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Um novo conceito de projeto de hotel

TABELA 9: TBS MÁXIMO E MÍNIMO NO DIA DE REFERÊNCIA DE PROJETO DE VERÃO PARA SÃO PAULO

7. A necessidade de espaços amplos para casa de máquinas e tomada de ar: Sabe-se que o custo do ciclo de vida de um edifício é elemento fundamen-

4.9 Aspectos Complementares

Dentre todas as opções de condicionamento natural, artificial ou misto, diversas estratégias podem ser adotadas de forma a melhorar o desempenho energético da edificação.

A não utilização de sistemas ativos, ou seja, a opção pelo condicionamento natural ou de modo misto, pode exigir uma arquitetura mais complexa (com solu- ções integradas de projeto) do que no caso do uso integral do SAC. Isto porque neste caso no projeto arquitetônico – a forma da edificação, as características construtivas, o dimensionamento e posicionamento das aberturas e até mesmo a distribuição interna do lay out – são elementos que refletem diretamente no desempenho e no conforto dos usuários.

Edifícios com SAC podem manter o nível de conforto dos usuários, com temperaturas e umidades constantes o ano todo, independente da arquitetura. Porém, a capacidade do sistema e seu consumo energético é elevado e estão dire- tamente relacionadas a solução arquitetônica.

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4. Um novo conceito de projeto de hotel econômico

Ilustração 55:Comparação entre as diferenças principais do condicionamento natural, artificial e de modo misto. Característica Sistema Construtivo Aberturas (WWR) Condicionamento Natural -Adequação climática dos materiais par o aproveitamento da inércia térmica dos sistemas construtivos de acordo com o período de ocupação Tamanho, distribuição e posicionamento para o maior aproveitamento das condições naturais Condicionamento Artificial Adequado para que a Inércia não aumente a carga térmica durante o período de ocu- pação

-Isolamento dos materiais para evi- tar perdas

Janelas lacradas (sem infiltração), ou WWR ade- quadas com caixil- hos bem vedados para reduzir taxa da infiltração

Condicionamento do modo misto

-Adequação climática dos mate- riais para o

aproveitamento da inércia térmica dos sistemas constru- tivos com isola- mento dimensiona- do adequadamente

Com dimensiona- mento adequado para SAC (baixa infiltração) e VN (alta taxa de venti- lação efetiva)

4.9.1 Iluminação

A iluminação natural é um fator que depende tanto das condições climáti- cas, do tipo de céu (encoberto, parcialmente encoberto, ou claro), assim como das características das aberturas (dimensão e posicionamento), dos dispositivos de proteção solar como o “brise-soleil” (tipo e dimensões, quando houver), das carac- terísticas do ambiente (profundidade, largura, altura) e da refletância dos mate- riais de acabamento.

Com relação ao dimensionamento das aberturas, verifica-se na IL 56, que o aumento da área reduz proporcionalmente o consumo de energia para a ilumina- ção artificial, porém aumenta o consumo para o condicionamento artificial.

Na iluminação natural o posicionamento e dimensionamento das aberturas e “brise-soleil” devem ser dimensionados e posicionados para maximizar o seu aproveitamento.

Em edifícios ocupados predominantemente no período comercial (das 9 horas às 18 horas), para São Paulo, mesmo no inverno quando a disponibilidade da luz natural é menor, ela deve ser aproveitada para que se utilize menor quan- tidade da luz artificial durante o dia, melhorando o desempenho energético do edifício.

Sobin (1981, apud BITTENCOUT e CÂNDIDO, 2005) apresenta na IL.57 o efei- to da forma da abertura em função da direção do vento e da existência de prote- Ilustração 56:Relação das áreas de aberturas com consumo de energia elétrica para iluminação artificial (kWh/mês) e para o condicionamento artificial (kWh/mês)

tores solares verticais. Para cada ângulo de incidência do vento na fachada, alte- ram-se as velocidades médias do vento, assim como para cada forma de abertura. Para as aberturas retangulares, quando são avaliados os mesmos ângulos de inci- dência de vento nas mesmas aberturas e com o uso de “brise-soleil”, nota-se que há uma perda de rendimento em função da direção e inclinação do painel do brise.

Entende-se, portanto que existe uma dimensão ótima para cada abertura com o maior ganho de luz natural e maior velocidade média do vento.

A IL.58 exemplifica, para uma cidade Brasileira, o quanto o potencial de luz em lux está disponível na face da janela, e o quanto este valor vai decaindo na medida em que se distancia da mesma. Além disto, pode-se ver que os limites das normas (NBR 5413) o sistema artificial apenas seria necessário a partir de 4 metros de distância da janela.

O projeto de iluminação para qualquer ambiente deve sempre considerar a integração da luz natural disponível com o projeto da iluminação artificial. Na IL. 59 apresenta um exemplo desta integração:

– No primeiro momento a luz natural atende até uma profundidade do ambiente (que depende da quantidade da luz disponível, e das características da

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4. Um novo conceito de projeto de hotel econômico

Ilustração 57:Efeito da forma da abertura em função da direção do vento e da existência de proteto- res solares verticais

abertura para que se possa aproveitar ao máximo a disponibilidade natural da luz e com isso melhorar o desempenho do edifício como um todo;

– No segundo momento, quando a disponibilidade da luz natural é menor, são acionadas novas lâmpadas mais distantes da janela;

– No terceiro momento, quando a luz natural não esta disponível em quan- tidade suficiente, todas as lâmpadas são acessas.

