%, com incidência da Alícota de 15%; (l) Base Cálculo de12%, com incidência da Alícota de 9%;

(m)Preservada a isenção do Imposto de Renda, conforme o Artigo 182 do RIR/99, para o Ato Cooperativo;

Fonte: Dados tabulados pelo autor

36 Ato Cooperativo, conforme já destacado no Capítulo III, item 3.2.5;

37 Formação da referida tabela, com base em entrevistas e pesquisas a legislação. Foram

entrevistados os contadores de ambos os segmentos. Para estabelecer estes percentuais, se propôs a situação comum de venda de frutas dentro do Estado do Rio Grande do Sul e obedecendo a legislação vigente em junho/2001.

38 Dados levantados junto a Sra Maria Teresa Martiningui Pacheco, Supervisora Administrativa e

Financeira da empresa RASIP – Agro Pastoril S/A.

39 Dados levantados junto ao Bacharel Sr. Adelino Zacchi, contador da empresa COOPERVAL –

Portanto o diferencial é a relação dos sócios com a cooperativa, constituindo neste momento um diferencial positivo a favor desta.

Segundo o Contador de uma cooperativa de Vacaria, é necessário que sejam destacadas na contabilidade, de uma cooperativa, todas as operações realizadas, justamente porque o tratamento tributário, varia muito de acordo com a relação entre o associado e a cooperativa, ou desta com terceiros, o que origina uma variação muito grande no volume de encargos para uma mesma operação, quando envolvendo agentes diferentes. No caso pesquisado, a COOPERVAL, esta não realiza nenhuma operação que não envolva os associados.

Em nossas considerações futuras, sobre o projeto de estruturação de uma cooperativa para produtores de maçãs, utilizaremos sempre a carga tributária, referente às relações desenvolvidas exclusivamente entre os associados e a cooperativa, e desta com terceiros, visando industrializar e comercializar, a produção de seus associados.