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ORIENTAÇÃO ESPACIAL

U) Cozinhas: será mantido o uso dos espaços pela administração.

V) Praia e ruínas do viveiro: na Praia do Viveiro, ruínas da Praia do viveiro e da casa do faroleiro, o acesso será através de trilhas (grama

5. ROTEIRO MUSEOGRÁFICO ACESSÍVEL

5.4 OUTROS ITENS A CONSIDERAR

Visando um funcionamento adequado da fortaleza, para fins turístico/culturais, alguns itens devem ser considerados, tais como:

a) disponibilização de barcos em períodos regulares, como a cada 30 minutos, desvinculando os passageiros das escunas, dando- lhes liberdade quanto ao tempo da estadia na ilha de Anhatomirim. Salienta-se que o sistema de transporte marítimo da grande Florianópolis, ainda em estudo, poderá suprir esta demanda;

b) Reativação do projeto de treinamento de guias universitários nas férias de verão – alta temporada - ou ainda uma parceria a ser firmada com alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), dos Cursos

Técnicos de Condutor Cultural ou de Guia de Turismo, a fim de colocar em prática os conhecimentos adquiridos e realizarem estágios remunerados de férias. Após treinamento específico para este fim, a ilha contaria com uma equipe de guias aptos a transmitir informações em português, inglês, espanhol e libras; c) melhoria da infraestrutura da ilha nos quesitos de fornecimento

de água, energia e eliminação de lixo e esgoto;

d) contratação de funcionários pela Universidade para sanar a carência de pessoal necessário para atividades como limpeza permanente, supervisão das visitações, atendimento emergencial (primeiros socorros), vistoria preventiva das edificações e vegetação, manutenção e reposição sistemática de elementos construtivos;

e) itens de segurança como sensores de fumaça, sprinklers, extintores, sinalização luminosa e de emergência, placas com avisos e para-raios devem estar previstos em projeto próprio, com identidade visual similar à utilizada na fortaleza, respeitando as normas técnicas correlacionadas.

6. CONCLUSÕES

As questões que permeiam os debates em torno da acessibilidade no patrimônio histórico estão sempre envoltas por tendências e linhas de pensamento arraigadas e defendidas por técnicos patrimoniais, arquitetos, engenheiros, turismólogos, designers e outros tantos profissionais e cidadãos que tem sustentado o seu ponto de vista quanto a intervir ou não em bens tombados. Ao estudar a possibilidade de tornar acessível uma fortaleza setecentista, não há como fugir do conflito entre a acessibilidade e o patrimônio. E a pergunta que vem à mente é: como interferir e tornar o sítio acessível sem descaracterizá-lo?

Uma forma de solucionar esta questão é seguir os critérios e recomendações da normativa no1/2003 do IPHAN, elaborando propostas que contenham um bom levantamento histórico, físico, iconográfico e documental do bem, priorizem uma intervenção global, com poucos impactos e reversíveis, incluindo os aspectos de acessibilidade e favorecendo a educação patrimonial e uso cultural do espaço. Tais elementos foram considerados ao idealizar o roteiro museográfico acessível para a fortaleza do estudo de caso, conforme se pôde observar ao longo da dissertação.

O Brasil destaca-se por ser um dos países com grande número de fortificações remanescentes, o que demonstra uma preocupação com a arquitetura militar e sua representatividade junto aos cidadãos, podendo- se dizer que desde a década de 1930 estes baluartes têm impulsionado, e de certa forma justificado, a criação e desenvolvimento dos órgãos patrimoniais ao longo do território nacional.

As iniciativas em prol da revitalização da Fortaleza de Santa Cruz, objeto de estudo de caso, são anteriores a 1970, porém, só ocorreu um trabalho efetivo a partir do momento em que havia a definição de um destinatário para ocupar o sítio histórico. Foi a partir da década seguinte (1980) que a UFSC entrou na história da fortaleza a fim de ser sua gestora, visando um uso turístico-cultural, para o qual foram destinadas verbas que possibilitaram a revitalização do conjunto, que passou por modificações ao longo dos anos.

Ultimamente faz-se necessário rever o uso cultural da fortaleza, pois, exceto por alguns eventos isolados, as práticas na ilha têm se limitado quase que exclusivamente ao turismo de temporada.

Percebeu-se a necessidade de se despertar para novas possibilidades, que visem a atração de público, a fim de favorecer a apropriação da fortaleza pela população, a transmissão de seu

significado e inserção na vida cultural da comunidade de forma adequada.

Por seu uso ser predominantemente turístico, existe uma série de elementos museográficos que precisam ser elaborados e implementados e/ou executados na ilha de Anhatomirim para que a visitação de fato tenha um apelo cultural e não seja rotulada como um turismo predatório, estritamente comercial. Ações educativas como a realizada pela Escola do Mar44, como as placas identificando as edificações de Santa Cruz e resumindo sua história e o CD-ROM fortalezas multimídia (TONERA, 2001) são alguns exemplos isolados de ações voltadas de fato para a promoção cultural do sítio histórico.

Está tão evidente o fato de a Fortaleza de Santa Cruz ser uma obra de arquitetura militar que, ao se intervir em prol de um novo uso, é difícil desvinculá-la da imagem de sua finalidade original, devido suas características. Não há como apagar a monumentalidade do quartel da tropa, maior construção luso-brasileira remanescente no sul do país, ao pensar em manter a estrutura da edificação e apenas acrescentar um novo uso, ou de não relacionar as muralhas, terraplenos e canhões aos fins militares. Desta forma, a proposição e implementação de um roteiro museográfico acessível aliado a intervenções pontuais e à disponibilização de pessoal capacitado para o atendimento ao público deve reverter o subaproveitamento do potencial simbólico e econômico da Fortaleza, pois, ao incentivar o uso das edificações e facilitar seu acesso de forma ordenada e segura, a população poderá usufruir do sítio e das atividades que ali ocorrerem. Como consequência, ocasionará um maior cuidado com o bem, devido ao sentimento de apropriação que as pessoas passarão a ter ao gozar do espaço com maior frequência.

As hipóteses levantadas pelo pesquisador, a partir da aplicação dos métodos e técnicas, foram bem recebidas pelos especialistas e usuários entrevistados, muitas vezes coincidindo em alguns aspectos e soluções, o que demonstra uma mudança quanto à aceitação da acessibilidade no patrimônio, uma sintonia referente aos ideais de melhorias, à possibilidade de aprimorar o uso do sítio, de torná-lo mais acessível e ter sua demanda ampliada e aproveitamento mais satisfatório

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A Escola do Mar é um projeto da Prefeitura Municipal de Florianópolis que realiza atividades de educação ambiental marinha e costeira, com estudantes, a fim de contribuir para a sustentabilidade da Ilha de Santa Catarina através da sensibilização dos cidadãos. Esporadicamente realiza atividades em Anhatomirim e seu lema é EDUCAR PARA PRESERVAR.

do espaço, justificando assim os constantes investimentos públicos na manutenção deste bem.

Por fim, ressalta-se que, ao juntar diferentes pessoas, com formações, habilidades e visões distintas, definitivamente enriquece as discussões, fazendo com que sejam aprofundadas em torno das soluções, aproveitando-se os diferentes enfoques e chegando a soluções mais harmoniosas, que poderão atingir um grupo maior de usuários.