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Fonte: Souza,

4. ESTUDO DE CASO

4.2 ASPECTOS DE ACESSIBILIDADE

Para análise dos aspectos de acessibilidade da Fortaleza de Santa Cruz e identificação das possíveis soluções aos problemas existentes, aplicou-se três métodos: visita exploratória, passeio acompanhado e walkthrough com especialistas.

Os dados obtidos por meio dos passeios acompanhados e visita exploratória estão apresentados em forma de quadros. São cinco quadros com os resumos dos passeios acompanhados e quatro com a apresentação conjunta dos resultados de ambos os métodos, sendo um para cada componente de acessibilidade, conforme exposto no item 4.2.1.

Os resultados do walkthrough com especialistas foram descritos, na sequência, no item 4.2.2.

4.2.1 Resultados dos passeios acompanhados e visita exploratória

As visitas exploratórias possibilitam ao pesquisador o conhecimento do local e de suas características, ao analisar a funcionalidade do ambiente, identificar os aspectos positivos e negativos do objeto de estudo (ORNSTEIN; ROMERO, 1992). Com a aplicação deste método, pode-se registrar as atuais condições de acessibilidade espacial do ambiente, sob o ponto de vista do pesquisador, e a existência de elementos museográficos no sítio.

Já os passeios acompanhados propiciaram o entendimento das necessidades de diferentes usuários, sua opinião em relação à fortaleza e sugestões de melhorias para o sítio, ampliando as observações do pesquisador advindas tanto da visita exploratória quanto do conhecimento prévio a respeito da fortaleza. Portanto, optou-se por demonstrar o resultado destas avaliações em conjunto, por se complementarem.

Conforme critérios explicados no item 3.5. (p. 67), participaram dos passeios acompanhados os cinco usuários descritos nos quadros a seguir (02 a 06), nos quais se apresentam as características do indivíduo, sua experiência, as atividades sugeridas, o mapa do percurso realizado e um breve resumo de cada passeio acompanhado.

No mapa do percurso dos passeios acompanhados, existem letras maiúsculas demarcando o local das fotos dos participantes durante a realização das atividades. Estas letras coincidem com as referentes às atividades, descritas no campo anterior ao mapa de cada quadro.

Os componentes de acessibilidade envolvidos em cada atividade, presente nas fotos ao lado dos mapas dos percursos, ilustram os problemas em potencial observados pelo pesquisador.

Acredita-se não ser necessário incorporar os relatos de forma detalhada ao item estudo de caso, devido sua extensão, bastando a apresentação dos resumos e de uma compilação das descobertas por meio dos quadros. No Anexo A existe a transcrição completa do passeio acompanhado da gestante com deficiência auditiva, a fim de exemplificar os detalhes da aplicação do método, os diálogos que o mesmo proporciona e riqueza de imagens e informações.

Os observadores serão identificados nos quadros conforme os símbolos apresentados na figura 80.

Figura 80 – Pictogramas utilizados na pesquisa

DE F IC IE N T E F IS IC O T UR IS T A E S T R AN GE IR O GE S T AN T E C OM DE F IC IE NC IA AU DI T IVA IDO S O DE F IC IE N T E VI S UA L P E S QU IS AD OR

Quadro 02 – Passeio acompanhado com deficiente físico-motor (1/2)

Deficiente físico-motor

Características do participante: sofreu um deslocamento na patela,

devido a uma má formação

genética. Faz uso de muletas temporariamente. É estudante de Arquitetura e Urbanismo, na faixa etária entre 20 a 25 anos.

Experiência: Desconhecia a fortaleza.

Data e duração do passeio: Realizado em 15/02/2012 em aproximadamente 45min Atividades

a) Embarcar na bateira que fará o transporte do trapiche da Caieira a Ilha de Anhatomirim e ali desembarcar;

b) identificar a lanchonete e o banheiro feminino; c) visitar a exposição na casa do comandante; d) tirar uma foto sob o quartel da tropa, nos alpendres; e) encontrar a área da bateria baixa;

f) retornar ao trapiche da Ilha de Anhatomirim.

Todos os objetivos foram alcançados com êxito, exceto pela localização da bateria baixa.

Mapa do percurso do passeio

Orientação Comunicação Deslocamento Uso

Resumo do passeio acompanhado

A pessoa com muletas apresentou problemas quanto aos quatro componentes, principalmente em relação ao deslocamento. Considerou a escadaria da portada o maior obstáculo do passeio, seguida do desnível entre a embarcação e o trapiche.

Adentrou a fortaleza pela portada, local em que se deparou com o primeiro ponto de tomada de decisão, onde se deteve para analisar o mapa antes de seguir para a casa do comandante. Nesta, ressaltou que “o problema de ter o corrimão D E F C

3.

A

B

2.

A

1.

A

A B C D E F

só de um lado é que, com a mão que seguro a muleta, não posso me apoiar, então, vou descer sem apoio ou escorando na parede”. Preferiu não apoiar-se nas paredes das áreas externas da fortaleza por parecerem escorregadias, devido ao limo que as cobre em determinados trechos.

Tratando dos pisos, disse que “as saliências do piso as vezes são perigosas porque você pode não enxergar e tropeçar. A pouca iluminação também não colabora, se fosse mais iluminado daria para enxergar as ondulações”. Salientou que os trechos com grama transmitem uma maior sensação de segurança para a o pedestre se deslocar, ao contrário de onde existem tijoleiras e pedras, perigosos pelos desníveis e inclinação transversal, respectivamente.

Demonstrou problemas de orientação, mesmo utilizando o mapa: “o mapa indica caminhos que na realidade não existem, aqui só tem grama [...] estou tentando me familiarizar pelas guaritas... seria mais fácil identificar pelos caminhos [...]”. Posteriormente, constatou que “a bateria baixa foi a mais difícil de achar... falta placa de sinalização em geral, pois, só tem as placas identificando a edificação - com o número, nome e história -, mas, elas são pequenas, então você não vê a distância o que é cada edificação”. Citou a falta de sinalização nos pontos de tomada de decisão.

Entrevista final

Aspectos Positivos: “trapiche [de Anhatomirim] tem uma boa distância entre as ripas, diferente do da praia [Caieira], e é bem regular, não teve risco de eu tropeçar. A grama também auxilia bastante, não tem risco de escorregar e é uma alternativa às escadas”.

Aspectos Negativos: “escada principal [portada], pois o desnível entre os degraus é bem alto, tem umas partes bem irregulares, achei a parte final a pior de todas... ainda tem um certo apoio, mas, não tem corrimão... dá bastante insegurança. Os patamares não são muito largos, não tem espaço para descanso”.

Se pudesse melhorar algo: “colocaria corrimão [na escada que leva à portada]. Não sei se pode mexer nas pedras, porque a maioria das escadas são feitas de pedra, e aqui é tombado né, aí tem essa dificuldade... mas o corrimão já ajudaria a ter firmeza, ter mais segurança na hora de se locomover”

Observação adicional: “Tem outro banheiro identificado no mapa, mas não tem sinalização no local. É mais difícil de achar. Lanchonete só tem aqui em baixo, se estiveres lá em cima e quiseres uma água tem que vir até aqui em baixo para comprar, o que é ruim”.

Quadro 03 – Passeio acompanhado com turista estrangeiro (1/2)