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Em termos etimológicos, a palavra estratégia provém do grego strategia que, por sua vez, significa comando do exército, cargo ou dignidade do chefe ou militar, bem como aptidão para comandar. Neste sentido, encontram-se diversas extensões ligadas, principalmente, ao ato de guerrear, como stratégos, ou o general, o chefe militar; strategicós, ou próprio do general chefe; strategema ou estratagema, ardil de guerra; stratiá, ou expedição militar; stratégion, ou tenda do general, local de reuniões militares; strateuma, ou exército em campanha; entre outras (PEREIRA, 1969).

A origem da estratégia é antiga, sendo utilizada pelo homem desde os seus primórdios, em atividades como: caçar, estabelecer territórios ou obter a liderança do grupo.

Um dos primeiros usos do termo estratégia foi feito há 3.000 anos pelo estrategista chinês Sun Tzu em sua obra A Arte da Guerra que afirmava que “todos os homens podem ver

as táticas pelos quais eu conquisto, mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a partir da

O constructo Estratégia teve, por sua vez, origem na Grécia Antiga, significando,

inicialmente, “arte do geral” que, segundo Bethlem (2003), fazia uma alusão ao fato de que

em algum ponto da história militar o comandante da ação passou a se afastar da linha de frente para poder ter uma visão de conjunto das batalhas, em vez de se envolver diretamente na ação e ter sua visão reduzida a pequeno campo.

Na época de Péricles (450 a.C.), o termo estratégia passou a assumir o sentido de habilidade administrativa, ou seja, habilidades gerenciais (administrativas, liderança, oratória e poder). Mais tarde, no tempo de Alexandre (330 a.C.), adquiria o significado de habilidades empregadas para vencer um oponente e criar um sistema unificado de governança global (EVERED, 1983 apud MINTZBERG; QUINN, 2001).

Dentre os grandes nomes da história dos estrategistas da Antiguidade, podemos citar Aníbal Barca, de Cartago; Alexandre, O Grande, da Macedônia, e Júlio César, de Roma. Os dois últimos nunca sofreram derrotas que os comprometessem, o que não ocorreu com Aníbal. Este, apesar de dispor de uma estratégia inovadora, foi derrotado pelas estratégias ousadas de Cipião em Roma, o que demonstra como o sucesso pode mudar de lado, mesmo que ambos tenham estratégias bem definidas.

Neste sentido, Ghemawat (2000) diz que estratégia significava a ação de comandar ou conduzir exércitos em tempos de guerra. Pode-se dizer que representava um meio de vencer o inimigo, o instrumento que levaria à vitória e mais tarde esse mesmo sentido foi estendido aos demais campos do relacionamento humano: político, econômico e, inclusive, ao contexto organizacional.

O uso da estratégia chegou à era contemporânea de várias maneiras, por exemplo, nos escritos datados do século XIX, do general prussiano Carl Von Clausewitz que tentou sintetizar o conceito de estratégia: “[...] enquanto táticas [que envolvem] o uso de forças armadas na batalha, estratégia é o uso de batalhas para o objetivo da guerra.” A terminologia estratégica da guerra foi adaptada a um contexto de negócios a partir da segunda Revolução Industrial (GHEMAWAT, 2000, p. 16).

Também influenciou na Era Contemporânea o pensamento dos estrategistas militares Foch e Grandmaison sobre as ações francesas na Primeira Grande Guerra e nas manobras de batalhas elaboradas por Patton, Macarthur e Rommel durante a Segunda Guerra Mundial do século XX (QUINN, 1992 apud MINTZBERG; QUINN, 2001).

A estratégia teve vários significados, evoluindo de um conjunto de ações e manobras militares para uma disciplina do conhecimento administrativo, a administração estratégica, dotada de conteúdo, conceitos e razões práticas. Conseqüentemente, é também

perceptível a evolução do conceito na área de recursos humanos, que resultou, inclusive, na crescente necessidade de orientação para planejamento e orientação estratégica, visando, segundo Albuquerque (1999), à mudança do modelo de controle para o de comprometimento.

Na estratégia de controle, Albuquerque (1999) afirma que os colaboradores são vistos como números, custos e fatores de produção, que, para desempenhar bem suas funções, devem ser controlados. Na estratégia de comprometimento, as pessoas são consideradas parceiras no trabalho, nas quais a organização deve investir para conseguir melhores resultados. Essa estratégia fundamenta-se no pressuposto de que o comprometimento dos colaboradores está intimamente ligado ao aumento de desempenho e, por que não dizer, as suas capacidades, habilidades e atitudes.

Dutra (2002) afirma ainda que a organização se prepara estabelecendo princípios, estratégias, políticas e práticas ou processos de gestão. Por meio desses mecanismos, implanta diretrizes e orienta os estilos de atuação dos gestores, bem como a sua relação com aqueles que nela trabalham.

Desta forma, entende-se que a importância do processo de gestão estratégica em seu conceito mais amplo, envolvendo a visão, a formulação, a implantação e a avaliação de resultados, põe em destaque diversas questões relacionadas com o lado humano da organização, ou seja, como municiar a organização com as pessoas necessárias para tornar efetivos os seus objetivos? Como desenvolver as diversas competências de que ela necessita para criar vantagens competitivas sustentáveis? Como minimizar resistências ou conseguir comprometimento com as mudanças organizacionais e culturais necessárias à implantação da estratégia? Como mobilizar pessoas para modificar as intenções da estratégia em ações efetivas que conduzam a resultados esperados?

O valor que a relação entre as competências individuais e a estratégia vem adquirindo no âmbito dos negócios faz com que haja maior atenção por parte das instituições de ensino superior, pois, de acordo com Cavalcanti (2003, p. 17), a agenda do futuro para o pensamento estratégico inclui cinco pontos: (i) transformar os empregados em profissionais pensantes; (ii) repensar os papéis dos administradores e dos empregados nas empresas estruturadas por processos; (iii) reinventar os sistemas de gestão de recursos humanos, compreendendo desde os treinamentos até os esquemas de reconhecimento dos esforços; (iv) fazer com que o aprendizado seja parte do dia-a-dia dos negócios da empresa; e (v) moldar a cultura dando suporte à nova maneira de trabalhar.