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Face

Por face devemos entender o valor social positivo que um interagente almeja ter reconhecido pelo outro por meio do que este presuma ser sua linha (conduta) durante uma interação. Pode se mostrar como ameaça ou, por outro lado, salvação da face do interagente ou de se próprio numa interação.

Footing

Footing se refere a uma mudança no alinhamento que alguém assume para si e para os

outros. Em outras palavras, como, durante uma interação, as pessoas mudam sua conduta de acordo com o desenrolar da mesma.

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4 Procedimentos Metodológicos

Este estudo desenvolveu-se na perspectiva sócio-interacional com o uso da análise de discurso funcional, segundo a qual a comunicação é concebida como uma atividade estabelecida entre dois ou mais indivíduos, na qual os significados são construídos e negociados na situação social, a partir da compreensão dos participantes sobre o que acontece e dos propósitos e objetivos do encontro. Os participantes têm papeis ativos na dinâmica interacional que, por meio da fala (aspectos extralingüísticos), dos sistemas lógico-empíricos considerados como apropriados, ou seja, como é a visão que os indivíduos têm do seu mundo (aspectos de visão êmica) ou exibindo alinhamentos (footing), ou seja, diferentes posicionamentos, projeções do eu ou orientações em relação a si mesmos, ao outro e ao discurso proferido (aspectos de definição do eu) (GOFFMAN,

2002b), (LEÃO e MELLO, 2007).

Para tanto, esta pesquisa é um estudo etnográfico, e como tal foi realizado um trabalho de campo observacional, adotando a triangulação de dados como recomenda a etnografia. Esta técnica esta que tem por objetivo uma maior amplitude na descrição, explicação e compreensão do estudo. Esta triangulação foi embasada nas classes sociais pesquisadas, nas atitudes interacionais e nos aspectos apresentados no protocolo de análise utilizado (LEÃO e MELLO, 2007). Triangulação esta que está representada na Fig. 4.

57 Figura 4- Triangulação Etnográfica

Foram feitas 28 observações em ambientes (cenários) diversos onde, de alguma forma estavam presentes situações de comportamento e/ou consumo de luxo, que por sua vez, geraram 518 comentários de análises. Estes cenários foram determinantes para as observações etnográficas. Como dito anteriormente, as observações e os comentários foram nomeados de acordo com o protocolo de análise (Quadro 1). As informações completas referentes aos dados coletados e seus respectivos cenários estão na seção Apêndices deste trabalho.

Nos cenários que nomeamos “lojas” são ambientes de produtos de vestuário, calçados, acessórios de moda em geral e em lojas de tecidos e produtos para ambientação (decoração) de ambientes residenciais e comerciais. Os “restaurantes” pesquisados estão na categoria que socialmente são considerados “da moda”, freqüentados pela classe média alta e as classes aqui pesquisadas: tradição e emergência.

58 Os casamentos (como se pode verificar na seção apêndice) ocorreram em Igrejas tradicionais da cidade de Recife, assim como as recepções, nos “buffets” mais elegantes da cidade, ou seja, Blue Angel, Arcádia e Usina Dois Irmãos. Com relação à “shopping”, as interações ocorreram no Plaza Shopping e no Shopping Center Recife. O cenário “supermercado” citado na Observação de Nº 10 , foi o Hiper Bompreço de Casa Forte.

Os outros cenários citados, ou seja, “Aeroporto”, só temos um em Recife; “Consultório médico”, de um renomado profissional , a “faculdade”, Faculdade Boa Viagem, campus II, Paço Alfândega e em residências de amigos que nomeamos “outros locais sociais” e finalmente, o cenário “atelier”.

Para um melhor entendimento, com relação ao cenário “atelier”, e da facilidade de acesso às classes pesquisadas, se faz necessária a apresentação da etnógrafa, ou seja, da autora desta pesquisa.

A pesquisadora estudou no Colégio das Damas de 1966 a 1974. Naquele momento as famílias buscavam uma formação sólida em princípios morais, éticos e religiosos devido à situação sócio-política nacional. As famílias tradicionais e a classe média conviviam em um mesmo ambiente independente da situação econômica das partes, uma vez que, naquela época as instituições de ensino religiosas tinham mensalidades módicas e as famílias numerosas (como é o caso da pesquisadora) tinham vantagens financeiras devido às leis nacionais, o que facilitava o acesso da classe média. Portanto, a partir deste momento foram iniciadas amizades que perduram até o presente momento.

A pesquisadora tem formação superior em arquitetura, tendo exercido por vários anos sua profissão em um grande escritório de Recife, onde conheceu e conviveu com clientes, tanto em projetos para construção quanto em projetos de ambientação. Diante do convívio e participação junto a estes clientes em eventos profissionais e posteriormente,

59 sociais, estabeleceram-se laços duradouros de relacionamentos, que, de diversas formas contribuíram para esta pesquisa.

No entanto, há 22 anos esta pesquisadora se afastou da criação de residências, prédios e hotéis em prol da criação de produtos de moda. Hoje mantém um atelier de alta costura, produzindo sob medida e personalizadas, roupas para festas e vestidos de noiva. Uma vez que estes produtos estão inseridos na categoria do luxo, seu ambiente de trabalho foi por vezes, o cenário de algumas das interações aqui descritas.

Constatamos ao longo da pesquisa, que mais uma classe transita nos ambientes sociais pesquisados. Encontramos uma classe tradicional que embora tenha todas as características pertinentes à tradição, já não detém o poder econômico por razões diversas que não farão parte do nosso estudo. A esta classe denominaremos de “tradição decadente” e a mesma estará presente em todas as nossas análises.

Para um melhor entendimento dos cenários utilizados como ambiente de coleta de dados, a Tabela 2 abaixo traz a relação de ambientes e o número de observações correspondentes a cada um deles.

Tabela 2 - Cenários Pesquisados (Observações)

CENÁRIOS OBSERVAÇÕES

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