Os valores de iluminância, para cada atividade, são determinados pela Norma Brasileira de iluminação artificial (NBR 5413). Sendo assim, o melhor desempenho luminoso deve levar em consideração as exigências normativas e a disponibilidade de luz natural.

Ilustração 59:Melhor desempenho térmico e Luminoso: a integração da iluminação natural e artifi- cial ao longo do dia

Fonte: ALUCCI, 2006.

Ilustração 58:Distribuição da luz natural pela distância da janela, e a integração com o sistema artificial.

No caso dos hotéis econômicos, ocupados a noite, das 20 ás 7 horas, este aproveitamento deixa de ser a prioridade no projeto, apesar de ser fundamental para a salubridade dos ambientes e normalmente estar relacionado com a ventila- ção natural. A higienização dos apartamentos depende da incidência de sol nas UH, já que ela é capaz de eliminar fungos e bactérias que se aproveitam de ambientes úmidos, escuros e sem ventilação adequada para se desenvolver.

4.9.2 Exposição ao ruído

O som propaga-se pelo ar, ou através dos materiais.

O desconforto acústico pode ser proveniente das chamadas fontes exter- nas, tais como veículos, aviões, helicópteros e trens, e de fontes internas, que podem variar desde vozes, músicas, até a vibração de equipamentos.

Foram listados por BARING (1981) alguns cuidados acústicos básicos de edi- fício, dos quais cabe destacar os seguintes:

– Consulta aos planos de desenvolvimento urbano da região onde será construído o edifício;

– Verificação do zoneamento proposto;

– Levantamento de proteções naturais e de edificações do entorno que pos- sam auxiliar na proteção do edifício às fontes de ruído locais;

– Implantação do edifício de forma a minimizar a sua exposição as fontes de ruído locais;

– Locação conveniente de “setores problemáticos” em termos acústicos e vibratórios, tais como garagens, casa de máquinas de elevadores, sistemas hidráu- licos, centrais de ar-condicionado, etc;

– Locação conveniente em projeto dos espaços com “potenciais” para abri- gar atividades ruidosas ( tais como cozinhas, áreas de lazer, etc.)

– Atenção para a proximidade ou a comunicação de ambientes acustica- mente indesejáveis;

– Programação dos valores mínimos de isolação sonora a serem observados na execução de coberturas, fachadas, pisos e caixilhos em geral;

– Programação de todas as providências para a isolar as canalizações de águas, esgotos e dutos de ar condicionado, que são veículos de ruídos de vibrações; – Especificação de revestimentos de pisos, providência complementar às decisões sobre as características de isolação aos ruídos de impacto que estes pisos devem apresentar;

– Especificação de revestimentos absorventes sonoros para corredores,

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saguões de entrada, salas de espera e outros locais em que possa ocorrer a rever- beração prolongada ou “condução”de sons e ruídos;

– Detalhamento dos caixilhos observando o seu compromisso com a isola- ção sonora dos locais em que serão instalados;

No caso de hotéis, cuja principal atividade é o repouso, durante a noite, a melhor condição de isolamento acústico deve levar em conta também a interfe- rência das UH vizinhas, quanto o ruído de pessoas e equipamentos deve ser tem- bém considerados.

Dependendo também do nível de ruído externo e das características cons- trutivas internas, com maior ou menor isolamento acústico entre as UH, muitos usuários relataram o uso de algum equipamento que gere ruído constante para que sejam simulados outros ruídos intermitentes, e mais elevados. Nas condições de repouso, estes são também ruídos indesejáveis, que podem prejudicar o sono. Refere-se aqui ao uso do próprio SAC como fonte sonora, mais um elemento que demonstra a importância na integração das soluções propostas em um projeto de arquitetura.

A análise paramétrica busca avaliar o impacto de variáveis arquitetônicas, tanto nos componentes construtivos quanto na operação do edifício hoteleiro –, considerando como base inicial os dados empíricos do estudo de caso apresenta- do no Apêndice A.

Foram determinados, a partir de critérios estabelecidos, quais variáveis seriam alteradas nas simulações, levando-se em conta o impacto que elas teriam na arquitetura e no desempenho energético do edifício. A padronização da UH nos Hotéis Econômicos fez com que obtivéssemos os resultados da UH, sendo este o ambiente mais representativo dentro desta tipologia.

O comportamento térmico-dinâmico das UH considera a influência de um ambiente sobre o outro, em que foram consideradas as mesmas condições inter- nas em todos eles. Foram analisados os dias representativos de verão e inverno, permitindo assim avaliar o potencial de estratégias de projeto específicas. Na ava- liação anual do percentual de conforto, segundo a norma ASHRAE 55/2004, verifi- cou-se o desempenho geral da edificação e do consumo do sistema de ar condi- cionado (SAC) na unidade habitacional (UH), integrando as diferentes estratégias adotadas.

Com base nos resultados do cenário inicial, cujo modelo foi previamente calibrado com os dados empíricos levantados, foram feitas proposições de novas alternativas (cenários), na busca por avaliar o impacto das alterações no desem- penho térmico e energético da edificação, avaliando também as condições de conforto dos usuários.

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Análise paramétrica