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Opção pelo condicionamento natural

Um novo conceito de projeto de hotel

TABELA 9: TBS MÁXIMO E MÍNIMO NO DIA DE REFERÊNCIA DE PROJETO DE VERÃO PARA SÃO PAULO

4.6 Opção pelo condicionamento natural

Quando as condições de conforto são atendidas por meio do condiciona- mento natural, algumas definições, ainda na fase de projeto, são determinantes para o melhor desempenho do edifício nessas condições.

1º. Adequar a implantação e forma do edifício ao programa:

Num primeiro momento da fase de projeto, deve-se avaliar adequadamen- te a implantação e a forma do edifício no terreno em questão e ao programa.

2º. Redução dos ganhos de calor por meio das fontes internas e externas. Quando se considera desde a concepção inicial de um projeto, tendo sido já levadas a cabo as fases preparatórias de projeto (estudo do programa, diagnósti- co climático, levantamento das estratégias de projeto), a redução dos ganhos de calor, comparada com um projeto convencional (EVANS, 2007), certamente já está sendo levada em conta.

No caso de edifícios existentes, uma avaliação de todas as fontes de ganhos de calor deve ser criteriosamente feita, para que sejam levantadas quais fontes de

Limites para Temperatura de Conforto: Comparação ASHRAE 55-2004 e Humphreys-78

14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 5 10 15 20 25 30 35

Temperatura Média Mensal do Ar Exterior (°C)

Temperatura Operativa Interna (°C).

ASHRAE 55 - 90% ASHRAE 55 - 80% TN Humphreys

+ 2,4 tolerância Humphreys - 2,4 tolerância Humphreys TN_ASHRAE 55

y = 0,3079x + 21,429 R2 = 1 y = 0,31674x + 15,40737 R2 = 0,99999 y = 0,31263x + 20,31684 R2 = 1,00000 y = 0,3081x + 14,385 R2 = 1 y = 0xxxx + xxx R2 = 1 y = 0,53Tm+11,9

Ilustração 41:Comparação dos limites de temperatura de conforto pelo modelo da ASHRAE 55 (2004) com o modelo de Humphreys (1978)

calor podem ser reduzidas. Fala-se aqui principalmente do sistema de iluminação artificial e dos equipamentos, visto que a cada dia têm surgido novos equipamen- tos com consumo de energia e geração de calor cada vez menores, já que os ganhos devido às pessoas não podem ser reduzidos.

Outro elemento bastante importante nesse aspecto são as características construtivas, principalmente os ganhos devido às superfícies transparentes. A orientação mais desfavorável, aliada ao uso de vidros sem sombreamento, pode ser uma das maiores fontes de ganhos de calor e, muitas vezes, a adoção de som- breamento pode reduzir consideravelmente estes ganhos. No entanto, a integra- ção dessa estratégia deve sempre considerar uma possível redução da luz natural no interior do ambiente e, portanto, o projeto deve ser considerado como um todo, bem como a utilização das estratégias para torná-lo mais eficiente.

O método desenvolvido por Alucci (2007), que resultou no programa com- putacional TAO, demonstrou ser uma ferramenta importante para auxiliar nestas fases de projeto. Os procedimentos seguidos pelo programa TAO estão enumera- dos abaixo:

– Identificar condições de exposição para a edificação considerando a fase de uso;

– Selecionar as características construtivas da envoltória: aberturas e vedos; – Calcular o desempenho térmico, acústico, luminoso e energético da edi- ficação em questão de acordo com critérios preestabelecidos e definidos pelas normas;

– Comparar os resultados para as várias orientações do edifício, consideran- do os requisitos de conforto do usuário (normas);

– Identificar à alternativa ”ideal” para a implantação do edifício.

Com base nestes critérios é definida a geometria ótima do edifício para o máximo proveito das condições naturais e o menor impacto em relação aos pon- tos negativos do entorno (como excesso de ruído urbano, por exemplo).

4.6.1 Ventilação natural

A ventilação natural é de grande importância para a higiene e salubridade em geral bem como para o conforto dos usuários.

Avaliar os modelos de esquadrias e suas respectivas taxas de ventilação efe- tiva, e verificar se a ocupação no interior do edifício não cria nenhuma barreira para o vento são os princípios de um projeto adequado para o aproveitamento desta estratégia e, consequentemente melhorar o desempenho do edifício.

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O fluxo do ar que entra em um edifício depende da diferença de pressão do ar entre os ambientes internos e externos, da resistência oferecida pelas abertu- ras ou obstruções internas e de uma série de implicações relativas à incidência do vento e à forma do edifício. Na IL. 42 pode-se verificar o fluxo de ar para diferen- tes formas de edifícios e a interferência que elas acarretam no entorno, a área em que não tem nenhum fluxo de vento, as chamdas “sombras de vento”.

Existem alguns elementos na arquitetura do edifício, que maximizam a ventilação interna como o uso de estratégias que aproveitem da diferença de pressão e densidade do ar para movimentá-lo naturalmente para cima – o chama- do efeito chaminé.

Ambientes com o pé direito alto ou de “chaminé solares” (sistema que aproveita da diferença de pressão associada ao geração de calor para direciobar o ar quente para cima) são conceitos que podem ser explorados nos projetos de arquitetura. Quando dimensionados corretamente, podem dispensar o uso do SAC nas condições climáticas com as de São Paulo.

A tipologia padrão do Hotel Econômico, de planta retangular e corredor cen- tral entre as UH, acaba prejudicando a exploração da ventilação cruzada. Apesar disto, pode-se encontrar muitas vezes, em especial nos Hotéis de categoria supe- riores como o Hotel Burj al Arab, em Dubai (ILs. 43 e 44), grandes vão centrais com andares escalonados que podem explorar tanto a ventilação cruzada, do exterior para o átrio, quanto o efeito chaminé, da saída da UH para o topo do átrio. Ilustração 42:Comportamento do fluxo de ar em torno de edificações

A ventilação natural pode ser explorada no projeto de arquitetura com ou sem o uso de sistemas mecânicos. Recomenda-se que eles sejam incorporados no projeto de arquitetura para atender as situações em que não há vento, e garan- tindo uma taxa de ventilação e renovação do ar adequada sem necessariamente depender do SAC.

No caso dos Hotéis econômicos próximos de grandes centros comerciais a ventilação natural pode estar associada a outros efeitos indesejáveis, tais como:

a. A poluição do ar b. A poluição sonora

Existem projetos mantém o uso da ventilação natural sem acrescentar estes efeitos indesejáveis, como a proposta feita por Buoro, De Benedetto e Miura (2004), que, com a utilização de uma chicane15absorve o ruído externo, ao mesmo tempo em que filtra as impurezas o ar provenientes da poluição da cidade, tor- nando-o de melhor qualidade do que o ar externo (IL. 45).

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4. Um novo conceito de projeto de hotel econômico

Ilustração 43:Átrio central do Hotel Burj al Arab em Dubai, vista aérea.

Fonte: JUMEIRAH, 2007.

Ilustração 44:Átrio central do Hotel Burj al Arab em Dubai, vista do térreo.

Fonte: JUMEIRAH, 2007.

15. Chicane: Um seqüência de curvas em "S" que reduz a velocidade do ar e onde são posicionados absoverve- dores acústicos para evitar a transmição de ruído de um ambiente para outro.

4.6.2 Dispositivos de proteção solar

A necessidade de reduzir a incidência direta da radiação, controlar a dispo- nibilidade de luz e, consequentemente, reduzir os ganhos solares através das aberturas, determinam o uso de dispositivos de proteção solar (brise-soleil).

Devido à característica termo-física dos vidros, a seqüência da radiação solar incidente sobre uma superfície translúcida, apresentada na IL.46 é a seguinte: